150 anos da desencarnação de Allan Kardec

150 anos da desencarnação de Allan Kardec

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

No 31 de março transcorrem 150 anos da desencarnação do Codificador. O fato ocorreu em Paris, no ano de 1869, entre 11 e 12 horas, quando Kardec contava 64 anos de idade e estava trabalhando no escritório da Passage de Sainte-Anne. Houve repentinamente o rompimento de um aneurisma, sendo chamado seu amigo Alexandre Delanne para um socorro, que foi infrutífero. Alexandre morava num apartamento em outra parte dessa mesma Passage.

O sepultamento de Kardec foi feito no Cemitério de Montmartre. Apenas um ano depois seu corpo foi transladado para o Cemitério Père Lachaise, onde foi construído o dólmen com a famosa frase “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar tal é a Lei”. O túmulo de Kardec, nesse cemitério histórico de Paris, continua a ser dos mais visitados.

A efeméride é lembrada em vários locais e, tradicionalmente, em Paris. A Fédération Spirite Française realiza no dia 30 de março deste ano a comemoração do aniversário da desencarnação de Allan Kardec, a “Journée Allan Kardec”, no Cemitério Père Lachaise, junto ao dolmen; e em auditório, conferência sobre o tema “150 anos da desencarnação de Allan Kardec”.

Passado um século e meio, devemos analisar o impacto e a expansão do Espiritismo.

Com foco em nosso país, nota-se que uma grande quantidade de centros espíritas, perto de 15 mil. Embora a quantidade de espíritas declarados nos censos do IBGE seja relativamente pequena, em torno de quatro milhões, estima-se que o número de simpatizantes das ideias espíritas alcance dez mais a quantidade de espíritas declarados. A quantidade de obras de Kardec publicadas por dezenas de editoras em nosso país é vastíssima, chegando a ser o autor francês mais lido no Brasil. Logo mais, no mês de maio será lançado nas telas de cinema o filme “Kardec”.

Entre muitos fatos, merece destaque que há meio século, o espírito Emmanuel homenageou as obras da Codificação, elaborando pela psicografia de Chico Xavier, os livros: Religião dos espíritos, Seara dos médiuns, Livro da esperança, Justiça divina. Muito embora inúmeros livros de Chico Xavier se refiram às obras de Kardec. Há poucos dias, transcorreram 40 anos da desencarnação de Herculano Pires, o jornalista e filósofo paulista, e que Emmanuel se referiu a ele como “o metro que melhor mediu Kardec”.

Em nossos dias, face às muitas “novidades”, “modismos” e “personalismos”, se faz muito necessária a valorização e o estímulo ao estudo e difusão das Obras Básicas. Daí a importante "Campanha Comece pelo Começo", idealizada por Merhy Seba, patrocinada pela USE-SP em meados dos anos 1970 e aprovada pelo CFN da FEB em novembro de 2014.

Um fato interessante é que apenas tanto tempo após a desencarnação de Kardec é que, nos últimos anos, estão sendo valorizados documentos, periódicos e livros franceses, quase desconhecidos no Brasil, e que apontam para o esclarecimento de episódios que ficaram ocultados ou obscurecidos sobre a vida de Kardec e sua esposa e, especificamente sobre a divulgação de suas obras imediatamente após sua desencarnação. Recentemente têm vindo à tona pesquisas inéditas sobre obras de Kardec e fatos do movimento espírita francês. Em nosso país, justamente próximo ao Sesquicentenário da desencarnação do Codificador eclodiu o início da divulgação de manuscritos de sua autoria e de documentos, o chamado Projeto “Cartas de Kardec”, riquíssimo acervo que estava em poder da família de Silvino Canuto Abreu e que foram doados à Fundação Espírita André Luiz, de São Paulo.

150 anos após a desencarnação de Kardec, a maior homenagem a ser prestada ao valoroso espírito será sempre o estudo, a divulgação e prática do Espiritismo de conformidade com suas Obras Básicas.

(*) – Ex-presidente da USE-SP, da FEB; e ex-membro da Comissão Executiva do CEI.

Madame Kardec na Vila Ségur

Madame Kardec na Villa Ségur

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Nas primeiras viagens a Paris, início dos anos 1970, registradas na Revista Internacional de Espiritismo, visitamos locais históricos ligados ao Codificador, e, inclusive estivemos no local onde havia a Villa de Ségur.

Nas anotações de Allan Kardec há registros sobre os projetos para a Villa Ségur. Kardec se preparava para sua aposentadoria na Villa Ségur e a transferência da livraria para um novo endereço, que seria no início de abril de 1869 a da Rue de Lille. Mas, poucos dias antes foi colhido pela desencarnação.

A vila de Ségur (Villa de Ségur, em francês) era, àquela época, uma área praticamente rural, se comparada à turbulência urbana do centro de Paris. Lá, o casal Kardec adquiriu uma grande propriedade, onde o codificador pretendia construir um grande complexo espírita, incluindo um museu do Espiritismo e um asilo para os confrades menos favorecidos, além de uma residência particular para ele e sua esposa. Kardec reformou Ségur e construiu quatro casas, e uma quinta para um tal Roquet que, posteriormente a Sra. Kardec a comprou.  

Não houve tempo para ele realizar todo o projeto, mas foi lá que a viúva Kardec morou até sua desencarnação.

Recentemente há informações que têm vindo à tona com base em documentações: o livro da amiga do casal Kardec, a sra. Berthé Froppo, apenas traduzido para o português em 2017: Beaucoup Lumière; o livro Madame Kardec, a história que o tempo quase apagou, de Adriano Calsone; e informações disponibilizadas pela página eletrônica "Imagens e Registros Históricos do Espiritismo", sempre com a colaboração de Charles Kempf.

Agora essa página eletrônica divulga a planta baixa da Villa Ségur (com todos os créditos a Charles Kempf), a ilustração da rua e o detalhamento de algumas cifras.

E informam também que está comprovado que a viúva de Kardec, recebeu herança de sua família. A herança do pai de Amélie não foi compartilhada com o irmão, que já havia falecido, conforme foi comprovado. Amélie recebia 32 aluguéis provenientes de cinco edificações na Villa Ségur. A informação sobre 32 locações é de Berthe Fropo (Beaucoup Lumière), assim como sobre as cinco edificações, que aliás, não eram todas térreas. A renda anual destes aluguéis seria de 12.169 francos, conforme deduzimos de seu inventário (Berthé Froppo fala de 8.000 a 10.000 francos na revista Le Spiritisme da 2ª quinzena de outubro de 1883). Pode-se confirmar também cinco edificações na planta baixa. Mas parte deste dinheiro deveria estar sendo doado a sete pessoas, que continuariam recebendo trimestralmente uma renda vitalícia, como se registra no seu testamento e no seu inventário. E algumas destas pessoas também ajudariam os enfermos e idosos. A fonte desta última informação é a correspondência da Sra. Jouffroy à revista Le Spiritisme da 1ª quinzena de fevereiro de 1887, que ainda menciona ocupar "o andar em cima do dela ".

Com o crescimento e replanejamento urbano da capital francesa, a Villa de Ségur, hoje totalmente urbanizada, se enquadra no 7° distrito (arrondissement, em francês), área nobre da cidade,  atrás e próxima da Torre Eiffel. 

Fonte e transcrições parciais:

facebook.com/HistoriaDoEspiritismo / Imagens e Registros Históricos do Espiritismo.

(*) Ex-presidente da FEB e da USE-SP; ex-membro da Comissão Executiva do CEI.

O grande leão de Deus

O grande leão de Deus

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Em portentosa obra sobre o apóstolo Paulo – O grande amigo de Deus1, a autora Taylor Caldwell destaca frases entre os capítulos que são significativas. Dela mesma: “Qualquer semelhança entre o mundo de São Paulo de Tarso e o mundo de hoje é puramente histórica”; de autoria de Santo Agostinho: “Pois ele foi um verdadeiro leão vermelho, o grande leão de Deus”.

Trata-se da romancista britânica Taylor Caldwell que lançou nos EUA em 1970 a obra Great lyon of God (O grande leão de Deus), sobre a vida do apóstolo Paulo. No Brasil a obra foi traduzida com o título O grande amigo de Deus1, sendo muitas vezes editada. A autora Janet Miriam Holland Taylor Caldwell (1900-1985) adota vários pseudônimos em seus livros. Ela também é autora da bem conhecida obra Médico de homens e de almas, sobre Lucas.

No seu livro ela destacou outras nuances sobre Paulo: “muitos romances e livros acerca de São Paulo contaram com maravilhosas minúcias o que ele fez e realizou na vida e nas viagens missionárias. Estou interessada no que ele foi, um homem como nós, como seus próprios desesperos, dúvidas, ansiedades, raivas e intolerâncias, e ‘apetites de carne’. Muitas obras preocuparam-se apenas com o Apóstolo. Estou preocupada com o homem, o ser humano, tanto quanto com o intimorato santo”. Com base em pesquisas e muita inspiração Taylor Caldwell recria em forma de romance a vida de “Saul de Tarshish”, como ela se refere a Saulo de Tarso.

A obra é extremamente interessante e muito rica de detalhes, mas como muitos romances, nem tudo pode ser considerado autêntico do ponto de vista da fundamentação histórica.

Todavia, há fatos sobre a autora que devem ser lembrados. Ela viveu o drama de se declarar católica, não aceitar a reencarnação, e, em vários momentos que foi submetida à regressão da memória, personificava vivências em momentos de várias épocas e, ao retornar ao estado de lucidez ficava surpresa com os relatos registrados pelos profissionais da área psicológica. Certa feita a médium Dorothy Raulenson fez fascinantes revelações sobre a escritora2: “A Sra. Caldwell teria vivido também como dançarina na corte do Imperador Domiciano, em Roma. Naquela existência, teria sido convertida ao Cristianismo pelo próprio apóstolo João, no seu exílio, na ilha de Patmos, isto, de certa forma, explicaria sua familiaridade com as figuras de Paulo e de Lucas, que ela trata com muito carinho e minúcia em dois dos seus melhores livros. A médium menciona ainda a posição religiosa do Espírito Senhora Caldwell: ela vem oscilando milenarmente entre o amor e o ódio, perante a figura de Deus. Ainda hoje, escreve sobre ele com certas tonalidades amorosas, mas o repudia. – O mais curioso, diz a médium, é que lá, muito no fundo, ela pensa que é uma parceira de Deus. Seria, pois, esse invencível orgulho o terrível aguilhão que a leva a atravessar todas as vidas angustiosas e cheias de frustrações?”2

Assim, existe a hipótese de que Taylor Caldwell em alguns momentos escrevesse também em transe, anímico e/ou mediúnico.

Voltando à figura central do romance, Paulo de Tarso. Aos valores humanos destacados pela romancista mesclam-se os espirituais, pois no ambiente das religiões ele é uma marcante referência. Taylor Caldwell é profunda admiradora de Paulo: “Saul exerceu mais influência no mundo ocidental e na cristandade do que a maioria de nós conhecemos, pois o judeu-cristianismo, que ele diligentemente espalhou para o mundo, é o alicerce da jusrisprudência, moral e filosofia modernas do Ocidente…”1

No estudo que elaboramos sobre o cristianismo3 focalizamos o papel de Paulo e buscamos as opiniões de pesquisadores de diferentes épocas.

O conhecido pensador Joseph Ernest Renan considera Paulo como um homem eminente, que desempenhou um dos papéis de mais relevo na fundação do cristianismo, admitindo que seus textos são superiores aos dos outros apóstolos. O historiador Daniel Rops é taxativo: “Lendo o Novo Testamento, ficamos com a impressão de que a sementeira cristã se resume em São Paulo”.3

A essa altura, é oportuna a observação de Taylor Caldwell, destacando o vigor e a coragem do vulto histórico e critica momentos do Século XX: “O judeu-cristianismo defronta-se nestes dias com a maior provação de sua história, pois de forma extensa e terrível tornou-se secular e prega o ‘Evangelho Social’ ao invés do ‘Evangelho de Cristo’.”1

O acadêmico e pároco anglicano contemporâneo Nicholas T. Wright, autor de estudos sobre Paulo, opina que a ação do Apóstolo tem “uma dimensão política, entrelaçada num tecido único da teologia e de sua vida”, porém destaca que a história vivida e narrada por Paulo “é uma história de amor e não de poder.”3

Essas apreciações são coerentes com a essência do conteúdo do romance Paulo e Estêvão, onde Emmanuel afirma: “Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre que se fizera ouvir nas encruzilhadas da sua vida.”4

Para o filósofo espírita Herculano Pires: “Paulo, que exemplifica o drama da transição da consciência judaica para a cristã, adverte que Deus não deseja cultos externos, semelhantes aos dedicados às divindades pagãs, mas "um culto racional", em que o sacrifício não será mais de plantas ou animais, mas da animalidade, ou seja, do ego inferior do homem. A religião se depura dos resíduos tribais, despe-se dos ritos agrários e da complexidade que esses ritos adquiriram no horizonte civilizado. Torna-se espiritual. Os próprios apóstolos do Cristo não compreendem de pronto essa transição. Pedro chefia o movimento que Paulo chamou "judaizante", tendendo a fazer do Cristianismo uma nova seita judaica. Mas Paulo é a flama que mantém o ideal do Cristo. Inteligente e culto, é um dos poucos homens capazes de compreender a nova hora que surge, e por isso o Cristo o retira das hostes judaicas, para colocá-lo à frente do movimento cristão.”5

Sem dúvida, o apóstolo Paulo foi o maior divulgador e o principal consolidador do cristianismo. Suas viagens, exemplos e textos delinearam o então nascente movimento cristão.6 Todas ações foram possíveis em função de sua autonomia intelectual, determinação e fé inabalável; ele não fazia “médias”.

Portanto é adequado o apelido de “leão de Deus”.

Os depoimentos e recomendações de Paulo devem merecer nosso interesse. Daí a importância do estudo das Epístolas de Paulo à luz do Espiritismo. O principal é captar-se a essência das recomendações ético-morais do Apóstolo. Além da fundamentação nas obras de Allan Kardec contamos com excelentes subsídios da exegese efetivada pelo Espírito Emmanuel em várias obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier.6

Referências:

1) Calwell, Taylor. Trad. Alves Velho, Octávio; Sanz, José. O grande amigo de Deus. 31 ed. Rio de Janeiro: Record. 2014. 700p.

2) Taylor Caldwell – Uma biografia. Consulta em 20/01/2019: www.autoresespiritasclassicos.com/biografias%20espiritas/T/Taylor%20Caldwell.doc

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Cristianismo nos séculos iniciais: aspectos históricos e visão espírita. Cap. 2.5. Matão: O Clarim. 2018.

4) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Paulo e Estêvão. Brasília: Ed. FEB. 2012. 488p.

5) Pires, José Herculano. O espírito e o tempo. 1a Parte, Cap. V. São Paulo: Ed. Pensamento. 1964.

6) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Epístolas de Paulo à luz do espiritismo. 1.ed. Matão: O Clarim. 2016. 188p.

(*) O autor foi presidente da USE-SP e da FEB; ex-membro da Comissão Executiva do CEI.

Extraído de:

Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCIV. No. 2. Edição de março de 2019. P. 79-80.

Nestor, as batalhas e a trombeta

Nestor, as batalhas e a trombeta

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Nestor João Masotti teve intensa atuação no movimento espírita do país e no exterior. Durante décadas, dos eventos jovens até à USE-SP, FEB e CEI, sempre tivemos muito contato e ações conjuntas. Acompanhamos muitas lutas de Nestor em vários níveis e momentos.

Passado poucos anos de sua desencarnação, sentimos falta de menções ao seu trabalho e vimos alguns textos atribuídos ao seu espírito… Parece-nos que deveríamos relembrar sua destacada contribuição.

Aliás, quando se comenta sobre algum vulto do momento ou na condição de “ex”, e, de mensagens mediúnicas no meio espírita, muitas vezes há muitas inferências e inclusões de julgamentos pessoais e parciais. Há poucos anos, em entrevista à TV, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, atendendo à pergunta sobre as continuadas críticas que recebeu dos governos que o sucederam, comentou que ao analisar as informações verificou que em realidade haviam criado um outro “personagem”. O entrevistado citou o conto do conhecido literato argentino Jorge Luís Borges – “Borges y yo”-, incluído no livro O fazedor, onde se comenta as diferenças sentidas por Borges sobre o que divulgam e como ele próprio se vê. Ao final, encerra o conto: “Eu não sei qual dos dois escreve esta página”…

Voltando ao Nestor: inicialmente elaboramos dois textos sobre sua participação internacional.1,2 E, agora, fazemos uma síntese sobre sua atuação nacional.

Durante sua gestão como presidente da FEB o acompanhamos em ações de unificação, de preparação de trabalhadores e de divulgação doutrinária, principalmente em função de nosso encargo como secretário geral do Conselho Federativo Nacional da FEB. Nos momentos complexos em seguida ao abrupto afastamento de Nestor da presidência da FEB, por razões de saúde, por sua indicação assumimos a presidência interina da FEB. Vimo-nos à frente de encargos pesados, mas contamos com a colaboração do Conselho Diretor e Diretoria Executiva da FEB, em reuniões que se fizeram necessárias com periodicidade quinzenal para o equacionamento de situações complexas.

Sobre sua atuação lembramos que Nestor foi presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Esta experiência é que foi ampliada como presidente da FEB, e transcrevemos trechos de livro nosso3:

Nestor João Masotti (Pindorama, SP, 1927; Brasília, 2014). Foi o 21o presidente (2001-2013, mas afastado desde 2012). Antes da presidência foi secretário geral do CFN. Reformulou a sede da Editora da FEB no Rio de Janeiro e estimulou a ampla divulgação das obras de Allan Kardec, a tradução da Revista Espírita e das obras do Codificador. Tentou a retirada de cláusula sobre Roustaing no Estatuto da FEB, mas sua proposta foi interrompida por demorada ação judicial, liberada apenas na época de sua desencarnação. Na sua gestão foram realizados dois Congressos Espíritas Brasileiros (2007 e 2010); comemorações do Bicentenário de nascimento de Allan Kardec com emissão de selo comemorativo pelos Correios; Sesquicentenário de O Livro dos Espíritos com emissão de selo comemorativo pelos Correios e o “Projeto Centenário de Chico Xavier” (2010); foram cunhadas medalhas pela Casa da Moeda em homenagem a Chico Xavier (2010); Sesquicentenário de O livro dos médiuns (2011); Centenário da Sede Histórica do Rio (2011). O CFN aprovou: Atividade de Preparação de Trabalhadores Espíritas (2002), que gerou o curso “Capacitação Administrativa da Casa Espírita”; Campanha “Construamos a Paz Promovendo o Bem!” (2002); “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)”; Campanha “O Evangelho no Lar e no Coração” (2008); Orientação aos órgãos de unificação (2009); Regimento Interno do Conselho Federativo Nacional da FEB (2011). A FEB apoiou: a criação do Movimento Nacional Em Defesa da Vida-Brasil sem Aborto; reforma das instalações da Fazenda Modelo e construção do Memorial do C.E. Luís Gonzaga de Pedro Leopoldo (MG); os filmes “Chico Xavier”, “Nosso Lar” e “E a Vida Continua…” Simultaneamente ao cargo de Presidente da FEB exerceu também o cargo de secretário-geral do Conselho Espírita Internacional.

Entre os momentos do afastamento de Nestor e após sua desencarnação, já como presidente efetivo da FEB tivemos oportunidade de conduzir algumas homenagens, registrando nosso reconhecimento ao amigo de muitos anos.

No dia seguinte à eleição na FEB, no dia 17 de março de 2013, acompanhado de nossa esposa Célia, estivemos em São Paulo especialmente para visitar Nestor e entregar-lhe uma placa de prata, em nome do Conselho Superior e da direção da FEB. Ele se encontrava em fase de tratamento, hospedado na casa de sua irmã Norma. Ali, além das citadas, também estavam presentes sua esposa Maria Euny e o ex-diretor da FEB e da USE-SP Paulo Roberto Pereira da Costa.

Na cerimônia de passagem do Museu Espírita de São Paulo para a FEB, aos 18 de abril de 2013, o ex-presidente Nestor foi homenageado, oportunidade que estavam presentes três diretores da FEB, incluindo nossa esposa, os fundadores do Museu e vários confrades da capital paulista.

Por ocasião da reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, no dia 8 de novembro de 2013, procedemos à inauguração do Espaço Cultural da FEB, em Brasília, e foi introduzida a foto de Nestor na Galeria dos ex-presidentes, contando com a presença dele e esposa para o descerramento da foto.

Na abertura de reunião extraordinária do Conselho Federativo Nacional da FEB, no dia 22 de agosto de 2014, convidamos Nestor para se assentar à mesa, concedemos a palavra e o homenageamos, e este seria seu último aparecimento público.

Três dias após sua desencarnação, na tarde do dia 6 de setembro de 2014, ainda com suas irmãs presentes em Brasília, a esposa, filhos, genro, nora, netos, alguns diretores da FEB e amigos, procedemos à instalação de um painel em homenagem a Nestor no Espaço Cultural da FEB.

 

Dispomos de muita documentação, mas concluímos nosso sintético registro sobre Nestor na FEB lembrando de uma frase de Paulo que ele sempre repetia nas suas exposições verbais:

“Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?” (1 Cor. 14, 8).

Referências:

1. Carvalho, Antonio Cesar Perri. Papel internacional de Nestor Masotti. Revista internacional de espiritismo. Ano XCIV. N.1. Fevereiro de 2019. P.30-32.

2. Carvalho, Antonio Cesar Perri. Nestor Masotti e a divulgação internacional de Kardec. O Consolador. Ano 12. N° 604. Edição de 03/02/2019: http://www.oconsolador.com.br/ano12/604/especial2.html

3. Carvalho, Antonio Cesar Perri. União dos espíritas. Para onde vamos? Cap. 3.4. Capivari: Ed. EME. 2018.

(*) – Foi presidente da FEB (interino de maio de 2012 a março de 2013; efetivo de março de 2013 a março de 2015); diretor e secretário geral do CFN da FEB entre 2004 e 2012; membro da Comissão Executiva do CEI (2007-2016).

QUANDO SE TROCA A EVOLUÇÃO PELA INVOLUÇÃO

Traduções bíblicas…

QUANDO SE TROCA A EVOLUÇÃO PELA INVOLUÇÃO

José Reis Chaves (*)

Quando os tradutores atuais fazem a tradução de uma obra antiga, eles procuram melhorá-la.

Mas com a Bíblia, na verdade eles têm procurado adaptar as ideias dela às suas doutrinas, principalmente as dogmáticas polêmicas.

De acordo com um texto evangélico antigo, até 1950 mais ou menos, e comum em todas as Bíblias, numa conversa de Jesus com Nicodemos, um homem importante entre os judeus, tal texto era assim: “… Em verdade, em verdade te digo que se alguém não ‘nascer de novo’, não pode ver o reino de Deus.” (João 3: 3).

Mas como a ideia da reencarnação se tornou hoje muito comum, a frase ‘nascer de novo’, lembra claramente a reencarnação. Então não deu outra. Os tradutores bíblicos se apressaram em mudar esse texto ‘nascer de novo’. E foi fácil, pois o adjunto adverbial grego “anothen” (de novo) significa também ‘do alto’.

E, assim, a passagem é necessário ‘nascer de novo’, depois de dois mil anos, passou a ser é necessário nascer ‘do alto’. Mas, como se diz, “a emenda ficou pior do que o soneto”, pois, realmente, ficou muito claro que os tradutores de hoje querem mesmo é esconder a ideia da reencarnação!

Outro exemplo está no Velho Testamento. Ele trata da lei de causa e efeito ou cármica muito presente não só na Bíblia, mas também, em outras escrituras sagradas. Ei-lo: “…porque eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos ‘na’ terceira e quarta gerações daqueles que me aborrecem.” (Êxodo 20: 5). Essa era a tradução, “ipsis litteris”, da Bíblia de João de Almeida de 1930. E a sua interpretação é a seguinte: ‘Nas’ suas terceiras e quartas gerações, ou seja, as dos seus netos e bisnetos, os avós e bisavós, que pecaram já teriam desencarnado. Isso quer dizer que os espíritos dos avós e bisavós que pecaram no passado, agora já desencarnados, podem reencarnar em alguns de seus netos (terceira geração) ou bisnetos (quarta geração), isto é, nas terceiras e quartas gerações dos ‘mesmos espíritos’ que pecaram no passado e agora pagam os seus pecados. Era comum entre os povos antigos que os espíritos reencarnavam em seus descendentes, o que, de fato, ocorre.

E os tradutores de hoje trocaram ‘nas’ (em mais as) por ‘até’ as, ficando a ideia absurda de ‘até a’ terceira e quarta gerações, pondo todos os descendentes pagando o pecado dos seus antecedentes (pais) que pecaram, o que seria uma injustiça, e Deus é justíssimo! Na Vulgata de São Jerônimo está também assim “in tertiam et in quartam generationem (‘na’ terceira e quarta gerações, e não ‘até’ a terceira e quarta gerações.

Os tradutores falsificaram, pois, mais esse texto para ocultar a ideia da reencarnação.

Realmente, as traduções novas bíblicas cristãs nem sempre são uma evolução, mas uma involução para o verdadeiro conhecimento da Bíblia e do cristianismo!

PS: Recomendo “Modigliani – Mistérios a um toque de Amor”, de Alex Ribeiro do Prado, Ed. Chico Xavier.

(*) Coluna de O Tempo, de Belo Horizonte.

A economia solidária no livro Paulo e Estêvão

A economia solidária no livro Paulo e Estêvão

André Ricardo de Souza (*)

A obra Paulo e Estêvão, do espírito Emmanuel – psicografada por Francisco Cândido Xavier em 1941 e publicada no ano seguinte pela Federação Espírita Brasileira – foi apontada pelo próprio Chico Xavier em 1970, no programa televisivo de Silvio Santos, como o principal livro decorrente de sua mediunidade. Lido em primeira mão por Rômulo Joviano, chefe de Chico na Fazenda Modelo, onde ocorreu a psicografia por oito meses, o texto foi chamado por aquele homem de “manual do trabalhador cristão”. Algumas descobertas arqueológicas e históricas – sobretudo do professor e pesquisador bíblico estadunidense Harold Hoehner (1935-2009), destacadas pelo estudioso espírita do tema Haroldo Dias – denotam a veracidade dessa obra. Ela traz a trajetória de Paulo de Tarso mediante o apoio de Estêvão, que, de vítima se tornou seu mentor espiritual. Na introdução do livro, Estêvão é apontado por Emmanuel não como o primeiro, mas sim “o grande mártir do cristianismo”. Isto porque no livro Há dois mil anos (FEB, 1939), dos mesmos: autor e médium, é relatado o martírio cronologicamente anterior de Simeão, aquele que encaminhou Lívia, a esposa do senador romano Públio Lêntulo (reencarnação de Emmanuel), ao cristianismo.

Por seu turno, a economia solidária constitui um universo composto de empreendimentos econômicos pautados por princípios igualitários e democráticos, tendo como modelo a cooperativa autogestionária, onde todos os trabalhadores repartem os ganhos do modo mais equânime e equilibrado possível, buscando a convivência fraterna. O maior pensador dessa proposta é Paul Singer (1932-2018), que foi professor de economia na Universidade de São Paulo e condutor, entre 2003 e 2016, da Secretaria Nacional de Economia Solidária no âmbito do Ministério do Trabalho. Autor de fundamentais livros sobre o tema, Singer costumava dizer que a economia solidária havia renascido no Brasil dos anos 1990. Ele fazia menção a experiências históricas, com destaque para a dos pioneiros do cooperativismo autogestionário moderno em 1844 na cidade inglesa de Rochdale. E considerava também algumas experiências comunitárias bem mais antigas.

Paulo e Estêvão apresenta a primeira comunidade cristã, fixada em Jerusalém e chamada de Casa do Caminho, afinal antes de ‘cristãos’, os seguidores de Jesus Cristo eram chamados de “homens do caminho” (para a capital do judaísmo), lugar de onde eram recolhidos indivíduos necessitados: enfermos, deficientes, viúvas e órfãos pobres. A comunidade era mantida sobremaneira com doações de homens abastados da cidade que se solidarizavam com a causa, embora não rompessem com o farisaísmo para abraçar a nova tradição religiosa que nascia. Aristocratas desse grupo impunham constrangimentos judaizantes aos membros da Casa e isso angustiava muito seu líder Simão Pedro, que relata a situação ao ainda novato no apostolado cristão: Paulo de Tarso. Complementando a plantação de subsistência que Pedro já havia estabelecido lá, Paulo propõe algo maior:

“Os órfãos, os velhos e os homens aproveitáveis poderão encontrar atividades além dos trabalhos agrícolas e produzir alguma coisa para a renda indispensável. Cada qual trabalharia de conformidade com as próprias forças, sob a direção dos irmãos mais experimentados. A produção do serviço garantiria a manutenção geral. Como sabemos, onde há trabalho, há riqueza, e onde há cooperação, há paz.”

Tratava-se da formação de um empreendimento de economia solidária para que as pessoas acolhidas pela comunidade cristã, já curadas e refeitas, pudessem trabalhar de modo a buscarem, tanto quanto possível, a emancipação econômica de todo aquele grupo que abrangia cerca de cem pessoas. Paulo então decide fazer uso de suas duras viagens missionárias para a coleta de recursos em prol da viabilização do intento. Passados alguns anos, ele retorna à comunidade portando a “pequena fortuna” que é comovidamente recebida por Pedro. Bem mais tarde, quando Paulo, já idoso, estava à caminho da prisão em Roma:

“(…) mulheres humildes agradeciam os benefícios recebidos de suas mãos. Doentes curados comentavam a colônia de trabalho [empreendimento de economia solidária] que ele sugerira e ajudara a fundar na igreja [comunidade cristã] de Jerusalém e proclamavam sua gratidão em altas vozes.”

Tais trechos estão nos capítulos 5 e 8 da segunda parte do livro. Alguns anos atrás, enquanto Paul Singer ainda atuava na SENAES, tive oportunidade de lhe explicar em que consistia a obra Paulo e Estêvão e também contar tais passagens, ao que ele reagiu com surpresa e alegria. Judeu nascido na Áustria, que viveu no Brasil desde menino, ele se dizia ateu, mas foi a pessoa mais espiritualizada que conheci. Por seus ensinamentos e exemplo de vida, o professor segue inspirando, sobremaneira os que o conheceram e os que compartilham dos valores da economia solidária, algo que é, a meu ver, uma expressão socioeconômica do cristianismo.

Por sua vez o profundo livro de Emmanuel e Chico Xavier vem sendo gradativamente reconhecido como o manual do trabalhador cristão.

(*) Sociólogo, 46 anos, professor e pesquisador agradecido a Adriana Jaeger pelo incentivo para a escrita deste pequeno texto.

Nestor Masotti e a divulgação internacional de Kardec

Nestor Masotti e a divulgação internacional de Kardec

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Há pouco elaboramos uma síntese sobre o “Papel internacional de Nestor Masotti” (1), que empreendeu marcante trabalho no movimento espírita internacional como dirigente do Conselho Espírita Internacional.

Mais de quatro anos após a partida de Nestor (1937-2014) para o Mundo Espiritual, mas bem antes afastado de seus encargos na FEB e no CEI por razões de saúde, e, como mantivemos longa amizade e vivenciamos juntos muitas ações parece-nos oportuno alguns registros.

Aqui destacamos seu foco na divulgação de Allan Kardec no âmbito internacional, inclusive com depoimentos de companheiros de outros países.

Mas essa foi sua ação continuada, iniciando por nosso país. Poucos anos após assumir a presidência da FEB convocou Assembleia Geral para se alterar o Estatuto da Instituição e inclusive retirando o parágrafo sobre o estudo das obras de J.B. Roustaing, sendo colhido de surpresa na abertura do evento com um Oficial de Justiça que trazia decisão liminar de um Juiz para se suspender a Assembleia. Estávamos presente como sócio da FEB. O processo judicial tramitou durante mais de uma década até que uma Desembargadora do Tribunal do Justiça do Rio de Janeiro deu ganho de causa à FEB, representada pelo então presidente, afirmando que o citado parágrafo não era “cláusula pétrea” e que a alteração estatutária poderia ser realizada. Nestor já estava afastado e nós estávamos no final de nossa gestão como presidente da FEB.

Simultaneamente Nestor incentivou e apoiou nova tradução de todas as obras de Allan Kardec, inclusive da coleção Revista Espírita, por Evandro Noleto Bezerra. Obras que foram valorizadas em momentos históricos, as comemorações do Bicentenário de nascimento de Kardec e 150 anos da publicação de O livro dos espíritos.

Algum tempo depois, já organizando a Editora do CEI, foram providenciadas as traduções das obras de Kardec e também de Chico Xavier para vários idiomas, fatos relatados em outro texto.

Em função das citadas efemérides marcantes é que Nestor imprimiu ampla divulgação das obras do Codificador nas ações do CEI. Propositalmente, o 4º Congresso Mundial de Espiritismo, promovido pelo CEI, foi programado para Paris, para se comemorar em terras francesas o Bicentenário de nascimento de Kardec em outubro de 2004. Nestor dedicou-se com afinco junto com Roger Perez, presidente da União Espírita Francesa e Francofônica (USFF). Havia muitas dificuldades a serem superadas e até a definição final da sede do evento, preparativos, programação e divulgação, acompanhamos Nestor em três reuniões preparatórias realizadas em Paris, aproveitando-se outros eventos franceses. O Congresso foi um sucesso marcante!

Dois episódios preparatórios merecem ser registrados sobre a visita a diplomatas da França e do Brasil. No dia 13/5/2004, estivemos com Nestor na Embaixada da França, em Brasília, em visita ao embaixador Jean de Gliniasty, que se mostrou muito interessado nas comemorações em homenagem ao cidadão francês Allan Kardec, no Brasil e na França. Recebeu obras do Codificador em francês e português. Ficou surpreso com as informações sobre os dados quantitativos de edições de obras de Kardec em português e fez inusitado depoimento, ao relatar que na infância tinha familiares que liam obras de Kardec. Logo depois, em seguida à reunião realizada em Paris da Coordenadoria da Europa, do CEI, no dia 26/5/2004, comparecemos com Nestor em audiências na Embaixada do Brasil na França e também estavam presentes dirigentes franceses e Oceano Vieira de Melo. Fomos recebidos pelos 1ºs Secretários Fernando Luís Lemos Igreja e João Tabajara de Oliveira Júnior, este último também com encargos consulares, e pelo próprio embaixador Sérgio Amaral. Todos receberam livros do Codificador e se prontificaram a dar retaguarda ao Congresso Mundial que estava sendo programado. Realmente, durante o evento houve representação da Embaixada do Brasil.

Por ocasião dos 150 anos de O livro dos espíritos, em 23/6/2007, o CEI apoiou e correalizou com a União dos Centros de Estudos Espíritas na Suíça, da realização de marcante comemoração no Castelo de Yverdun – onde Rivail estudou com Pestalozzi -, oportunidade em que atuamos juntamente com Nestor, Charles Kempf, Evandro Noleto Bezerra e Gorette Newton.

A colaboração de Nestor ao movimento espírita francês ocorreu em vários momentos. Em outro texto transcrevemos texto de Charles Kempf, ex-secretário geral do CEI, relatando o trabalho de Roger Perez, da USFF, para recuperar os direitos da Revista espírita, fundada por Kardec, e depois com apoio de Nestor a passagem para o CEI e para Le Mouvement Spirite Francophone, que a edita atualmente. O projeto de Nestor de ampliar a abrangência da Revista espírita teve momentos com edições em espanhol e se mantém em inglês.

Eis relatos interessantes de Vanessa Anseloni (EUA, editora de Spiritist magazine):

“Em dezembro de 2007, visitávamos a FEB, quando Nestor Masotti e Cesar Perri de Carvalho nos convidaram à posição de editora-chefe da Spiritist magazine. Depois de traçarmos um plano básico de consistência e diretriz editorial, iniciamos os trabalhos imediatamente, lançando a edição da Spiritist magazine em abril de 2008 junto ao Segundo Simpósio Espírita Norte-Americano, em Nova Iorque. Graças ao apoio incondicional de Nestor Masotti e Cesar Perri de Carvalho, pudemos publicar edições ininterruptas há mais de 10 anos. A Spiritist magazine pode ser acessada gratuitamente em website (www.spiritistmagazine.org) ou pelo aplicativo Spiritist magazine.”

Vanessa Anseloni também comenta sobre o “Tributo a Chico Xavier”, na ONU, em agosto de 2010:

“Por ocasião dos 100 anos de Chico Xavier, organizamos sob inspiração dos Amigos Espirituais, um Tributo a Chico Xavier na ONU, que reunira mais de 600 pessoas. Nestor Masotti e Cesar Perri de Carvalho vieram do Brasil como representantes da FEB e do Conselho Espírita Internacional. Apesar de nosso esposo, Carlos Dias, ter pago o aluguel do salão da ONU, Nestor Masotti reembolsou-o, a fim de cobrir as despesas do evento inesquecível.”

Em outra publicação trouxemos relatos de Elsa Rossi, dirigente da British Union of Spiritist Societies e membro da Comissão Executiva do CEI, sobre apoio de Nestor a ações na Europa, inclusive com folheto em inglês sobre as obras de Kardec.

Torna-se oportuno trazermos o depoimento de um sul-americano, Fábio Villarraga (Colômbia, membro da Comissão Executiva do CEI):

“Em relação a Nestor podemos dizer o que se segue: foi sob a Secretaria Geral de Nestor Masotti que em um dia do ano de 2002 ele me chamou para dizer que havia sido criado na 8a Reunião Ordinária do CEI a Coordenadoria de Apoio ao Movimento Espírita das Américas e que haviam me designado para Coordenar a da América do Sul. A notícia me deixou muito surpreso e profundamente pensativo. Perguntei-lhe o que deveria fazer. Ele respondeu que iria realizar em Buenos Aires a 1a. Reunião da Coordenadoria da América do Sul em junho de 2003 e que o anfitrião seria a Confederação Espírita Argentina. E assim aconteceu como Nestor havia vislumbrado para o início de um trabalho por toda América do Sul espírita e que tem evoluído e agora em 2019 vamos para o 5o. Congresso Espírita Sulamericano na Bolívia, e também se desenvolverá a 4a. experiência dos seminários de preparação por áreas para trabalhadores do centro espírita. Tudo lembrando esse grande líder e pioneiro espírita como é nosso irmão Nestor João Masotti agora na dimensão espiritual observando as sementes crescerem daquelas que semearam em seu caminho através da Terra." 

No primeiro Congresso Mundial a que Nestor não compareceu, o realizado em Havana (março de 2013), fizemos homenagem ao ex-secretário geral. Agora, em rápidas anotações relembramos algumas destacadas ações internacionais de Nestor Masotti inspiradas no seu persistente projeto de valorizar e estimular o estudo das obras de Allan Kardec.

1 – Carvalho, Antonio Cesar Perri. Papel internacional de Nestor Masotti. Revista internacional de espiritismo. Ano XCIV. N.1. Fevereiro de 2019.

(*) Foi presidente da FEB e membro da Comissão Executiva do CEI.

 

Extraído de:

Jornal digital O Consolador, edição de 03/02/2019, Ano 12 – N° 604: 

http://www.oconsolador.com.br/ano12/604/especial2.html

Papel internacional de Nestor Masotti

Papel internacional de Nestor Masotti

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Nestor João Masotti (1937-2014) exerceu significativo papel no Conselho Espírita Internacional. Quase sete anos após seu afastamento do CEI é oportuna a recordação sobre sua atuação internacional.

Próximo a Nestor, vivemos momentos prévios ao CEI, desde o 1º Congresso Espírita Internacional (Brasília, outubro de 1989) e sentimos o interesse para a criação de uma organização mundial, a motivação de Nestor e a firmeza do presidente da FEB Thiesen. Com atuações do presidente Juvanir Borges de Souza; dos vice-presidentes Nestor e Altivo Ferreira; e do diretor Paulo Roberto Pereira da Costa, ocorreram reuniões em Liège (Bélgica, 1990) e em São Paulo durante o Congresso FEESPÍRITA (1991). Apoiamos esta reunião como presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, inclusive com jantar de confraternização aos representantes de 16 países.

Resultante dessas conversações foi criado o Conselho Espírita Internacional, durante o Congresso Nacional de Espiritismo da Espanha (Madrid, 28/11/1992), com nove países membros, o que foi paulatinamente ampliado. Nestor integrou a Comissão Executiva desde o início e durante muitos anos como secretário geral.

Acompanhamos a reunião da Comissão Executiva do CEI, durante o 1o Congresso Espírita dos Estados Unidos (Miami, outubro de 2000). Já residindo em Brasília, por solicitação e com a coordenação de Nestor colaboramos em ações do CEI na FEB e em vários países: Congressos Mundiais; seminários para preparação de trabalhadores; estímulo para fundação de entidades nacionais nos países; recuperação da Revue Spirite; criações da TVCEI e EDICEI. Nestor estimulou a criação de postos da EDICEI em Winterthur e Miami. Com dinamismo, trabalhava pela autossustentação e descentralização do CEI.

Eis comentários de participantes de momentos importantes do CEI, como Elsa Rossi (Reino Unido; membro da Comissão Executiva do CEI):

“Tenho prestigiado e colaborado em todos os Congressos promovidos pelo CEI, desde sua fundação em Madrid. O chamamento para essa tarefa junto ao CEI aconteceu antes de sua fundação e se fortaleceu no 1o Congresso Espírita Mundial (Brasília, 1995). Já mantínhamos contactos com o exterior e organizamos no período deste Congresso, visitas de delegações a instituições de Curitiba. Solidifiquei esse compromisso, e resolvi emigrar para o Reino Unido, para dar um apoio maior à Europa.”

“Aprendi muito com Nestor e levo no coração a cartilha de seus ensinamentos. Ele não deixava ninguém de fora: jamais excluía pessoas, grupos ou federativas. Aprendi com ele a construir pontes de fraternidade, potencial de união, apoiar os que queriam se disponibilizar ao trabalho da divulgação com instalação de estudos, de grupos mesmo pequeninos, seguindo conselho de Kardec. Aos grupos sem condições de importar livros Nestor os enviava gratuitamente. Ele nos apoiou na preparação do folheto The Spiritist Philosophy Gatherings, visando atender os trabalhadores e frequentadores que não entendem português. Ajudou-nos muito e conseguia apoio da FEB, do CEI ou de pessoas com capacidade para apoiar os eventos em outros países. O CEI de 1992 a 2016 cresceu em tarefas: TVCEI, EDICEI, Revistas, Boletim Trimestral, Congressos, Seminários, Manuais e Campanhas como a oferecida por Portugal “Amor à vida”, para ser adaptada às necessidades dos países.”

Charles Kempf (França, ex-secretário geral do CEI) relata:

“Encontrei Nestor pela primeira vez “por acaso” em Recife, durante reunião regional da FEB em 1991. Mantivemos breve e cordial entrevista, e como eu procurava centros espíritas na França, ele nos informou sobre o CESAK e Cláudia Bonmartin em Paris. Em 1992, passei a ajudar Roger Perez, presidente da USFF, nos contatos com Nestor; participei do 1o Congresso Espírita Mundial e da 2a Reunião Ordinária do CEI (Brasília, 1995) e conheci melhor Nestor, que substituiu Rafael Molina na secretaria geral do CEI. Minha atuação mais ativa foi a partir de 1995.”

Nestor planejava a divulgação dos livros de Chico Xavier pelo CEI e promoveu a tradução e edição destes com autorização da FEB, contando com traduções do francês Pierre-Etienne Jay, que residia em Brasília. O lançamento inaugural e histórico de três livros de André Luiz em francês pela EDICEI foi em Paris (22 e 23/10/2005), durante o Simpósio de Preparação de Trabalhadores e Dirigentes para o Movimento Espírita da União Espírita Francesa e Francofônica, dirigida por Roger Perez. Nestor estava adoentado e credenciou-nos para representá-lo, e, Evandro Noleto Bezerra, diretor da FEB. Conosco nosso filho Flávio, que iria à Europa por conta própria e os livros foram levados em mãos pelos três passageiros; presença de mais de 40 espíritas franceses, como Roger, Charles e o tradutor; Jean Paul Évrard, presidente da União Espírita Belga; representantes da Holanda, Luxemburgo e Canadá.

Elsa Rossi intermediou as traduções para o russo e estivemos juntos no lançamento dessas obras em Minsk (Bielorrússia, novembro de 2009). Com nossa esposa Célia que viajava por conta própria, levamos os livros em mãos. Relata Elsa:

“Em Reuniões do CEI com países membros e convidados, comparecia Spartak Severin, da Bielorússia. Com a amizade, Spartak mostrou-nos suas traduções profissionais do francês ao russo para a TV estatal em Minsk e fiz a ponte com Nestor. Destes contatos nasceram sem custos para o CEI legendas em russo de filmes e de seminários. Ele perdeu o emprego em função das condições de seu país e mediante contrato passou a traduzir para o CEI as obras em russo, de: Kardec, André Luiz, Emmanuel, Yvonne A. Pereira e Divaldo; há outras ainda, sem publicação na EDICEI.”

Históricos esclarecimentos de Charles Kempf sobre a Revista Espírita:

“A continuação da Revue Spirite era a preocupação maior de Roger Perez, que recuperou os direitos em 1988 depois do desvio para a parapsicologia feito pela antiga Union Spirite Française, nos tempos de André Dumas. Roger e sua pequena equipe produziam a Revista “manualmente” com grande esforço. Nestor como Secretário Geral do CEI inspirava uma grande confiança e Roger, com suas inspirações repentinas, solicitou publicamente que o CEI assumisse a edição de La Revue Spirite no 2o Congresso Espírita Mundial (Lisboa, 1998). Na 7a Reunião Ordinária do CEI em Miami (outubro de 2000) esta proposta foi aprovada. Com a colaboração da Editora O Clarim de Matão (SP, Brasil) na composição e impressão, o primeiro número como órgão oficial do CEI saiu no 2o Trimestre de 2001, antes do 3o. Congresso na Guatemala. O CEI se tornou coproprietário da marca em 29/01/2001 e único proprietário em 2009. A Revue Spirite teve versões em espanhol, alguns números em esperanto e russo, um em português e mantém a versão em inglês. A partir do 2o Trimestre de 2011, o CEI transferiu a realização da Revue Spirite ao Mouvement Spirite Francophone, que foi aprovada na Reunião do CEI em Montreal (2012).”.

Nestor participou de eventos na Organização das Nações Unidas. Charles compareceu a convite dele no Millennium World Peace Summit of Religious and Spiritual Leaders, em Nova York (28 a 31/8/2000). A FEB, Divaldo e o CEI assinaram o “compromisso” de paz finalizado no evento. Participamos do “Tributo a Chico Xavier” na ONU, no dia 6/8/2010, organizado por Vanessa Anseloni, com apoio de Nestor e participação de funcionária da ONU Rosely Saad.

Nestor se afastou do CEI repentinamente por razões de saúde no final de maio de 2012. Por indicação dele o substituímos como presidente interino da FEB e Charles Kempf assumiu como secretário geral interino do CEI. Houve reunião da Comissão Executiva do CEI para se tomar conhecimento do novo cenário, pois vários projetos de Nestor ligados à administração e captação de recursos para o CEI estavam interrompidos. Alguns colaboradores tinham delegações para ações e sem conhecimento detalhado de outras áreas; tínhamos delegação de Nestor para os assuntos de unificação. Este cenário induziu a análises técnicas e providências emergenciais de gestão, com apoio da Comissão Executiva do CEI, e, da FEB, pois também convocamos reuniões de seus órgãos colegiados. Acompanhamos a nova etapa do CEI como membro da Comissão Executiva até o final do mandato do secretário geral Charles (2016), e, como presidente da FEB até março de 2015, mantendo os convênios e a retaguarda ao CEI.

Independentemente das dificuldades de menor ou maior intensidade, enaltecemos os esforços de Nestor durante 20 anos para consolidar, dinamizar e dotar o CEI de instrumentos para a difusão internacional do Espiritismo.

(*) Ex-presidente da FEB e da USE-SP; ex-membro da Comissão Executiva do CEI.

Extraído de:

Carvalho, Antonio Cesar Perri. Papel internacional de Nestor Masotti. Revista internacional de espiritismo. Ano XCIV. N.1. Fevereiro de 2019. P.30-32.

Colavida e a perseverança na divulgação

A perseverança de Fernández Colavida na divulgação do espiritismo na Espanha

Simoni Privato Goidanich

A escassez de material de estudo e de divulgação do espiritismo era uma limitação importante na Espanha.

Para amenizá-la, um dedicado espírita em Barcelona chamado José María Fernández Colavida decidiu importar uma grande quantidade de livros e jornais espíritas da França.

Para isso, contou com a colaboração de Maurice Lachâtre, escritor e editor francês, que, naquela ocasião, também residia em Barcelona. Lachâtre foi, pois, um intermediário na importação. Era Fernández Colavida o destinatário dessas obras, segundo os relatos de Amalia Domingo Soler, Miguel Vives y Vives, Bernardo Ramón Ferrer, bem como dos jornais espanhóis Luz y Unión e El Diluvio, analisados na pesquisa que realizamos e publicamos, em 2013, no livro Divulgación del Espiritismo: enseñanzas del ejemplo de José María Fernández Colavida.

A importação cumpriu com os requisitos legais. Contudo, por ordem do bispo de Barcelona, Antonio Palau y Térmens, as obras importadas foram queimadas, no dia 9 de outubro de 1861, por um sacerdote com o auxílio de funcionários da alfândega, na Cidadela de Barcelona – o mesmo lugar onde eram executados os criminosos. O episódio ficou conhecido como o Auto de Fé de Barcelona.

Muito mais que um fato histórico, o Auto de Fé de Barcelona é um símbolo dos ataques que o espiritismo, na pessoa dos trabalhadores espíritas, especialmente os que se dedicam à divulgação, podem sofrer.

Diante de uma prova de fogo, várias reações são possíveis.

Uma delas é o desânimo, que nem sempre necessita de uma fogueira para instalar-se.

Às vezes, basta um fogo de palha para consumir o entusiasmo no trabalho no bem.

Outra reação é a rebeldia, o contra-ataque, que desperdiça valiosos recursos que deveriam ser destinados ao trabalho edificante e envolve em trevas o trabalhador que teria como tarefa difundir a luz.

Também é possível o medo, que pode produzir a paralisação das tarefas, a fuga das responsabilidades e até a deserção com relação ao espiritismo.

No entanto, Fernández Colavida não teve essas reações. Ele não se desanimou com o Auto de Fé de Barcelona, mas se sentiu estimulado. Tornou-se o primeiro tradutor para o espanhol das obras de Allan Kardec. Passou a publicá-las na Espanha e a divulgá-las naquele país e em muitos outros, sobretudo da América. Também fundou um jornal espírita de alcance internacional. Ficou conhecido como o "Kardec espanhol" por ser o maior líder e divulgador do espiritismo em língua castelhana.

Com relação aos agressores, a resposta de Fernández Colavida foi o perdão e a reconciliação. Nove meses após o Auto de Fé de Barcelona, o bispo Antonio Palau faleceu e, pouco depois, se manifestou em Espírito, arrependido, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e no centro espírita dirigido por Fernández Colavida. Desde então, o Espírito de Antonio Palau passou a trabalhar com o "Kardec espanhol" na divulgação do espiritismo. Também anunciou que a Cidadela, onde haviam sido queimadas as obras espíritas, seria transformada em um jardim, o que ocorreu poucos anos depois.

Fernández Colavida sabia que os ataques não devem ser temidos. A agressividade mediante a qual se manifestam, em lugar de ser uma demonstração de força, é, na verdade, uma confissão de debilidade, de impotência, diante do espiritismo e de todos aqueles que lhe são fiéis. Jamais poderão aniquilar nem o espiritismo nem os espíritas.

De fato, o Auto de Fé de Barcelona, cuja finalidade era reprimir o espiritismo, teve uma repercussão tão intensa na população, nos meios de imprensa e até nas altas esferas do governo que serviu para divulgá-lo amplamente.

Em suma, o Auto de Fé de Barcelona e o exemplo do "Kardec espanhol" proporcionam ensinamentos muito úteis para enfrentar os desafios no trabalho espírita.

(Simoni Privato é diplomata e pesquisadora brasileira, residente em Montevidéu, no Uruguai.)

Artigo transcrito de:

Correio Fraterno – edição 484 – novembro/dezembro 2018.

Campanha “Viver em família”: e agora, 25 depois?

Campanha “Viver em família”: e agora, 25 depois?

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A Campanha “Viver em Família” completa 25 anos de lançamento, tendo por slogan “O melhor é viver em família. Aperte mais esse laço”.

A USE-SP já havia promovido a "Campanha Integração da Família", em 1980. As ideias para a nova Campanha se consolidaram durante nossa gestão como presidente da USE, em função da realização de reuniões de estudo que motivaram o lançamento do livro Família & espiritismo.1

O desencadeamento ocorreu no ano de 1992, quando os diretores Sander Salles Leite e Joaquim Soares informaram que a Organização das Nações Unidas-ONU, preparava-se para promover o "Ano Internacional da Família", em 1994 – com o objetivo de "contribuir para construir a família, a menor democracia no coração da sociedade"2. Pela oportunidade temática, a USE-SP definiu a elaboração de uma proposta de Campanha sobre Família e apresentou-a na reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, em novembro de 1992. Foi formada uma Comissão que foi incumbida de elaborar uma proposta para a reunião do CFN da FEB do ano seguinte, integrada por representantes de São Paulo: Antonio Cesar Perri de Carvalho e Célia Maria Rey de Carvalho; Rio de Janeiro: Gerson Simões Monteiro e Lydiênio Barreto de Menezes: FEB: Nestor João Masotti e Paulo Roberto Pereira da Costa; havendo assessoria de Merhy Seba (SP). O feliz slogan da Campanha foi de autoria de Merhy Seba.

O projeto completo da Campanha "Viver em Família", foi aprovado pelo Conselho Federativo Nacional da FEB em suas reuniões de novembro de 1993. Naquela oportunidade a Campanha foi lançada no Auditório do Senado Federal, em mesa integrada pelo senador Coutinho Jorge, espírita do Pará; pela FEB, o presidente Juvanir Borges de Souza, vice-presidentes Cecília Rocha, Nestor João Masotti e Altivo Ferreira; presidentes de Federativas Estaduais: Antonio Cesar Perri de Carvalho (SP), Jonas da Costa Barbosa (Pará), e mais alguns parlamentares.

Fato marcante foi o lançamento nacional da Campanha "Viver em Família" em São Paulo, no dia 29 de janeiro de 1994, com realização da USE-SP na sede do Centro Espírita Nosso Lar, sendo desenvolvido o Seminário “Formação de equipes para a Campanha”. A mesa de instalação do evento foi integrada por: vice-presidentes da FEB Nestor João Masotti e Altivo Ferreira; Paulo Roberto Pereira da Costa, coordenador da Comissão Operacional da Campanha “Viver em Família” do CFN da FEB; Antonio Cesar Perri de Carvalho, presidente da USE-SP; Gerson Simões Monteiro, presidente da USEERJ; Teodoro Lausi Sacco, presidente da FEESP; Célia Maria Rey de Carvalho, Coordenadora da Campanha para o Estado de São Paulo; Ivan René Franzolim, presidente da Associação dos Jornalistas Espíritas do Estado de São Paulo; e Irinéia Terra, representante do C.E. Nosso Lar. Divaldo Pereira Franco proferiu a palestra de abertura. Seguiu-se o seminário desenvolvido durante o dia 30 de janeiro de 1994. Este evento histórico originou o livro Laços de família, editado pela USE-SP.2

Ações em todas regiões foram promovidas pela Comissão Estadual desta Campanha em São Paulo culminando com um seminário em nível estadual, promovido pela USE-SP gerando um outro livro por ela editado: A família, o espírito e o tempo.3

Questões de O livro dos espíritos inspiraram o título e o temário da Campanha: "Os laços sociais são necessários ao progresso e os laços de família estreitam os laços sociais. […] Qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços de família? ̶ Uma recrudescência do egoísmo."4

Também foi considerada a frase que de autoria de Emmanuel: “A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter.”5

Entendemos que a família deve contar com um espaço integrado e conjunto no Centro Espírita, superando-se as ações pulverizadas e estanques – com barreiras etárias -, apenas em reuniões específicas para crianças, jovens e adultos.

Completado o “jubileu de prata” do lançamento da Campanha “Viver em Família”, o cenário em que vivemos solicita muita atenção para o cultivo dos valores familiares e requer a implementação do slogan da Campanha, inspirado em O livro dos espíritos: “O melhor é viver em família. Aperte mais esse laço”!

Realmente, numa época tão complexa, urge a valorização da família!

Referências:

1) Carvalho, Célia Maria Rey (Org.). Família & espiritismo. 6.ed. São Paulo: USE. 231p.

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri (Org.). Laços de família. 8.ed. São Paulo: Ed. USE. 150p.

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri (Org.). A família, o espírito e o tempo. 1.ed. São Paulo: USE. 140p.

4) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O livro dos espíritos. Questões 774 e 775. Brasília: FEB.

5) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. O consolador. 29.ed. Questões 110 e 112. Brasília: FEB.

Transcrito de:

Jornal Dirigente Espírita, USE-SP, janeiro-fevereiro de 2019. P.7.