Setembro amarelo e a valorização da vida

Setembro amarelo e a valorização da vida

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O chamado “Setembro Amarelo” é uma campanha de prevenção ao suicídio que visa à conscientização da população sobre esse grave problema e formas de evitá-lo.

Na literatura espírita há muitas informações sobre as conseqüências da prática do suicídio, desde os registros pioneiros sobre estados de alma incluídos por Allan Kardec no livro O céu e o inferno, lançado no ano de 1865.

Todavia, os conceitos alicerçados na certeza de que somos espíritos reencarnados e em processo de educação surgem desde a obra pioneira de Kardec O livro dos espíritos. Já se definia: “Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem? – O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal” (questão 880). Assim, oferece condições para se compreender a oportunidade da vida corpórea e a razão para o cultivo dos valores espirituais.

Nos livros psicografados há inúmeros comentários sobre o tema assinados por milhares de espíritos, como André Luiz, sobre o valor da vida corpórea: “O corpo é o primeiro empréstimo recebido pelo Espírito trazido à carne” (Vieira, W. Conduta espírita, cap. 34. FEB); e também “A reencarnação é o meio, a educação divina é o fim” (Xavier, F.C. Missionários da luz, cap. 12. FEB). A partir dessas fundamentações espirituais, torna-se interessante considerarmos o que representa o Espírito nos contextos íntimo e social; o equilíbrio entre corpo/espírito e melhores condições de vida.  Essa última também inclui, evidentemente, o respeito e a valorização da vida corpórea.

No livro Em louvor à vida (Ed. LEAL), que elaboramos em parceria com o médium Divaldo Pereira Franco, com base em textos espirituais de nosso tio Lourival Perri Chefaly, destacamos um trecho: “Saúde e doença – binômio do corpo e da mente – são conquistas do ser, que deve aprender e optar por aquela que melhor condiz com as aspirações evolutivas, desde que a harmonia ideal será alcançada, através do respeito à primeira ou mediante a vigência da segunda.” Evidentemente que aí se incluem as causas e a profilaxia dos vários problemas que caracterizam desrespeito à vida. Ou seja, as medidas preventivas para se evitar quaisquer formas de interrupção da vida, incluindo o suicídio, o aborto, a eutanásia, e, sendo sempre importante o diagnóstico médico precoce de doenças, evitando-se que elas sejam reconhecidas em situações tardias e danosas.

No contexto da literatura espírita, sobre a questão do suicídio, ocupa lugar de destaque o livro Memórias de um suicida, da médium Yvonne do Amaral Pereira. Na Introdução dessa obra, a notável médium comenta: “Daí em diante, ora em sessões normalmente organizadas, […] dava-me apontamentos, noticiário periódico, escrito ou verbal, ensaios literários, verdadeira reportagem relativa a casos de suicídio e suas tristes consequências no Além-Túmulo, na época verdadeiramente atordoadores para mim.” E assim se desenrolam as narrativas sobre o atendimento de espíritos suicidas atendimento pela colônia espiritual Instituto Maria de Nazaré.

Por oportuno, no mês de Setembro, que é chamado de amarelo, a cor que lembra o Sol, verão, prosperidade, felicidade e desperta a criatividade, é interessante a utilização da temática no meio espírita.

Daí a importância dos estudos, palestras e seminários que possam chamar atenção para a defesa da vida, no sentido de se valorizar a existência corpórea e o processo de educação espiritual.

(Foi dirigente espírita em Araçatuba; presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e da Federação Espírita Brasileira).