Madame Kardec na Vila Ségur

Madame Kardec na Villa Ségur

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Nas primeiras viagens a Paris, início dos anos 1970, registradas na Revista Internacional de Espiritismo, visitamos locais históricos ligados ao Codificador, e, inclusive estivemos no local onde havia a Villa de Ségur.

Nas anotações de Allan Kardec há registros sobre os projetos para a Villa Ségur. Kardec se preparava para sua aposentadoria na Villa Ségur e a transferência da livraria para um novo endereço, que seria no início de abril de 1869 a da Rue de Lille. Mas, poucos dias antes foi colhido pela desencarnação.

A vila de Ségur (Villa de Ségur, em francês) era, àquela época, uma área praticamente rural, se comparada à turbulência urbana do centro de Paris. Lá, o casal Kardec adquiriu uma grande propriedade, onde o codificador pretendia construir um grande complexo espírita, incluindo um museu do Espiritismo e um asilo para os confrades menos favorecidos, além de uma residência particular para ele e sua esposa. Kardec reformou Ségur e construiu quatro casas, e uma quinta para um tal Roquet que, posteriormente a Sra. Kardec a comprou.  

Não houve tempo para ele realizar todo o projeto, mas foi lá que a viúva Kardec morou até sua desencarnação.

Recentemente há informações que têm vindo à tona com base em documentações: o livro da amiga do casal Kardec, a sra. Berthé Froppo, apenas traduzido para o português em 2017: Beaucoup Lumière; o livro Madame Kardec, a história que o tempo quase apagou, de Adriano Calsone; e informações disponibilizadas pela página eletrônica "Imagens e Registros Históricos do Espiritismo", sempre com a colaboração de Charles Kempf.

Agora essa página eletrônica divulga a planta baixa da Villa Ségur (com todos os créditos a Charles Kempf), a ilustração da rua e o detalhamento de algumas cifras.

E informam também que está comprovado que a viúva de Kardec, recebeu herança de sua família. A herança do pai de Amélie não foi compartilhada com o irmão, que já havia falecido, conforme foi comprovado. Amélie recebia 32 aluguéis provenientes de cinco edificações na Villa Ségur. A informação sobre 32 locações é de Berthe Fropo (Beaucoup Lumière), assim como sobre as cinco edificações, que aliás, não eram todas térreas. A renda anual destes aluguéis seria de 12.169 francos, conforme deduzimos de seu inventário (Berthé Froppo fala de 8.000 a 10.000 francos na revista Le Spiritisme da 2ª quinzena de outubro de 1883). Pode-se confirmar também cinco edificações na planta baixa. Mas parte deste dinheiro deveria estar sendo doado a sete pessoas, que continuariam recebendo trimestralmente uma renda vitalícia, como se registra no seu testamento e no seu inventário. E algumas destas pessoas também ajudariam os enfermos e idosos. A fonte desta última informação é a correspondência da Sra. Jouffroy à revista Le Spiritisme da 1ª quinzena de fevereiro de 1887, que ainda menciona ocupar "o andar em cima do dela ".

Com o crescimento e replanejamento urbano da capital francesa, a Villa de Ségur, hoje totalmente urbanizada, se enquadra no 7° distrito (arrondissement, em francês), área nobre da cidade,  atrás e próxima da Torre Eiffel. 

Fonte e transcrições parciais:

facebook.com/HistoriaDoEspiritismo / Imagens e Registros Históricos do Espiritismo.

(*) Ex-presidente da FEB e da USE-SP; ex-membro da Comissão Executiva do CEI.