A Revolução de 32: relatos e vítimas familiares; medalha; comemorações

A Revolução de 32: relatos e vítimas familiares; medalha; comemorações

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Uma das principais datas cívicas do Estado de São Paulo é o dia 9 de julho que, há tempos, foi transformada em feriado estadual. Trata-se da comemoração da Revolução Constitucionalista de 1932, quando o Estado de São Paulo se levantou contra a ditadura de Getúlio Vargas, exigindo uma Constituição Federal.

No contexto de nossa família, desde a infância acompanhamos os relatos e repercussões relacionados com a Revolução Constitucionalista. Vivemos as histórias e comemorações sobre a efeméride desde a infância.

Um dos estopins do movimento foi o assassinato por militares dos estudantes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, na Praça da República, em São Paulo, no dia 23 de maio de 1932, no momento em que se manifestavam contrariamente ao governo Vargas. Destes fatos surgiram, entre outros logradouros públicos em São Paulo, a Rua MMDC, e, sem fazer alusão aos nomes dos quatro estudantes; o Obelisco da Revolução no Parque do Ibirapuera e a Avenida 23 de Maio. O jovem herói Euclides Miragaia era dos irmãos mais velhos de Benedita Miragaia, casada com nosso tio avô Rolando Perri. E tínhamos muita convivência com esses tios avós.

O irmão mais velho de nosso genitor, Valdomiro Graça de Carvalho (residia em Olímpia, SP), faleceu nas lutas da Revolução. Atualmente, somos o depositário do Diploma da Medalha "M.M.D.C." outorgada post mortem ao nosso tio.

No convívio familiar em Araçatuba, lembramos do prof. Joaquim Dibo, casado com nossa tia avó Olga Perri que, no dia 09 de julho, tinha o hábito de falar sobre a Revolução na sua Escola privada e na Rádio Cultura, destacando os heróicos versos "Nossa Bandeira" de Guilherme de Almeida, o "Poeta da Revolução"

Também como lembrança de infância recordamos de Elias Daia, cunhado do tio Joaquim Dibo, que como ex-combatente, certa feita participou de desfile cívico ostentando medalha de combatente da Revolução.

Registramos que os tios avós Rolando Perri e Joaquim Dibo foram políticos respeitados em Araçatuba.

Ainda na infância ouvíamos os relatos de tias avós de Araçatuba, Gertrudes e Olga, que integraram grupos de costura para confecção de fardas. De nossa genitora, que na época da Revolução era criança e residia na cidade de São Paulo, ouvíamos alguns registros dos receios e cuidados dos vários familiares.

Quando residimos em São Paulo, durante etapa da infância, nossos pais mostraram-nos as marcas das balas de tiros na fachada da igreja de Nossa Senhora da Conceição Santa Efigênia, no centro da capital paulista.

Em 1957, juntamente com nossos pais e irmãos, com entusiasmo, assistimos às comemorações do Jubileu de Prata da Revolução Constitucionalista, em São Paulo. Estávamos próximos ao Obelisco do Ibirapuera, que foi inaugurado dois anos antes; e à noite, os aviões jogavam flâmulas laminizadas ofertadas pelas Indústrias Pignatari, e que cintilavam com as luzes dos holofotes que eram direcionados para o céu. Um espetáculo inesquecível!

Enfim, histórias de idealismo e de valorização da bandeira de uma Constituição para o país! Foi muito bom ouvirmos com atenção e vivermos esse ambiente na infância. São fatos marcantes ligados à História!

(*) Trechos do autor, extraídos do livro Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Araçatuba: Cocriação; lançado em junho de 2021.