150 anos da desencarnação de Allan Kardec

150 anos da desencarnação de Allan Kardec

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

No 31 de março transcorrem 150 anos da desencarnação do Codificador. O fato ocorreu em Paris, no ano de 1869, entre 11 e 12 horas, quando Kardec contava 64 anos de idade e estava trabalhando no escritório da Passage de Sainte-Anne. Houve repentinamente o rompimento de um aneurisma, sendo chamado seu amigo Alexandre Delanne para um socorro, que foi infrutífero. Alexandre morava num apartamento em outra parte dessa mesma Passage.

O sepultamento de Kardec foi feito no Cemitério de Montmartre. Apenas um ano depois seu corpo foi transladado para o Cemitério Père Lachaise, onde foi construído o dólmen com a famosa frase “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar tal é a Lei”. O túmulo de Kardec, nesse cemitério histórico de Paris, continua a ser dos mais visitados.

A efeméride é lembrada em vários locais e, tradicionalmente, em Paris. A Fédération Spirite Française realiza no dia 30 de março deste ano a comemoração do aniversário da desencarnação de Allan Kardec, a “Journée Allan Kardec”, no Cemitério Père Lachaise, junto ao dolmen; e em auditório, conferência sobre o tema “150 anos da desencarnação de Allan Kardec”.

Passado um século e meio, devemos analisar o impacto e a expansão do Espiritismo.

Com foco em nosso país, nota-se que uma grande quantidade de centros espíritas, perto de 15 mil. Embora a quantidade de espíritas declarados nos censos do IBGE seja relativamente pequena, em torno de quatro milhões, estima-se que o número de simpatizantes das ideias espíritas alcance dez mais a quantidade de espíritas declarados. A quantidade de obras de Kardec publicadas por dezenas de editoras em nosso país é vastíssima, chegando a ser o autor francês mais lido no Brasil. Logo mais, no mês de maio será lançado nas telas de cinema o filme “Kardec”.

Entre muitos fatos, merece destaque que há meio século, o espírito Emmanuel homenageou as obras da Codificação, elaborando pela psicografia de Chico Xavier, os livros: Religião dos espíritos, Seara dos médiuns, Livro da esperança, Justiça divina. Muito embora inúmeros livros de Chico Xavier se refiram às obras de Kardec. Há poucos dias, transcorreram 40 anos da desencarnação de Herculano Pires, o jornalista e filósofo paulista, e que Emmanuel se referiu a ele como “o metro que melhor mediu Kardec”.

Em nossos dias, face às muitas “novidades”, “modismos” e “personalismos”, se faz muito necessária a valorização e o estímulo ao estudo e difusão das Obras Básicas. Daí a importante "Campanha Comece pelo Começo", idealizada por Merhy Seba, patrocinada pela USE-SP em meados dos anos 1970 e aprovada pelo CFN da FEB em novembro de 2014.

Um fato interessante é que apenas tanto tempo após a desencarnação de Kardec é que, nos últimos anos, estão sendo valorizados documentos, periódicos e livros franceses, quase desconhecidos no Brasil, e que apontam para o esclarecimento de episódios que ficaram ocultados ou obscurecidos sobre a vida de Kardec e sua esposa e, especificamente sobre a divulgação de suas obras imediatamente após sua desencarnação. Recentemente têm vindo à tona pesquisas inéditas sobre obras de Kardec e fatos do movimento espírita francês. Em nosso país, justamente próximo ao Sesquicentenário da desencarnação do Codificador eclodiu o início da divulgação de manuscritos de sua autoria e de documentos, o chamado Projeto “Cartas de Kardec”, riquíssimo acervo que estava em poder da família de Silvino Canuto Abreu e que foram doados à Fundação Espírita André Luiz, de São Paulo.

150 anos após a desencarnação de Kardec, a maior homenagem a ser prestada ao valoroso espírito será sempre o estudo, a divulgação e prática do Espiritismo de conformidade com suas Obras Básicas.

(*) – Ex-presidente da USE-SP, da FEB; e ex-membro da Comissão Executiva do CEI.