Pelos caminhos da vida. TRILOGIA ESPÍRITA DE CESAR PERRI

Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões

TRILOGIA ESPÍRITA DE CESAR PERRI (*)

Caminhos além dos 60 anos, memórias reveladoras dos bastidores da gestão espírita e reflexões doutrinárias. Eis o conjunto da obra de 632 páginas… A História Espírita no Brasil e no mundo não é mais a mesma: incorpora novos capítulos dos últimos 60 anos… São vivências cuja análise o autor remete ao raciocínio dialético, com etapas da tese, da antítese, da síntese. E que tem Educação como laço, entre Família, Profissão e Espiritismo. A publicação reúne os 3 livros em 1 volume.

A autobiografia Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões registra ideias, projetos e ações ao longo de sete décadas da vivência de Antonio Cesar Perri de Carvalho: sobre a família, atividades profissionais e espíritas. E as correlações. O autor rememora desde os primeiros tempos de vida unindo registros e reflexões.

O objetivo não foi de simplesmente reunir informações nem de romancear fatos, mas relatar experiências, sempre ensejando espaços para análises na ótica espírita. Nessa trajetória destaca o papel e valor da família desde a etapa inicial vivenciada em Araçatuba, no interior paulista, e o desenvolvimento de intensas atividades profissionais e espíritas com abrangência no país e no exterior.

Dezenas de capítulos enfeixados em três livros, com temas centrais: definições do roteiro de existência, educação como laço, ações nacionais e internacionais, a experiência na FEB e os momentos após esse período, homenagens a vultos locais e nacionais que o influenciaram. Há casos de fenômenos medianímicos vividos na infância e que o conduziram ao Espiritismo, relatos sobre manifestações mediúnicas explícitas com vários médiuns, como Chico Xavier e Divaldo Pereira Franco, e episódios de induções e inspirações de ordem espiritual. Também constam abordagens inusitadas sobre as relações com a Maçonaria e Legião da Boa Vontade, manifestações de Espíritos como indígenas e, em alguns países, as reações ao Cristianismo. No exercício de cargos profissionais e espíritas aparecem situações vinculadas ao poder político, em níveis e locais diferentes.A Educação, no sentido amplo da palavra, é um traço em comum,um laço de união entre as tarefas de gestão acadêmica e espírita.

A trilogia tem apresentação por André Marouço (SP), carta à guisa de prefácio por Divaldo Pereira Franco (BA) e prefácios dos três livros: Ismael Gobbo (SP), Manuel Felipe Menezes da Silva Júnior (AP) e Hélio Ribeiro Loureiro (RJ). Abre aspas: Assim, o leitor terá a oportunidade de vivenciar fatos de grande êxito e importância para a divulgação da Doutrina Espírita. E, claro, como somos todos ainda Espíritos dotados de tanta carência de conhecimento, alguns tantos episódios descritos são narrados a partir da visão de quem esteve nos “porões” da gestão espírita. Neste pormenor, o livro deixa bastante claro as mazelas humanas que ainda norteiam os bastidores das diretorias espíritas; as chagas de nosso orgulho, vaidade e egoísmo são expostas, ao longo das páginas […]. Fecha aspas. Trecho da apresentação feita por André Marouço, cineasta e ex-gerente de Comunicações da Fundação Espírita André Luiz, de São Paulo. Divaldo Pereira Franco comenta, à guisa de Prefácio: “Acabo de ler o seu maravilhoso trabalho sobre nossa longa e abençoada convivência.Não pude deixar de chorar. Quanta pureza e entusiasmo em nossas almas e vidas!”

A obra é uma autêntica contribuição à história, com episódios de Araçatuba, do Estado de São Paulo, do país e de momentos internacionais. Autobiografia que vai ficar para ‘as histórias’…

SERVIÇO O lançamento da Cocriação Editora está inserido no contexto do Centenário do Espiritismo em Araçatuba (21.04.2021), terra natal de Cesar Perri. Com apoio da USE Regional de Araçatuba, Face Espírita e Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes (canais no YouTube e Facebook). Trilogia Espírita (3 livros em 1 volume) Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões

Lançamento: Cocriação Editora | Araçatuba.SP | Junho de 2021 INFO | 18 99709.4684 (ZAP) | 18 3519.0191 | cocriacaobencultural@gmail.com sirleinogueira@yahoo.com.br

(*) Matéria divulgada pela Cocriação Editora.

Recurso insubstituível

Recurso insubstituível

Orson Peter Carrara (*)

Na conclusão da compacta mensagem Paz indestrutível (cap. 61 do livro Ceifa de Luz – Emmanuel/Chico/edição FEB), o autor considera que, com a consciência tranquila, “(…) terás nos recessos da própria alma a paz do Cristo que ninguém destruirá”.

A mensagem, como acima destacado, é bastante compacta e está numa única página do livro que, na edição de bolso, tem apenas 15 linhas.

Mas mesmo com toda síntese – que é uma característica marcante do citado autor, que guarda enorme capacidade de ensinar muito com poucas linhas –, no último parágrafo convida o leitor a guardar serenidade e prosseguir agindo na extensão do bem, depois de relacionar tópicos bem marcantes do momento atual da humanidade, que se defronta com tantos desafios.

Refere-se ele no texto aos desdobramentos decorrentes dos adversários gratuitos, das críticas indébitas, das acusações sem sentido, das pedras da incompreensão, dos espinhos de sarcasmos, dos ataques e desentendimentos, das complicações, problemas e tentações, mas também dos processos obsessivos.

E poderíamos nós, sem qualquer pretensão, acrescentar as pressões que todos enfrentamos e os desequilíbrios próprios de uma sociedade complexa, com desdobramentos bem conhecidos.

Fiquemos, todavia, com a recomendação sábia: procuremos guardar consciência tranquila. Apesar do coração, muitas vezes cercado até mesmo da enfermidade e da loucura nos comportamentos, ela será nosso ponto central para confiar, buscar apoio divino e prosseguir.

(*) Extraído de: Revista digital O Consolador, Ano 15 – N° 722 – 23 de Maio de 2021.

Acesso: http://www.oconsolador.com.br/ano15/722/ca4.html

Divaldo – Ainda a pandemia

Divaldo: Ainda a pandemia

Divaldo Franco

A grande catástrofe da pandemia que aturde a humanidade merece consideração especial de todos nós.

Quando esperávamos que fosse diminuir a contaminação, eis que irrompe mais devoradora e cruel do que nas fases anteriores. As providências tomadas pelas autoridades têm objetivado diminuir o contato entre os indivíduos, mantendo os cuidados estabelecidos como preventivos.

Nada obstante, a rebeldia sistemática das criaturas humanas procura meios inadequados para divertir-se, organizando festas, nas quais as precauções recomendadas são todas relegadas a plano secundário. Inevitavelmente, depois desses prazeres não justificáveis, aumenta o número de pessoas contaminadas e, naturalmente, a pandemia permanece alastrando-se.

Esta é uma enfermidade que nos exige muito cuidado para não serem contaminadas as pessoas ainda saudáveis.

Nem todo indivíduo que se encontra infectado experimenta os sinais que caracterizam a presença da enfermidade.

Pode alguém estar infectado e não apresentar qualquer um dos seus sintomas clássicos.

Apesar disso, o paciente pode continuar contaminando todos aqueles com os quais mantenha contato.

Temos lido nas comunicações sociais casos terríveis, entre outros, muito me impressionou aquele de um jovem que no Natal, sentindo-se muito bem, foi visitar a família.

Os seus pais idosos e seus irmãos, uma moça e um rapaz receberam-no com muita alegria. Logo depois, o genitor apresentou os sintomas típicos da Covid-19 e foi piorando, apesar do tratamento médico. Internado de emergência, foi levado à UTI, entubado e três dias após veio a falecer. Nesse ínterim, a sua esposa igualmente adoeceu e foi transferida para outro hospital, onde atingiu um nível de UTI, vindo a desencarnar em grande desesperação. Nesse momento, o casal de filhos também apresentou os mesmos sintomas e, para sintetizar, em 40 dias morreram os pais e os irmãos daquele paciente aparentemente saudável, que agora, depois do tratamento conveniente, sente-se culpado por haver sido um instrumento de destruição da sua família.

É fácil imaginar-se a angústia, o desespero e a culpa que este jovem experimenta, apesar de encontrar-se curado.

Temos a falsa ideia de que nos não contaminamos até o momento em que já é tarde demais. Não facilitemos de maneira nenhuma o contágio perigoso. Evitemos a proximidade das demais pessoas, usemos máscara e utilizemos o álcool em gel após lavar as mãos com muito cuidado e demoradamente com sabão.

Lemos nas redes sociais pedidos desesperados para que envolvamos pessoas queridas no elevado mister das orações, no entanto, muitos daqueles que se encontram afetados provavelmente se descuidaram e agora sofrem o desespero da enfermidade cruel.

Artigo publicado no jornal A Tarde, Salvador (BA), coluna Opinião, 15 de abril de 2021.

JUGO SUAVE

JUGO SUAVE

No contexto da atualidade, proliferam as aflições, ansiedades, dúvidas e até revoltas.

Em contraste a esse cenário, ecoam palavras de Jesus:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas, porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mateus, 11).

Como se compreender a proposta de Jesus em mundo com adversidades e contrastes?

A palavra jugo tem vários significados, desde a tradicional subjugação, até obediência. Nesse último, podemos inferir a ideia de disciplina e de educação. Aí, a palavra jugo passa a ter uma conotação diferente.

A propósito, lembramos de visita que fizemos a Chico Xavier, em Uberaba. Relatamos o episódio em livro que elaboramos sobre o nobre vulto.1

Nas tarefas da "peregrinação" de um sábado de novembro de 1983, os comentários foram em torno do trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Vinde a mim, todos os que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração…" Como de de hábito, Chico convidava para expositores para fazerem uso da palavra. Havia o lembrete para que falassem em torno de dois minutos. Geralmente, o professor Tomaz Silva falava em primeiro lugar para "modular" os demais expositores. Chico Xavier arrematou com pensamentos inspirados por Emmanuel. Comentou que na natureza tudo progride sob o jugo e passou a estabelecer comparações: a usina que sob jugo controla a água, aproveitando-a; o animal que sob o jugo da canga se transforma em útil transportador de peso; o motor do veículo que sob jugo da disciplina torna-se em instrumento útil do processo…

No final, Chico concluiu:

"Todos estamos sob a lei do jugo, mas a do Cristo é mais suave". Concitou todos à paciência, à calma, à cooperação porque o amor e a caridade são imprescindíveis para a aceitação do jugo do Cristo. Lembrou também que todas as vezes que as ações não são pautadas no amor e na caridade, pode-se aguardar as consequências…1

Tornam-se oportunas as considerações de Emmanuel: “Onde estão os aflitos da Terra que pretendem trocar o cativeiro das próprias paixões pelo jugo suave de Jesus-Cristo? Para esses foram pronunciadas as santas palavras Vinde a mim!, reservando-lhes o Evangelho poderosa luz para a renovação indispensável.”2

A compreensão, paciência e calma são caminhos para a “renovação indispensável”.

Referências:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Chico Xavier. O homem, a obra e as repercussões. Parte 1, Jugo suave. São Paulo e Capivari: USE-SP e EME. 2019.

2) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap.130. FEB.

50 anos de Espiritismo na imprensa de Araçatuba

50 anos de Espiritismo na imprensa de Araçatuba

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

O jornal Folha da Região, de Araçatuba (SP) trouxe matéria de página inteira alusiva aos 50 anos de Espiritismo na imprensa de Araçatuba com destaque pelos 14 anos da coluna “Face Espírita”, nesse diário, e, também alusiva ao Centenário do Espiritismo em Araçatuba.

A matéria inicial e que dá título à página “Os 14 anos do ‘Face Espírita’ na Folha da Região é de autoria de Sirlei Nogueira. Eis uns trechos:

“A identidade Face Espírita é a marca registrada das nossas ações nos últimos 30 anos. A inspiração foi captada em 1990 e transpirada no mesmo ano e durante 1991 em eventos organizados na cidade de São Paulo, na cidade do Rio de Janeiro e em algumas do interior paulista, como Araçatuba, Bauru e Tupã. Foi nessa cidade que o Departamento de Mocidade da USE-SP (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo) promoveu há 30 anos mais um evento Espirarte, contextualizando arte com Doutrina Espírita. O diretor na época era o cantor Moacyr Camargo, natural de Dracena, mas que residia na capital paulista há alguns anos. FACE surgiu originariamente como Fundação Arte Cultura Espírita, ideia rapidamente alterada em função das dificuldades para se criar uma fundação, até então desconhecidas. A sigla permaneceu. […] Face Espírita – não ‘feice’ – foi oficializada em 21 de novembro de 1991. Portanto, estamos a caminho dos 30 anos de história, dentre os quais estão inseridos os 14 anos da Coluna Face Espírita comemorados neste dia 16 de maio. […] Aos 14 anos, Face Espírita na Folha da Região está com todo o gás para continuar a contribuir com reflexões a partir dos conteúdos básicos e complementares no contexto da Doutrina Espírita, codificada há 164 anos.”

Sirlei Nogueira é jornalista, presidente da USE (União das Sociedades Espíritas) Regional de Araçatuba, gestor da Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes, responsável pelo espaço Face Espírita e coordena o programa Centenário do Espiritismo em Araçatuba.

A página comemorativa de Folha da Região também traz ilustrações históricas oriundas de nosso acervo pessoal e também estampa artigo de nossa autoria, com umas pinceladas históricas pelos 50 anos de publicação de “coluna espíritas” em Araçatuba, que iniciamos em outubro de 1971. De nossa matéria com o título “Espiritismo na imprensa de Araçatuba: 50 anos de história em 2021”, transcrevemos trechos:

“Em outubro de 1971, como presidente da então União Municipal Espírita de Araçatuba (hoje USE Intermunicipal de Araçatuba), tínhamos a intenção de manter uma seção sobre Espiritismo em jornal local. Procuramos o proprietário do jornal Tribuna da Noroeste, o jornalista Jeremias Alves Pereira, com quem já tínhamos conhecimento. Ao apresentar nossa proposta de manter uma ‘coluna espírita’ semanal no referido jornal, ele se foi receptivo, mas com uma ressalva: ‘ – Espero matérias inéditas. Porque muitas vezes me encaminharam folhetos contendo mensagens espíritas e meu interesse é em textos especialmente redigidos para esse jornal’.

[…] Também em outubro de 1971, com apoio do jornalista Odorindo Perenha, o Bira, simultaneamente começamos a publicação semanal no jornal A Comarca. Em 1973 já mantínhamos também uma seção em Folha da Região, com o beneplácito de seu proprietário Genilson Senche e depois de sua viúva e sucessora. Até a Tribuna da Noroeste cessar suas atividades, a seção espírita semanal era publicada em três jornais da cidade. Apenas com nossa mudança para a capital paulista em meados de 1989 é que cessamos nossa atuação de 18 anos na publicação das matérias espíritas nos jornais locais. Mas, alguns companheiros ainda deram prosseguimento.

[…] Como conteúdo das matérias, focalizávamos temas do momento à luz do Espiritismo, comentários sobre fatos do movimento espírita local, do país e até do exterior, e, aproveitávamos as visitas de oradores convidados para participação em eventos na cidade para algumas entrevistas. Dessa maneira, o orador Divaldo Pereira Franco foi várias vezes focalizado durante aqueles anos. Chico Xavier era constantemente citado e comentado nas nossas matérias, pois foi o período em que o visitávamos com assiduidade em Uberaba. Ao retornar sempre tínhamos algum fato a relatar sobre os contatos com Chico Xavier.

Momentos significativos do desenvolvimento do Espiritismo em Araçatuba foram registrados nas seções semanais que mantivemos em jornais da cidade. Algum tempo depois, mesmo residindo em São Paulo, encaminhávamos com constância – agora pela internet – textos que foram publicados em Folha da Região, mas com abordagens não apenas espíritas, analisando também questões educacionais. No ano de 1997, houve uma publicação reduzida Visões de um Araçatubense, editado pela Faxpress, com transcrições de matérias de nossa autoria dessa nova fase.”

(Trechos transcritos de: caderno domingueiro “Vida” de Folha da Região, Araçatuba, 16/05/2021, p. B-4).

(*) Foi professor universitário e dirigente espírita em Araçatuba; presidente da USE-SP e da FEB.

A profícua trajetória de Divaldo

A profícua trajetória de Divaldo

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Divaldo Pereira Franco completa 94 anos de idade em maio e prossegue em afazeres doutrinários.

Há quase sessenta anos mantemos contatos com Divaldo, que exerceu influência em nossa adolescência e juventude. Ao longo do tempo acompanhamos a trajetória de Divaldo em inúmeras e variadas ações, para nós momentos de aprendizagem. Em nossa memória desfila uma visão panorâmica de momentos que testemunhamos e o reconhecimento pelo seu labor.1

Conhecemos Divaldo por ocasião de sua palestra na XV Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e Estado de São Paulo (COMBESP), efetivada em abril de 1962, em Araçatuba (SP). Na oportunidade, ele visitou a Instituição “Nosso Lar”, na época recém fundada por familiares nossos. Nos anos imediatos, encontramo-nos na I Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil (COMJEB), realizada em abril de 1965, em Marília (SP). Deste evento temos como lembrança um livro com autógrafos dos expositores, inclusive de Divaldo. Acompanhamos outras palestras na nossa cidade e região e houve episódio marcante na 1a Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado de São Paulo (COMJESP), em Ribeirão Preto, em abril de 1967, pois na condição de selecionado no concurso de oratória, na categoria de expositor, integramos a mesa de encerramento do evento e antes de palestra de Divaldo, fizemos uma saudação. No evento adquirimos o primeiro livro de autoria de Joanna de Ângelis, o Messe de amor (Ed.Sabedoria, 1964). Àquela época, já mantínhamos correspondência com Divaldo e recebíamos os folhetos impressos pela Mansão do Caminho contendo mensagens psicografadas.

A partir desse período, Divaldo foi nosso convidado e passamos a organizar os roteiros para o movimento espírita de Araçatuba e região. Durante 30 anos foi hóspede de nossa genitora e, depois de casado, em nosso lar. Numa etapa da viagem de núpcias visitamos com Célia as instituições fundadas por Divaldo em Salvador. O Centro Espírita Caminho da Redenção ainda funcionava no bairro da Calçada e a Mansão do Caminho, com os lares para crianças, no bairro de Pau da Lima. Com Célia retornamos em outras oportunidades e até nos hospedamos na Mansão. Nossos filhos cresceram acostumados com a visita do “tio” e também conheceram as obras de Divaldo em Salvador.

Em todas as visitas de Divaldo organizávamos entrevistas com os dirigentes locais, rádios, jornais e TV. Estas foram transformadas em publicações que fizemos nos jornais de Araçatuba e também em periódicos espíritas, como: O clarim, Revista internacional de espiritismo, Unificação, Anuário espírita e Presença espírita. Em 1984 ele recebeu o título de “Cidadão Araçatubense”, outorgado pela Câmara de Vereadores, contando com articulações preparatórias nossas, como presidente da UMEA. Durante a solenidade recebeu um exemplar com uma coletânea de matérias sobre sua atuação na cidade, intitulado “Divaldo em Araçatuba”.

Episódio histórico que acompanhamos desde os preparativos foi o reencontro de Divaldo com Chico Xavier, em Uberaba. Foram memoráveis reuniões, reiniciadas no Grupo Espírita da Prece, aos 14 de fevereiro de 1978. Entre outros convidados, Divaldo fez uma bela exposição e nós também fizemos uso da palavra. No momento das psicografias em público Chico Xavier recebeu página de Emmanuel e uma carta de jovem desencarnado. Divaldo recebeu uma carta assinada por Lourival Perri Chefaly, dirigida a nós e a esposa Célia, que acompanhávamos a reunião. Em 1980, juntamente com a esposa, nossa genitora e amigos, comparecemos à cerimônia em que Divaldo recebeu o título de "cidadão uberabense". Chico Xavier compareceu e usou da palavra na solenidade.

Na época, pela psicografia de Divaldo, ocorreram várias mensagens de nosso tio desencarnado, acima citado, e de Benedita Fernandes, gerando livros como Em louvor à vida (LEAL) e Benedita Fernandes. A dama da caridade (Cocriação). Com interesse pelas primeiras obras de Joanna de Ângelis, elaboramos Repositórios de sabedoria (LEAL), coletânea de pensamentos da autora espiritual, e organizada em forma de abecedário.

No período de nossa presidência da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, foi efetivada uma entrevista com Divaldo na sede da USE-SP e que gerou o livro Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas, edição ampliada de uma publicação anterior que continha uma entrevista com o expositor. O orador foi o convidado especial para o lançamento nacional da Campanha “Viver em Família”, promovido pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, em janeiro de 1994, em evento da USE-SP em São Paulo. A síntese das palestras dos vários convidados originou o livro Laços de família (USE-SP).

Também tivemos atuação em entrevistas com Divaldo promovidas pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, atendendo a pergunta nossa em Conversa fraterna (FEB, 2000), e, na obra Em nome do amor: a mediunidade com Jesus (FEB), com entrevista que coordenamos em 2011. Inúmeras atividades com a atuação de Divaldo contaram com nossa presença em várias regiões do país e em diversos países, em ações da FEB e do Conselho Espírita Internacional.

Entre esses, nos dias 12 a 14 de agosto de 2005 Divaldo foi o orador principal no evento “Dimensão espiritual da Nova Era”, comemoração do Centenário do jornal O clarim, em Matão. Nestor João Masotti e representou a Federação Espírita Brasileira e nós o Conselho Espírita Internacional.

Como presidente interino e efetivo da FEB recepcionamos Divaldo em reuniões do Conselho Federativo Nacional e palestras públicas promovidas, na sede em Brasília e na Sede Histórica, no Rio de Janeiro. Em reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, em novembro de 2014, na nossa gestão como presidente da instituição, foram concretizadas várias atividades com Divaldo. Com o convidado, houve a promoção do “Movimento Você e Paz”, em solenidade no plenário da Câmara dos Deputados e palestra no anfiteatro da FEB. Na oportunidade ele ofertou à FEB, por nosso intermédio como presidente, o troféu “Você e a Paz”. Nos mesmos dias foi inaugurada uma Exposição sobre a Mansão do Caminho e a obra de Divaldo no Espaço Cultural na sede FEB em Brasília.

Em seguida, em outra etapa de nossos compromissos, contamos com apoio de Divaldo e vários contatos como em Congressos na Bahia e da USE-SP. Foram significativos os eventos na capital paulista: o Movimento Você e a Paz, no Parque do Ibirapuera; a homenagem a Divaldo na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; e, assistimos ao filme “Divaldo – O Mensageiro da Paz”.

Como geralmente acontece com líderes sempre há tentativas de serem controlados e surgirem “porta vozes”. Ao longo do tempo houve o esforço de Divaldo e nosso para se manterem abertos os canais diretos de comunicação. O intercâmbio epistolar em papel e digital é imenso!

Em meio a percalços de saúde de Divaldo, prosseguiram as correspondências eletrônicas, sempre afável com nossa família: “Cesar, meu irmão querido: muita paz. Acabo de ler o seu maravilhoso trabalho sobre nossa longa e abençoada convivência. Não pude deixar de chorar. […] sobrevivemos e continuamos”. Sobre sua saúde: “Você tem-me sido o irmão de todas horas, sempre fiel e honorável, a quem muito agradeço”. […] “Cesar, meu irmão espiritual. Estou muito melhor e livre das hérnias. Carinho à amada família”. Depois desses trechos de 2020, no presente ano: “Estou eufórico e corro a parabenizar o Flávio pela publicação da sua nova obra de fôlego”, e, nos enviou uma gravação dele alusiva ao Centenário do Espiritismo em Araçatuba, efeméride de 21 de abril de 2021. E vimos em publicação no Facebook o cidadão grato no dia de sua vacinação contra a Covid-19.

A convivência com Divaldo desde Araçatuba e em inúmeros locais foram momentos significativos, boas recordações, inspiradores para a divulgação do Espiritismo e para estímulo ao bem e à paz!

Em que pesem os limites de enfermidades e da própria idade Divaldo prossegue incansável, vencendo desafios e mantendo seu compromisso de difusão da mensagem espírita.

Fonte:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. [no prelo].

(O autor foi presidente da FEB, da USE-SP e membro da Comissão Executiva do CEI).

De:

Revista internacional de espiritismo. Maio de 2021. Ano XCVI. N.4. P.195-197.

O movimento espírita pós-pandemia

O movimento espírita pós-pandemia

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

No cenário atual de tragédia sanitária mundial, as afligentes situações de saúde corpórea e psíquica, as mortes muito próximas, os problemas educacionais e econômicos, o prolongado distanciamento social, caracterizam uma sensação de luto. Nessa longa pandemia há muitas transformações no mundo e no movimento e que ainda ocasionarão repercussões profundas.

O movimento espírita não está isento dos impactos dos graves problemas que se acumulam.

Os cenários induzem à necessidade de avaliação sobre a realidade do movimento espírita, providência inerente aos encarnados, como anotou Kardec: "[…] o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem."1 Os encarnados respondem pelos atos pessoais, os que envolvem a interação com a sociedade e as tarefas de gestão em instituições espíritas. Em um misto de experiências vividas, avaliações e de prospecção para um futuro próximo é necessário pensar-se como o movimento espírita se preparará para a construção de um mundo de regeneração e este não pode ser limitado a datas de início ou de término resultantes de elocubrações humanas. As palavras do Codificador em seu último discurso (novembro de 1868) contém colocações significativas: "O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une como consequência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas."2

O pensamento de Kardec transparece na primeira psicografia de Chico Xavier sobre união, “Em nome do Evangelho”, dirigida aos participantes do 1o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita (São Paulo, 1948).3 A partir da epígrafe “Para que todos sejam um” (João 17, 22), Emmanuel discorre sobre a ação de Jesus constituindo uma equipe de discípulos; convida “[…] que orientem no Evangelho quaisquer princípios de unificação, […] espírito de serviço e renunciação, de solidariedade e bondade pura que Jesus nos legou.” Situa o texto ao contexto: “O mundo conturbado pede, efetivamente, ação transformadora” e sugere: “unamo-nos no mesmo roteiro de amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristo em comunhão com os homens, servindo e esperando o futuro, em seu exemplo de abnegação…”

Trata-se de parâmetro para se auferir as ações federativas e eventuais compatibilizações com as novas demandas do movimento espírita, dentro do dinâmico contexto social. As citações de Kardec e de Emmanuel são sugestivas para a superação da fase de excessivas normatizações e de práticas com ranços de preconceitos e discriminações, para se exercitar o laço moral e espiritual, em serviços de “amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício”.3

Torna-se imprescindível a avaliação das demandas do público alvo, nessa época de aflições, ansiedades e dúvidas, e, pensando-se na fase pós-pandemia. As conclusões do marcante “Projeto Convite ao Futuro – Diagnóstico e Prognóstico do Movimento Espírita Capixaba” (FEEES, 2019) devem ser analisadas de acordo com o novo horizonte social.

As experiências históricas danosas de institucionalização e hierarquização nas organizações religiosas devem subsidiar reflexões. A tradição de gestão diretiva e até autoritária que regeu muitas instituições religiosas deve ser substituída pela equipe participativa, com respeito à diversidade das condições das pessoas e das instituições.4 O arcabouço legal previsto na Constituição, e. no Código Civil para as associações e organizações religiosas determinam essas providências.

A proposta do Codificador sobre a "Comissão Central"2 pode inspirar a organização e o funcionamento de instituições vinculadas à união.

O trabalho federativo poderá ser agilizado e ampliado com ações virtuais, com redução de custos das locomoções e das grandes reuniões; deverá priorizar orientações aos centros para a atuação em encontros virtuais. Já há experiências de grandes encontros virtuais em substituição aos presenciais, que são onerosos. Nesses eventos deve-se rever a seleção de temas e de expositores. Faz falta o espaço para se tratar dos assuntos que afligem o movimento, evitando-se a pulverização de temas e a centralização em alguns expositores. Em todos Estados há valorosos lidadores com vivência suficiente para expor suas experiências num ambiente de diálogo e intercâmbio fraterno.

Para melhor atendimento à sociedade na nova fase será precisa a adequação das instituições no preparo de recursos humanos, e, de acordo com as normas para edificações: acesso, segurança e sanitárias. Na realidade, tudo é respeito à vida do ser espiritual reencarnado. A experiência com reuniões virtuais e o uso racional de espaços provocará a reavaliação sobre a necessidade de grandes sedes físicas.

As reuniões nos Centros serão simultaneamente presenciais e à distância, aperfeiçoando-se as experiências do distanciamento social. O mesmo é recomendado para as atividades de mocidade e de evangelização infantil. É imprescindível se conhecer a nova realidade dessas faixas etárias, seus contextos sócio-educacionais, interesses e necessidades. Na assistência social, o ideal será buscar-se a desvinculação de dependências financeiras de convênios governamentais, procurando-se adequar os objetivos e ações das instituições de acordo com suas condições e o contexto social onde se localizam.

No mercado livreiro, cresce a comercialização pela internet e o incremento dos e-books. Esses impactos e a busca por preços mais compatíveis com o público aumentam as dificuldades e a tendência de editoras e livrarias não se constituírem em fonte de subsistência para as instituições.

As experiências recentes de diálogos interreligiosos são importantes, com a participação de espíritas com conhecimento doutrinário, simplicidade e respeito ao pensamento das várias vertentes religiosas.

Destacamos o conceito de Emmanuel: “O Centro de Espiritismo Evangélico, por mais humilde, é sempre santuário de renovação mental em direção da vida superior. […] Um Centro Espírita é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna.”3 Às indicações de “renovação mental”, somam-se os cuidados para se evitar o destaque para médiuns, dirigentes, expositores; com literaturas “da moda”, incompatíveis com os preceitos do Espiritismo, e, a ponderação de Kardec sobre a religiosidade.

Aí entram as situações das “perdas” de entes queridos, abalos emocionais e interrelacionados com os problemas espirituais. Nessa área, a experiência de atendimento fraterno pela internet, iniciada pela FEEES, deverá ser valorizada.

No conjunto de providências, advirá a ampliação da difusão do pensamento espírita. A certeza da imortalidade da alma e a apresentação dos ensinos de Jesus à luz do Espiritismo são temas fundamentais para se contribuir espiritualmente com a sociedade pós-pandemia e a transição para a regeneração.

No movimento e no centro, é momento para o acolhimento fraterno e a adoção de mensagem de consolo, apoio moral e de esperança espiritual; é momento de construção de caminhos novos e amplos, visando a futura regeneração!

Referências:

1) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. A gênese. Cap. Caráter da revelação espírita. Brasília: FEB.

2) Kardec, Allan. Trad. Noleto, Evandro Bezerra. Cap. O Espiritismo é uma religião?; Cap. Comissão Central. Revista espírita. Dezembro de 1868. Ano XII. FEB. 2005.

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier. Matão: O Clarim. 2020. 208p.

4) Carvalho, Antonio Cesar Perri. União dos espíritas. Para onde vamos? 1.ed. Capivari: EME. 2018. 142p.

(*) Foi presidente da USE-SP e da FEB.

Extraído de:

A Senda, órgão da FEEES, Ano 99, No. 209, Maio-Junho de 2021, p. 5-6;

https://www.feees.org.br/wp-content/uploads/2021/05/revista-mai-jun-1.pdf (copie e cole).

 

TV Cultura exibirá filme “Em Busca de Kardec”

TV Cultura exibirá filme “Em Busca de Kardec”

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

A TV Cultura de São Paulo (TV aberta) passa a exibir semanalmente às quintas feiras uma série de oito episódios do documentário “Em Busca de Kardec”. Tem início no dia 29 de abril, 5a feira, às 23 horas.

O enredo montado é muito interessante, mostrando o roteirista e diretor de nacionalidade francesa Karim Akadiri Soumaïla em busca de respostas existenciais – de informações e compreensão da “perda” de sua filha. Em função disso conhece o Espiritismo e passa a levantar dados sobre a vida de Kardec, onde viveu e atuou e as repercussões de suas obras.

O documentário se inicia com poemas de Victor Hugo, literato que também perdeu uma filha e efetivou contatos com os espíritos. Depois cumpriu um percurso na França, na Suíça e no Brasil repleto de encontros, testemunhos, arquivos inéditos, para compreender os passos de Kardec e as repercussões.

O cineasta Karim procura informações sobre o trabalho de Allan Kardec e mostra os locais onde ele atuou em Paris. Entrevistou populares em Paris e em Lyon e manteve significativos encontros com antropólogos franceses que publicaram livros sobre o Espiritismo; visitou centros espíritas e entrevistou dirigentes franceses. Em Yverdon (Suíça), Karim esteve no castelo onde funcionou a escola histórica dirigida por Pestalozzi, local em que o futuro Allan Kardec, pseudônimo de Rivail, na época como adolescente e jovem estudou e se preparou para seu trabalho como um professor inovador em Paris.

O documentário exibe o reflexo da obra de Kardec no Brasil. Entrevistou sociólogos, dirigentes de instituições espíritas em Salvador e no Rio de Janeiro, onde surgiram os primeiros centros espíritas do país. Reproduz trechos do filme “Bezerra de Menezes – O diário de um espírito” (de 2008), realçando o papel deste pioneiro.

Destacou o trabalho de Chico Xavier, entrevistando o jornalista Marcel Souto Maior, autor de livros e roteirista de filmes espíritas. Focalizou médiuns pintores e também pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora, que fazem estudos sobre casos de reencarnação.

Em São Paulo, entrevistou antropóloga que estuda o Espiritismo e alguns dirigentes espíritas; dialogou conosco, quando sintetizamos o papel atual da obra de Kardec no Espiritismo em nosso país.

Esse documentário foi exibido em 2020 pelo canal de TV Prime Box Brasil e disponibilizado para assinantes do Prime-Amazon. Foi produzido pela Lighthouse e tem como diretor, roteirista e narrador Karim Akadiri Soumaïla, também com Dora Incontri como roteirista.

(*) Foi dirigente espírita em Araçatuba, presidente da USE-SP e da FEB.

Artigo publicado em:

Folha da Região, Araçatuba, 28/04/2021, p.2.

100 anos de Espiritismo em Araçatuba – Homenagem a pioneiros

100 anos de Espiritismo em Araçatuba – Homenagem a pioneiros

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

O marco inicial do Espiritismo em Araçatuba foi a fundação da União Espírita Paz e Caridade, em 21 de abril de 1921, que funciona à rua Marcílio Dias, 129, e mantém o Abrigo Ismael.

O fundador Gedeão Fernandes de Miranda chegou à novata cidade em 1914. Mantivemos longa entrevista com o pioneiro em 1974, publicada em nosso livro O Espiritismo em Araçatuba (1975).

Em seguida ao pioneiro, chegaram os italianos Umberto Bergamaschi e Ugolino Dall’Oca, e o espanhol Diogo Sallas; espíritas convictos, colaboraram com Gedeão e criaram outros centros espíritas. Logo depois Benedita Fernandes fundava a Associação das Senhoras Cristãs (1932) que originou o Hospital Psiquiátrico Benedita Fernandes, atualmente Centro de Apoio Psicossocial ad II.

Nas décadas 1930/40, destacaram-se lideranças, como: Cezar Protetti, Antonio Pagan, Ivan de Albuquerque, Paulo Botelho de Camargo, Francisco Martins Filho, José Bezerra de Lima, Amélia Izar Abujamra, Victor Bombonatti, Antonio Crivelini, Judith Machareth, Francisco Graton, Júlio Monteagudo, Brasil Nogueira, Jonas Camilo de Carvalho. Há ruas que homenageiam alguns desses pioneiros e pelos sobrenomes são localizáveis descendentes atuais.

Almir Rodrigues Bento, jovem poeta e orador local, teve livros de poemas editados em São Paulo e com crítica literária do acadêmico Menotti Del Picchia. Por ocasião da fundação da Academia Araçatubense de Letras, denominamos Almir Rodrigues Bento à cadeira que ocupávamos.

Naquelas décadas, espíritas ilustres vieram à cidade, como o poeta Cornélio Pires e o grande divulgador Leopoldo Machado. Depois, entre os expositores, destacamos 50 anos de visitas de Divaldo Pereira Franco.

O árduo trabalho de pioneiros, superando resistências, possibilitou o desenvolvimento de dezenas de instituições espíritas atuais. Além da ação continuada de alguns descendentes de pioneiros, várias famílias, como a Perri, se somaram ao dinâmico trabalho espírita no final dos anos 1950. Voluntários dedicados empreendem ações assistenciais, educacionais, doutrinárias, na mídia, em meios digitais e até com antena retransmissora da TV Mundo Maior.

A homenagem ao Centenário do pujante movimento espírita araçatubense iniciou-se no dia 17, com transmissões pela Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes com várias parcerias e conexões. O evento “Araçatuba 100 anos de Espiritismo – Especiais Origem” tem apresentações virtuais até o dia 25 de abril. Araçatubenses e convidados apresentam registros históricos e expõem temas espíritas.

(*) Foi dirigente em Araçatuba, presidente da União das Sociedades Espíritas e da Federação Espírita Brasileira.

Publicado em Folha da Região, Araçatuba, 21/04/2021, p.2.

A importância do trabalho federativo na construção do mundo de regeneração

“A importância do trabalho federativo na construção do mundo de regeneração”

- Em: Federação Espírita do Estado do Espírito Santo festeja seu centenário –

A efeméride foi comemorada com um amplo evento virtual no dia 27 de março, comandado pelo confrade Fabiano Santos, presidente da FEEES, com participação dos ex-presidentes Júlio David Archanjo, Marcelo Paes Barreto, Dalva Silva Souza e Maria Lúcia Rezende Dias Faria, de vários ex-diretores, bem como de membros da atual diretoria, coordenadores de áreas da federativa e dirigentes de órgãos regionais e centros espíritas. A prece de abertura foi proferida pelo ex-presidente Júlio David Archanjo. Tanto na abertura como no encerramento ocorreram apresentações musicais por parte de jovens espíritas. Os ex-presidentes também se manifestaram com sua saudação ao público. Na sequência, o vice-presidente José Ricardo do Lírio apresentou uma síntese histórica da Federação. Foram então exibidos alguns vídeos históricos. O representante da Juventude Espírita também fez uma saudação. E, como não podia faltar, houve um momento informal comemorativo do aniversário com bolo e velinha marcando os 100 anos de fundação da entidade.

Convidado especialmente para o evento, Antonio Cesar Perri de Carvalho, ex-presidente da USE-SP e da FEB, proferiu palestra focalizando o tema proposto pela FEEES.

Eis uma síntese do que o palestrante disse na oportunidade:

“A importância do trabalho federativo na construção do mundo de regeneração”

“Em meio a uma tragédia sanitária mundial, as afligentes situações de saúde – corpórea, psíquica e espiritual -, as mortes e o prolongado distanciamento social caracterizam uma sensação de luto.

Há transformações no mundo e o movimento espírita não está isento desses impactos.

Daí a necessidade de avaliação sobre a realidade do movimento espírita – providência que incumbe aos encarnados, como Kardec diz em A Gênese ao afirmar que a revelação espírita é de origem divina, mas sua elaboração é fruto do trabalho do homem. Em seu último discurso, proferido em novembro de 1868, o Codificador fez também colocações que vale lembrar: "O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais…” E aduziu: “O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como consequência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas”.

O mesmo pensamento transparece na primeira psicografia de Chico Xavier sobre o tema União, intitulada “Em nome do Evangelho”, recebida durante o 1o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado em São Paulo, no ano de 1948. Na mensagem Emmanuel nos convida: “[…] orientem no Evangelho quaisquer princípios de unificação…”, situa o contexto: “O mundo conturbado pede, efetivamente, ação transformadora” e, por fim, sugere: “unamo-nos no mesmo roteiro de amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristo em comunhão com os homens…”

Esses são parâmetros para as ações federativas e o atendimento das novas demandas do movimento espírita na fase pós-pandemia. As conclusões do “Projeto Convite ao Futuro – Diagnóstico e Prognóstico do Movimento Espírita Capixaba” (FEEES, 2019) devem ser analisadas em coerência com o novo horizonte social.

As experiências históricas danosas de institucionalização e hierarquização nas organizações religiosas devem subsidiar reflexões.

A proposta do Codificador sobre a "Comissão Central" pode inspirar a organização e o funcionamento de federativas.

Esse trabalho poderá ser agilizado e ampliado com ações virtuais, com redução dos custos das locomoções e das grandes reuniões, e com priorização por parte dos centros espíritas para a atuação virtual. Deve-se rever a seleção de temas e de expositores. Faz falta o espaço para se tratar dos assuntos que afligem o movimento, evitando-se sua pulverização e a centralização em alguns expositores. Em todos Estados há lidadores com vivência para o diálogo sobre suas experiências num intercâmbio fraterno.

Urge a adequação das instituições com preparo de recursos humanos, e, para as edificações: acesso, segurança e sanitária; tudo é respeito à vida do ser espiritual reencarnado. Na assistência social, o ideal será a desvinculação de dependência de convênios governamentais. A comercialização de livros pela internet e os e-books deverá redundar que estes não se constituam em fonte de subsistência para as instituições.

É marcante o conceito de Emmanuel sobre centro espírita: “[…] santuário de renovação mental em direção da vida superior. […] é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna.”

As reuniões para todas faixas etárias devem ser simultaneamente presenciais e à distância. Deve-se conhecer melhor a realidade das crianças e jovens. A experiência de atendimento fraterno pela internet, iniciada pela FEEES, deverá ser valorizada.

É momento para o acolhimento fraterno, mensagens de consolo, apoio moral e espiritual; de construção de caminhos novos, visando à futura regeneração!”

Finda a palestra, Dalva Silva Souza, ex-presidente da FEEES, proferiu a prece de encerramento.

Extraído de:

Brasil, por Ana Moraes. Revista digital O Consolador – Ano 15 – N° 716 – 11 de Abril de 2021; http://www.oconsolador.com.br/ano15/716/especial2.html