A diversidade de guerras nas obras básicas

A diversidade de guerras nas obras básicas

É difícil redigir textos sobre o terrível momento que se vive com variadas formas e intensidades de animosidades em curso.

Chamam atenção as guerras, como as provocadas pela invasão da Ucrânia e as recorrentes no Oriente Médio.

Mas há várias outras expressões guerreiras no interior de vários países, incluindo o terrorismo, aquelas entre facções criminosas e também as de motivações políticas e econômicas. Sempre há disputas de poder e o comprometimento e sofrimento de populações.

Nos textos das obras básicas, podem ser destacados alguns trechos sobre o tema. Há conceito, apreciação espiritual e a tão esperada profilaxia desse mal. Aí estão algumas transcrições dessas obras de Allan Kardec para subsidiarem nossos conhecimentos e reflexões.

O livro dos espíritos:

P.742. Que é o que impele o homem à guerra? “Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem — o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a sente necessária.” P.743. Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá? “Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a Lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos.” P.745. Que se deve pensar daquele que suscita a guerra para proveito seu? “Grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.”

O evangelho segundo o espiritismo:

Cap.XII, item 14: “Quando a caridade regular a conduta dos homens, eles conformarão seus atos e palavras a esta máxima: ‘Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam.’ Verificando-se isso, desaparecerão todas as causas de dissensões e, com elas, as dos duelos e das guerras, que são os duelos de povo a povo – Francisco Xavier (Bordeaux, 1861)”

O céu e o inferno:

2ª parte, cap. VIII: “Profundo pensamento é também esse que atribui as calamidades coletivas à infração das Leis divinas, porque Deus castiga os povos tanto quanto os indivíduos. Realmente, pela prática da caridade, as guerras e as misérias acabariam por ser eliminadas. Pois bem, a prática dessa lei conduz ao Espiritismo e, quem sabe, será essa a razão de ter ele tantos e tão acérrimos inimigos? As exortações desta filha, aos pais, serão acaso as de um demônio?”

A gênese:

Cap.III, item 6: “Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.”

E, sem dúvida, há muitas matérias sobre o tema na Revista espírita, no período de redação de Kardec (1858-1869).

Boas consultas e reflexões!

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Kardec, o bom senso

Kardec, o bom senso

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Algumas nuances do perfil de Allan Kardec passam despercebidas. Aspectos do educador e pesquisador de fatos precisam ser valorizadas e interconectadas. Kardec não foi um entrevistador de espíritos, um mero intermediário para o registro de informações espirituais ou elaborador de obras com base em teorias. Com preparo intelectual, senso de observação, análise e avaliação, sempre buscou o contato com realidades.

O prof. Rivail dialogava com seus pares e tinha opiniões próprias. O francês Jean Prieur (1914-2016), autor de livros sobre história e temas relacionados com vida após a morte, lembra que os originais de O Livro dos Espíritos, não foram aceitos por alguns amigos editores de Kardec. Prieur destaca que ele persistiu em sua decisão, providenciou a publicação e houve rápida difusão deste e de outras obras de Kardec, com rápido desenvolvimento do Espiritismo.

A experiência do Codificador com suas viagens é comentada por Wallace Rodrigues no prefácio de sua tradução de Viagem espírita em 1862. Destaca que “tudo começa, não exatamente em 1862, como o título sugere, mas, dois anos antes. O Novo ‘Atos’ se inicia nos derradeiros dias do outono de 1860”. Entendemos que com essas viagens, com base nas observações, diálogos e significativos contatos doutrinários, Kardec deu início ao movimento espírita.

Fatos interessantes ocorrem no período de elaboração da 1a edição de O evangelho, então intitulado Imitação do evangelho segundo o espiritismo. Algumas anotações sobre a atuação de Kardec na redação desse livro já expõem aspectos notáveis sobre o perfil do autor. Com o novo livro praticamente delineado, Kardec foi estimulado para realizar um autêntico “retiro” na cidade litorânea de Sainte-Adresse, na Normandia, perto do Havre. Até mensagem espiritual sobre a nova obra ele já havia recebido, contendo orientação de encorajamento. Em agosto de 1863 Kardec estabeleceu-se numa “cabana de praia” alugada e trabalhou “em isolamento”, “livre de qualquer outra preocupação” e assistido por notáveis Espíritos, fez a revisão completa do texto, modificando-o consideravelmente. Por aí podemos notar a sensibilidade e os cuidados que seriam necessários para a análise dos ensinos de Jesus à luz do Espiritismo. A dedicada esposa Amélie Boudet acompanhou-o nos momentos iniciais e retornou a Paris para cuidar da rotina da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Mantiveram assídua correspondência durante os cerca de 50 dias em que ele permaneceu em Sainte-Adresse. Amélie foi sempre companheira, desde as lides educacionais, apoiadora, inspiradora e, sabe-se que, em alguns momentos, também financiadora para edição de obras.

Em abril de 1864 a Livraria Dentu, localizada no Palais Royal, lança Imitação do evangelho segundo o espiritismo. Na edição da Revista Espírita, de agosto de 1864, no “Suplemento ao capítulo das preces da Imitação do evangelho”, Kardec comenta: “Vários assinantes testemunharam o seu pesar por não haverem encontrado, em nossa Imitação do evangelho segundo o espiritismo, uma prece especial, para uso habitual, para a manhã e à noite”. Depois de várias considerações anota: “O mais perfeito modelo de concisão, no caso da prece, é, sem contradita, a Oração dominical, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade”.

O autor pensava, analisava sugestões de missivistas e preparava a ampliação da obra. O título original foi reduzido a partir da 2a edição (ou tiragem), atendendo a conselhos de amigos, colaboradores e do Sr. Didier, da Livraria Acadêmica, de Paris. Aliás, Kardec rejeitou propostas de novo título até trazidas por entidades espirituais e usou o seu critério de decisão. Em novembro de 1865, informa que se encontra “no prelo, para aparecer em poucos dias” a 3a edição de O evangelho segundo o espiritismo – “revista, corrigida e modificada”: “Esta edição foi objeto de um remanejamento completo da obra. Além de algumas adições, as principais alterações consistem numa classificação mais metódica, mais clara e mais cômoda das matérias, o que torna sua leitura e as buscas mais fáceis”.

Nessa obra há algumas notas de rodapé que registram estudos e contatos do autor com outras obras e personalidades, como citações a Osterwald e André Pezzani.

Essas nossas rápidas anotações denotam algumas nuances do perfil intelectual consolidado em obras e ações, inserido no contexto de sua época, de atento observador e sem dúvida, caracterizando-se como o “bom senso encarnado”, conforme designação de Camille Flammarion.

As recentes divulgações de manuscritos oriundos de pelo menos três arquivos históricos provenientes da França, estão enriquecendo com detalhes sobre o trabalho, as lutas e o pensamento de Kardec.

Fontes:

1) Prieur, Jean. Allan Kardec et son époque. Mônaco: Éditions du Rocher. 2004.

2) Kardec, Allan. Trad. Rodrigues, Wallace Leal Valentim. Viagem espírita em 1862. Matão: O Clarim.

3) Kardec, Allan. Trad. Abreu Filho, Júlio. Revista espírita. 1864; 1865. São Paulo: EDICEL.

4) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O evangelho segundo o espiritismo. 131e. Brasília: FEB.

Setembro amarelo, suicídio, valorização da vida

Setembro amarelo, suicídio, valorização da vida

 Marcha, Brasília (2013)   Marcha, Brasília (2014)  Marcha, São Paulo (2019)

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O chamado “Setembro Amarelo” é uma campanha de prevenção ao suicídio que visa à conscientização da população sobre esse grave problema e formas de evitá-lo.

Na literatura espírita há muitas informações sobre as conseqüências da prática do suicídio, desde os registros pioneiros sobre estados de alma incluídos por Allan Kardec no livro O céu e o inferno, lançado no ano de 1865. Todavia, os conceitos alicerçados na certeza de que somos espíritos reencarnados e em processo de educação surgem desde a obra pioneira de Kardec: O livro dos espíritos. Já se definia: “Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem? – O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal”1.

Assim, oferece condições para se compreender a oportunidade da vida corpórea e a razão para o cultivo dos valores espirituais. Nos livros psicografados há inúmeros comentários sobre o tema assinados por milhares de espíritos, como André Luiz, sobre o valor da vida corpórea: “O corpo é o primeiro empréstimo recebido pelo Espírito trazido à carne”2; e também “A reencarnação é o meio, a educação divina é o fim”3.

A partir dessas fundamentações espirituais, torna-se interessante considerarmos o que representa o Espírito nos contextos íntimo e social; o equilíbrio entre corpo/espírito e melhores condições de vida. Essa última também inclui, evidentemente, o respeito e a valorização da vida corpórea.

No livro Em louvor à vida4, que elaboramos em parceria com o médium Divaldo Pereira Franco, com base em textos espirituais de nosso tio Lourival Perri Chefaly, destacamos um trecho: “Saúde e doença – binômio do corpo e da mente – são conquistas do ser, que deve aprender e optar por aquela que melhor condiz com as aspirações evolutivas, desde que a harmonia ideal será alcançada, através do respeito à primeira ou mediante a vigência da segunda.”

Evidentemente que aí se incluem as causas e a profilaxia dos vários problemas que caracterizam desrespeito à vida. Ou seja, as medidas preventivas para se evitar quaisquer formas de interrupção da vida, incluindo o suicídio, o aborto, a eutanásia, e, sendo sempre importante o diagnóstico médico precoce de doenças, evitando-se que elas sejam reconhecidas em situações tardias e danosas.

No contexto da literatura espírita, sobre a questão do suicídio, ocupa lugar de destaque o livro Memórias de um suicida5, da médium Yvonne do Amaral Pereira. Na Introdução dessa obra, a notável médium comenta: “Daí em diante, ora em sessões normalmente organizadas, […] dava-me apontamentos, noticiário periódico, escrito ou verbal, ensaios literários, verdadeira reportagem relativa a casos de suicídio e suas tristes consequências no Além-Túmulo, na época verdadeiramente atordoadores para mim.” E assim se desenrolam as narrativas sobre o atendimento de espíritos suicidas atendimento pela colônia espiritual Instituto Maria de Nazaré.

Embora numa outra vertente temática, mas ligada ao respeito à vida, a Federação Espírita Brasileira e seu Conselho Federativo Nacional tiveram marcantes posicionamentos e ativo papel na origem e nos primeiros 10 anos do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto (2005-2015)6. Contando com a destacada liderança de Jaime Ferreira Lopes (de Brasília), juntamente com o então presidente da FEB Nestor Masotti, participamos da fundação desse Movimento e estivemos presentes nas Marchas do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto, em Brasília, até o ano de 2015, bem como em eventos similares na Praça da Sé em São Paulo. Naquele período estivemos presentes em várias audiências e seminários no Congresso Nacional e em reuniões no Supremo Tribunal Federal, levando o pensamento espírita sobre a defesa da vida da concepção à morte natural.6

Antes da pandemia, em 2019, a USE-SP esteve presente em Marcha em Defesa da Vida na Avenida Paulista.

Atualmente a descriminalização do aborto está em pauta no Supremo Tribunal Federal. Mesmo que lamentavelmente venha a ser aprovada a proposta, permanece a necessidade dos esclarecimentos sobre a profilaxia do aborto, com base em esclarecimentos espirituais, educação e orientações sanitárias.

Por oportuno, no mês de Setembro, que é chamado de amarelo, a cor que lembra o Sol, verão, prosperidade, felicidade e desperta a criatividade, é interessante a utilização da temática no meio espírita.

Daí a importância dos estudos, palestras e seminários que possam chamar atenção para a defesa da vida, no sentido de se valorizar a existência corpórea e o processo de educação espiritual.

Referências:

1) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro Guillon. O livro dos espíritos. Q.880. FEB.

2) Vieira, Waldo. Pelo espírito André Luiz. Conduta espírita. Cap. 34. FEB.

3) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito André Luiz. Missionários da luz. Cap. 12. FEB.

4) Franco, Divaldo Pereira; Chefaly, Lourival Perri; Carvalho, Antonio Cesar Perri (Org.). Em louvor à vida. 2.ed. Salvador: LEAL. 2017, p.52.

5) Pereira,Yvonne Amaral. Pelo espírito Camilo Cândido Botelho. Memórias de um suicida. FEB. 688p.

6) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Araçatuba: Cocriação. 2021. 632p.

(Foi dirigente espírita em Araçatuba; presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e da Federação Espírita Brasileira).

“Tia Bebé” – 20 anos depois

“Tia Bebé” – 20 anos depois

    

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Conhecida como “tia Bebé”, Josefina Perri Cefaly de Carvalho faleceu em Araçatuba em 05/09/2003. Vinte anos depois, seu nome designa o Clube da Vovó da Instituição Nosso Lar e o Clube do Livro Espírita de Araçatuba.

Sempre recordada por muitas pessoas, pois sua residência e os núcleos onde atuava, eram autênticos postos de atendimento aos que a procuravam em busca de consolo, apoio fraterno e espiritual.

Conhecida pelo apelido Bebé, nasceu aos 15/12/1925 em São Carlos (SP). Com o falecimento de sua genitora em São Paulo, ela e os irmãos Rolandinho e Walter, foram levados para viver com a avó e tios em Araçatuba. Bebé viveu com os tios Gertrudes Perri e Albino Marinelli e o convívio, apoio e amor por parte da família foi muito importante para ela.

Na sua adolescência testemunhou o atendimento à avó Rosana, feito por Benedita Fernandes, e seu depoimento está registrado no nosso livro Benedita Fernandes. A dama da caridade.

Antes de tornar-se espírita, teve contatos com espíritas, como os jovens Ivan Santos de Albuquerque (1918-1946) e seus familiares; Almir Rodrigues Bento (1918-1945), autor de vários livros, e homenageado em cadeira da Academia Araçatubense de Letras.

Desde jovem trabalhou na secretaria da Escola Técnica de Comércio D.Pedro II e Ginásio Araçatubense, de propriedade dos tios Joaquim Dibo e Fausto Perri. Formou-se professora primária em 1944 e exerceu o magistério: Escola Municipal de Vila Operária, Escola Estadual da Água Limpa, Grupo Escolar José Cândido; com a mudança em 1954 para São Paulo: na Escola Estadual Macedo Soares e no Grupo Escolar da Vila Espanhola. Ao retornar para Araçatuba, atuou na Delegacia de Ensino de Araçatuba, no Grupo Escolar Francisca de Arruda Fernandes e, até a aposentadoria, no Grupo Escolar Índio Poti. Atuou em equipe para aperfeiçoamento do professor na Delegacia de Ensino de Araçatuba.

Casou-se com Rodolfo Graça de Carvalho (1917-1988), e tiveram os filhos: Antonio Cesar, Antonieta Maria Cristina, Paulo Sérgio e Aldo Luís.

Ao se tornar espírita, inicialmente conviveu com a médium Irma Ragazzi Martins e frequentou o Centro Espírita Amor e Caridade (Biriguí), dirigido pelo casal Linda e João Dias de Almeida. Em 1959, participou da fundação do Grupo de Estudos Evangélicos, na residência de Emília Santos. Com essa médium e Rolandinho fundaram a Instituição “Nosso Lar”, inaugurada em 02/06/1961; depois desdobrada com a Casa Transitória, Casa da Sopa Emília Santos, Creche João Luiz dos Santos e Centro Espírita Luz e Fraternidade. Coordenou a Creche, colaborava como expositora em cursos; apoiava e participava de eventos espíritas da cidade e região; coordenou o Clube do Livro da UMEA.

Como anfitriã, hospedou muitos expositores espíritas, como Divaldo Pereira Franco que psicografou algumas mensagens nesse lar. Em várias oportunidades, visitou Chico Xavier em Uberaba, em São Paulo; no apartamento do irmão Lourival, no Rio de Janeiro, acompanhou a visita de Chico Xavier.

Durante a enfermidade do irmão Rolandinho, prestou apoio, hospedando-o em sua residência, e com a desencarnação dele (1997), como vice-presidente, ela assumiu a presidência das instituições.

Vinte anos após sua “partida” há agradáveis recordações registradas entre os filhos, noras, genro, netos, familiares em geral e muitos amigos.

(O autor é escritor, foi dirigente espírita em Araçatuba, foi presidente da USE-SP e da FEB, escreve para a coluna Face Espírita)

Transcrito de:

Folha da Região, Araçatuba, 13/09/2023, p.2.

O trabalho que amplia o acesso à história do espiritismo

Klaus Chaves Alberto: O trabalho que amplia o acesso à história do espiritismo

Entrevista por Eliana Haddad

“Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o arquiteto e urbanista Klaus Chaves Alberto coordena o trabalho de organização, tradução e publicação dos acervos de cartas e documentos originais de Allan Kardec, que estão sendo disponibilizados digitalmente na plataforma da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, através de um portal de pesquisa intitulado Projeto Allan Kardec. Klaus é membro do NUPES, Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde, e explicou ao Correio Fraterno como funciona esse projeto e a importância de tê-lo associado aos temas da pesquisa acadêmica em uma universidade. Como começou o seu envolvimento nesse projeto para disponibilizar documentos e manuscritos de Allan Kardec no portal online? O CDOR, Centro de Documentação de Obras Raras da FEAL, Fundação Espírita André Luiz, nos procurou para avaliar o interesse em disponibilizar publicamente os documentos de seu acervo. A organização e a disponibilização digital de acervos, antes restritos apenas a consultas presenciais, são um trabalho relevante para qualquer campo de investigação. O The Newton Project, da Universidade de Oxford, e o Darwin Correspondence Project, da Universidade de Cambridge, são exemplos desse esforço. No NUPES, já cultivávamos a ideia de fazer algo semelhante com Allan Kardec, considerando tanto a importância de suas investigações, realizadas no século 19, quanto o seEntrevista por u impacto na cultura nacional. Com a procura pelo CDOR, criou-se uma oportunidade imperdível para concretizar estas ideias.

P – Como é realizado esse trabalho?

R – O principal trabalho do projeto é a realização de transcrições e de traduções dos manuscritos. Para isso, todo documento é analisado por diferentes tradutores, garantindo sempre a participação de um nativo na língua francesa. Os tradutores seguem uma política editorial do projeto, no entanto, eventuais dúvidas e questionamentos sobre aspectos específicos da tradução são debatidos entre eles e também com outros pesquisadores da história do espiritismo para garantir a qualidade do documento a ser disponibilizado.

P – Quais as conquistas do projeto até o momento?

R – Uma das conquistas foi a ampliação dos acervos disponibilizados. Iniciamos o projeto com apenas um acervo (coleção Canuto Abreu) e, atualmente, trabalhamos com a disponibilização de manuscritos de mais dois acervos distintos (AKOL e Forestier), reunindo 191 documentos. Outra conquista foi a criação de ferramentas de busca no portal, que contribuem para a localização de dados específicos nos manuscritos. Disponibilizamos também uma linha do tempo que permite a visualização dos manuscritos em sua relação com outros eventos que ocorreram na mesma época. Todas estas conquistas representam o esforço para garantir a melhoria do serviço prestado pelo portal.

P – Quantos documentos já estão disponibilizados?

R – Atualmente temos 163 manuscritos transcritos e traduzidos, 28 sem tradução, 15 imagens e nove minibiografias.

P – Ainda existem muitos documentos históricos inéditos para serem divulgados?

R – O trabalho ainda está começando; temos muitos manuscritos para transcrever e traduzir. Nossa equipe é composta por voluntários, com ela conseguimos realizar aproximadamente 10 transcrições e traduções por mês. Como os acervos são grandes, temos alguns anos de trabalho pela frente.

P – Qual a importância de se ter acervos como esses numa universidade?

R – Tais acervos disponibilizam fontes primárias inéditas sobre Allan Kardec, o que permite investigações mais densas sobre seus métodos de investigação, suas relações pessoais e mesmo novas informações sobre aspectos de sua biografia. Além disso, esses documentos contribuem para um melhor entendimento do contexto em que Allan Kardec vivia. Neste sentido, interessam também para pesquisadores que trabalham com o aspecto pedagógico, social, científico e político da época.

P – O que falta fazer ainda?

R – Nosso principal objetivo é disponibilizar publicamente os manuscritos transcritos e traduzidos o mais breve possível. No entanto, já estamos trabalhando no aperfeiçoamento da forma de apresentar esses documentos por meio da inclusão de notas de tradução em alguns dos manuscritos recentes. Como comentei, a inserção de dados na linha do tempo e no sistema de buscas também é um trabalho que está em andamento.

P – Você acha que há riscos de a descoberta das fontes primárias possibilitar algum entendimento adverso em relação às obras publicadas de Kardec?

R – Em qualquer pesquisa histórica, o acesso a novos acervos ou a novas fontes primárias pode trazer informações que não haviam sido consideradas anteriormente. Estas podem gerar revisões relevantes no conhecimento atual sobre o tema, no entanto, no meio acadêmico, é natural que ocorram interpretações distintas sobre o mesmo objeto. Neste cenário, são produzidas novas publicações e debates para melhor avaliar uma questão antes de se tornar consensual. Este processo garante um entendimento mais preciso de um fato, período ou mesmo de aspectos biográficos de um personagem histórico.

P – Como o movimento espírita pode aproveitar melhor todo esse trabalho que vem sendo desenvolvido pelo projeto?

R – O movimento espírita, assim como os pesquisadores e o público geral, pode contextualizar melhor o conhecimento que possui sobre Allan Kardec e mesmo sobre a construção da teoria espírita.

P – O material pode ser reproduzido em citações? Quais as regras?

R – Qualquer pessoa pode compartilhar itens disponíveis em nosso acervo digital, bastando mencionar os titulares dos direitos autorais e inserir a URL do item no acervo digital do Projeto Allan Kardec. Ao acessar os documentos, estão disponibilizadas as formas de citação, tanto no formato ABNT quanto no formato Vancouver. No entanto, é proibida a distribuição, publicação e comercialização de qualquer conteúdo disponibilizado nessa plataforma digital, em qualquer outro veículo, impresso ou digital, sem a prévia e expressa autorização dos responsáveis.

Para acessar os documentos (copie e cole): https://projetokardec.ufjf.br/

A importância das fontes primárias

• Atualmente, os espíritas representam o terceiro maior grupo religioso do Brasil e Allan Kardec se tornou um dos pensadores franceses de maior influência sobre a sociedade brasileira. Milhões de exemplares de seus livros já foram impressos no país. Ele é provavelmente o autor francês mais lido no Brasil, o que ressalta a necessidade da ampliação de estudos acadêmicos sobre a vida, obra e pensamento desse pensador francês.

• O Projeto Allan Kardec trabalha para ser referência para fontes históricas primárias ligadas a Allan Kardec. Realiza parcerias com instituições e colecionadores que possuam manuscritos originais do escritor, e também com pesquisadores colaboradores para as transcrições, traduções e análises dos materiais.

(Fonte: Apresentação do Projeto Allan Kardec, no site da UFJF).

Transcrito de:

Correio.News, 08/06/2023 (copie e cole): https://correio.news/entrevista/klaus-chaves-alberto-o-trabalho-que-amplia-o-acesso-a -historia-do-espiritismo

Um papo aberto sobre racismo e espiritismo

Um papo aberto sobre racismo e espiritismo

Por Eliana Haddad

Adolfo de Mendonça Júnior, 54 anos, é historiador e especialista em língua portuguesa. Natural de Franca, SP, tem atuado no movimento espírita como articulista e palestrante. É pesquisador e tem participado de encontros da Associação Brasileira de História Oral e da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. Trabalhador do Grupo Espírita Luz e Amor, Adolfo é membro do Núcleo de Pesquisadores Espíritas Agnelo Morato, grupo fundado em 2017 e que tem por finalidade aproximar estudiosos e interessados no desenvolvimento de pesquisas sobre a temática espírita em uma perspectiva acadêmica, tendo como referencial teórico a obra de Allan Kardec. Com artigos publicados no Jornal de Estudos Espíritas (JEE), Adolfo tem se debruçado sobre a questão do racismo. Seu artigo "Allan Kardec, a ciência e o racismo" também foi traduzido para o francês e publicado na Revista Espírita do primeiro trimestre de 2019.

Convidado pelo Correio Fraterno, Adolfo concedeu-nos a seguinte entrevista:

Como analisa a pauta atual sobre racismo no Brasil e no mundo?

A agenda racista, tanto no Brasil quanto no mundo, é ampla, multifacetada e não tem sido totalmente discutida. Ela é fruto da escravidão e de uma narrativa racista que coloca os brancos como superiores, responsáveis por trazer ‘progresso’ para suas colônias. Para se compreender melhor essa pauta, é necessário analisar a história e a formação estrutural das colônias europeias no século 16. Também é importante examinar as estruturas históricas dos países africanos, asiáticos, americanos e da Oceania, que ainda sofrem as consequências da exploração imposta pelos estados capitalistas no contexto do neocolonialismo no século 19. A suposta superioridade da raça branca foi usada para justificar a exploração e opressão dos povos coloniais, o que explica as raízes do desenvolvimento do racismo estrutural. A exploração econômica, os sistemas opressores e as práticas discriminatórias marcaram profundamente as estruturas sociais, políticas e econômicas das áreas colonizadas. Abordar essa história e a formação estrutural dos países colonizados é fundamental para entender as bases do racismo contemporâneo. No Brasil, o debate e a conscientização sobre o racismo aumentaram nos últimos anos, ganhando destaque em áreas como ativismo, academia e mídia. Movimentos sociais, coletivos, figuras públicas e independentes têm feito campanhas contra a discriminação racial. O debate internacional sobre o racismo intensificou-se, impulsionado por movimentos como o Black Lives Matter (Vidas negras importam) nos EUA, que combatem a brutalidade policial e a desigualdade racial. Países estão formando suas forças policiais para lidar com o uso excessivo de força. Empresas e organizações também estão sendo convidadas a examinar suas práticas internas para promover a igualdade.

E no espiritismo? Afinal, como os espíritas devem se posicionar com relação às acusações de que Kardec era racista?

O anacronismo é um conceito histórico importante que devemos considerar ao analisar as sociedades do passado. Aplicar conhecimentos e valores atuais a essas sociedades distorce nossa compreensão. Cada sociedade tem sua própria dinâmica e evolui com base em diferentes fatores. Antes de tirar conclusões ou fazer julgamentos, é necessário ter um conhecimento mais aprofundado da cultura e do ambiente em que vivem essas sociedades. O racismo é o ódio e o desprezo dirigidos a alguém ou a um grupo étnico considerado inferior. É também uma ideologia da classe dominante, capitalista e predominantemente branca, que pode ser expressa por meio de linguagem ofensiva, insultos, agressões físicas, exclusão social, segregação, etc. O racismo não é apenas ódio pessoal, mas um sistema complexo de opressão e desigualdade que afeta muitos aspectos da vida. As manifestações de racismo podem ocorrer por meio de atitudes abertamente racistas, ou mais sutilmente, por meio de estereótipos, viés inconsciente e discriminação velada. Portanto, seria injusto e desonesto dizer que Allan Kardec odeia certas pessoas ou grupos. Seria perder de vista a essência de seu ensinamento, pois seu trabalho está intrinsecamente ligado à prática do amor e da caridade, transcendendo qualquer forma de preconceito ou discriminação.

Como historiador, o que você pode nos esclarecer sobre os trechos considerados racistas nas obras de Kardec?

Allan Kardec era um homem de seu tempo. Ele se utilizou do conceito de racialismo, ou racismo científico, que estava em voga e que apresenta a ideia de desenvolvimento das raças. Em meu entendimento, conforme o estado evolutivo, os espíritos simples e ignorantes tendem a reencarnar em corpos mais grosseiros ou menos grosseiros, enquanto os espíritos mais adiantados reencarnam em corpos supostamente superiores. É por isso que ele chegou a afirmar: "Um chinês, por exemplo, que progredisse suficientemente e não encontrasse mais em sua raça um meio correspondente ao grau que atingiu, encarnará entre um povo mais adiantado" (O que é o espiritismo, cap. III – “Solução de alguns problemas pela doutrina espírita”, item 143: O homem durante a vida terrena). Fazendo uma analogia com o perispírito, que é mais grosseiro ou menos grosseiro conforme o estado evolutivo do ser, assim Kardec preconizava o conceito de raça, uma categorização que pretende classificar o corpo humano, pautando-se em características físicas e hereditárias, como a cor da pele, a forma do ângulo facial, do crânio, dos lábios, do nariz, do queixo etc. Kardec se referia à raça ou ao corpo carnal e não ao espírito. Como historiador não uso anacronismos, ou seja, o conceito de raça preconizado por Kardec era cientificamente aceito em sua época e, se ele for considerado racista, todo pesquisador do século 19 também é racista.

Você é de opinião que a obra de Kardec necessite de revisão nesse sentido?

O livro dos espíritos tem mais de 160 anos. Desde então, muita coisa mudou e a humanidade avançou científica, cultural, econômica, política e socialmente. Conceitos como "povos selvagens" e "civilizados" foram revistos pela academia. Devemos considerar os avanços da ciência e atualizar pontos que por demonstração já foram ultrapassados, continuando o trabalho de Kardec de desenvolvimento da ciência espírita. Não podemos alterar o texto de um autor, mas podemos, por exemplo, acrescentar notas de rodapé e comentar as atualizações feitas pela ciência. Segundo Kardec, o espiritismo não se afastará da verdade e não tem nada a temer, desde que sua teoria continue sendo baseada na observação dos fatos. O espiritismo ainda tem muito a dizer sobre suas consequências, mas sua base é inquebrantável por estar fundamentada nos fatos, conforme comentários na Revista Espírita de fevereiro de 1865, sobre a perpetuidade do espiritismo.

Como lidar atualmente com teorias científicas do passado que são contestadas pela ciência contemporânea?

O espiritismo não tem nada a temer. A ciência se transforma com os avanços do progresso, estando em constante evolução e buscando validar e aprimorar suas teorias e descobertas por meio de métodos científicos rigorosos. É comum no meio científico que uma nova descoberta ou revelação precise ser validada pela comunidade científica antes de ser amplamente aceita. Nesse sentido, considerando que não cabe à comunidade científica contestar os princípios fundamentais do espiritismo, posto que o objeto de estudo da ciência é o princípio material e o objeto de estudo do espiritismo é o princípio espiritual, cabe a nós, espíritas, utilizar eventos e periódicos espíritas de natureza científica, como o Enlihpe e o JEE, para estabelecer um mainstream espírita e promover a ciência espírita, realizando estudos consistentes, testando e comprovando as novas revelações.

E preconceito no movimento espírita? Existe ou não? Qual sua visão sobre as minorias nas atividades espíritas?

Sim, há preconceito no movimento espírita, assim como há desigualdade social e econômica entre diferentes etnias. Há poucos pretos em cargos administrativos em centros espíritas ou em órgãos federativos e poucos palestrantes pretos espíritas. Tenho a sensação de ser visto como alguém que "conquistou" seu espaço por meritocracia, mas não acredito nessa ideia. Muitos amigos pretos não tiveram as mesmas oportunidades e deixaram de frequentar centros espíritas por causa dos gastos com eventos e palestras. É preciso avançar neste debate. Sou defensor do movimento de unificação e acredito que os dirigentes espíritas precisam considerar as desigualdades sociais ao organizar suas atividades. Apesar das restrições financeiras das federativas espíritas, é preciso incluir os excluídos e dar oportunidades aos que desejam conhecimento, mas não dispõem de recursos financeiros. Devemos envolver as minorias nas atividades espíritas. Elas enfrentam diferentes formas de discriminação e marginalização. É importante combater o racismo e o preconceito de todos os tipos, promover a igualdade, o respeito mútuo e valorizar a diversidade. Isso requer conscientização, educação, políticas antirracistas e engajamento em discussões construtivas para promover a dignidade humana e a justiça social.

Transcrito de:

Correio.News, 09/08/2023 (copie e cole): https://correio.news/entrevista/um-papo-aberto-sobre-racismo-e-espiritismo

Em nome do evangelho e a união

Em nome do evangelho e a união

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho

    

Há 75 anos, no dia 14 de setembro de 1948, Chico Xavier psicografou em Pedro Leopoldo (MG), a mensagem “Em nome do Evangelho”, assinada pelo espírito Emmanuel. Era dirigida aos participantes do 1o Congresso Nacional Espírita em São Paulo, que seria realizado em São Paulo, no final de outubro de 1948, promovido pela USE-São Paulo, contando com a atuação preparatória de lideranças e federativas dos Estados do Sul do país.

A mensagem é histórica – primeira sobre união e unificação -, e foi utilizada no evento em São Paulo e publicada nos Anais do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, São Paulo (1948).1 

Interessante é a colocação do autor espiritual, abrindo com transcrição do versículo “Para que todos sejam um” (João, 17:22) e iniciando com comentários: “Reunindo-se aos discípulos, empreendeu Jesus a renovação do mundo”.

Mais à frente, Emmanuel recomenda: “Compreendendo a responsabilidade da grande assembleia de colaboradores do Espiritismo brasileiro, formulamos votos ardentes para que orientem no Evangelho quaisquer princípios de unificação, em torno dos quais entrelaçam esperanças”.

Nos trechos finais, o autor espiritual reafirma aos congressistas: “Reunidos, assim, em grande conclave de fraternidade, que os irmãos do Brasil se compenetrem, cada vez mais, do espírito de serviço e renunciação, de solidariedade e bondade pura que Jesus nos legou”. Em parágrafos de conclusões, Emmanuel alerta: “O mundo conturbado pede, efetivamente, ação transformadora”.

Essa mensagem foi incluída e analisada em livro de nossa autoria “União dos espíritas. Para onde vamos?”2 e foi utilizada em evento da USE-SP, comemorativo dos 70 anos da realização do 1o Congresso Nacional Espírita, efetivado na capital paulista em outubro de 2018.3

Nesse texto histórico, Emmanuel faz colocações sobre o real sentido do “modus vivendi” nas ações e relações relacionadas com a união dos espíritas.

As palavras empregadas: espírito de serviço, renunciação, solidariedade e bondade, devem servir de parâmetro para reflexões e avaliações das atividades de união dos espíritas, “para que todos sejam um”.

Referências:

1) Anais do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita: https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2020/02/anais_1_congresso.pdf;

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. União dos espíritas. Para onde vamos? Capivari: EME. 2018. 142p.

3) 70 anos do 1o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita: https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2020/02/palestra_70_anos.pdf

RELEMBRANDO OS DIRIGENTES DA FEB

RELEMBRANDO OS DIRIGENTES DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA (*)

De: Ismael Gobbo – BOLETIM DIÁRIO DE NOTÍCIAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA – 16/08/2023.

  

“[…] Achamos conveniente relacionar os Presidentes da importantíssima entidade do Movimento Espírita Brasileiro – Federação Espírita Brasileira, mundialmente conhecida. Dos 17 (dezessete) Presidentes que relacionamos, apenas dois encontram-se entre nós encarnados desenvolvendo seus importantes trabalhos: o 16o Antonio Cesar Perri de Carvalho e o atual presidente 17o Jorge Godinho Barreto Nery. São pessoas com profundo conhecimento da Doutrina Espírita e podem abrilhantar eventos nacionais e internacionais. Aos encarnados e desencarnados estendemos nossa gratidão desejando muitas felicidades.

Abaixo colocamos os 17 presidentes da FEB:

1) Francisco Raimundo Ewerton Quadros (mandato de 1884 a 1888).

2) Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (mandatos: 1889; 1895-1900).

3) Francisco de Menezes Dias da Cruz (mandato 1890-1894).

4) Júlio Cesar Leal (mandato 1895).

5) Leopoldo Cirne (mandato 1900-1913).

6) Aristides de Souza Spínola (mandatos: 1914, 1916-1917 e 1922-1924).

7) Manuel Justiniano de Freitas Quintão (mandatos: 1915, 1918-1919 e 1929).

8) Luís Olímpio Guillon Ribeiro (mandatos: 1920-1921 e 1930-1943).

9) Luiz Barreto Alves Ferreira (mandato: 1925-1926).

10) Francisco Vieira Paim Pamplona (mandato: 1927-1928).

11) Antônio Wantuil de Freitas (mandato 1943-1970).

12) Armando de Oliveira Assis (mandato 1970-1975).

13) Francisco Thiesen (mandato 1975-1990).

14) Juvanir Borges de Souza (mandato 1990-2001).

15) Nestor João Masotti (mandato 2001-2013, mas afastado desde 2012).

16) Antonio Cesar Perri de Carvalho (mandatos: interino 2012-2013, efetivo 2013-2015).

17) Jorge Godinho Barreto Nery (a partir de 2015).”

Ex-presidentes recentes:

Nestor João Masotti (21/06/1937 – 03/09/2014)

LEIA A BIOGRAFIA AQUI (copie e cole): https://www.febnet.org.br/portal/wp-content/uploads/2019/12/Nestor-Jo%C3%A3o-Masotti.pdf

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Antonio César Perri de Carvalho (Araçatuba, 21-05-1948. Reside em São Paulo)

LEIA A BIOGRAFIA AQUI (copie e cole): http://grupochicoxavier.com.br/o-livro-pelos-caminhos-da-vida-e-o-autor/

(*) Transcrição parcial de texto de Ismael Gobbo – BOLETIM DIÁRIO DE NOTÍCIAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA; EDIÇÃO DE QUARTA-FEIRA, 16-08-2023. Acesse o link (copie e cole): https://www.noticiasespiritas.com.br/2023/AGOSTO/16-08-2023.htm

Papel de O Clarim

Papel de O Clarim

            

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho

No dia 15 de agosto o jornal O Clarim, fundado por Cairbar Schutel, completou 118 anos de circulação ininterrupta.

Cairbar Schutel fundou em Matão o Centro Espírita Amantes da Pobreza e aos 15 de agosto de 1905 o jornal O Clarim.

Quando definia um nome para seu jornal, houve o diálogo: "Não queremos um jornal para gritar de alto e bom som que nossa profissão de fé agora é a espírita?" obtemperou alguém – "Então chamá-lo-emos "O Clarim". Que clarinadas seriam? Aquelas originárias do pioneirismo de Cairbar Schutel na Casa Editora O Clarim, de Matão, que apresenta um clarim do Espiritismo sobre o mundo.

Destacamos que Cairbar de Souza Schutel (1868-1938) foi destacado cidadão radicado em Matão (SP), tendo atuado como farmacêutico, primeiro Prefeito Municipal da cidade, histórico pioneiro e divulgador espírita. Era conhecido com o título de "O pai dos pobres", pelo fato de doar remédio de graça aos carentes e utilizava sua própria casa para acolher doentes. Conquistou o respeito da população da cidade e região, superando muitas perseguições de natureza religiosa.

Em 1925 lançou a Revista internacional de espiritismo. A RIE desde os tempos iniciais divulgou textos de autoria de lideranças espíritas de várias partes do mundo. Cairbar Schutel mantinha correspondência com Léon Denis, Gabriel Delanne, Oliver Lodge e outros luminares dos estudos e pesquisas espíritas.

Editou dezenas de livros e foi autor de outro tanto.

Representantes de O Clarim viajavam pelo interior do Estado de São Paulo, inclusive para Araçatuba, nossa terra natal, nos tempos de Benedita Fernandes, para propagação do Espiritismo e divulgação dos livros e periódicos editados em Matão.

O dinamismo de Schutel aparece em registros de ações diversas: apoiou a Coligação Pró-Estado Leigo (1931); criou entidade que pode ser considerada predecessora de ações de união, a Associação Espírita de Propaganda do Estado de São Paulo (1931); iniciou a ação de divulgação sobre imortalidade da alma por ocasião do dia de finados; proferiu aos domingos, as conhecidas quinze "Conferências Radiofônicas", através da Rádio Cultura PRD-4, de Araraquara (1936-1937); compareceu à Semana Metapsíquica de São Paulo em 31 de março de 1937, oportunidade em que conheceu pessoalmente Chico Xavier e ocorreu uma célebre psicografia especular em inglês, assinada por Emmanuel, por intermédio do médium mineiro.

E, sem dúvida, as polêmicas que mantinha com adversários do Espiritismo; as distribuições de O Clarim por ocasião de “finados”; resenhas de livros; noticiário bem variado.

Há pouco, a centenária “dona Ziza” (Adalgisa de Lourdes Antunes), que completou 100 anos em julho de 2023, relatou contatos que teve com Cairbar Schutel, em Matão:

“ ‘Seu’ Schutel, abrindo-me as portas para que, no verdor dos meus 13 ou 14 anos, logo após minha formatura no Colégio São José, eu tivesse meu nome recomendado para trabalhar na Editora, mais especificamente na Redação (aliás, ‘Redacção’, conforme consta na antiga placa ainda afixada à entrada do prédio, hoje Memorial Cairbar Schutel, em Matão), em atividade burocrática utilizando a datilografia e os demais conhecimentos adquiridos no Colégio”.

De nossa parte, colaborador como articulista de O Clarim e da RIE, há mais de 50 anos, reconhecemos que as atividades de Matão fundadas por Cairbar Schutel representam um marco na história do Espiritismo. Muitas vezes recorremos a O Clarim para obter registros históricos e informações sobre ações de vários vultos. Inclusive nosso livro Benedita Fernandes. A dama da caridade, contém muitas informações que obtivemos do tradicional jornal criado por Schutel. Graças a O Clarim, obtivemos valiosas informações que foram utilizadas nessa biografia.

Esse fato aponta sobre a importância de registros escritos da imprensa espírita.

Além de divulgar a Doutrina Espírita, Schutel alimentava os leitores com notícias do movimento espírita do Brasil e de vários países.

Daí nosso respeito, homenagem e gratidão ao nobre vulto e à suas obras pioneiras.

Fontes:

- Entrevista com Dona Ziza Rosito – Trechos extraídos de: Boletim de Notícias do Movimento Espírita – Ismael Gobbo.

- Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Araçatuba: Cocriação. 2021. 632p.

Dirigente Espírita e O Céu e o Inferno

Dirigente Espírita e O Céu e o Inferno

            


A revista digital Dirigente Espírita, órgão da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo enfatizou o livro O Céu e o Inferno, na edição de julho/agosto de 2023:
“No mês de agosto comemoramos os 158 anos de O Céu e o Inferno, quarta obra da codificação de Allan Kardec.
A 1ª obra é O Livro dos Espíritos, que inaugura o Espiritismo sobre a face da Terra. Em seguida, vem O Livro dos Médiuns e O Evangelho segundo o Espiritismo.
Na Palavra da Presidência, Rosana Gaspar aborda o referido livro que relata a situação do Espírito durante e depois da morte, assim como a consequência das atitudes, quando encarnado e como atua a justiça divina.
Cesar Perri faz uma apresentação do conteúdo de O Céu e o Inferno, sob o título “E os futuros “céu” e “inferno”?
Focando a obra O Céu e o Inferno, Luiz Monteiro aborda o tema o céu e o inferno e a valorização da vida: no plano físico e espiritual, Ana Maria de Souza sobre o estudo aprofundado de O Céu e o Inferno;
Uma boa leitura! Julia Nezu – Editora”


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“No mês de agosto, o livro O céu e o inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo completa 158 anos do seu lançamento. Obra fundamental que tem como objetivo principal relatar a situação do Espírito durante e depois da morte, assim como a consequência das atitudes, quando encarnado, e como atua a justiça divina. Este assunto praticamente foi proibitivo por muitos anos no meio acadêmico, sendo considerado qualquer pesquisador interessado no assunto, um místico e assim, desprezado.”
Transcreve trecho do livro:
“Cada um desses exemplos é um estudo, onde todas as palavras têm o seu valor para aquele que nelas refletir com atenção, porque de cada ponto brilha uma luz sobre a situação da alma após a morte, e sobre a passagem, até aqui tão obscura e tão temida, da vida corporal para a vida espiritual (O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo- Kardec, Allan/ Noleto Bezerra, Evandro, 2. ed. Brasília: FEB, 2013. Prefácio).
Se a casa espírita ainda não estudou, este é um bom momento para conhecer, refletir e divulgar esta obra tão importante, mas desconhecida até no meio espírita, O Céu e o Inferno.”
Rosana Amado Gaspar – presidente da USE-SP.
Fonte (copie e cole):

https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2023/08/reDE-196-julho-agosto-2023.pdf