A importância do trabalho federativo na construção do mundo de regeneração

“A importância do trabalho federativo na construção do mundo de regeneração”

- Em: Federação Espírita do Estado do Espírito Santo festeja seu centenário –

A efeméride foi comemorada com um amplo evento virtual no dia 27 de março, comandado pelo confrade Fabiano Santos, presidente da FEEES, com participação dos ex-presidentes Júlio David Archanjo, Marcelo Paes Barreto, Dalva Silva Souza e Maria Lúcia Rezende Dias Faria, de vários ex-diretores, bem como de membros da atual diretoria, coordenadores de áreas da federativa e dirigentes de órgãos regionais e centros espíritas. A prece de abertura foi proferida pelo ex-presidente Júlio David Archanjo. Tanto na abertura como no encerramento ocorreram apresentações musicais por parte de jovens espíritas. Os ex-presidentes também se manifestaram com sua saudação ao público. Na sequência, o vice-presidente José Ricardo do Lírio apresentou uma síntese histórica da Federação. Foram então exibidos alguns vídeos históricos. O representante da Juventude Espírita também fez uma saudação. E, como não podia faltar, houve um momento informal comemorativo do aniversário com bolo e velinha marcando os 100 anos de fundação da entidade.

Convidado especialmente para o evento, Antonio Cesar Perri de Carvalho, ex-presidente da USE-SP e da FEB, proferiu palestra focalizando o tema proposto pela FEEES.

Eis uma síntese do que o palestrante disse na oportunidade:

“A importância do trabalho federativo na construção do mundo de regeneração”

“Em meio a uma tragédia sanitária mundial, as afligentes situações de saúde – corpórea, psíquica e espiritual -, as mortes e o prolongado distanciamento social caracterizam uma sensação de luto.

Há transformações no mundo e o movimento espírita não está isento desses impactos.

Daí a necessidade de avaliação sobre a realidade do movimento espírita – providência que incumbe aos encarnados, como Kardec diz em A Gênese ao afirmar que a revelação espírita é de origem divina, mas sua elaboração é fruto do trabalho do homem. Em seu último discurso, proferido em novembro de 1868, o Codificador fez também colocações que vale lembrar: "O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais…” E aduziu: “O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como consequência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas”.

O mesmo pensamento transparece na primeira psicografia de Chico Xavier sobre o tema União, intitulada “Em nome do Evangelho”, recebida durante o 1o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado em São Paulo, no ano de 1948. Na mensagem Emmanuel nos convida: “[…] orientem no Evangelho quaisquer princípios de unificação…”, situa o contexto: “O mundo conturbado pede, efetivamente, ação transformadora” e, por fim, sugere: “unamo-nos no mesmo roteiro de amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristo em comunhão com os homens…”

Esses são parâmetros para as ações federativas e o atendimento das novas demandas do movimento espírita na fase pós-pandemia. As conclusões do “Projeto Convite ao Futuro – Diagnóstico e Prognóstico do Movimento Espírita Capixaba” (FEEES, 2019) devem ser analisadas em coerência com o novo horizonte social.

As experiências históricas danosas de institucionalização e hierarquização nas organizações religiosas devem subsidiar reflexões.

A proposta do Codificador sobre a "Comissão Central" pode inspirar a organização e o funcionamento de federativas.

Esse trabalho poderá ser agilizado e ampliado com ações virtuais, com redução dos custos das locomoções e das grandes reuniões, e com priorização por parte dos centros espíritas para a atuação virtual. Deve-se rever a seleção de temas e de expositores. Faz falta o espaço para se tratar dos assuntos que afligem o movimento, evitando-se sua pulverização e a centralização em alguns expositores. Em todos Estados há lidadores com vivência para o diálogo sobre suas experiências num intercâmbio fraterno.

Urge a adequação das instituições com preparo de recursos humanos, e, para as edificações: acesso, segurança e sanitária; tudo é respeito à vida do ser espiritual reencarnado. Na assistência social, o ideal será a desvinculação de dependência de convênios governamentais. A comercialização de livros pela internet e os e-books deverá redundar que estes não se constituam em fonte de subsistência para as instituições.

É marcante o conceito de Emmanuel sobre centro espírita: “[…] santuário de renovação mental em direção da vida superior. […] é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna.”

As reuniões para todas faixas etárias devem ser simultaneamente presenciais e à distância. Deve-se conhecer melhor a realidade das crianças e jovens. A experiência de atendimento fraterno pela internet, iniciada pela FEEES, deverá ser valorizada.

É momento para o acolhimento fraterno, mensagens de consolo, apoio moral e espiritual; de construção de caminhos novos, visando à futura regeneração!”

Finda a palestra, Dalva Silva Souza, ex-presidente da FEEES, proferiu a prece de encerramento.

Extraído de:

Brasil, por Ana Moraes. Revista digital O Consolador – Ano 15 – N° 716 – 11 de Abril de 2021; http://www.oconsolador.com.br/ano15/716/especial2.html