Evangelho com simplicidade

Evangelho com simplicidade

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Sob a inspiração do papel desempenhado pela obra O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ao longo dos 160 anos de edição, surgiu a ideia de elaborarmos um livro com comentários sobre os capítulos desse livro marcante, mas de maneira simples e objetiva.

Isso porque essa obra que completa 160 anos foi lançada em Paris, em abril de 1864.

Ao longo de nossa trajetória no movimento espírita, iniciada na Instituição Nosso Lar, em Araçatuba, conhecemos e acompanhamos variadas experiências e repercussões sobre a citada obra.

Nos últimos dez anos, nos cursos presenciais e virtuais que temos atuado sobre O evangelho segundo o espiritismo, desenvolvemos estudos para atender um público-alvo sem maiores exigências.

Frente a essa realidade, Paulo de Tarso é um exemplo por ter disseminado a mensagem de Jesus a todos os povos, sem distinções e pré-requisitos, com simplicidade e sempre divulgando-a. Colocou em prática o que registrou: “Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns” (I Coríntios 9, 22).

Nesse contexto é que elaboramos o livro Evangelho com Simplicidade.

Muito recente, fizemos o lançamento presencial no dia 11 de junho na Casa Editora O Clarim, em Matão (SP), que o publicou.

Os capítulos de O Evangelho segundo o Espiritismo são focalizados, desde o destaque aos versículos do Novo Testamento, selecionados por Kardec, e efetivamos comentários sintéticos sobre seus significados, destacando as ideias centrais analisadas pelo Codificador do Espiritismo e as mensagens espirituais inseridas na sua obra básica.

Centralizamos nossa atenção na essência do conteúdo de cada capítulo, evitando polêmicas e citações de vários autores.

A nosso ver, os temas tratados por Kardec nessa sua obra básica são os mais necessários para atender o público que procura as instituições espíritas, em geral premidos por aflições, dificuldades variadas e dúvidas existenciais. É o livro que oferece consolo, esclarecimento e o fortalecimento da fé e da esperança.

A obra que estamos lançando pode ser um subsídio para a compreensão do texto de Kardec e para a utilização em estudos e roteiros de exposições sobre os temas que focalizam os evangelhos à luz do Espiritismo.

A ideia central é a abordagem da essência do ensino moral de Jesus, na visão espírita, e trazendo-a ao contexto da atualidade.

O nosso livro é uma sugestão para se assinalar com simplicidade e objetividade os 160 anos de consolação e esclarecimento espiritual de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Transcrito de:

Folha da Região. Araçatuba, 19 de junho de 2024, fls.2.

Significado espiritual do pão

Significado espiritual do pão

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Em meados de junho, fomos convidados para o programa “Gotas de Esperança" do Instituto de Difusão Espírita Allan Kardec – IDEAK, para desenvolver tema com base no capítulo “Pão de cada dia”, do livro Caminho, Verdade e Vida (Cap. 174, Emmanuel/FCX).

O autor espiritual induz ao raciocínio e interpretação espiritual sobre o significado do pão: “O servo trabalha e o Altíssimo lhe abençoa o suor. É nesse processo de íntima cooperação e natural entendimento que o Pai espera colher, um dia, os doces frutos da perfeição no espírito dos filhos”.

Naquela oportunidade, tivemos condição de divagarmos sobre o tema e extrapolarmos a visão estrita de alimento material. Historicamente, o pão sempre foi considerado marcante nos textos bíblicos.

Em todos os tempos, mesmo nos mais remotos, foi o pão o principal alimento dos hebreus. Era um elemento essencial nas ofertas e nos rituais de adoração. O pão é mencionado em várias passagens no Antigo e Novo Testamento e seu significado vai além do aspecto físico do alimento.

Com base em João (6, 35) Jesus se identificou como o “pão da vida”: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede”. Ele se apresenta como fonte de vida espiritual e que aqueles que creem nele encontrarão satisfação e plenitude.

Na Última Ceia, disse Jesus: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lucas 22, 19). Nesse contexto, o pão também representa o corpo de doutrina, de pensamentos e ensinos, para que seja incorporado entre as pessoas. É a melhor memória!

Em festas judaicas a celebração da refeição é iniciada com o pão. O pão também simboliza o reforço de laços familiares ao se reunirem para comê-lo.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo (Cap. 28), Kardec analisa cada frase da prece do Pai Nosso, e, sobre “Dá-nos o pão de cada dia”, destaca a ideia que deve animar o sentimento de quem a profere: “Dá-nos o alimento indispensável à sustentação das forças do corpo; mas dá-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso Espírito”.

Em obra formidável – Pai Nosso – o espírito Meimei, pela psicografia de Chico Xavier tem um capítulo sobre a frase: “pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. A mensageira espiritual destaca que “O pão nosso de cada dia não é somente o almoço e o jantar, o café e a merenda. É também a ideia e o sentimento, a palavra e a ação.” E encerra o capítulo anotando: “Em Jesus temos o pão que desceu do Céu. E, ainda hoje, o Mestre continua alimentando o pensamento da Humanidade, por intermédio de um Livro — o Evangelho Divino, em que ele nos ensina, através da bondade e do amor, o caminho de nossa felicidade para sempre”.

Portanto, o "pão da vida”, os ensinos de Jesus representam o verdadeiro e inextinguível alimento para o espírito imortal!

Coluna Face Espírita completa 17 anos na Folha da Região

Coluna Face Espírita completa 17 anos na Folha da Região

  

Carolina Marques

Neste mês de maio, a coluna Face Espírita, publicada na Folha da Região semanalmente, na página A2, completa 17 anos.

O primeiro artigo publicado foi em 16 de maio de 2007.

Porém, a história começou em 2006, quando o expositor espírita Alkíndar de Oliveira chamou atenção do jornalista e posteriormente coordenador da coluna Sirlei Nogueira. “Era um seminário no Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes, em Araçatuba, para o fato de que os espíritas falavam demasiadamente para dentro dos muros. Alkíndar de Oliveira, considerado pelo escritor Augusto Cury um dos mais conceituados professores de comunicação e oratória do País”, lembra.

Na época, a comunidade estava comemorando 24 anos de divulgação e de atuação no Movimento Espírita de Unificação. “Recorro à questão 459 de O Livro dos Espíritos, a primeira obra básica da Codificação Espírita: ‘Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações? A resposta: “— Nesse sentido, a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem”. Naturalmente, se você permitir. Isso é livre-arbítrio. A Folha da Região aceitou a proposta.”

Ele conta que a iniciativa repercutiu de maneira muito positiva, tanto no jornal quanto na comunidade, em níveis local e regional.

“O Movimento Face Espírita surgiu originariamente com foco em arte. No dia 21 de novembro de 1991 ocorreu formalização da proposta durante o evento Espirarte, realizado na cidade de Tupã, numa promoção do Departamento de Arte da USE-SP (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo). Quase 16 anos depois, Face Espírita foi direcionada para identificar o espaço de artigos de opinião na Folha de Região. Mas mantém o olhar original.”

O autor com mais artigo publicados na coluna, Antonio Cesar Perri de Carvalho, que também é ex-presidente da Federação Espírita Brasileira, escritor com mais de 30 livros publicados, diz que a veiculação do pensamento espírita ao longo de 17 anos tem amplo significado. “Representa uma referência ao leitor da Folha da Região para o acesso a análises e informações sobre temas relacionados com Espiritismo e espiritualismo em geral. É um canal de difusão dos princípios espíritas, de registros sobre momentos históricos do Espiritismo – em Araçatuba, no País e no exterior – e das ações e repercussões do movimento espírita em geral. Realmente expõe a “face” do espírita e do Espiritismo”, destaca.

Já a escritora Rita de Cássia Zuim Lavoyer diz que é um exemplo do bem proporcionado por esta coluna. Inicialmente, ela leu um artigo do escritor e colaborador Wellington Balbo que despertou o desejo em publicar também. “Na tentativa de me comunicar com o autor, enviei-lhe um e-mail no endereço que aparecia no final da página; quem o recebeu foi o jornalista Sirlei Nogueira, que o leu e me retornou em seguida, ouviu meus propósitos e me ajudou.”

A partir de então, passou à colaboradora da coluna. Conta que a partir de leituras que fez, aprendeu a desaprender e a começar tudo de novo, com vontade de seguir feliz. “Por aqui, a mensagem não passa em vão. A Coluna Face Espírita não objetiva doutrinação, mas reflexão. A leveza dos textos publicados e o respeito com que as diversidades pelas quais passamos nesta jornada são tratadas podem ajudar os leitores a desenvolverem pensamentos positivos e a provocar-lhes reflexões acerca dos temas apresentados”, finaliza.

Transcrito de:

Seção Vida, Folha da Região, Araçatuba, 30 de maio de 2024. P.5.

Experiência sobre união do movimento espírita

Experiência sobre união do movimento espírita

  

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Em evento virtual do GEP – Grupo Espírita Paulista, atendemos ao convite para abordagem do tema “União do movimento espírita” no dia 26/05/2024.
O Grupo Espírita Paulista é formado pela Aliança Espírita Evangélica (AEE), Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE) e União Fraternal FDJ.
Nessa síntese da live, focalizamos parcialmente apenas recentes vivências em nosso país.
Durante nossa gestão como presidente da USE-SP, no ano de 1999, demos início ao projeto de um diálogo mais amplo sobre união dos espíritas e unificação do movimento espírita.
Nesse entendimento envolvemos instituições que não eram unidas à USE-SP. A proposta se definiu em encontro promovido pela USE-SP, no dia 18/05/2000, oportunidade em que foi assinada uma minuta de “Carta de Intenções de Acordo de União pela Difusão da Doutrina Espírita”. O texto definitivo foi assinado em setembro do mesmo ano, contando com subscrição da USE-SP e de mais de uma dezena de instituições e entidades especializadas não vinculadas à proponente.
O objetivo do “Acordo de união” foi: “[…] constituir um grupo de trabalho, de caráter informal e sem personalidade jurídica”, para estimular o “respeito à individualidade e o trabalho das Organizações signatárias, motivando a convivência e o intercâmbio fraterno entre si” […] a ação conjunta com vistas a agilização da difusão das Obras de Allan Kardec; […] analisar a ação conjunta em campanhas que tenham o respaldo nos princípios da Doutrina Espírita”.
Com base no citado “Acordo de união” foi realizado na capital paulista o 1o ENCOESP – Encontro Espírita do Estado de São Paulo, nos dias 19 a 21 de janeiro de 2001, promovido pela USE-SP, com apoio e participação de 26 instituições espíritas especializadas e com público de cerca de 10 mil pessoas, no Centro de Convenções do Anhembi. Attílio Campanini era o novo presidente e já não integrávamos a diretoria da USE-SP; havíamos mudado a residência para Brasília, mas comparecemos ao grande evento.
A respeito desse “Acordo de união” e do ENCOESP, registramos que ouvimos algumas opiniões de dirigentes de federativas, demonstrando preocupação porque não seria muito adequado às práticas vigentes em termos nacionais…
Na sequência, com base no citado “Acordo de união”, durante a gestão de outros presidentes da USE-SP, funcionaram alguns grupos de trabalho e grandes eventos espíritas foram efetivados em São Paulo, como o Bicentenário de nascimento de Kardec e o sesquicentenário de O livro dos espíritos.
Agora, desde o ano 2020 desenvolve-se o Grupo Espírita Paulista.
Durante nossa gestão como presidente da Federação Espírita Brasileira, propusemos e homologamos decisão conjunta do Conselho Diretor e da Diretoria Executiva, da criação do Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas, como órgão de apoio e orientação técnica junto à FEB. Em abril de 2014 esse Conselho foi instalado com a participação de oito entidades nacionais. O objetivo seria valorizar os esforços dessas Entidades Especializadas para juntamente com as Entidades Federativas promoverem adequação e a dinamização do movimento espírita de nosso país. Todavia esse Conselho foi extinto após a nossa gestão.
Com os relatos sobre o “acordo de união”, “Grupo Espírita Paulista” e o “Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas”, lembramos de experiências que entendemos diferentes dos “padrões vigentes” com base em ideias e propostas antigas de unificação. Destacamos que essa palavra “unificação”, que tem vários sentidos e interpretação no idioma português, deveria ser evitada e ser substituída por “união”.
As experiências vividas no século XX e nos primeiros lustros do século XXI, já oferecem subsídios suficientes para se refletir e dialogar a respeito de caminhos a serem planejados que objetivem a união de esforços para apoios, interações e a divulgação do espiritismo.
Para concluir esse resumo, destacamos frase que citamos em nossa palestra, de autoria do espírito William James (vulto americano na área de pesquisas sobre mediunidade) registradas em psicografia ocorrida nos Estados Unidos:

“Temos aprendido que não surgem construções estáveis ao impulso do improviso. A seara espírita pede plantação de princípios espíritas. E não existe plantação eficiente sem cultivadores dedicados. […] Cada companheiro, cada agrupamento e cada país terão do espiritismo o que dele fizerem. Cremos seja possível sintetizar diretrizes para nós todos no seguinte programa: sentir em bases de equilíbrio, pensar com elevação, falar construtivamente, estudar sempre e servir mais” (Xavier, Francisco Cândido; Vieira, Waldo. Espíritos diversos. Entre irmãos de outras terras. Cap. 5. FEB. 1966).
Fonte:
Trechos de palestra do autor no evento do Grupo Espírita Paulista, 26 de maio de 2024 (copie e cole): https://www.youtube.com/watch?v=PE8HOn-VY2c

Fábrica de inverdades

Fábrica de inverdades

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A internet abriu um mundo de imensas perspectivas dinamizando a comunicação.

No período da pandemia intensificaram-se as lives e os grupos de WhatsApp.

Concomitantemente aos benefícios gerados pela facilidade, rapidez e abrangência de comunicação, há muitos problemas.

Entre as questões preocupantes aparece a proliferação de informações relacionadas com mensagens espirituais de origem e de objetivos duvidosos.

Comumente recebemos mensagens gravadas ou escritas com abordagens sobre temas conflituosos da atualidade e algumas até com alusão específica a vultos da história e do presente do cenário político do país.

Aí se incluem deturpações, interpretações estranhas e até inverdades sobre propaladas falas e ações atribuídas a Chico Xavier.

É lamentável que, principalmente, alguns grupos de WhatsApp, com nítido interesse político-partidário disseminem inverdades nas áreas espiritual e espírita.

Nota-se um estímulo ao ambiente de radicalismos e até de ódios, procurando envolver-se setores e pensamentos ligados a religiões. No bojo dessas condições são produzidas ou alimentadas falas que favorecem inimizades.

Seriam enquadráveis no dizer tradicional, de falso profetismo, e, na atualidade, como fake news.

Um cuidado para se evitar intrigas e maledicências, relacionadas com as pessoas com quem não há afinidade e ocorrem animosidades, é a adoção do recurso de análise conhecido como as “as três peneiras”, atribuída a Sócrates: verdade, bondade e necessidade. Trata-se de uma reflexão sobre o que falar, como falar e quando falar. Essa proposta é citada em uma curta mensagem do espírito Irmão X intitulada “Os três crivos”, referindo-se à “lição de Sócrates, em questões de maledicência” (FCX. Aulas da Vida. IDEAL).

Há recursos espíritas para análise e avaliação de mensagens e textos.

Na análise de mensagens espirituais, Kardec empregou como base os princípios básicos, exarados em O livro dos espíritos para avaliar o conteúdo, a pertinência da forma e a autenticidade das informações espirituais.

A respeito dos cuidados com as mensagens espirituais, em O livro dos médiuns Kardec desenvolve vários capítulos, como: Das contradições e mistificações, Do charlatanismo e do embuste, Dissertações espíritas, e, neste último, até transcreve algumas mensagens que considerou como apócrifas (Cap. 27, 28 e 32). Kardec alerta: “Cumpre não esqueçamos que, entre os Espíritos, há, como entre os homens, falsos sábios e semi-sábios, orgulhosos, presunçosos e sistemáticos”.

A experiência vivenciada por Allan Kardec representa importante subsídio para as análises e avaliações das informações espirituais que circulam a mancheias pelas redes sociais.

Em síntese, há necessidade de se selecionar fontes de informações e empregar-se a razão, o bom senso e o conhecimento doutrinário para a filtragem de conteúdos que circulam pela internet.

O impulso de Leopoldo Cirne ao movimento espírita

O impulso de Leopoldo Cirne ao movimento espírita

   

Por Rita Cirne*

A Federação Espírita Brasileira e o próprio movimento espírita devem muito a Leopoldo Cirne.

Foi com ele que a entidade se estruturou na criação de cursos das obras básicas de Allan Kardec e se consolidou como uma organização federativa. Esse pioneiro do movimento espírita brasileiro, com visão à frente do seu tempo, conheceu e teve uma sólida amizade com Bezerra de Menezes.

Antes mesmo de completar 28 anos, em 1898, se candidatou e foi eleito vice-presidente da FEB na chapa que elegeu Bezerra de Menezes como presidente. Os dois tinham o propósito de pacificar os ânimos das diversas correntes espíritas da época e trabalhar para a união e cooperação em torno de um ideal maior, que segundo ele era a divulgação do espiritismo.

Com a desencarnação de Bezerra de Menezes, em 1900, Cirne acabou assumindo a presidência da FEB e fez com que essa instituição se firmasse como uma organização federativa. Ele reuniu representantes de diversos centros espíritas do Rio de Janeiro e de outros estados num trabalho que originou o programa de unificação, chamado de Bases de Organização Espírita, em 1º de outubro 1904. Três dias depois, a FEB promovia o I Congresso Espírita, em homenagem ao centenário do nascimento de Alan Kardec, com a participação de duas mil pessoas.

Durante sua gestão, também foi instituído o estudo das obras completas de Allan Kardec como referência básica da instituição.

Mesmo depois que saiu da presidência, continuou estimulando a realização de reuniões de estudos, no lugar de simples conferências. mpreendedor, se empenhou na promoção do esperanto na FEB e no movimento espírita, movido pelo ideal de que uma língua comum e alternativa pudesse aproximar todos os povos. Também apoiou as primeiras iniciativas voltadas à evangelização na infância.

Ele presidiu a entidade por 14 anos – de 1900 a 1914 – e foi o responsável pela construção e inauguração da sua sede no Rio de Janeiro, em 1911.

Encontro com o espiritismo Leopoldo

Cirne nasceu em João Pessoa, na Paraíba, em 13 de abril de 1870, e ainda moço se mudou para o Recife, PE. Depois, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, então capital da República, trabalhando no comércio e como jornalista. Aqueles que o conheceram diziam ser um autodidata. Desde jovem demonstrava precoce genialidade e gosto pelos estudos, mas precisou abdicar da escola para assumir obrigações financeiras. Foi no Rio que conheceu a doutrina espírita à qual aderiu de imediato, como se já a conhecesse, e para a qual passou a contribuir ativamente. Filiou-se a grupos de estudos e de divulgação, e foi um dos mais reconhecidos articulistas da revista Reformador. Segundo o pesquisador e escritor espírita Canuto Abreu, durante vinte anos, o Reformador teve em Leopoldo Cirne uma pena de mestre, tendo ele dedicado toda a sua mocidade à divulgação da filosofia que tanto o empolgara desde o primeiro instante.

Admirador da obra de Léon Denis, Cirne traduziu dois clássicos desse autor espírita: No invisível e Cristianismo e espiritismo, obras ainda hoje reeditadas pela FEB. “Cirne possuía o dom precioso de expositor da doutrina espírita e ele mais se afirmou, presidindo a FEB, como exímio pregador e instrutor notável”, dizia o pesquisador espírita Zêus Wantuil.

Além das obras que traduziu, escreveu os livros Memórias históricas do espiritismo, Doutrina e prática do espiritismo – livro que serviu de referência e inspiração para outras obras didáticas, de diversos estudiosos espíritas; A personalidade de Jesus, que trata do caráter missionário e os desdobramentos das realizações de Jesus, e Anticristo – senhor dos mundos, no qual ele trata das mais espinhosas questões inerentes ao movimento espírita e do cristianismo em geral, inclusive, historiando situações vividas na própria FEB depois de sua saída da entidade. Nesse livro, ele afirma que entende por ‘Anticristo’ uma força, também chamada de poder das trevas que age em “oposição, deliberada e sistematicamente, ao plano evolutivo traçado por Deus à humanidade”. Ele traça uma trajetória maligna que teria contaminado a Igreja Católica, a Reforma Protestante e demais poderes terrenos pelo espírito de ganância, anarquia e violência que estavam arruinando o progresso de nosso orbe.

Leopoldo Cirne desencarnou no Rio de Janeiro, RJ, no dia 31 de julho de 1941 e deixou a viúva Marieta Cirne, com quem não teve filhos.

Bibliografia

Leopoldo Cirne: Vida e propostas por um mundo melhor, Antônio Perri de Carvalho, CCDPE-ECM/Cocriação, 2023.

* Jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra, em São Paulo, e do jornal Valor Econômico.

De Correio.news (copie e cole):

https://correio.news/bau-de-memorias/o-impulso-de-leopoldo-cirne-ao-movimento-espirita?rq=leopoldo%20cirne

Divaldo: “Sigamos, erguendo o mundo novo” – Artigo e manifestação

Divaldo: “Sigamos, erguendo o mundo novo” – Artigo e manifestação

    

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Dia 05 de maio Divaldo Pereira Franco completou 97 anos. Ocorreram comemorações na instituição que ele fundou, a Mansão do Caminho, em Salvador, com presença de amigos de várias regiões do país.

O conhecido orador e médium prossegue incansável na difusão espírita, apesar dos limites de enfermidades e da idade, superando desafios.

Divaldo compareceu pela primeira vez em Araçatuba em 1959 para palestra em evento regional de jovens espíritas. Mantemos amizade com Divaldo desde 1962, quando o conhecemos em visita que ele fez à Instituição Nosso Lar, durante sua atuação em evento jovem interestadual. Nessa cidade recebeu o título de “Cidadão Araçatubense” em 1984, e, três anos depois lançou o livro Em Louvor à Vida (Ed. LEAL), como psicógrafo do espírito Lourival Perri Chefaly e em parceria conosco.

Em nossa memória desfila um panorama sobre inúmeros encontros que mantivemos com o orador ao longo dessas décadas, nas regiões do Brasil e em diversos países.

Em nossa gestão como presidente da Federação Espírita Brasileira, durante reunião do Conselho Federativo Nacional (novembro de 2014), ocorreram várias atividades com Divaldo: palestras, promoção do “Movimento Você e Paz” em solenidade no plenário da Câmara dos Deputados, e inauguração de Exposição sobre a Mansão do Caminho e a obra de Divaldo no Espaço Cultural na sede FEB em Brasília.

Em setembro de 2019 os cinemas exibiram o filme “Divaldo – O Mensageiro da Paz”.

Ultimamente, em trocas de e-mails, ele está sempre fraterno e atencioso. Em e-mail de Divaldo em 2020: “[…] Tenho prosseguido com destemor e fiel a Jesus-Kardec. […] Sou muito grato a você e família que me receberam desde jovem até hoje.” Em outra mensagem: “[…] Naquele lindo tempo éramos muito felizes. […] Sigamos, erguendo o mundo novo.” Em e-mail do mesmo ano: “Carinho à amada família.” Sobre nosso livro Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões (Ed.Cocriação, 2021), que conta com um prefácio dele: “Acabo de ler o seu maravilhoso trabalho sobre nossa longa e abençoada convivência. Não pude deixar de chorar. […] sobrevivemos e continuamos”.

Em 2024, Divaldo comentou os recentes: nosso livro Leopoldo Cirne. Vida e propostas por um mundo melhor (Ed.Cocriação/CCDPE) e o filme “Benedita Fernandes. Legado da Superação”, produzido por Sirlei Nogueira. Divaldo é personagem convidado do filme e tem mensagens psicografadas, do espírito Benedita, incluídas no nosso livro Benedita Fernandes. A dama da caridade (Ed.Cocriação), base para o enredo do filme.

Em nossas lembranças há instantes proveitosos e alegres na convivência com Divaldo, desde Araçatuba e em inúmeros locais, momentos significativos e inspiradores para a prática espírita, estímulo ao bem e à paz!

Autor foi dirigente espírita em Araçatuba, ex-presidente da USE-SP e da FEB.

Transcrito de artigo do autor:

Folha da Região. Araçatuba, 08 de maio de 2024. P.2.

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Manifestação de Divaldo sobre o artigo:

  Divaldo Franco 9 de mai. de 2024, 15:30

"Querido Cesar: Muita paz! Profundamente emocionado agradeço o seu artigo que tenho agora em mãos. Chego aos 97 anos com a alegria juvenil apesar das lutas e procuro viver a nossa doutrina dentro das possibilidades. Você que é amigo e irmão dos tempos heróicos bem conhece as batalhas travadas e sempre agradeço a Deus a sua amizade e da família querida tendo à frente a nossa querida Bebé. Um grande abraço feito de reconhecimento e santa amizade. Divaldo"

As Epístolas de Paulo

As Epístolas de Paulo

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

O nosso interesse pela vida de Paulo é antigo, desde as leituras das obras do espírito Emmanuel, psicografadas por Chico Xavier, ainda durante a adolescência.

Com as campanhas em que estivemos envolvidos – do centenário de nascimento de Chico Xavier (2010), 70 anos da obra Paulo e Estêvão (2011), 150 anos de O evangelho segundo o espiritismo (2014) – e os estudos realizados pelo Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho, entre 2012 e início de 2015, na sede da Federação Espírita Brasileira, sentimos a motivação para focalizarmos mais atenção nas Epístolas de Paulo.

Allan Kardec, o notável Codificador do Espiritismo, registra na Apresentação de O evangelho segundo o espiritismo, que o ensino moral “será objeto exclusivo desta obra” e comenta:

“Muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral por si sós são ininteligíveis, parecendo alguns até irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido. Essa chave está completa no Espiritismo…”

Nesse contexto de ações e da literatura espírita, procuramos priorizar o estudo sobre as recomendações morais nas Epístolas de Paulo de Tarso, sem se valorizar polêmicas do contexto da época ou pontos de discussão que posteriormente se constituíram em fundamentos para algumas correntes de pensamento religioso e até para fundamentação de futuros dogmas.

Objetivamos captar a essência das recomendações do Apóstolo, com abordagens simples, objetivas e fundamentadas nas obras de Allan Kardec e na exegese efetivada pelo espírito Emmanuel em várias obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier. Dessa maneira, surgiu o nosso livro Epístolas de Paulo à luz do Espiritismo, publicado em 2016 pela tradicional Casa Editora O Clarim.

Nessa obra, dentro da ótica descortinada por Allan Kardec:

“[…] roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura”, tem por objetivo contribuir para a disseminação do estudo e compreensão espiritual da Epístolas de Paulo.

Durante o evento programado para Recife, em agosto de 2024, focalizaremos trechos de uma das Epístolas de Paulo, a direcionada aos Romanos.

Essa Epístola tem grande valor histórico, teológico e com repercussões para interpretações de ordem espiritual. Entre seus versículos, destacamos:

“É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente” (3, 29);

“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (12, 21);

“Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (13, 7);

“O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (13, 10).

Esses trechos da Epístola aos Romanos já oferecem subsídios para muitos estudos e interpretações, trazendo para a atualidade oportunas reflexões e, sem dúvida, encaminhamentos para sua aplicabilidade em nossos conturbados tempos.

(*) O autor é convidado para o Seminário sobre Epístolas de Paulo, Recife, agosto de 2024; autor do livro Epístolas de Paulo à luz do Espiritismo; ex-presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e da Federação Espírita Brasileira.

(Transcrito de: Jornal do Commércio. Recife, 28/04/2024. P. 58)

Selo, livro e depoimentos celebram 50 anos da Folha Espírita

Selo, livro e depoimentos celebram 50 anos da Folha Espírita

        

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O Portal da Folha Espírita, de São Paulo, traz notícias históricas sobre o jornal que completa 50 anos de existência.

Fato histórico marcante foi a origem do periódico. Comenta-se que em meados de 1973, Jamil Nagib Salomão visitou Chico Xavier, em Uberaba/MG, e voltou como portador de um recado do médium ao então deputado federal espírita José de Freitas Nobre, de São Paulo. Este teria a responsabilidade de lançar um jornal espírita para venda em bancas e deveria ter o apoio do Grupo Espírita Cairbar Schutel, de Diadema/SP, com atividades também no bairro do Jabaquara, na capital paulista.

Freitas Nobre, casado com a dra. Marlene Severino Nobre, atendeu à recomendação e providenciou a publicação do novo veículo – Folha Espírita -, que veio a lume em 18 de abril de 1974. Assim, o primeiro número surge no mesmo dia em que foi lançado O Livro dos Espíritos.

O novo veículo foi um marco inovador, vendido em bancas de jornal e disponível para assinantes, nos formatos standard e tabloide. Agora na forma digital e se expandindo para as redes sociais e podcast, com versão a também em inglês a partir de abril de 2024. As matérias sempre foram sobre temas da atualidade e, sem dúvida, com base na difusão das obras de Allan Kardec e as psicográficas de Chico Xavier, grande amigo do casal Freitas e Marlene, e estimulador do jornal.

Em 1980, Folha Espírita foi um dos difusores da ampla campanha pró Prêmio Nobel da Paz para Chico Xavier, de iniciativa do deputado Freitas Nobre.

Nos momentos iniciais desse jornal, tivemos acesso ao mesmo e mantínhamos contatos com o casal Freitas e Marlene. Momentos doutrinários em nossa terra natal, Araçatuba, em atividades com Chico Xavier em Uberaba e depois, durante nossa residência na capital paulista. Entre esses encontros, há vários registros em órgãos espíritas sobre o VIII Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas, em Salvador (abril de 1982). Outro evento inesquecível aconteceu durante a participação nossa com palestra em Feira do Livro Espírita promovida pela ocorreu no mesmo ano Casa Editora O Clarim (agosto de 1982), por ocasião do lançamento do livro Socialismo e Espiritismo, de Léon Denis, traduzido por Wallace Leal V. Rodrigues e prefaciado por Freitas Nobre.

Freitas Nobre, graduado em direito, jornalista militante, com doutorado na Sorbonne, foi vereador em São Paulo em vários períodos, vice-prefeito da cidade e deputado federal pelo Estado em diversas legislaturas. Foi vulto proeminente como líder da oposição ao regime militar, árduo defensor de eleições diretas e atuante nas elaborações pré-Constituinte.

Em momentos específicos e de caráter particular, algumas vezes dialogamos com Freitas Nobre sobre suas profícuas atividades político-partidárias.

Após a desencarnação de Freitas Nobre, em novembro de 1990, mantivemos muitos contatos e ações conjuntas com Marlene Nobre em eventos, no Brasil e em alguns países, em função de atividades dela pela Associação Médico Espírita Brasileira e a Internacional e nossa pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, Federação Espírita Brasileira e Conselho Espírita Internacional.

Todas essas lembranças vieram à tona em função das comemorações do Jubileu de Ouro do histórico jornal de São Paulo. Inclusive tivemos a honra de receber o convite da editora de Folha Espírita para gravarmos um depoimento alusivo à efeméride. E o fizemos junto ao busto do homenageado, no saguão do Aeroporto de São Paulo/Congonhas Deputado Freitas Nobre.

No dia 20 de abril houve o lançamento de um selo postal personalizado desenvolvido especialmente para os 50 anos da Folha Espírita. Renato Rosa, superintendente estadual de São Paulo Metropolitana dos Correios, declarou: “Estamos muito felizes em estar aqui celebrando o cinquentenário de um jornal espírita, o que demonstra a liberdade religiosa que o Brasil vive”. O lançamento ocorreu em cerimônia comemorativa dos 50 anos do jornal Folha Espírita, realizada na sede do “Chico Xavier – Centro de Estudos Espíritas de São Paulo”, no bairro da Lapa, em São Paulo. Na oportunidade, também foi lançado o livro Folha Espírita – uma história de amor e dedicação à Doutrina Espírita, organizado por Cláudia Santos e Eleni Gritzapis, que registra o compromisso inabalável da Folha Espírita em levar temas da atualidade à luz da Doutrina Espírita ao longo de cinco décadas. Esse livro pode ser adquirido pelo portal: https://www.folhaespirita.com.br/ (copie e cole).

Assinalando esses 50 anos, o Facebook da Folha Espírita, está reproduzindo 50 depoimentos especiais de pessoas que contribuíram para a jornada desse veículo de informação: https://www.facebook.com/folha.espirita (copie e cole).

As notícias gerais sobre os 50 anos da Folha Espírita, podem ser acessadas pelo link:

https://www.folhaespirita.com.br/em-evento-de-50-anos-folha-espirita-lanca-livro-historico-e-selo-postal-personalizado/?repeat=w3tc (copie e cole)

Leopoldo Cirne em abril: nascimento e sucessão de Bezerra de Menezes

Leopoldo Cirne em abril: nascimento e sucessão de Bezerra de Menezes

                 

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Em abril, nasceu Leopoldo Cirne nasceu em Paraíba do Norte no ano de 1870 e há registros de duas datas, 13 e 31.

Com a desencarnação de Bezerra de Menezes aos 11/04/1900, como seu vice-presidente, Cirne sucede-o na presidência da Instituição.

Há pouco foi editada a biografia que elaboramos sobre Cirne, contendo informações e ilustrações significativas e inéditas vinculadas ao vulto.

Para o desenvolvimento do conteúdo do livro fundamentamo-nos nas obras de autoria de Leopoldo Cirne; edições da revista Reformador, desde o final do Século XIX; registros de O Clarim (de Matão), textos avulsos e da imprensa leiga, alguns livros que têm relação com o vulto; obras mediúnicas de Chico Xavier e Waldo Vieira envolvendo o espírito Leopoldo Cirne; e várias fontes acessadas por meio digital.

Uma análise inicial sobre o contexto social, político e religioso do Brasil no final do Século XIX e primeiras décadas do Século XX, com base em obras de pesquisadora acadêmica foi necessária, para facilitar a compreensão do cenário doutrinariamente conturbado em que Leopoldo Cirne tornou-se espírita, iniciou suas ações na FEB e tornou-se presidente da instituição.

Concomitantemente emergem várias informações familiares sobre o vulto, que não eram conhecidas e que até então não eram divulgadas.

Durante sua gestão como presidente da FEB Cirne renovou os Estatutos da Instituição (1902) instituindo o estudo das obras completas de Allan Kardec como referência básica da instituição. Em 1904 promoveu o histórico Congresso do Centenário de nascimento de Allan Kardec, com a participação de mais de duas mil pessoas. Nesse evento foi aprovado o primeiro documento orientador para as ações federativas da FEB: Bases de Organização Espírita. Introduziu o estudo do Esperanto na FEB. Foi pioneiro em propor aulas sobre humanidades, aulas para crianças, criação de asilos e apresentação de ideias sobre operacionalização da caridade. Em sua gestão foi construída e inaugurada em 1911 a sede própria da FEB, no Rio de Janeiro, a atual Sede Histórica da FEB.

Em virtude de disputas internas, não foi reeleito em 1914 e afastou-se da FEB. Vêm à tona documentos raríssimos da época que aclaram o cenário.

Nessa nova etapa de atividades como algumas palestras em centros da cidade do Rio de Janeiro, registros que encontramos em O Clarim e jornais leigos do Rio de Janeiro: na inauguração do Abrigo Thereza de Jesus, na Tijuca; no Méier, Campo Grande, Bangu, em uma associação italiana; redações de artigos e livros e intercâmbios epistolares.

Reconhecido como excelente orador, autor de livros e articulista, editor, e, tradutor das obras de Léon Denis: No Invisível e Cristianismo e Espiritismo.

No livro, fizemos uma síntese de obras de Cirne: Bases de organização espírita; Anticristo, senhor do mundo; A personalidade de Jesus; O homem, colaborador de Deus.

Interessante é que jornais leigos publicaram resenha do livro Anticristo, senhor do mundo na época do lançamento em 1935 e anunciaram a sua comercialização por O Clarim (de Matão, SP).

Cirne desencarnou no Rio de Janeiro aos 31/07/1941, e obtivemos as notas de falecimento registradas nos jornais da cidade. Presencialmente localizamos, pois não era conhecido, onde estão depositados os restos mortais de Cirne.

Chegamos até as homenagens a Leopoldo Cirne durante os eventos comemorativos do Centenário do prédio histórico e de 130 anos da FEB, ocorridos em dezembro de 2011.

No final, sintetizamos mensagens de Leopoldo Cirne e sobre suas ações espirituais, incluídas em livros mediúnicos de Chico Xavier e Waldo Vieira.

A obra foi lançada em live com atuação do prefaciador, historiador Luciano Klein, de Fortaleza (Ce), que declarou: “Leopoldo Cirne poderia ir para um ‘panteão dos injustiçados’, à vista da ‘proscrição que vivenciou após a gestão extremamente produtiva na instituição que presidiu’. Agora, ‘reabilitado com uma biografia completa’.”

Em e-mail a nós dirigido, Divaldo Pereira Franco anotou: “Parabéns por mais uma obra e está dedicada a Leopoldo Cirne, um dos heróis do nosso movimento nos dias difíceis do pioneirismo”.

Essa obra biográfica, edição conjunta CCDPE/Cocriação, foi lançada pela Editora Cocriação com nossa presença em eventos em Araçatuba e região.

A vida e obra de Leopoldo Cirne, representa uma valiosa experiência vivencial e se constitui em formidável repositório para se analisar e se refletir sobre a trajetória, o estado atual e as perspectivas do Espiritismo no Brasil.

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Lançamento pelo CCDPE em São Paulo

No dia 21 de abril – domingo – às 10 horas, o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo-CCDPE promove o lançamento do livro Leopoldo Cirne. Vida e propostas por um mundo melhor (edição conjunta CCDPE/Cocriação), com palestra pelo autor Antonio Cesar Perri de Carvalho. O CCDPE está situado na Alameda dos Guaiases, 16, bairro Indianópolis, em São Paulo. Na sequência, com almoço de confraternização.

(*) Foi presidente da USE-SP e da FEB; autor de livros pela Casa Editora O Clarim; articulista da RIE.