Chico Xavier e os ensinos de Jesus no cinquentenário “Pinga-Fogo”

Mensagem de Jesus: do monte e às antenas

Chico Xavier e os ensinos de Jesus no cinquentenário “Pinga-Fogo”

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Nos dias 27 e 28 de julho de 1971, era transmitido ao vivo o histórico programa “Pínga-Fogo”, tendo Chico Xavier como entrevistado, na antiga TV Tupi de São Paulo.

O evento televisivo alcançou altíssimos índices de audiência e se transformou em um marco da difusão do pensamento espírita. Coroou os esforços do repórter investigativo Saulo Gomes e além dele atuaram como entrevistadores: João de Scantimburgo, Helle Alves, Reali Júnior, José Herculano Pires contando com o jornalista Almyr Guimarães como coordenador.1

Com simplicidade, desenvoltura e sempre se referindo ao apoio espiritual de Emmanuel, Chico Xavier atendeu a questões dos mais variados matizes do conhecimento e, várias delas, sendo foco de polêmicas na época. As respostas inspiradas e prudentes de Chico Xavier foram preditivas quando as analisamos após 50 anos do histórico programa, o que já tivemos oportunidade de comentar em outras matérias.2,3

À vista da época conturbada que vivemos, são oportunos alguns realces das manifestações de Chico Xavier, fazendo-se um cotejo com fundamentos ético-morais dos ensinos de Jesus. E aí, sem dúvida, o Sermão da Montanha contém a síntese das propostas de Jesus, sendo considerado o “coração do Evangelho”. O interessante é que o citado “Sermão” foi proferido sobre um lugar de destaque, registrado como um monte, para que o Mestre fosse visto e a mensagem fosse mais audível. Dezenove séculos depois, a imagem e a voz do médium Chico Xavier foram amplamente propagadas pelas antenas transmissoras de TV. Isso posto, estabelecemos uma rápida relação entre as palavras de Chico Xavier e a fundamentação notadamente no Sermão da Montanha4. Eis uns trechos significativos1:

FCX: “Nós, os espíritas evangélicos, nos detemos no Novo Testamento para compreender a essência dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e daqueles que o sucederam, os apóstolos da causa evangélica.” Jesus: “Não penseis que vim destruir a lei os profetas; não vim destruir, mas cumprir. […] tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.”

FCX: “[…] estamos subordinados ao critério de Nosso Senhor Jesus Cristo que estabelece aquele princípio ‘dê a Deus o que é de Deus e a César o que é de César’, isto é, aquilo que pertence ao mundo superior da nossa mente, as realizações com Deus, que constituem o progresso e o aprimoramento de nossa alma e aquilo que nós devemos aos poderes constituídos do mundo que nos orientam e que administram os nossos interesses.” Jesus: “[…] quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita. […] Bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; […] Seja o vosso falar; Sim, sim; não, não.”

FCX: “[…] a vinculação do amor não terminará nunca porque o amor é a presença de Deus. O amor continuará a nos unir, uns aos outros, para sempre e nós nos amaremos cada vez mais. Agora, vamos educar o amor porque não temos sabido amar uns aos outros conforme Jesus nos amou.” Jesus: “Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, […] Vós sois a luz do mundo…” Tema palpitante na época, pouco depois de astronautas terem descido na Lua, surgem perguntas sobre vida extraterrestre.

FCX: “[…] vamos compreender que fazemos parte de uma só família universal, que não somos o único mundo criado por Deus. O próprio Jesus a quem reverenciamos como Nosso Senhor e mestre, disse: ”Há muitas moradas na casa de meu pai.” A essa questão torna-se explícito o registro do evangelista João sobre afirmações de Jesus: “Não se turbe o vosso coração. — Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar.”4

Há vários trechos das respostas de Chico Xavier que merecem nossa reflexão na atualidade. Todavia, em momentos que muito se fala em “época de transição” e são nítidas as expectativas entre os espíritas a propósito da transformação de nosso habitat planetário em mundo de regeneração, há uma manifestação extremamente ponderada do notável médium quando instado a responder sobre os progressos da Civilização.

FCX: “[…] Será o preço da paz. Se pudermos nos suportar uns aos outros, amar uns aos outros, seguindo os preceitos de Jesus, até que essa era prevaleça, provavelmente no próximo milênio, não sabemos se no princípio, se nos meados ou se no fim. O terceiro milênio nos promete maravilhas, mas se o homem, filho e herdeiro de Deus, também se mostrar digno dessas concessões. Senão vamos aguentar nós todos, talvez com as estacas zero ou quase zero para recomeçar tudo de novo.” Jesus: “[…] buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, […] Eu, porém vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; […] Sede vós, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.”

Além do valor histórico de ter exposto amplamente o pensamento espírita junto à mídia, o cinquentenário programa “Pinga-Fogo” reúne comentários e análises judiciosas do médium Chico Xavier.

Os textos e gravações que registram essa entrevista devem merecer atenção por parte da seara espírita.

Bibliografia:

1. Gomes, Saulo (Org.). Pinga-fogo com Chico Xavier. Catanduva: Intervidas. 2010. 269p.

2. Carvalho, Antonio Cesar Perri. 50 anos depois dos “Pinga-Fogos”. Revista internacional de espiritismo. Ano XCVI. N.6. Julho de 2021. P.300-302.

3. Carvalho, Antonio Cesar Perri. 50 anos do “Pinga-Fogo”: a superação de temas polêmicos na atualidade. Revista internacional de espiritismo. Ano XCVI. N.7. Agosto de 2021. P. 348-349.

4. Versículos sobre o Sermão da Montanha (Mateus, 5-7) e de João (14, 1 a 3).

Extraído de:

Revista internacional de espiritismo. Ano XCVI. N.7. Setembro de 2021.

Setembro amarelo e a valorização da vida

Setembro amarelo e a valorização da vida

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O chamado “Setembro Amarelo” é uma campanha de prevenção ao suicídio que visa à conscientização da população sobre esse grave problema e formas de evitá-lo.

Na literatura espírita há muitas informações sobre as conseqüências da prática do suicídio, desde os registros pioneiros sobre estados de alma incluídos por Allan Kardec no livro O céu e o inferno, lançado no ano de 1865.

Todavia, os conceitos alicerçados na certeza de que somos espíritos reencarnados e em processo de educação surgem desde a obra pioneira de Kardec O livro dos espíritos. Já se definia: “Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem? – O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal” (questão 880). Assim, oferece condições para se compreender a oportunidade da vida corpórea e a razão para o cultivo dos valores espirituais.

Nos livros psicografados há inúmeros comentários sobre o tema assinados por milhares de espíritos, como André Luiz, sobre o valor da vida corpórea: “O corpo é o primeiro empréstimo recebido pelo Espírito trazido à carne” (Vieira, W. Conduta espírita, cap. 34. FEB); e também “A reencarnação é o meio, a educação divina é o fim” (Xavier, F.C. Missionários da luz, cap. 12. FEB). A partir dessas fundamentações espirituais, torna-se interessante considerarmos o que representa o Espírito nos contextos íntimo e social; o equilíbrio entre corpo/espírito e melhores condições de vida.  Essa última também inclui, evidentemente, o respeito e a valorização da vida corpórea.

No livro Em louvor à vida (Ed. LEAL), que elaboramos em parceria com o médium Divaldo Pereira Franco, com base em textos espirituais de nosso tio Lourival Perri Chefaly, destacamos um trecho: “Saúde e doença – binômio do corpo e da mente – são conquistas do ser, que deve aprender e optar por aquela que melhor condiz com as aspirações evolutivas, desde que a harmonia ideal será alcançada, através do respeito à primeira ou mediante a vigência da segunda.” Evidentemente que aí se incluem as causas e a profilaxia dos vários problemas que caracterizam desrespeito à vida. Ou seja, as medidas preventivas para se evitar quaisquer formas de interrupção da vida, incluindo o suicídio, o aborto, a eutanásia, e, sendo sempre importante o diagnóstico médico precoce de doenças, evitando-se que elas sejam reconhecidas em situações tardias e danosas.

No contexto da literatura espírita, sobre a questão do suicídio, ocupa lugar de destaque o livro Memórias de um suicida, da médium Yvonne do Amaral Pereira. Na Introdução dessa obra, a notável médium comenta: “Daí em diante, ora em sessões normalmente organizadas, […] dava-me apontamentos, noticiário periódico, escrito ou verbal, ensaios literários, verdadeira reportagem relativa a casos de suicídio e suas tristes consequências no Além-Túmulo, na época verdadeiramente atordoadores para mim.” E assim se desenrolam as narrativas sobre o atendimento de espíritos suicidas atendimento pela colônia espiritual Instituto Maria de Nazaré.

Por oportuno, no mês de Setembro, que é chamado de amarelo, a cor que lembra o Sol, verão, prosperidade, felicidade e desperta a criatividade, é interessante a utilização da temática no meio espírita.

Daí a importância dos estudos, palestras e seminários que possam chamar atenção para a defesa da vida, no sentido de se valorizar a existência corpórea e o processo de educação espiritual.

(Foi dirigente espírita em Araçatuba; presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e da Federação Espírita Brasileira).

Bezerra de Menezes – homem de bem

Bezerra de Menezes – homem de bem

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

O dia 29 de agosto assinala 190 anos do nascimento do dr. Adolfo Bezerra de Menezes, notável vulto espírita, nascido no Ceará, e que se destacou no Rio de Janeiro. Na então Capital foi médico reconhecido, vereador, deputado, dirigente de empresas públicas e líder espírita.

Durante dois mandatos curtos foi presidente da Federação Espírita Brasileira. Autor de artigos publicados na imprensa da Capital, também em periódicos espíritas, e, de vários livros.

Destacamos um livro significativo de Bezerra de Menezes: A loucura sob novo prisma, tendo como subtítulo: “Estudo psíquico-fisiológico”. Surgiu em forma de livro editado pela FEB, 20 anos após sua desencarnação. No final dos anos 1880, como médico e membro da Academia Imperial de Medicina, consta que Bezerra escreveu esse trabalho, em forma de tese, direcionado à instituição. Aborda tema complexo, a 'loucura por obsessão', isto é, por ação fluídica de agentes inteligentes e extraterrenos sobre a criatura encarnada. Em pleno século XIX, contemporâneo de notáveis colegas de profissão, voltados à procura de respostas extraorgânicas nas chamadas 'pesquisas psíquicas, Bezerra escreveu o trabalho inédito para os contextos médico e espírita.

Nessa obra, comenta sobre a postura tradicional "de que toda perturbação do estado fisiológico do ser humano procede invariavelmente de uma lesão orgânica, os homens da ciência têm até hoje, como verdade incontroversa, que a alienação mental, conhecida pelo nome de loucura, é efeito de um estado patológico do cérebro…” Propõe-se "a preencher essa lacuna, demonstrando, com fatos de rigorosa observação: que o pensamento é pura função da alma ou Espírito, e, portanto, que suas perturbações, em tese, não dependem de lesão do cérebro, embora possam elas concorrer para o caso, pela razão de ser o cérebro instrumento das manifestações, dos produtos da faculdade pensante." Relaciona com obras de Allan Kardec e relata seus estudos de casos, citando testemunhas que se curaram da chamada alienação mental com o tratamento espiritual incluindo o atendimento de espíritos envolvidos pela ideia de perseguição e de vingança.

Aí inclui o caso de um de seus filhos, inteligente e bem formado, subitamente tomado de alienação mental. Relata diálogos durante o atendimento do espírito que atuava como obsessor do filho. A vivência desse caso familiar foi um dos fatores que estimularam Bezerra a escrever o trabalho. A loucura sob novo prisma, revela estudo criterioso do autor.

No seu perfil geral, o “médico dos pobres” e “apóstolo da unificação”, é reconhecido pela benemerência, honestidade e seriedade: um autêntico homem de bem!

(*) Foi dirigente espírita em Araçatuba, presidente da USE-SP, da FEB e membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional.

Extraído de:

Folha da região. Araçatuba, 25/08/2021. P.2

A Mansão do Caminho festeja 69 anos

A Mansão do Caminho festeja nesta data 69 anos de existência

Thiago Bernardes (*)

Obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, situada em Salvador, estado da Bahia, a Mansão do Caminho foi fundada em 15 de agosto de 1952 pelo médium e orador espírita Divaldo Franco e seu amigo Nilson de Souza Pereira.

A instituição está encravada numa área de 78.000 metros quadrados, envolvida pelo verde da mata nativa e o colorido festivo dos seus jardins. O primeiro prédio da Mansão do Caminho, nome dado em homenagem à Casa do Caminho dos primeiros cristãos, situava-se na rua Barão de Cotegipe, n. 124, no bairro da Calçada, em Salvador, pois foi somente no ano de 1955 que se adquiriu o terreno onde seria construída sua sede definitiva, na Rua Jayme Vieira Lima, no bairro de Pau da Lima, em Salvador.

Como é e como funciona a Mansão do Caminho

Após a primeira experiência com atendimento a crianças órfãs, em sistema de orfanato, que foi muito comum durante algo tempo no trabalho de assistência social realizado pelas instituições espíritas, surgiu a ideia dos lares-famílias, em que as crianças eram atendidas em grupos pequenos nas chamadas casas-lares, envolvidas pela ternura fraternal dos tios e tias, sob a orientação de Divaldo Franco e Nilson de Souza Pereira. Sob as luzes e as bênçãos da Mentora Espiritual Joanna de Ângelis, esses lares floresceram contribuindo com o aprimoramento intelectual, moral e espiritual de milhares de crianças que receberam ali a oportunidade ímpar de terem uma existência digna e feliz. Assim, em mais de quarenta anos, cerca de 680 crianças e jovens residiram nesses lares substitutos, até a sua emancipação. Com o tempo, os lares foram sendo substituídos por grupos escolares, oficinas de capacitação profissional e outras atividades sociais de promoção social, apoiando crianças, adolescentes e adultos carentes provenientes de bairros de baixa renda próximos, fornecendo a eles educação integral.

A Mansão do Caminho tornou-se dessa maneira um admirável complexo educacional e assistencial que conta com 50 edificações, fora as construções em andamento, distribuídas em ruas, bosques e lago, onde são atendidas três mil crianças e jovens de famílias de baixa renda. Ali são desenvolvidas diversas atividades escolares e socioeducacionais, como: Enxovais, Pré-Natal, Creche, escolas de ensino Pré-Escolar, Básico e Fundamental, Informática, Cerâmica, Panificação, Bordado, Tapeçaria, Reciclagem de Papel, Centro Médico, Laboratório de Análises Clínicas, Atendimento Fraterno, Caravana Auta de Souza, Casa da Cordialidade e Bibliotecas. Para movimentar toda essa engrenagem, a Diretoria conta com mais de 200 funcionários, além de 400 colaboradores voluntários permanentes. Como se deu a fundação da Mansão Segundo relato disponível no website da instituição, no ano de 1948 Divaldo e seu amigo Nilson viajavam de trem quando, em dado instante, o médium teve uma visão psíquica no momento em que olhando pela janela. Ele teria visto um lugar arborizado, com muitas construções, adultos e crianças e um homem de costas, homem esse que, ao virar-se de frente, para sua surpresa, era ele mesmo, embora mais velho.

A visão causou em Divaldo um forte impacto. Tendo ele contado o ocorrido a Nilson, ambos ficaram sem compreender o fato. Então, ele escutou uma voz que lhe disse: "Isto é o que farás de tua vida. Educarás". Prossegue o relato dizendo que, um ano depois, numa reunião mediúnica, um Espírito ter-se-ia manifestado por Divaldo, dizendo que havia um programa espiritual para que fosse construída, em Salvador, uma obra de educação, baseada em lares substitutos e que eles poderiam ter a honra de realizar essa empreitada. Divaldo e Nilson aceitaram a tarefa e, com ajuda de um grupo de colaboradores, arremataram em 1951 um casarão numa hasta pública, vindo a fundar, em 15 de agosto de 1952, a Mansão do Caminho.

Os fundadores Divaldo Franco e Nilson de Souza Pereira se conheceram em agosto de 1945, quando Divaldo lecionava na Escola de Datilografia N. S. do Carmo, no bairro dos Quinze Mistérios, em Santo Antônio, Salvador, e ali Nilson se matriculou. Nasceu então uma amizade, uma fraternidade espiritual que, alicerçada e fomentada pelo Espiritismo, duraria para toda a vida. Nilson de Souza Pereira, popularmente conhecido como Tio Nilson, nasceu em 26/10/1924, no subúrbio ferroviário de Plataforma, na cidade do Salvador, Bahia. De origem humilde, porém detentor daquela sabedoria peculiar aos homens de bem, foi bancário, telegrafista do Ministério da Marinha e funcionário público dos Correios e Telégrafos. A partir de 1945, vinculou-se ao médium Divaldo Franco. Ambos eram jovens, com 20 anos e 18 anos, respectivamente. Juntos e orientados pela Mentora Joanna de Ângelis, edificaram a admirável obra que é o Centro Espírita Caminho da Redenção, fundado em 7/9/1947, cujo epicentro é seu braço social, a Mansão do Caminho, fundada em 15/08/1952.

Tio Nilson foi o presidente e administrador da instituição até a sua desencarnação, que ocorreu no dia 21 de novembro de 2013. Ele contava então 89 anos de idade.

Divaldo Franco é um verdadeiro apóstolo do Espiritismo. Dos seus 94 anos de vida, a maioria tem sido devotada à causa espírita e às crianças excluídas, das periferias de Salvador. Nasceu em 5 de maio de 1927, na cidade de Feira de Santana, Bahia, desde a infância se comunica com os Espíritos. Havendo cursado a Escola Normal Rural de Feira de Santana, recebeu em 1943 o diploma de professor primário. Em seguida, ingressou como escriturário no antigo IPASE, na cidade de Salvador, aposentando-se em 1980.

Reconhecido como um dos maiores médiuns e oradores espíritas da atualidade, é considerado o maior divulgador da Doutrina Espírita em todo o Mundo. Orador com mais de treze mil conferências, em mais de duas mil cidades em todo o Brasil e em sessenta e cinco países dos cinco continentes, já concedeu mais de mil e quinhentas entrevistas para rádio e TV, no Brasil e no Exterior. Como médium psicógrafo, já publicou mais de duzentos e cinquenta livros, com mais de dez milhões de exemplares, onde se apresentam duzentos e onze Autores Espirituais, muitos deles ocupando lugar de destaque na literatura, no pensamento e na religiosidade universais. Dessas obras, publicaram-se versões para o Braile e dezessete idiomas (alemão, albanês, catalão, dinamarquês, espanhol, esperanto, francês, holandês, húngaro, inglês, italiano, norueguês, polonês, tcheco, turco, russo e sueco).

(*) Extraído de: Revista digital O Consolador – Ano 15 – N° 734 – 15 de Agosto de 2021.

Acesso (copie e cole): http://www.oconsolador.com.br/ano15/734/especial2.html

O Clarim comemora 116 anos

O Clarim comemora 116 anos

Matão, SP (15-08-1905 / 15-08-2021) – O Clarim: 116 anos!*

Cássio Carrara*

A rapidez com que se propagaram, em todas as partes do mundo, os estranhos fenômenos das manifestações espíritas é uma prova evidente do interesse que despertam. A princípio simples objeto de curiosidade, não tardaram a chamar a atenção de homens sérios que neles vislumbraram, desde o início, a influência inevitável que viriam a ter sobre o estado moral da sociedade.

As novas ideias que surgem desses fenômenos popularizam-se cada dia mais, e nada lhes pode deter o progresso, pela simples razão de que estão ao alcance de todos, ou de quase todos, e nenhum poder humano lhes impedirá que se manifestem. (…) “Insistimos: quando uma força está na Natureza, pode-se detê-la por um instante, porém, jamais aniquilá-la! Seu curso apenas poderá ser desviado. Ora, a força que se revela no fenômeno das manifestações, seja qual for a sua causa, está na Natureza, da mesma forma que o magnetismo, e não poderá ser exterminada, como a força elétrica também não o será. O que importa é que seja observada e estudada em todas as suas fases, a fim de se deduzirem as leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo fará justiça; se, porém, for verdadeira, a verdade é como o vapor: quanto mais se o comprime, tanto maior será a sua força de expansão.”[1]

Não é exagero dizer que a divulgação espírita foi impulsionada pela sua imprensa especializada. Breves oito meses após o lançamento da obra inaugural – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec publica o primeiro número da Revista Espírita, a fim de explorar e relatar os avanços da recente filosofia por ele codificada. No Brasil, em 1869, antes mesmo de qualquer livro, Luiz Olímpio Teles de Menezes funda o primeiro órgão de imprensa espírita nacional: O Écho d’Além-Túmulo, precursor de uma lista valorosa de periódicos, que inclui a revista O Reformador, criado em 1883 e mantido pela Federação Espírita Brasileira, e o jornal Verdade e Luz, idealizado pelo exímio Batuíra ainda no século XIX.

Cometeríamos enormes injustiças se continuássemos a listar nossos parceiros de divulgação da Doutrina Espírita, que se avolumaram em número e se consolidaram pela qualidade e responsabilidade doutrinária ao longo destes últimos 160 anos. Um deles, porém, merece neste momento nossas diminutas homenagens.

Estas linhas agora impressas em cores e produzidas com auxílio das facilidades tecnológicas do século XXI, presenciaram as enormes e incomparáveis transformações das últimas décadas, mantendo-se firmes no ideal proposto e lutando bravamente contra quaisquer tipo de dificuldades econômicas, sociais, preconceitos e discriminações religiosas, guerras e outras percalços que insistiram e insistem em posicionar-se no caminho até seus leitores.

Estas linhas, nas palavras do historiador e escritor espírita Wilson Garcia, nasceram “para desbravar a selva da ignorância alimentada pelo clero dominante”[2], recebendo 20 anos depois o reforço da Revista Internacional de Espiritismo no esforço incansável de Cairbar Schutel por fazer da sua pequena Matão um centro de excelência da divulgação do Espiritismo. Estas linhas, valentes, foram capazes de enfrentar com razão, bom senso e justiça a ignorância daqueles que imaginavam deter para si o controle da crença e da fé de seus seguidores. Estas linhas, esclarecedoras, não se cansam de consolar corações aflitos em busca de palavras de esperança, renovando o desejo de amar a vida e tudo que ela proporciona aos habitantes desta Terra em constante e lenta evolução.

Estas linhas, conforme a brilhante conclusão de Kardec[1], relatam uma força da Natureza, impossível de ser detida ou ignorada, por meio de palavras de luz que ecoam ininterruptamente por todos os continentes há 116 anos!

Obrigado Cairbar Schutel! Parabéns, jornal O Clarim!

Referências:

1. KARDEC, Allan. Revista Espírita. Janeiro de 1858. Introdução. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB.

2. GARCIA, Wilson. A importância da imprensa espírita. Disponível em: http://www.espiritualidades.com.br/…/GARCIA_Wilson_tit…. Acesso em 27 de junho de 2017. *

(*) Texto originariamente publicado no jornal O Clarim de agosto de 2017 de autoria do jornalista e redator; adaptado para esta edição. Extraído de:

BOLETIM DIÁRIO DE NOTÍCIAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA - 12-08-2021; https://www.noticiasespiritas.com.br/…/12-08-2021.htm

Olimpíadas no Japão e busca por 3ª dose da vacina

Olimpíadas no Japão e busca por 3ª dose da vacina

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo (*)

"A disciplina e a educação, a escola e a cultura, o esforço e a obra, são flores e frutos na árvore da vida, todavia, o amor é a raiz eterna. Mas, como amaremos no serviço diário?" Emmanuel (1)

Dois temas empolgantes do momento, as disputas por medalhas nas olimpíadas que se realizam no outro hemisfério – quando são 17 horas lá, aqui são 5 horas da matina – e os fura-fila, ou melhor, os indivíduos que já obtiveram as duas doses da vacina contra a covid-19 e agora estão em busca da 3ª. dose.

O carioca, pesquisador sobre regressão de memória e reencarnação e escritor de sucesso, Hermínio Corrêa de Miranda, foi funcionário na Companhia Siderúrgica Nacional – CSN desde 1942, onde se aposentou no primeiro escalão em 1980, tendo servido no escritório de Nova Iorque, EUA, de 1950 a 1954.Lembrei dele e das questões dos temas acima quando li esta citação em sua obra Cristianismo: a mensagem esquecida – "O Reino de Deus – tema central da pregação de Jesus – se resume na realização do amor na intimidade de cada um. Feito isso, descobriremos, felizes e perplexos, que também no mundo em que vivermos – seja ele onde for – estará implantado o império da paz”. (2)

As notícias dão conta de que onze Estados investigam busca por 3ª dose da vacina contra Covid-19, estratagema que pode ser crime; e o número de casos pode ser maior do que o apurado até agora, considerando que muitas denúncias não chegam às autoridades. (3) Após os sommeliers de vacina (a pessoa que recusa a imunização no período de sua idade e que só será incluído novamente na programação após o término da vacinação dos demais grupos previamente estabelecidos) e os fura-fila; os “caçadores da terceira dose” são mais um desafio à campanha brasileira contra a Covid-19. São pessoas que dizem não se sentir seguras com apenas duas doses e buscam um “reforço”. Para órgãos de Justiça, isso é crime. O ato pode ser enquadrado como tentativa de fraude e estelionato. As punições podem incluir multa e até prisão.

No momento, quando menos de 50% da população brasileira tem apenas a primeira dose contra a Covid, Ministérios Públicos de ao menos sete Estados acompanham casos de pessoas que burlaram o processo de vacinação e tomaram uma terceira aplicação. Secretarias de Saúde de outros quatro Estados relatam tentativas e casos de pessoas “revacinadas” após as duas doses.

Olimpíadas de 2020 em 2021: o uso de máscaras faz parte da cultura japonesa há séculos. Há uma crença falsa de que os japoneses adotaram essa medida porque seus governos são autoritários e há uma obediência cega aos regulamentos. O que se sabe é que a sociedade japonesa é disciplinada e adotou o uso de máscaras por vários motivos, lembrando que o uso retrata confiança na ciência (evitar contágio de doenças respiratórias), além de preservar sua privacidade ou para esconder a falta de maquiagem. Mas, a produção de máscaras no formato atual se acentuou durante a gripe espanhola, em 1918, quando o Japão, naquela pandemia, sofreu cerca de 23 milhões de infecções e 390 mil mortes (o país tinha 57 milhões de habitantes).

Com a epidemia de H1N1, em 2009, as máscaras fazem parte do seu dia a dia. Pensando no outro, meditemos na Providência Divina, para que não venhamos a derrapar na soberba e nos interesses mesquinhos em proveito próprio, quando milhares de irmãos clamam por oportunidade que já desfrutamos.

(*) Diretor da Editora EME e do Centro Espírita Mensagem de Esperança. Capivari (SP).

Referências:

(1) Emmanuel (Chico Xavier) – Vinha de luz – FEB.(

2) Hermínio C. Miranda. Cristianismo: a mensagem esquecida, Clarim.

(3) O Globo – Sociedade e saúde em 26/07/2021.

Publicado no jornal Correio de Capivari, edição de 31 de julho de 2021.

Cinquentenário de entrevista marcante com Chico Xavier

Cinquentenário de entrevista marcante com Chico Xavier

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Nos dias 27 e 28 de julho de 1971, era transmitido ao vivo o histórico programa “Pínga-Fogo”, tendo Chico Xavier como entrevistado, na antiga TV Tupi de São Paulo.
O evento televisivo alcançou altíssimos índices de audiência e se transformou em um marco da difusão do pensamento espírita. Coroou os esforços do repórter investigativo Saulo Gomes e além dele atuaram como entrevistadores: João de Scantimburgo, Helle Alves, Reali Júnior, José Herculano Pires contando com o jornalista Almyr Guimarães como coordenador.
Com simplicidade, desenvoltura e sempre se referindo ao apoio espiritual de Emmanuel, Chico Xavier atendeu a questões dos mais variados matizes do conhecimento e, várias delas, sendo foco de polêmicas na época.
Passados 50 anos, ao examinarmos o conteúdo dos comentários feitos por Chico Xavier, verificamos que a maneira doutrinária e prudente por ele desenvolvida, com abordagens que, na sua essência, não ficaram ultrapassadas. Chico respondeu com tranquilidade e segurança a questões polêmicas e claramente valorizou o desenvolvimento da Ciência, como transplantes de órgãos, fertilização “in vitro”, viagens espaciais e outros. Vários dos temas suscitados pelos entrevistadores permanecem presentes nas discussões, pesquisas e em práticas da atualidade. As respostas inspiradas e prudentes de Chico Xavier foram preditivas quando as analisamos após 50 anos do histórico programa.
Há vários trechos das respostas de Chico Xavier que merecem nossa reflexão na atualidade.
À vista da época conturbada que vivemos, são oportunos alguns realces das manifestações de Chico Xavier, como a tão propalada “época de transição” e são nítidas as expectativas entre os espíritas a propósito da transformação de nosso habitat planetário em mundo de regeneração. Há uma manifestação extremamente ponderada do notável médium quando instado a responder sobre os progressos da Civilização.
FCX: “[…] Será o preço da paz. Se pudermos nos suportar uns aos outros, amar uns aos outros, seguindo os preceitos de Jesus, até que essa era prevaleça, provavelmente no próximo milênio, não sabemos se no princípio, se nos meados ou se no fim. O terceiro milênio nos promete maravilhas, mas se o homem, filho e herdeiro de Deus, também se mostrar digno dessas concessões. Senão vamos aguentar nós todos, talvez com as estacas zero ou quase zero para recomeçar tudo de novo.”
O sucesso desse programa de julho de 1971 abriu caminho para um segundo “Pinga-Fogo” com Chico Xavier, realizado pela antiga TV Tupi de São Paulo na passagem do dia 20 para 21 de dezembro de 1971.

Além do valor histórico de ter exposto amplamente o pensamento espírita junto à mídia, o cinquentenário programa “Pinga-Fogo” reúne comentários e análises judiciosas do médium Chico Xavier.
Atualmente há livros, como o de autoria do repórter Saulo Gomes, reunindo transcrições dos dois “Pinga-Fogos” e as gravações que registram essas entrevistas se encontram disponíveis no “You Tube” e também em DVDs devidamente produzidos para se disponibilizar imagem e som de qualidade.

 

- O autor foi dirigente espírita em Araçatuba, ex-presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e da Federação Espírita Brasileira.
 

Texto publicado pelo jornal Folha da Região, Araçatuba, 28/07/2021, p.2

O gestor com 50 anos de ‘registros’ de presidente na ‘carteira’ de trabalho espírita

Antonio Cesar Perri de Carvalho: o gestor com 50 anos de ‘registros’ de presidente na ‘carteira’ de trabalho espírita

Sirlei Nogueira (*)

Em ano de Centenário do Espiritismo em Araçatuba, no interior paulista, terra natal de Cesar Perri, a Trilogia Espírita ‘Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões’ registra ideias, projetos e ações ao longo de sete décadas da vivência do autor: sobre a família, atividades profissionais e – principalmente – espíritas. E suas correlações. Educação é a principal conexão, traço marcante de um gestor moderno, cuja sigla inglesa CEO (Chief Executive Officer) pode até ser emprestada.

O cinquentenário remete ao período entre o primeiro cargo em 1964, como presidente de Mocidade Espírita até à Presidência da Federação Espírita Brasileira (FEB), entre 2012 e 2015, passando por três gestões de presidente da USE-SP e integrante da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI).

De lá para cá – a partir de 2016 – os filhos literários voltaram a ‘encarnar’… Araçatuba, região Noroeste do Estado de São Paulo, Brasil. 2021 está sendo um ano histórico na cidade que surgiu quando corajosos trabalhadores desbravaram – fisicamente – o interior paulista para construir a malha ferroviária da Noroeste do Brasil (N.O.B.): a partir de Bauru com destino inicial a Campo Grande, atual capital do Mato Grosso do Sul.

Era o ano de 1908. A adolescente unidade urbana via surgir 13 anos depois, em 1921, outro grupo de corajosos que desbravariam – espiritualmente – aquele contexto em formação para fundar a primeira Casa Espírita: a União Espírita Paz e Caridade. Era o dia 21 de abril de 1921. 2021 está sendo um ano histórico por esse motivo: Centenário do Espiritismo em Araçatuba. Muitos são os pioneiros para reverenciar. As duas edições do livro Obra de Vultos (1999 e 2000), coordenadas por Ismael Gobbo, então presidente da USE Regional de Araçatuba, prestam justas homenagens a 80 deles: 33 no primeiro volume e 47 no segundo. Um trabalho de fôlego, cuja continuidade está em andamento com a produção do terceiro volume para lançamento nesse ano.

Dentre os desencarnados, a maior projeção nacional e internacional, a partir da Araçatuba Espírita, é Benedita Fernandes: a mulher, negra, pobre, quase analfabeta, que superou pertinaz obsessão espiritual para liderar a fundação da Associação das Senhoras Cristãs, em 6 de março de 1932. Em apenas 15 anos de trabalho árduo foi possível assegurar educação formal para centenas de crianças pobres e amenizar dores das almas com atendimento em saúde mental. Era 9 de outubro de 1947. Com a desencarnação dela, os 15 anos de pioneirismo no interior do Estado de São Paulo terminavam: para surgir o ícone. Ainda levaria outros 35 anos para que a projeção de Benedita Fernandes efetivamente começasse, e justamente na comemoração dos 50 anos de história da associação, coordenada por um novo personagem na história do Espiritismo em Araçatuba. Um pioneiro contemporâneo.

OLHARES À ‘DAMA DA CARIDADE

A comemoração dos 75 anos de Proclamação da República foi o momento histórico em que o protagonismo do jovem de apenas 16 anos aflorou: era 15 de novembro de 1964 quando Antonio Cesar Perri de Carvalho liderou a fundação da Mocidade Espírita Irma Ragazzi Martins, sendo o primeiro presidente. Surgia novo departamento da Instituição Nosso Lar, inaugurada três anos antes pelo tio Rolandinho (Rolando Perri Cefaly), a mãe Bebé (Josefina Perri Cefaly de Carvalho) e Emília Santos, colaboradora efetiva de Benedita Fernandes. A partir daí ele se vincularia às várias iniciativas internas da Instituição Nosso Lar. Dois exemplos: fundação do Centro Espírita Luz e Fraternidade, exatos oito anos depois, em 15 de novembro de 1972; pioneirismo no Estado de São Paulo na adoção da metodologia teórico-prática do Centro de Orientação e Educação Mediúnica (COEM), elaborado pelo Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba, capital do Paraná.

O jovem também se vincularia – e muito mais – às ações de fora, do crescente Movimento Espírita de Araçatuba, especialmente a partir do final dos anos 1960. Vale citar três eventos marcantes: início de Jornadas sobre Mediunidade (1976), o 1o Encontro de Delegados de Polícia Espíritas (1980) e o começo da Confraternização de Espíritas da Alta Noroeste (Conean), em 1981. O ano seguinte seria um dos mais representativos para o dirigente espírita, então com 34 anos de idade. Foi em março de 1982, nas comemorações do cinquentenário de fundação da Associação das Senhoras Cristãs, que ele finalizaria um trabalho de pesquisa de anos. Ali surgiria a referência ‘Dama da Caridade’, com o lançamento da biografia de Benedita Fernandes, que pode ser considerado o primeiro passo para a projeção do autor.

OLHARES COM CHICO E DIVALDO

Cesar Perri bebeu nas duas fontes mais representativas da Doutrina Espírita no século passado e até aos atuais 21 anos do Século 21, no Brasil e exterior. Chico Xavier iniciou o Mandato Mediúnico aos 17 anos, em 1927 e desencarnou em 30 de junho de 2002.

Divaldo Pereira Franco continua em atividade aos 94 anos, que acabou de completar no dia 5 de maio. As primeiras experiências na vida são inesquecíveis. Em 1955, Divaldo foi a Araçatuba pela primeira vez. Atraso no horário de chegada do avião fez com que o grupo de dirigentes à espera dele retornasse ao Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes. Ele chegou e ficou meio perdido. Mas foi ‘achado’ e recepcionado calorosamente por uma senhora negra, sorridente, que o orientou pegar um táxi para chegar ao destino. Não ‘percebeu’ de imediato a condição de Espírito de Benedita Fernandes. Anos mais tarde, a partir da década de 1970, Divaldo seria hóspede da família Perri nas inúmeras vezes que retornou à cidade. Nos momentos iniciais na casa de dona Bebé, mãe de Cesar Perri. Posteriormente, na residência do casal Cesar e Célia, até à mudança para São Paulo, no final da década de 1980.

Simultaneamente, no início dos anos 1970, Cesar Perri começou a visitar a mineira Uberaba e a manter contatos periódicos com Chico Xavier. Foram anos de aprendizados para a vida, que gerariam rica experiência para as futuras gestões de presidente, incluindo a vivenciada naquele período, na USE Municipal de Araçatuba, além de conteúdo para três frutos literários: Chico Xavier. O homem. A obra. (1997); Chico Xavier. O homem, a obra, as repercussões (2019); Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier (2020).

OLHARES PARA FORA: USE ESTADUAL

A mudança para a capital paulista, em 1989, foi motivada por funções administrativas na Unesp (Universidade Estadual Paulista). Graduado em odontologia e doutor em ciências, Perri é professor-titular aposentado da instituição, onde exerceu o cargo de Pró-Reitor de Graduação. Naquele período, ele foi convidado pelo ex-presidente da USE-SP (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo), Attílio Campanini e pelo diretor Joaquim Soares a concorrer à presidência. Em julho de 1990 foi eleito, após quatro anos (desde 1986) integrando a diretoria na primeira gestão de Nedyr Mendes da Rocha no órgão paulista. Nesse mesmo ano (1986), Cesar Perri passou a acompanhar as reuniões do Conselho Federativo Nacional (CFN) da FEB em companhia do presidente Nedyr Mendes.

Portanto, outro ano representativo na história cinquentenária em funções de presidente.

Há 35 anos… O destaque sobre família no novo projeto literário ganha ênfase nas narrativas do autor sobre mais um momento histórico. “Em 1992, a USE foi proponente junto ao CFN da FEB da Campanha ‘Viver em Família’, aprovada em 1993 e lançada nacionalmente em São Paulo, em janeiro de 1994, originando o livro Laços de família, editado pela USE.” Também em 1992, Perri foi reeleito para um período de dois anos de gestão. Após um mandato fora da diretoria, mas colaborando em departamento e assessoria junto ao presidente Attílio Campanini, ele retornou como presidente para último período: 1997/2000.

OLHARES PARA FORA: FEB

Com relação à FEB, vou fazer um ‘Ctrl C – Ctrl V’ da autobiografia ‘Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões’: “Lembramos de nossa primeira visita à então sede, na Av. Passos, no Rio de Janeiro, em julho de 1965 e, cinco anos depois, a primeira visita ao Cenáculo, prédio pioneiro da FEB em Brasília. Atuamos como articulista da revista Reformador desde meados dos anos 1970. Proferimos nossa primeira palestra na sede da FEB, no Rio, no ano de 1982, época em que também comparecemos como convidado à reunião do Grupo Ismael. Mantivemos relações cordiais de amizade com os presidentes da FEB, desde Armando de Oliveira Assis”. O autor continua: “Passamos a integrar as reuniões do Conselho Federativo Nacional da FEB no ano de 1986, na representação da USE-SP. No final de 1987, a convite do presidente Francisco Thiesen, integramos uma comissão precursora para a preparação do Congresso Espírita Internacional (efetivado em 1989), juntamente com Nestor João Masotti, Altivo Ferreira, Cecília Rocha, Paulo Roberto Pereira da Costa e João Nasser. A partir daí, sempre com base no CFN, nossa atuação no Movimento Espírita brasileiro e internacional é bem conhecida de todos”.

No ano de 2004, Antonio Cesar Perri de Carvalho foi eleito diretor da Federação Espírita Brasileira, assumindo compromissos junto à secretaria-geral do Conselho Federativo Nacional da FEB. Em 2012, ele completou o 21º mandato na história da instituição (interino), em substituição ao amigo Nestor Masotti, afastado por problemas de saúde. De 2013 a 2015 foi o presidente no 22º mandato.

OLHARES ‘PELOS CAMINHOS DA VIDA’…

“A partir daí, sempre com base no CFN, nossa atuação no Movimento Espírita brasileiro e internacional é bem conhecida de todos”. A essa afirmação do dirigente é possível fazer duas considerações iniciais: pode ser que sim, pode ser que não. Para eliminar essa dúvida é que acaba de ser lançada (19 de junho) a Trilogia Espírita Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. O objetivo não foi o de simplesmente reunir informações nem de romancear fatos, mas relatar experiências – ao longo de sete décadas da encarnação e 57 anos desde o primeiro cargo de presidente – sempre ensejando espaços para análises na ótica espírita. O livro é uma autêntica contribuição à História, com episódios de Araçatuba, do Estado de São Paulo, do Brasil e com momentos internacionais.

Abre aspas: Assim, o leitor terá a oportunidade de vivenciar fatos de grande êxito e importância para a divulgação da Doutrina Espírita. E, claro, como somos todos ainda Espíritos dotados de tanta carência de conhecimento, alguns tantos episódios descritos são narrados a partir da visão de quem esteve nos “porões” da gestão espírita. Neste pormenor, o livro deixa bastante claro as mazelas humanas que ainda norteiam os bastidores das diretorias espíritas; as chagas de nosso orgulho, vaidade e egoísmo são expostas, ao longo das páginas […]. Fecha aspas. Trecho da apresentação feita por André Marouço, cineasta e ex-gerente de Comunicações da Fundação Espírita André Luiz, de São Paulo.

Divaldo Pereira Franco comenta à guisa de Prefácio: “Acabo de ler o seu maravilhoso trabalho sobre nossa longa e abençoada convivência. Não pude deixar de chorar. Quanta pureza e entusiasmo em nossas almas e vidas!”

Nos últimos seis anos pós-FEB (desde 2016), as contribuições literárias de Cesar Perri floresceram, com os lançamentos de oito títulos e relançamento de um. A Trilogia Espírita seria o nono. Como são 3 livros em 1 volume, a conta é simples: 9ª, 10ª e 11ª publicações. Dentre os mais de 30 filhos literários gerados desde a década de 1970. 

TRILOGIA ESPÍRITA DE CESAR PERRI

A autobiografia Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões registra ideias, projetos e ações ao longo de sete décadas da vivência de Antonio Cesar Perri de Carvalho: sobre a família, atividades profissionais e espíritas. E as correlações. O autor rememora desde os primeiros tempos de vida unindo registros e reflexões. O objetivo não foi de simplesmente reunir informações nem de romancear fatos, mas relatar experiências, sempre ensejando espaços para análises na ótica espírita. Nessa trajetória destaca o papel e valor da família desde a etapa inicial vivenciada em Araçatuba, no interior paulista, e o desenvolvimento de intensas atividades profissionais e espíritas com abrangência no país e no exterior. Dezenas de capítulos enfeixados em três livros, com temas centrais: definições do roteiro de existência, educação como laço, ações nacionais e internacionais, a experiência na FEB e os momentos após esse período, homenagens a vultos locais e nacionais que o influenciaram. Há casos de fenômenos medianímicos vividos na infância e que o conduziram ao Espiritismo, relatos sobre manifestações mediúnicas explícitas com vários médiuns, como Chico Xavier e Divaldo Pereira Franco, e episódios de induções e inspirações de ordem espiritual. Também constam abordagens inusitadas sobre as relações com a Maçonaria e Legião da Boa Vontade, manifestações de Espíritos como indígenas e, em alguns países, as reações ao Cristianismo. No exercício de cargos profissionais e espíritas aparecem situações vinculadas ao poder político, em níveis e locais diferentes. A Educação, no sentido amplo da palavra, é um traço em comum, um laço de união entre as tarefas de gestão acadêmica e espírita. A trilogia tem apresentação por André Marouço (SP), carta à guisa de prefácio por Divaldo Pereira Franco (BA) e prefácios dos três livros: Ismael Gobbo (SP), Manuel Felipe Menezes da Silva Júnior (AP) e Hélio Ribeiro Loureiro (RJ). Abre aspas: Assim, o leitor terá a oportunidade de vivenciar fatos de grande êxito e importância para a divulgação da Doutrina Espírita. E, claro, como somos todos ainda Espíritos dotados de tanta carência de conhecimento, alguns tantos episódios descritos são narrados a partir da visão de quem esteve nos “porões” da gestão espírita. Neste pormenor, o livro deixa bastante claro as mazelas humanas que ainda norteiam os bastidores das diretorias espíritas; as chagas de nosso orgulho, vaidade e egoísmo são expostas, ao longo das páginas […]. Fecha aspas. Trecho da apresentação feita por André Marouço, cineasta e ex-gerente de Comunicações da Fundação Espírita André Luiz, de São Paulo. Divaldo Pereira Franco comenta, à guisa de Prefácio: “Acabo de ler o seu maravilhoso trabalho sobre nossa longa e abençoada convivência. Não pude deixar de chorar. Quanta pureza e entusiasmo em nossas almas e vidas!” A obra é uma autêntica contribuição à história, com episódios de Araçatuba, do Estado de São Paulo, do país e de momentos internacionais. Autobiografia que vai ficar para ‘as histórias’…

SERVIÇO:

Trilogia Espírita (3 livros em 1 volume) Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões Lançamento: Cocriação Editora Araçatuba.SP | Junho de 2021 INFO:18 99709.4684 (ZAP) – 18 3519.0191

(*) Sirlei Nogueira é jornalista, presidente da USE (União das Sociedades Espíritas) Regional de Araçatuba e gestor da Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes.

Extraído da revista digital O Consolador, Ano 15 – N° 730 – 18 de Julho de 2021; acesso: http://www.oconsolador.com.br/ano15/730/especial2.html

116 anos de Centro fundado por Cairbar Schutel

15 de julho – 116 anos de Centro fundado por Cairbar Schutel

De Carrara:1

“Fundado em 1905 por Cairbar Schutel em Matão, SP, a instituição surgiu como Grupo Espírita Amantes da Pobreza, tendo seu nome alterado para o atual no início dos anos 2000. Foi o primeiro empreendimento de Schutel em seu dedicado e nobre trabalho de divulgação do Espiritismo.

Cairbar era um católico atuante e convicto, porém tornara-se espírita em razão dos sonhos que tivera com seus pais, desencarnados quando ele ainda não contava 10 anos de idade. Os sonhos, vívidos, pareciam encontros, e não meras lembranças. Buscando respostas no Catolicismo e com o padre local, recebeu como retorno que era melhor "não mexer com essas coisas".

Assim, tomando conhecimento que em Matão eram realizadas sessões mediúnicas de tiptologia, passou a frequentar essas reuniões e convenceu-se da imortalidade da alma e da justiça consoladora da lei de causa e efeito, só possível com a reencarnação.

Após ser presenteado com uma edição da revista Reformador, decide estudar as obras básicas da Codificação Espírita, encantando-se com a proposta racional de Allan Kardec.

Tornando-se espírita, pouco depois decide fundar o Amantes da Pobreza, com o objetivo de levar a mais mentes e corações as realidades da imortalidade da alma.

Um mês após a fundação do centro espírita, no dia 15 de agosto de 1905, seria publicada a primeira edição do jornal O Clarim.

E 20 anos mais tarde, em fevereiro de 1925, surgia a Revista Internacional de Espiritismo (RIE). Tanto O Clarim quanto a RIE continuam em circulação até os dias atuais.”1

De Perri:2

“As instituições criadas por Schutel, sempre contando com dedicada equipe de dirigentes e colaboradores, passaram por guerras, crises políticas e econômicas e superaram a intolerância e o preconceito. Realmente as ‘clarinadas’ de divulgação de Schutel e ‘som da trombeta’ de Paulo são toques inspiradores para a cadência de ações!

Uma das frases de sua autoria tornou-se célebre e está registrada na lápide em seu túmulo: ‘Vivi, vivo e viverei porque sou imortal’.”2

Fontes:

1) Carrara, Cássio. 15 de julho, comemoram-se 116 anos de fundação do Centro Espírita O Clarim. Site de Casa Editora O Clarim: www.oclarim.com.br. Extraído do Boletim Notícias do Movimento Espírita: http://www.noticiasespiritas.com.br/2021/JULHO/15-07-2021.htm

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Cap. 2.10. Araçatuba: Cocriação. 2021.

A Revolução de 32: relatos e vítimas familiares; medalha; comemorações

A Revolução de 32: relatos e vítimas familiares; medalha; comemorações

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Uma das principais datas cívicas do Estado de São Paulo é o dia 9 de julho que, há tempos, foi transformada em feriado estadual. Trata-se da comemoração da Revolução Constitucionalista de 1932, quando o Estado de São Paulo se levantou contra a ditadura de Getúlio Vargas, exigindo uma Constituição Federal.

No contexto de nossa família, desde a infância acompanhamos os relatos e repercussões relacionados com a Revolução Constitucionalista. Vivemos as histórias e comemorações sobre a efeméride desde a infância.

Um dos estopins do movimento foi o assassinato por militares dos estudantes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, na Praça da República, em São Paulo, no dia 23 de maio de 1932, no momento em que se manifestavam contrariamente ao governo Vargas. Destes fatos surgiram, entre outros logradouros públicos em São Paulo, a Rua MMDC, e, sem fazer alusão aos nomes dos quatro estudantes; o Obelisco da Revolução no Parque do Ibirapuera e a Avenida 23 de Maio. O jovem herói Euclides Miragaia era dos irmãos mais velhos de Benedita Miragaia, casada com nosso tio avô Rolando Perri. E tínhamos muita convivência com esses tios avós.

O irmão mais velho de nosso genitor, Valdomiro Graça de Carvalho (residia em Olímpia, SP), faleceu nas lutas da Revolução. Atualmente, somos o depositário do Diploma da Medalha "M.M.D.C." outorgada post mortem ao nosso tio.

No convívio familiar em Araçatuba, lembramos do prof. Joaquim Dibo, casado com nossa tia avó Olga Perri que, no dia 09 de julho, tinha o hábito de falar sobre a Revolução na sua Escola privada e na Rádio Cultura, destacando os heróicos versos "Nossa Bandeira" de Guilherme de Almeida, o "Poeta da Revolução"

Também como lembrança de infância recordamos de Elias Daia, cunhado do tio Joaquim Dibo, que como ex-combatente, certa feita participou de desfile cívico ostentando medalha de combatente da Revolução.

Registramos que os tios avós Rolando Perri e Joaquim Dibo foram políticos respeitados em Araçatuba.

Ainda na infância ouvíamos os relatos de tias avós de Araçatuba, Gertrudes e Olga, que integraram grupos de costura para confecção de fardas. De nossa genitora, que na época da Revolução era criança e residia na cidade de São Paulo, ouvíamos alguns registros dos receios e cuidados dos vários familiares.

Quando residimos em São Paulo, durante etapa da infância, nossos pais mostraram-nos as marcas das balas de tiros na fachada da igreja de Nossa Senhora da Conceição Santa Efigênia, no centro da capital paulista.

Em 1957, juntamente com nossos pais e irmãos, com entusiasmo, assistimos às comemorações do Jubileu de Prata da Revolução Constitucionalista, em São Paulo. Estávamos próximos ao Obelisco do Ibirapuera, que foi inaugurado dois anos antes; e à noite, os aviões jogavam flâmulas laminizadas ofertadas pelas Indústrias Pignatari, e que cintilavam com as luzes dos holofotes que eram direcionados para o céu. Um espetáculo inesquecível!

Enfim, histórias de idealismo e de valorização da bandeira de uma Constituição para o país! Foi muito bom ouvirmos com atenção e vivermos esse ambiente na infância. São fatos marcantes ligados à História!

(*) Trechos do autor, extraídos do livro Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Araçatuba: Cocriação; lançado em junho de 2021.