PROVAS DE FOGO

PROVAS DE FOGO

“E o fogo provará qual seja a obra de cada um.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 13.)

A indústria mecanizada dos tempos modernos muito se refere às provas de fogo para positivar a resistência de suas obras e, ponderando o feito, recordemos que o Evangelho, igualmente, se reporta a essas provas, há quase vinte séculos, com respeito às aquisições espirituais.

Escrevendo aos coríntios, Paulo imagina os obreiros humanos construindo sobre o único fundamento, que é Jesus-Cristo, organizando cada qual as próprias realizações, de conformidade com os recursos evolutivos.

Cada discípulo, entretanto, deve edificar o trabalho que lhe é peculiar, convicto de que os tempos de luta o descobrirão aos olhos de todos, para que se efetue reto juízo acerca de sua qualidade.

O aperfeiçoamento do mundo, na feição material, pode fornecer a imagem do que seja a importância dessas aferições de grande vulto.

A Terra permanece cheia de fortunas, posições, valores e inteligências que não suportam as provas de fogo; mal se aproximam os movimentos purificadores, descem, precipitadamente, os degraus da miséria, da ruína, da decadência.

No serviço do Cristo, também é justo que o aprendiz aguarde o momento de verificação das próprias possibilidades.

O caráter, o amor, a fé, a paciência, a esperança representam conquistas para a vida eterna, realizadas pela criatura, com o auxilio santo do Mestre, mas todos os discípulos devem contar com as experiências necessárias que, no instante oportuno, lhe provarão as qualidades espirituais.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 18. FEB)

ELOGIOS

ELOGIOS

“Mas ele disse: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.” — (LUCAS, CAPÍTULO 11, VERSÍCULO 28.)

Dirigira-se Jesus à multidão, com o enorme poder do seu amor, conquistando geral atenção.

Mal terminara as observações amorosas e sábias, eis que uma senhora se levanta no seio da turba e, magnetizada pela sua expressão de espiritualidade sublime, reporta-se, em alta voz, às bem-aventuranças que deviam caber a Maria, por haver contribuído na vinda do Salvador à face da Terra.

Mas, prestamente, na perfeita compreensão das conseqüências infelizes que poderiam advir da atitude impensada, responde o Mestre que, antes de tudo, serão bem-aventurados os que ouvem a revelação de Deus e lhe praticam os ensinamentos, observando-lhe os princípios.

A passagem constitui esclarecimento vivo para que não se amorteça, entre os discípulos sinceros, a campanha contra o elogio pessoal, veneno das obras mais santas a sufocar-lhes propósitos e esperanças.

Se admiras algum companheiro que se categoriza a teus olhos por trabalhador fiel do bem, não o perturbes com palavras, das quais o mundo tem abusado muitas vezes, construindo frases superficiais, no perigoso festim da lisonja.

Ajuda-o, com boa-vontade e entendimento, na execução do ministério que lhe compete, sem te esqueceres de que, acima de todas as bem-aventuranças, brilham os divinos dons daqueles que ouvem a Palavra do Senhor, colocando-a em prática.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 50. FEB);

BOAS MANEIRAS

BOAS MANEIRAS

“E assenta-te no último lugar.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 14, VERSÍCULO 10.)

O Mestre, nesta passagem, proporciona inolvidável ensinamento de boas maneiras.

Certo, a sentença revela conteúdo altamente simbólico, relativamente ao banquete paternal da Bondade Divina; todavia, convém deslocarmos o conceito a fim de aplicá-lo igualmente ao mecanismo da vida comum.

A recomendação do Salvador presta-se a todas as situações em que nos vejamos convocados a examinar algo de novo, junto aos semelhantes.

Alguém que penetre uma casa ou participe de uma reunião pela primeira vez, timbrando demonstrar que tudo sabe ou que é superior ao ambiente em que se encontra, torna-se intolerável aos circunstantes.

Ainda que se trate de agrupamento enganado em suas finalidades ou intenções, não é razoável que o homem esclarecido, aí ingressando pela vez primeira, se faça doutrinador austero e exigente, porqüanto, para a tarefa de retificar ou reconduzir almas, é indispensável que o trabalhador fiel ao bem inicie o esforço, indo ao encontro dos corações pelos laços da fraternidade legítima.

Somente assim, conseguirá alijar a imperfeição eficazmente, eliminando uma parcela de sombra, cada dia, através do serviço constante.

Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo, entretanto, corrigindo e amando, asseverava que viera ao caminho dos homens para cumprir a Lei.

Não assaltes os lugares de evidência por onde passares.

E, quando te detiveres com os nossos irmãos em alguma parte, não os ofusques com a exposição do quanto já tenhas conquistado nos domínios do amor e da sabedoria.

Se te encontras decidido a cooperar pelo bem dos outros, apaga-te, de algum modo, a fim de que o próximo te possa compreender. Impondo normas ou exibindo poder, nada conseguirás senão estabelecer mais fortes perturbações.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 43. FEB)

ANSIEDADES

ANSIEDADES

“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” — (1ª EPÍSTOLA A PEDRO, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 7.)

As ansiedades armam muitos crimes e jamais edificam algo de útil na Terra.

Invariavelmente, o homem precipitado conta com todas as probabilidades contra si.

Opondo-se às inquietações angustiosas, falam as lições de paciência da Natureza, em todos os setores do caminho humano.

Se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão.

Se a criatura refletisse mais sensatamente reconheceria o conteúdo de serviço que os momentos de cada dia lhe podem oferecer e saberia vigiar, com acentuado valor, os patrimônios próprios.

Indubitável que as paisagens se modificarão incessantemente, compelindo-nos a enfrentar surpresas desagradáveis, decorrentes de nossa atitude inadequada, na alegria ou na dor; contudo, representa impositivo da lei a nossa obrigação de prosseguir diariamente, na direção do bem.

A ansiedade tentará violentar corações generosos, porque as estradas terrenas desdobram muitos ângulos obscuros e problemas de solução difícil; entretanto, não nos esqueçamos da receita de Pedro.

Lança as inquietudes sobre as tuas esperanças em Nosso Pai Celestial, porque o Divino Amor cogita do bem-estar de todos nós.

Justo é desejar, firmemente, a vitória da luz, buscar a paz com perseverança, disciplinar-se para a união com os planos superiores, insistir por sintonizar-se com as esferas mais altas.

Não olvides, porém, que a ansiedade precede sempre a ação de cair.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 8. FEB) 

O teu dom

O teu dom

“Não desprezes o dom que há em ti” Paulo (I Timóteo, 4:14)

Em todos os setores de reorganização da fé cristã, nos quadros do Espiritismo contemporâneo, há sempre companheiros dominados por nocivas inquietações.

O problema da mediunidade, principalmente, é dos mais ventilados, esquecendo-­se, não raro, o impositivo essencial do serviço.

Aquisições psíquicas não constituem realizações mecânicas.

É indispensável aplicar nobremente as bênçãos já recebidas, a fim de que possamos solicitar concessões novas.

Em toda parte, há insopitável ansiedade por recolher dons do Céu, sem nenhuma disposição sincera de espalhá-­los, a benefício de todos, em nome do Divino Doador.

Entretanto, o campo de lutas e experiências terrestres é a obra extensa do Cristo, dentro da qual a cada trabalhador se impõe certa particularidade de serviço.

Diariamente, haverá mais farta distribuição de luz espiritual em favor de quantos se utilizam da luz que já lhes foi concedida, no engrandecimento e na paz da comunidade.

Não é razoável, porém, conferir instrumentos novos a mãos ociosas, que entregam enxadas à ferrugem.

Recorda, pois, meu amigo, que podes ser o intermediário do Mestre, em qualquer parte.

Basta que compreendas a obrigação fundamental, no trabalho do bem, e atendas à Vontade do Senhor, agindo, incessantemente, na concretização dos Celestes Desígnios.

Não te aflijas, portanto, se ainda não recebeste a credencial para o intercâmbio direto com o plano invisível, sob o ponto de vista fenomênico.

Se suspiras pela comunicação franca com os espíritos desencarnados, lembra­-te de que também és um espírito imortal, temporariamente na Terra, com o dever de aplicar o sublime dom de servir que há em ti mesmo.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap. 127. FEB)

Hoje, onde estivermos

Hoje, onde estivermos

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus Nosso Senhor.” Paulo (Romanos, 6:23)

Para os que permanecem na carne, a morte significa o fim do corpo denso; para os que vivem na esfera espiritual, representa o reinício da experiência.

De qualquer modo, porém, o término cheio de dor ou a recapitulação repleta de dificuldades constituem o salário do erro.

Quanta vez temos voltado aos círculos carnais em obrigações expiatórias, sentindo, de novo, a sufocação dentro dos veículos fisiológicos para tornar à vida verdadeira?

Muitos aprendizes estimam as longas repetições, entretanto, pelo que temos aprendido, somos obrigados a considerar que vale mais um dia bem vivido com o Senhor que cem anos de rebeldia em nossas criações inferiores.

Infelizmente, porém, tantos laços grosseiros inventamos para nossas almas que o nosso viver, na maioria das ocasiões, na condição de encarnados ou desencarnados, ainda é o cativeiro a milenárias paixões.

Concedeu-­nos o Senhor a Vida Eterna, mas não temos sabido vivê­-la, transformando­a em enfermiça experimentação.

Daí procede a nossa paisagem de sombra, em desencarnando na Terra ou regressando aos seus umbrais.

A provação complicada é conseqüência do erro, a perturbação é o fruto do esquecimento do dever.

Renovemo­nos, pois, no dia de hoje, onde estivermos.

Olvidemos as linhas curvas de nossas indecisões e façamos de nosso esforço a linha reta para o bem com a Vontade do Senhor.

Os pontos minúsculos formam as figuras gigantescas.

As coisas mínimas constroem as grandiosas edificações. Retiremo­nos das regiões escuras da morte na prática do mal, para que nos tornemos dignos da vida eterna, que é dom gratuito de Deus.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap. 122.FEB)

Guardemos o ensino

Guardemos o ensino

“Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos.” Jesus (Lucas, 9:44)

Muitos escutam a palavra do Cristo, entretanto, muito poucos são os que colocam a lição nos ouvidos.

Não se trata de registrar meros vocábulos e sim fixar apontamentos que devem palpitar no livro do coração.

Não se reportava Jesus à letra morta, mas ao verbo criador.

Os círculos doutrinários do Cristianismo estão repletos de aprendizes que não sabem atender a esse apelo.

Comparecem às atividades espirituais, sintonizando a mente com todas as inquietações inferiores, menos com o Espírito do Cristo.

Dobram joelhos, repetem fórmulas verbalistas, concentram­se em si mesmos, todavia, no fundo, atuam em esfera distante do serviço justo.

A maioria não pretende ouvir o Senhor e, sim, falar ao Senhor, qual se Jesus desempenhasse simples função de pajem subordinado aos caprichos de cada um.

São alunos que procuram subverter a ordem escolar.

Pronunciam longas orações, gritam protestos, alinhavam promessas que não podem cumprir.

Não estimam ensinamentos.

Formulam imposições.

E, à maneira de loucos, buscam agir em nome do Cristo.

Os resultados não se fazem esperar.

O fracasso e a desilusão, a esterilidade e a dor vão chegando devagarinho, acordando a alma dormente para as realidades eternas.

Não poucos se revoltam, desencantados…

Não se queixem, contudo, senão de si mesmos.

“Ponde minhas palavras em vossos ouvidos”, disse Jesus.

O próprio vento possui uma direção.

Teria, pois, o Divino Mestre transmitido alguma lição, ao acaso?

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap. 70. FEB)

O Senhor mostrará

O Senhor mostrará

“E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.” Jesus (Atos, 9:16).

O diálogo entre o Mestre e Ananias, relativamente ao socorro de que Paulo necessitava, reveste­-se de significação especial para todos os aprendizes do Evangelho.

Digna de nota é a observação de Jesus, recomendando ao apóstolo da gentilidade que ingressasse em Damasco, onde lhe revelaria quanto convinha fazer, e muito importante a determinação a Ananias para que atendesse ao famoso verdugo trazido à fé.

O apelo do Céu ao cooperativismo transborda da lição.

Perseguidor e perseguido, reúnem-­se no altar da fraternidade e do trabalho útil.

O velhinho de Damasco presta socorro ao ex­-rabino.

Paulo, em troca, prodigaliza­lhe enorme alegria ao coração.

Acresce notar, porém, que Jesus chamou a si a tarefa de revelar ao recém­ convertido quanto lhe competia lutar e sofrer por amor ao Reino Divino.

Semelhantes operações espirituais se repetem, cada dia, nas atividades terrestres.

Debaixo da inspiração do Cristo, diariamente há movimentos de aproximação entre quantos se candidatam ao bom entendimento, perante a vida eterna.

Alguns trazem a mão confortadora e amiga da assistência fraternal, outros o júbilo sagrado da esperança sublime.

Estabelecem-­se novos acordos.

Traçam­-se novas diretrizes. Imperioso é reconhecer, porém, que o Senhor mostrará a cada trabalhador o conteúdo de serviço e testemunho que lhe compete fornecer no ministério do seu Amor Infinito.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap. 125. FEB)

A ALEGRIA NO DEVER

A ALEGRIA NO DEVER

Quando Jesus estava entre nós, recebeu certo dia a visita do apóstolo João, muito jovem ainda, que lhe disse estar incumbido, por seu pai Zebedeu, de fazer uma viagem a povoado próximo.

Era, porém, um dia de passeio ao monte e o moço achava-se muito triste.

O Divino Amigo, contudo, exortou-o a cumprir o dever.

Seu pai precisava do serviço e não seria justo prejudicá-lo.

João ouviu o conselho e não vacilou.

O serviço exigiu-lhe quatro dias, mas foi realizado com êxito.

Os interesses do lar foram beneficiados, mas Zebedeu, o honesto e operoso ancião, afligiu-se muito porque o rapaz regressara de semblante contrafeito.

O Mestre notou-lhe o semblante sombrio e, convidando-o a entendimento particular, observou: – João, cumpriste o prometido?

- Sim — respondeu o apóstolo.

— Atendeste à Vontade de Deus, auxiliando teu pai?

— Sim — tornou o jovem, visivelmente contrariado —, acredito haver efetuado todas as minhas obrigações.

Jesus, entretanto, acentuou, sorrindo calmo:

- Então, ainda falta um dever a cumprir — o dever de permaneceres alegre por haveres correspondido à confiança do Céu.

O companheiro da Boa Nova meditou sobre a lição e fez-se contente.

A tranqüilidade voltou ao coração e à fisionomia do velho Zebedeu e João compreendeu que, no cumprimento dà Vontade de Deus, não podemos e nem devemos entristecer ninguém.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 19. FEB)

 

JESUS E OS AMIGOS

JESUS E OS AMIGOS

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a vida pelos seus amigos.” — Jesus. (JOÃO, capítulo 15, versículo 13.)

Na localização histórica do Cristo, impressiona-nos a realidade de sua imensa afeição pela Humanidade.

Pelos homens, fez tudo o que era possível em renúncia e dedicação. Seus atos foram celebrados em assembléias de confraternização e de amor.

A primeira manifestação de seu apostolado verificou-se na festa jubilosa de um lar.

Fez companhia aos publicanos, sentiu sede da perfeita compreensão de seus discípulos.

Era amigo fiel dos necessitados que se socorriam de suas virtudes imortais.

Através das lições evangélicas, nota-selhe o esforço para ser entendido em sua infinita capacidade de amar.

A última ceia representa uma paisagem completa de afetividade integral. Lava os pés aos discípulos, ora pela felicidade de cada um…

Entretanto, ao primeiro embate com as forças destruidoras, experimenta o Mestre o supremo abandono.

Em vão, seus olhos procuram a multidão dos afeiçoados, beneficiados e seguidores.

Os leprosos e cegos, curados por suas mãos, haviam desaparecido.

Judas entregou-o com um beijo.

Simão, que lhe gozara a convivência doméstica, negou-o três vezes.

João e Tiago dormiram no Horto.

Os demais preferiram estacionar em acordos apressados com as acusações injustas.

Mesmo depois da Ressurreição, Tomé exigiu-lhe sinais.

Quando estiveres na “porta estreita”, dilatando as conquistas da vida eterna, irás também só.

Não aguardes teus amigos.

Não te compreenderiam; no entanto, não deixes de amá-los.

São crianças.

E toda criança teme e exige muito.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Caminho, verdade e vida. Cap. 86. FEB)