Como o espírita deve ver a sociedade

Como o espírita deve ver a sociedade

Aylton Paiva

A Vida social está em a natureza? – Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outra faculdades necessária à vida de relação.(1)

O espírita não deve ver a sociedade conforme suas opiniões , mas de acordo com os princípios da Filosofa Espiritualista Espírita, contida em O livro dos espíritos, codificado por Allan Kardec, em sua 3ª Parte Das Leis Morais – Da Lei de sociedade.

O ser humano não é um ser perfeito e completo, portando ele precisa da união social a fim de que um possa ajudar o outro, conforme informação dos Mentores Espirituais, acima citado. “Não se justifica o isolamento social, seja por alegado fim religioso( asceta, ermitão, etc.) seja para usufruir os bens materiais sem que tenha de se relacionar com outras pessoas; residir em uma ilha isolada, por exemplo.”(2)

Assim, torna-se evidente que toda pessoa tem um compromisso com a sociedade em que vive. Deve compreender sua função nessa sociedade, dela participando e dando sua contribuição de acordo com suas possibilidades intelectuais, sentimentais e morais. “O espírita, pelo conhecimento que tem da Doutrina Espírita, especialmente Das Leis Morais, 3ª Parte do mencionado O livro dos espíritos tem o dever de participar ativa e conscientemente na sociedade em que vive, agindo para que os valores ético espíritas se realizem na sociedade humana.”(3)

Conforme já citado, os Mentores Espirituais da codificação do Espiritismo alertam firmemente que os seres humanos precisam uns dos outros, daí a necessidade de viver em sociedade. “O homem tem necessidade de progredir, de desenvolver suas potencialidades e isso ele só pode fazer em sociedade e é necessário que a sociedade esteja estruturada a fim de que todos que a compõem tenham tal possibilidade. O progresso do homem, tanto em seu aspecto da vida material quanto da vida espiritual, é uma imposição do Criador à vida. Ele necessita relacionar-se com seu semelhante para criar os bens indispensáveis ao seu aprimoramento. Esse relacionamento social, no entanto, deve ser inspirado pelo amor entre os seres, pela fraternidade que implica no exercício da justiça.”(4).

Para essa convivência o espírita deve, portanto, buscar os valores morais contidos no Evangelho de Jesus, clarificados pela Filosofia Espiritualista Espírita contida na sua obra básica O livro dos espíritos, organizada por Allan Kardec.

Para uma vivência coerente, o espírita precisa compreender e agir, na sociedade, conforme esses valores morais e não de acordo com doutrinas, filosofias e mesmo suas opiniões e palpites pessoais, que confrontam tais valores.

REFLEXÕES:

1. A sociedade é má e não deveríamos viver nela?

2. Viver isoladamente não seria melhor para a evolução do espírito?

3. Por que devemos viver em sociedade?

4. Como viver em sociedade ajuda o espírito a se aperfeiçoar?

5. Quais valores temos para avaliar nossa conduta para com o próximo e para com a sociedade?

Referência bibliográfica:

(1) O livro dos espíritos, de Allan Kardec, editora FEB, edição 87ª.

(2) O Espiritismo e a Política – Contribuições para a evolução do ser e da sociedade. Capítulo 7, pág. 63. 

3) Idem, pág. 63. 

4) Idem, pág. 64.

Extraído de:

Boletim diário de Notícias do Movimento Espírita, 15/03/2024: https://www.noticiasespiritas.com.br/2024/MARCO/15-03-2024.htm

O casal Linda e João – amizade e apoio

O casal Linda e João – amizade e apoio

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Começamos a frequentar as reuniões do Centro Espírita “Amor e Caridade”, de Biriguí, aos 09 anos de idade, no início de 1958, por indicação de Emília Santos, que atuava como médium no local, embora residente em Araçatuba.

Registros interessantes sobre os dirigentes e fundadores do Centro Espírita “Amor e Caridade”:

- Nosso tio-avô Albino Marinelli, juntamente com o Sr. João foi um dos responsáveis pela construção do Lar José Maria Lisboa; amigo de José Geraldi, loja de material de construção. um dos filhos, o Jorge Geraldi, casado com Nilza, filha de Linda e João.

- Nos anos 1940, nosso tio-avô José Perri residiu e atuou como médico em Biriguí, aceitaram o Espiritismo; amigos do casal de Biriguí; a desencarnação de Tércio, ainda criança, filho do casal Antonieta Cavalieri e José Perri, levou-o a momentos de instabilidade emocional, e foi apoiado por dona Linda. A amizade e contatos perduraram.

- A avó Antonieta Perri Cefali, desencarnada em 1935, teria se manifestado e sido consolada pela mediunidade de dona Linda no início dos anos 1950.

- Em São Carlos, esse casal de Biriguí foi contemporâneo de familiares nossos.

- João Dias de Almeida (São Carlos 1901; Biriguí 1984), trabalhava como tipógrafo em jornal que imprimia “O Clarim”, de Cairbar Schutel, tornando-se, simpatizante da Doutrina Espírita. – Em 1926, casou-se com D. Linda Dias de Almeida (Matão, SP, 1908; Biriguí 2004).

- O casal viveu em Olímpia e São Paulo. Com as manifestações mediunidade latente de Linda, João, conhecedor dos princípios espíritas, busca orientação em Centro Espírita em Tucuruvi, bairro de São Paulo, começa a trabalhar como médium e visitando os enfermos do hospital do bairro. Receberam o chamado, sob a orientação do espírito Felício Luchini, para fixarem residência em Biriguí, onde em conjunto com o espírito José Maria Lisboa deveriam cumprir sua missão.

- Em 05 de janeiro de 1940, venderam seus bens em São Paulo e estabeleceram-se no comércio, em Biriguí, e atividade agrícola em uma pequena propriedade, região da Água Limpa; depois área maior de terras, no município de Buritama, bairro do Lajeado.

- D. Linda se tornava conhecida, dons mediúnicos e suas qualidades morais e cristãs; construíram e inauguraram o Centro Espírita Amor e Caridade, na Rua Nilo Peçanha, 485, em 28 de janeiro de 1940.

- 17 de julho de 1943: sob a presidência do Sr. João Dias de Almeida foi lançada a pedra fundamental de dependência do “Amor e Caridade”, no bairro Córrego da Pedra, município de Monte Aprazível, hoje Lourdes.

- 29 de junho de 1945: criado o Departamento “Asilo da Velhice e dos Desamparados”, idosos e crianças sem lar, com 40 internos.

- 02 de fevereiro de 1947: inaugurado o “Sanatório Felício Luchini”, depois “Hospital Psiquiátrico Felício Luchini”.

- 12 de junho de 1949: inaugurado o Orfanato “José Maria Lisboa”, depois chamado Lar.

- O casal recebeu o título de Cidadão Biriguiense; receberam várias Comendas, e, em 20 de agosto de 1985, a Câmara Municipal criou o Centro Comunitário “João Dias de Almeida”.

- Desde criança, frequentamos o Centro com entrada de arvoredos de murta com flores brancas exalando aroma marcado em nossa lembrança. Na secretaria, o Sr. João simpático, risonho e puxando prosa, geralmente encontrávamos os irmãos Adauto e Adalberto Quirino da Silva. Dentro do salão dona Linda e um conjunto de médiuns.

- Com nossa genitora Bebé e tio Rolandinho estivemos muitas vezes na residência da médium onde era sempre atenciosa. Em férias, o tio Lolo e esposa (do Rio de Janeiro) foram algumas vezes a esse Centro e até proferiu palestra sobre prevenção do câncer.

- Frequentamos as reuniões no “Amor e Caridade” até 1972, quando foi fundado o Centro Espírita Luz e Fraternidade, de Araçatuba.

- Em entrevista (Dirigente Espírita, USE-SP, set-out.1993) ela nos relatou que no início de suas ações eram alvos de perseguições e maledicências, inclusive partindo de religiosos. denunciados junto à Polícia. De tanto serem convocados pelo Delegado de Polícia, um dia reconheceu o trabalho benéfico à comunidade que eles executavam e se interessou pelo Espiritismo.

- Após a desencarnação do casal esse Centro foi sucessivamente dirigido pelas filhas Neide e Nancy.

Residindo em Araçatuba, Brasília e São Paulo, voltamos inúmeras vezes para proferir palestras no "Amor e Caridade", como na recente reunião comemorativa da data de nascimento de D. Linda, no dia 02 de março de 2024.

(Síntese da palestra do dia 02/03/2024, com base em: Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Cap. 1.12. Araçatuba: Cocriação. 2021)

Livraria Espírita de Araçatuba em nova sede

Livraria Espírita de Araçatuba em nova sede

  

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A Livraria Espírita Rolando Perri Cefaly, de Araçatuba (SP), conta com nova sede, inaugurada no dia 02 de março de 2024.

Trata-se de dependência vinculada à Instituição Nosso Lar que funciona naquela cidade desde 1961. Essa Instituição, fundada por Rolando Perri Cefaly, Emília Santos e Josefina Perri Cefaly de Carvalho, foi se desdobrando em outras atividades e dependências.

Em novembro de 1972 foi inaugurado o Centro Espírita Luz e Fraternidade, que passou a ser o núcleo doutrinário, implementando reuniões e cursos diversificados. Naquela época éramos um dos integrantes da diretoria de Nosso Lar e responsável pela programação doutrinária do novo Centro.

Com o crescente público que passou a frequentar as suas reuniões, montamos um simples ponto de venda de livros espíritas numa saleta localizada antes do acesso ao salão das reuniões públicas. Tudo muito simples e retirávamos livros com a Rosa Protetti, dirigente do Centro Espírita Bezerra de Menezes que, na época era o único local que comercializava os livros espíritas na cidade.

Como houve interesse, a diretoria do “Luz e Fraternidade” passou a comprar os livros diretamente de Livrarias/editoras. Tio Rolandinho adquiriu uma casa na rua Pereira Barreto e reformou-a para instalar a Livraria. Foi inaugurada no dia 17 de maio de 1980.

Logo depois, o Clube do Livro Espírita da UNIMEA (hoje USE de Araçatuba), passou a utilizar o espaço para depósito e referência. Os sócios do Clube recebiam os livros em casa, mas também podiam retirar o livro do mês na livraria.

Nos 15 anos iniciais de funcionamento, a Livraria funcionava como uma distribuidora e atendia encomendas dos centros da região. Aliás, naquela época era um dos poucos locais públicos para venda de livros espíritas em toda a região noroeste.

Na sequência, Rolandinho conseguiu autorização para montar um stand metálico/banca do livro na praça Rui Barbosa. Foi confeccionada nas oficinas da família Pagan, usando modelo que existia na época para as Bancas do Livro Espírita, divulgada por O Clarim, de Matão. À vista do movimento e interesse do público, Rolandinho obteve autorização, junto à governança municipal, para construir um quiosque na praça Rui Barbosa.

A Livraria que funcionou durante 43 anos na principal avenida de acesso ao centro da cidade, também transformou-se num ponto para diálogos fraternos, momentos de confraternização e de lançamentos de livros.

Agora, face a alterações imobiliárias naquela região, houve a negociação que redundou na mudança para um outro local, à rua Tabajaras, 256. A inauguração da nova sede da Livraria, aconteceu com nossa presença para lançamento de nosso livro Leopoldo Cirne. Vida e propostas por um mundo melhor, edição conjunta da Cocriação (de Araçatuba) e do CCDPE (de São Paulo).

25 ANOS DO CLUBE DA VOVÓ FELIZ DA INSTITUIÇÃO NOSSO LAR

25 ANOS DO CLUBE DA VOVÓ FELIZ DA INSTITUIÇÃO NOSSO LAR

   

Paulo Sérgio Perri de Carvalho (*)

A Instituição Nosso Lar foi fundada em Araçatuba no ano de 1960 com a finalidade de abrigar transitoriamente famílias necessitadas e para centralizar tarefas assistenciais que eram desenvolvidas por D. Emília Santos e Rolando Perri Cefaly (tio Rolandinho).

Desde os seus primórdios, o pensamento de promoção social das pessoas que recorriam à Instituição foi marcante. Assim, além do atendimento às necessidades das famílias, eram desenvolvidas atividades de promoção que iam desde a construção de casinhas em mutirão até, posteriormente, atividades de corte e costura, bordado, artesanato, confecção de enxoval para gestantes sendo estas últimas atividades desenvolvidas durante a semana pelas pessoas assistidas e coordenadas por inúmeras voluntárias.

Destas atividades, as peças confeccionadas eram expostas e vendidas no tradicional Bazar Beneficente. Acompanhando de perto estas atividades, Josefina Perri Cefaly de Carvalho (tia Bebé), Vice-presidente e posteriormente Presidente da Instituição, cria o Clube da Vovó Feliz em fevereiro de 1999 que tinha por objetivo reunir as pessoas idosas em uma tarde da semana para desenvolverem terapias ocupacionais com as atividades de artesanato, pintura e outros trabalhos manuais além de receberem a orientação médica e psicológica quando necessário como também de alfabetização. A ideia da criação desta atividade foi devido a preocupação que Bebé tinha com relação as idosas que frequentavam a Instituição para que elas fossem valorizadas como seres humanos e tivessem uma atenção especial e com isso melhorassem até mesmo sua auto-estima pela possibilidade de aprender e aplicar algo que poderia ser útil para suas vidas.

Todas as atividades do Clube da Vovó Feliz iniciavam-se e ainda são iniciadas com uma palestra sobre os ensinamentos morais do Cristo e é reservada uma data em cada mês para se comemorar os aniversários das avós. Todas as atividades desenvolvidas ao longo destes 25 anos tiveram a participação de pessoas que voluntariamente doaram uma parte de si para que houvesse um pouco de alegria nos corações das vovós. Para não ser traído pela memória, estas pessoas não serão nominadas, mas que todas elas possam receber a gratidão da Instituição Nosso Lar.

A tia Bebé desencarnou em setembro de 2003 e como homenagem a ela por sua dedicação a esta atividade o Clube da Vovó passou a se chamar Clube da Vovó Feliz Josefina Perri Cefaly de Carvalho, tia Bebé.

Parafraseando Camille Flamarion que em maio de 1869 discursou no sepultamento de Allan Kardec, podemos dizer: “Já não existem muitas pessoas que iniciaram o Clube da Vovó em 1999 mas a lembrança do trabalho inicialmente desenvolvido estará sempre com as pessoas que continuam o trabalho que por si será sempre respeitado. Na Terra, a obra substituirá os obreiros de outrora e que continuam a orientar espiritualmente e a dar forças e estímulo para que o trabalho continue!”

(*) Vice-Presidente da Instituição Nosso Lar.

(Publicado em: Folha da Região. Araçatuba, 21/02/2024. P.2)

Princípios ético-morais na atualidade

Princípios ético-morais na atualidade

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Os momentos vividos no mundo provocam impactos na sociedade em geral e diversas abordagens têm sido realizadas para se compreender o cenário atual.
As análises com base na ética e na moral são sempre pertinentes. Há muitos estudos acadêmicos que discutem os conceitos e a aplicação da ética e da moral, porém parece-nos oportuna a reflexão fundamentada na concepção espírita e de maneira simples.
Em geral, aceita-se que a ética procura distinguir o bem do mal, o justo do injusto, o certo do errado, o que é permitido e o que é proibido, tendo em vista o conjunto de normas adotadas por uma sociedade; seria mais especulativa. Já a moral se refere às normas ou regras que regem a conduta humana e envolve o dever e prática consciencial. A chamada consciência moral é a capacidade de decidir diante das alternativas possíveis, de distinguir o bem do mal. Portanto, a ética é o fundamento e a moral é a prática. Muitos entendem que ética e moral são inseparáveis.1
Allan Kardec, em suas obras, não empregou a palavra “ética”, mas o conceito e o objeto desta estão implícitos em O livro dos espíritos e O evangelho segundo o espiritismo. No livro inaugural do Espiritismo, o Codificador analisa as “Leis Morais”2, e na Introdução de O evangelho segundo o espiritismo, ele define o ensino moral como o objetivo desta obra.3
A ética cristã está fundamentada nos ensinos do Cristo, sintetizados na “regra de ouro”: "Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós” (Mateus 7, 12).
Em memoráveis Epístolas, Paulo de Tarso definiu diretrizes de ordem comportamental das quais destacamos alguns versículos4:
“Examinai tudo. Retende o bem" (1 Tessalonicenses 5, 21); Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (I Coríntios 10, 23); "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Romanos 12, 21); "[…] já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2, 19-20).
O fato de Paulo citar o chavão da época referente à cidade de Corinto – “todas as coisas são lícitas” -, aponta para uma situação que o afligia. Os cristãos dos nascentes grupos de Corinto sofriam influências do contexto perverso daquela cidade. A expressão “viver como um coríntio” referia-se a desregramentos comportamentais, considerados “normais” naquela cidade. A tendência de adoção de práticas aberrantes, motivou a elaboração da 1a Epístola aos Coríntios.4
Paulo desenvolveu o raciocínio de que alguns princípios defendidos naquela sociedade precisavam ser observados através de diretrizes ligadas à conduta cristã, não se restringindo às tradições e normas vigentes.
Respeitadas as diferenças, parece-nos que a colocação de Paulo é adequada aos nossos dias, em que num ambiente de liberdade de pensamento e de legislações liberais, proliferam vários tipos de guerras, dentro dos países ou entre eles, ocorrem questionamentos de valores e facilidades de comunicação, incluindo a indiscriminada disseminação de notícias e análises dúbias ou inverídicas nas redes sociais.
No conjunto – Constituição do país, Leis e normas -, define-se o que é legal, o que é “lícito” no dizer de Paulo de Tarso.
Como ficariam as ideias de conveniência e de edificação que Paulo emprega na citada Epístola para a análise das licitudes? E isso sem se entrar na questão da proliferação de hábitos e ações ilícitos…
A mensagem essencial da Boa Nova fortalece princípios e o cultivo de virtudes. Sobre isso, o Espiritismo traz à tona a ideia do livre-arbítrio dentro dos conceitos que emanam do conhecimento de vida imortal e de reencarnação, e, dos compromissos do ser espiritual consigo mesmo e com a sociedade.
Em O livro dos espíritos há várias abordagens referentes à moral, como as questões abaixo2:
“- A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.”
“- O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringí-la.”
Em as Leis Morais de O livro dos espíritos, Allan Kardec destaca que a lei divina ou natural, a Lei de Deus, é “a única e verdadeira a conduzir o homem à felicidade e que lhe indica o que ele deve ou não fazer” e que essa “lei está escrita na consciência do homem.”2
A ética espírita baseia-se nas máximas morais do Cristo e na busca o conhecimento da verdade. Está definida no livro inicial de Kardec ao examinar a Lei de Deus no tocante ao bem e o mal e ao apresentá-la subdividida em várias leis. Para Kardec, a justiça, amor e caridade é a lei “mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras" […] “lei que se funda na certeza do futuro."2
Os valores espirituais e afetivos não podem ser subjugados por valores cognitivos e imediatistas. Emmanuel faz um valioso apontamento sintético: “O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.”5
Essas colocações espirituais e espíritas oferecem parâmetros para se definir o que é lícito e conveniente, o que atende aos objetivos do bem, ou seja, o que é moralmente compatível com os ensinos do Cristo e os princípios do Espiritismo.
A enfermidade ética e moral tem raízes desde a base da sociedade. E repercutem em várias instâncias das nações.
Haja vista as vigentes manifestações guerreiras e torna-se oportuno recordarmos de comentário de Emmanuel: “[…] A guerra é inevitável nessa civilização que depende exclusivamente do militarismo. Os grandes exércitos são a sua grande ruína,” e aponta: “[…] o afinamento da mentalidade do mundo terrestre no ideal de perfeição e de amor de Jesus Cristo não chegou a se verificar em tempo algum. Apelamos para a cristianização de todos os espíritos e é dentro desse sentido que se guarda o mais alto objetivo de todas as nossas mensagens”.6
As inquietações e até turbulências que advém das dificuldades que a população passa nos momentos de crises mais intensas devem ser encaradas com respeito e serenidade.
Sobre esse cenário, Emmanuel pondera: “[…] no fracasso de todas as tentativas pacíficas, o cristão sincero, na sua feição individual, nunca deverá cair ao nível do agressor, sabendo estabelecer, em todas as circunstâncias, a diferença entre os seus valores morais e os instintos animalizados da violência física.”5
Para concluir, lembramos que as obras de Kardec, em vários trechos comentam a causa principal dos distúrbios ético-morais, que pode ser resumida com a frase: “O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta.”2
Evocamos mais uma vez o apóstolo Paulo com seus marcantes registros. Anota a situação dele e, pode-se dizer de muitos, que adotam princípios ético-morais no contexto de nosso mundo e deixa claro que a consciência tranquila e o dever cumprido são as melhores recompensas espirituais:
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2 Timóteo 4, 7)

Referências:
1) Souza, Sonia Maria Ribeiro. Um outro olhar: filosofia. 1.ed. Cap. 10. São Paulo: FTD. 1995.
2) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O livro dos espíritos. 70.ed. 3a Parte, cap. II a XI; questões 629 e 630; Conclusão IV. Rio de Janeiro: FEB. 1989.
3) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O evangelho segundo o espiritismo. 131.e. Cap. XI, item 11. Brasília: FEB. 2013.
4) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Epístolas de Paulo à luz do espiritismo. 1.ed. Cap. 2 e 5. Matão: O Clarim. 2016.
5) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. O consolador. 29.ed. Questões 68, 127, 148, 170, 204, 345, 365. Brasília: FEB. 2013.
6) Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Ação, vida e luz. P. 25-26. São Paulo: CEU. 1991.
DE:
Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCIX. N. 1. Fevereiro de 2024. P. 44-45.

Uma reflexão sobre as críticas ao trabalho de Chico Xavier

Uma reflexão sobre as críticas ao trabalho de Chico Xavier

Vladimir Alexei

Leon Denis (1846 – 1927), um dos pensadores mais lúcidos do Espiritismo, disse em uma de suas obras que, conforme for o ideal, assim será o homem.

No ano em que completam 22 anos do seu desencarne, os temas difundidos em torno do nome de Chico Xavier ainda causam muitas reflexões.

Ao mesmo tempo em que se erige pedestais para o endeusamento da figura de Francisco Cândido Xavier, existem sítios dedicados a analisar possíveis plágios em suas obras e de tantos outros escritores, arrolando o médium aos processos de indivíduo fraudulento.

Além, é claro, das celeumas que se instauraram após o seu desencarne em torno de diálogos com extraterrestres e suas possíveis reencarnações.

O que causa espanto, e espécie, é a completa ausência de pudor nas críticas com fundamentações bastante questionáveis, tanto para os que exaltam, quanto para os que tentam denegrir a imagem do Chico Xavier.

O conhecimento é a busca da verdade, ele não é a busca pela certeza, já dizia Sir Karl R. Popper. É relevante refletir sobre isso.

Todo conhecimento humano é falível, portanto, incerto. Errar é humano!

Por isso é oportuno que se faça distinção entre verdade e certeza. Dizer que tem “certeza” que Chico Xavier fraudou, pode não ser “verdade”. De fato, a ciência tem limites, contudo, a humanidade tem se esforçado para superar seus limites e as contribuições podem ser percebidas, se soubermos o que buscar. Uma pesquisa científica não é traduzida em uma escrita comum, popular. Quando se busca dar algum “ar científico” a qualquer texto, é preciso, de fato, que o autor tenha uma ideia de método, do contrário, corre-se o risco de cair na infantilidade que se vê por aí.

Melhor atribuir o que se vê a infantilidade do que maldade, porque, parafraseando Leon Denis, se o ideal dessas pessoas que escrevem sobre o Chico Xavier é desmascará-lo ou endeusá-lo, vê-se que pouco compreenderam da essência do Espiritismo.

Na esteira do espanto, diante de tantas críticas ácidas, deseducadas e porque não injustas, dirigidas ao Chico Xavier, entidades e suas respectivas editoras, que publicam e vendem seus livros, fazem um profundo silêncio diante de tudo que se diz sobre ele. Na hora do bônus, divulgam-se os trabalhos do Chico Xavier. Quando o autor é criticado e arrolado como possível fraude, essas mesmas entidades que editam seus livros, emudecem.

Allan Kardec deixou claro a diferença entre “polêmica e polêmica” na Revista Espírita de 1858. Aquela que visava defender o ponto de vista pessoal, Kardec abria mão. As outras que diziam respeito à defesa do entendimento doutrinário, ele não recuava!

Estão interpretando e analisando errado as obras espíritas e nenhuma instituição que edita seus livros, se levantou para esclarecer e auxiliar no melhor entendimento do que seja um estudo espírita. Servem para o que, então?

As críticas ao trabalho do Chico Xavier, em essência, são críticas à Doutrina Espírita! E o que os dirigentes das entidades espíritas têm feito a esse respeito?

Buscando informações em outros sítios, nos deparamos com um vídeo de um ex-companheiro do Chico Xavier, que abandonou o Espiritismo para se dedicar a outra área do conhecimento, dizendo que as fragrâncias exaladas quando da presença de um Espírito Benfeitor foram encontradas em frascos no armário de uma sala ao lado da sala de tratamentos. Entretanto, apenas o Chico Xavier estava envolvido, segundo o ex-companheiro. Ambos desencarnados.

O que é importante esclarecer: a verdade ou a certeza? Ter certeza que é “mentira”, pode não refletir a verdade. Para dizer que é verdade, é necessário que o conhecimento seja construído com método e mesmo assim, pode-se concluir que ficará o “dito pelo não dito”.

Por outro lado, pode-se aprender com a situação e analisar o contexto para que casos assim sejam tratados com a devida fraternidade que um Espírita desenvolve quando está em busca de melhorar-se.

E continua! Assistimos um desses vídeos curtos de uma rede social dizendo que o Chico Xavier foi um “assassino cruel” em outro planeta. Veio para esse planeta para resgatar suas maldades.

O que estão fazendo com o trabalho do Chico Xavier? O que as casas espíritas tem ensinado sobre o Espiritismo?

Há décadas entidades e seus respectivos dirigentes vem auferindo vantagens em forma de projeção, exposição de imagem, perpetuação de uma ideia, de um ideal, como disse Leon Denis, mas junto com essa semeadura existe a colheita. Os que ficam, o que tem feito para esclarecer a respeito dos equívocos de interpretações doutrinárias? Ou essas entidades acreditam que não são corresponsáveis pelo que está acontecendo?

Há uma profunda distância entre falar-se sobre o conteúdo de uma obra, como o sítio citado, comparando frases, utilizando testemunhos e etc. para identificar “plágios”, e concluir-se que o autor é uma fraude.

Alto lá! Para ser considerado “verdade” é preciso desenvolver um método que seja aceito de forma universal e o que usam é tão frágil quanto o que acusam. Citamos novamente o Popper que diz que, já que errar é humano, isso significa que devemos lutar sem cessar contra o erro, mas também, com todo cuidado, nunca podemos estar totalmente certos de que não estejamos cometendo um erro.

Diante desse cenário, deveras dantesco, o combate às análises apressadas e conclusões inadvertidas, deve ser feito com método, prudência e cautela. Em meio ao cascalho podem existir pedras preciosas, interpretações oportunas, reflexões superiores de perspectivas pouco exploradas.

Contudo, é preciso ser firme diante das críticas a trabalhos longevos, consistentes, coerentes, repleto de exemplos, testados em “verso e prosa”, analisados por diversos ângulos, inclusive acadêmico, antes de se optar pelo veredito da fraude como estão fazendo com o trabalho de Chico Xavier.

Por fim, resta saber o que as entidades farão para defender o trabalho daquele que tanto tem contribuído para suas existências. A conta está chegando.

(O articulista  Vladimir Alexei reside em Belo Horizonte).

O filme “Nosso Lar 2 – Os Mensageiros”

O filme “Nosso Lar 2 – Os Mensageiros”

        

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Desde 25 de janeiro os cinemas do país passaram a exibir o filme “Nosso Lar 2 – Os Mensageiros”.

O enredo é baseado no livro Os Mensageiros, do espírito André Luiz e psicografado por Chico Xavier; o segundo da série “a vida no mundo espiritual”, iniciada com Nosso Lar. É uma continuação do bem sucedido filme anterior, exibido em 2010.

No livro Os mensageiros, é relatada a atuação de espíritos vinculados à colônia Nosso Lar, no atendimento a encarnados. O filme focaliza um desses apoios: um grupo de espíritos da colônia Nosso Lar se dedica a cuidar de três pessoas que fazem parte de um planejamento espiritual, sem saber que são os escolhidos. Em síntese, os três vultos focalizados são o jovem médium que não estava cumprindo sua missão, um líder de centro espírita e um empresário benemérito.

Trata-se de produção da Cinética Filmes, com Wagner de Assis e Iafa Britz; direção e roteiro por Wagner de Assis; com atores principais Renato Prieto (papel de André Luiz), Edson Celulari (coordenador da equipe espiritual) e Felipe de Carolis (o obsessor). Destacamos a primorosa encenação de Felipe de Carolis.

Assistimos ao filme no dia do lançamento juntamente com a esposa, filho e nora, em São Paulo. A sala estava bem ocupada, com público predominantemente da terceira idade.

Interessante que após o sucesso do filme “Nosso Lar”, a produtora Cinética começou a elaborar o projeto do novo filme. A proposta inicial desse filme, em meados de 2012, foi aprovada em diretoria da Federação Espírita Brasileira (que detém os direitos autorais do livro) no período em que ocupávamos a presidência da Instituição e assinamos o primeiro contrato com a Cinética Filmes. Daí a razão de nosso nome aparecer nos créditos finais do filme.

O enredo é fiel aos textos do espírito André Luiz, mas há imagens, cenas e diálogos que provavelmente não sejam de fácil compreensão para o público não espírita. Houve ampla campanha nas instituições espíritas para que seus frequentadores prestigiassem os primeiros dias de exibição. Há informações que em centenas de cinemas, entre 25 de janeiro e o final de semana, acorreram perto de 500 mil frequentadores. Um caso de sucesso no conjunto dos filmes brasileiros.

O filme deve suscitar a leitura do livro base do enredo, valorizando a mensagem central de vigilância com os compromissos espirituais durante a existência corpórea.

Na apresentação de Os Mensageiros Emmanuel destaca: “recorda que as mensagens edificantes do Além não se destinam apenas à expressão emocional, mas, acima de tudo, ao teu senso de filho de Deus, para que faças o inventário de tuas próprias realizações e te integres, de fato, na responsabilidade de viver diante do Senhor”.

Antonio Cesar Perri de Carvalho é escritor, foi dirigente espírita em Araçatuba, presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e da Federação Espírita Brasileira.

Extraído de: Folha da Região. Araçatuba, 31/01/2024. P.2.

São Paulo: há 470 anos homenageia o Apóstolo!

São Paulo: há 470 anos homenageia o Apóstolo!

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Neste ano completa-se 470 anos da fundação da cidade de São Paulo.

Fundada no dia 25 de janeiro de 1554, pelo padre Manuel da Nóbrega.

Este veio à então Colônia de Portugal acompanhando o primeiro governador Tomé de Souza, designado pelo rei Dom João III e com a missão específica de instalar o processo educacional no Brasil. Foi autor do primeiro livro escrito no país: “Cartas do Brasil”. Nóbrega (1517-1570) era bacharel em filosofia e direito canônico pelas Universidades de Salamanca e de Coimbra, antes de ingressar no jesuitismo.

O marco inicial da cidade foi o Colégio São Paulo, onde atualmente se localiza o Pátio do Colégio, no centro antigo da cidade, e funciona um museu alusivo à fundação da cidade e homenageando Manuel da Nóbrega e seu noviço José de Anchieta, considerados os dois primeiros evangelizadores do país.

Em registros históricos de conhecimento público sabe-se que Nóbrega, que atuava em São Vicente, subiu ao Planalto de Piratininga e resolveu fundar uma escola, escolhendo o dia 25 de janeiro, que era a data comemorativa da conversão do apóstolo Paulo. Assim, surgiu a cidade de São Paulo, significativamente a partir de uma escola e homenageando a apóstolo da gentilidade.

Esse episódio histórico foi evocado por Chico Xavier durante o 2o Pinga-Fogo, a longa entrevista na TV Tupi de São Paulo em dezembro de 1971, ao comentar que Manuel da Nóbrega foi uma das reencarnações do espírito Emmanuel. Chico também fez referência a este fato na cerimônia pública e televisada ao vivo da Câmara Municipal de São Paulo, no dia 19/5/1973, quando recebeu o título de “Cidadão Paulistano”.1,2

Mas essa revelação já havia sido feita por Chico Xavier e foi registrada em livro de Clóvis Tavares – amigo de Chico Xavier – e publicado com apoio deste enquanto encarnado: “Amor e Sabedoria de Emmanuel”, lançado em 1970 pela Editora Calvário e atualmente editado pelo IDE.3

O filósofo espírita paulista Herculano Pires comentou a missão de Nóbrega junto aos indígenas e aos portugueses que aqui vieram, e estabeleceu a relação entre Paulo e Nóbrega: “Dura foi a luta pela conversão do gentio. […] Paulo exerceu o apostolado dos gentios para o Cristianismo. Nóbrega foi o Apóstolo dos Gentios no Brasil nascente, preparando o terreno para o seu apostolado espírita do futuro.”4

Nóbrega era admirador de Paulo de Tarso. Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier elaborou o monumental romance histórico “Paulo e Estêvão” e analisou versículos das epístolas de Paulo em diversas obras. As relações entre o espírito Emmanuel e Paulo de Tarso comentamos em livros de nossa autoria, sobre as epístolas de Paulo, Chico Xavier e Emmanuel.1,2,5

O fundador Manuel da Nóbrega é homenageado não apenas no Pátio do Colégio, mas também em dois monumentos e rua da cidade de São Paulo e uma rodovia no litoral paulista. Há um monumento em homenagem a Paulo de Tarso na Praça da Sé, próximo ao “marco zero”, aliás, o vulto segurando um pergaminho com a frase: “Senhor, que queres que eu faça”.

O nome do Apóstolo designa a cidade e o Estado! Atualmente é a maior cidade do país e do Hemisfério Sul.

A cidade do trabalho, estudo, pesquisa, cultura, multiculturalidade, diversidade e do progresso – “a que nunca para” – há 470 anos homenageia o apóstolo Paulo!

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“Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra” (II Timóteo 2, 20-21).

Referências:

1. Carvalho, Antonio Cesar Perri. Epístolas de Paulo à luz do Espiritismo. Matão: O Clarim. 2016.

2. Carvalho, Antonio Cesar Perri. Chico Xavier – o homem, a obra e as repercussões. Capivari: EME. 2019.

3. Tavares, Clóvis. Amor e sabedoria de Emmanuel. São Paulo: Ed. Calvário. 1970.

4. Xavier, Francisco Cândido; Pires, José Herculano; Espíritos diversos. Diálogo dos vivos. Cap.23. São Bernardo do Campo: GEEM. 1974.

5. Carvalho, Antonio Cesar Perri. Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier. Matão: O Clarim. 2020.

DE:

Boletim de Notícias do Movimento Espírita (Ismael Gobbo) – copie e cole: https://www.noticiasespiritas.com.br/2024/JANEIRO/25-01-2024.htm

A vida de Cirne e suas propostas por um mundo melhor

A vida de Cirne e suas propostas por um mundo melhor

Excertos do Prefácio e da Apresentação da nova obra

A nova obra – e inédita – “Leopoldo Cirne. Vida e propostas por um mundo melhor” (de Antonio Cesar Perri de Carvalho, edição conjunta Cocriação e CCDPE-ECM) em lançamento, em janeiro de 2024, conta com textos e ilustrações marcantes.(*)

No Prefácio, Luciano Klein (historiador, autor de biografias, foi presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará), faz comentários significativos: “Leopoldo Cirne, sem favor, uma das maiores expressões do Espiritismo no Brasil, lamentavelmente, pouco lembrado em nossos dias. […] Cesar revela-nos, de forma clara e direta, com nuanças encantadoras, a ação missionária de Leopoldo Cirne, permitindo, destarte, tornar conhecido das gerações futuras, o nome do ex-presidente da FEB. […] asseguramos ser este o mais completo resgate biográfico a respeito do sucessor de Bezerra de Menezes”.

Na Apresentação, o autor considera “o cenário em que Leopoldo Cirne tornou-se espírita, iniciou suas ações na FEB e tornou-se presidente da instituição”; destaca que “na trajetória de vida de Leopoldo Cirne, emergem fortes sinais de contextos de incompreensões, vinculados a momentos de paixão por algumas ideias e posturas”. Apresenta transcrições de “mensagens de autoria de Leopoldo Cirne e de relatos sobre sua atuação, registrados por diversos espíritos, que apresentam coerência com a essência de suas preocupações e pensamentos expressos em artigos e livros enquanto encarnado, e, sem dúvida com seus objetivos e experiências de vida”.

Para o autor, a obra “contribui para se ampliar o conhecimento sobre a sua experiência de vida”; e realça que “a vida e obra de Leopoldo Cirne, seus notáveis predicados morais e intelectuais, alimentados por nobres ideais, representam uma valiosa experiência vivencial e se constituem em formidável subsídio para se analisar e se refletir sobre a trajetória, o estado atual e as perspectivas do Espiritismo no Brasil”.

Nas páginas iniciais da obra é destacada frase de Leopoldo Cirne: “O que falta realmente ao homem contemporâneo é o sentimento, não apenas a notícia, de seus destinos superiores, fundado na inabalável certeza de Deus e na maravilhosa perfeição de suas leis” (do livro O homem colaborador de Deus).

(*) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Leopoldo Cirne. Vida e propostas por um mundo melhor. São Paulo/Araçatuba: CCDPE-ECM/Cocriação. 2024. 200p.

Informações:

CCDPE-ECM (copie e cole): https://ccdpe.org.br/produto/leopoldo-cirne-vida-e-propostas-por-um-mundo-melhor/

COCRIAÇÃO EDITORA (copie e cole): cocriacaobencultural.com.br

Adoração a Deus e o compromisso com o ser e a sociedade

Adoração a Deus e o compromisso com o ser e a sociedade

Aylton Paiva

“Deus tem preferência pelos que o adoram dessa ou daquela maneira? – Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julgam honrá-lo com cerimônias que os não tornam melhores para com os seus semelhantes (Questão nº 654 de O Livro dos Espíritos).”

A ligação da criatura com o Criador, com a interpretação das religiões, ao longo do tempo, sempre refletiu as formas de pensar, sentir e agir dos dirigentes dessas religiões.

Assim, nelas constatamos normas que impõem ao adepto daquela religião: o medo, o temor, a submissão absoluta, o de povo escolhido, de grupos eleitos; outras refletem o amor, a solidariedade e a fraternidade. E entre elas há uma gradação grande de exteriorização desses sentimentos, de forma negativa ou positiva.

De forma geral, para agradar o deus apresentado naquela religião gosta de ser louvado, de ser admirado, de ser temido e ele só salva os profitentes que participam daquela organização religiosa, daquele grupo de fieis ou até mesmo daquele povo eleito.

Claro que são projeções dos dirigentes, líderes, condutores daquilo que sentem, projetando como se fosse aquilo que Deus sente. E a forma mais ou menos rigorosa em conduzir os adeptos por parte das classes sacerdotais e das autoridades religiosas têm variado através do tempo, das culturas e de maior ou menor avanço no atendimento aos direitos humanos nas legislações dos países onde as religiões estão inseridas.

Segundo a Doutrina Espírita para adorar a Deus não é necessário atender a formalismos exteriores ou pertencer a essa ou aquela religião.

Na questão acima citada fica muito claro o fundamento da adoração a Deus: “Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal”.

Para se fazer o bem e evitar o mal é necessário que o ser humano seja participante como cidadão da sociedade em que vive, através de ações que preservem os próprios direitos naturais, como, também dentro de suas possibilidades, defenda os direitos naturais do seu semelhante.

Claro que nada vale a adoração exterior manifesta em rituais e posturas falsas, se o comportamento da pessoa se motiva pelo egoísmo, orgulho, vaidade e prepotência.

Para fazer o bem e evitar o mal é necessário procurar extinguir o orgulho, a inveja, o egoísmo, a vaidade e a prepotência, não só em si mesmo, como também das instituições e grupos sociais.

Esse conceito de adoração leva não só à autoeducação da pessoa, como à reforma da sociedade em seus padrões de egoísmo e orgulho, em nome dos quais se justificam as desigualdades e as injustiças.

Há religiões que se constituem em instrumentos dos poderosos do mundo para a manipulação das massas, de conformidade com seus interesses pessoais ou dos grupos a que pertencem.

A submissão é de suma importância para tais religiões e o maior “pecado” é a desobediência. Esse posicionamento de submissão cria no homem a dependência total à autoridade impedindo-o, consequentemente, de, por seu livre arbítrio, exercitar sua capacidade de amar e raciocinar.

Destarte, ser religioso significa, principalmente, entender a si mesmo e ao seu semelhante, amando-o e amando-se ( “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Jesus).

Segundo o Espiritismo, o valor espiritual de uma religião, filosofia ou seita, está em promover o crescimento, a força, a liberdade para aquelas pessoas que a seguem ou professam.

Por isso, o conceito espírita de adoração infunde um profundo respeito pela Vida, uma permanente indagação sobre o universo e o homem, um intrínseco amor pelo semelhante. Estimula sempre o aperfeiçoamento e o progresso da pessoa e da sociedade, através da solidariedade.

Bibliografia para consulta:

- O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, Terceira Parte – Das Leis Morais – Ed. FEB

- O Espiritismo e a Política para a Nova Sociedade, Aylton Paiva – Ed. Casa dos Espíritas de Lins.

Extraído de:

Boletim de Notícias do Movimento Espírita, 12/01/24: https://www.noticiasespiritas.com.br/2024/JANEIRO/12-01-2024.htm