O bom mesmo é ser bom!

Marival Veloso de Matos

Foram dias de tristeza
Foram dias de amargura
Porém com singeleza
Mudei a própria postura.

Quantas vezes falei mal
Dos horrores da corrupção
Foi aí que li em um jornal
Que CD pirata é infração.

"Atire a primeira pedra"
É a bela proposta cristã.
Mas onde o mal é que medra,
Nossa escuta ainda é vã.

Muitos "morrem" de medo
Da chamada "transição"
Mas fugiremos do degredo
Sem ódio no coração. 

Deus  é a  bondade,
Deus plenitude e amor.
É Ele  nos quer sem maldade
Na plena paz do Senhor.

Muitos riem e  descreem
Da verdade reencarnação.
Mas muitos  sentem ofendidos
Se não lhes dão opção.

(Belo Horizonte, 11/02/2016)

A RESSURREIÇÃO É DO ESPÍRITO E DO CORPO ESPIRITUAL E NÃO DO CARNAL

José Reis Chaves

Ressurreição é a ação de elevar-se ou subir ao mundo espiritual, quando o corpo morre, e na carne, quando se encarna. Existe um dogma, que respeitamos como respeitamos todos os outros, que ensina que a ressurreição é do espírito e do corpo carnal: “Creio na ressurreição da carne…” Mas ela é do espírito e do períspirito ou corpo espiritual de são Paulo.  “Se há corpo natural, há também corpo espiritual, e ressuscita corpo espiritual” (1 Coríntios 15: 44), o qual é de matéria quinta-essenciada (sutilizada no seu mais alto grau).

O corpo espiritual paulino é o que Kardec denominou de perispírito. São Paulo o chamou também de Corpo Incorruptível e Celestial.  E o perispírito já era conhecido dos médiuns videntes por todas as culturas antigas, de que passo a dar alguns exemplos de até 5.000 anos, a. C.: “Ka” (Egito); “Linga Sharira”, “Kama-Rupa” e “Mano-Maya-Rosha” (Índia); “Corpo Aeriforme” e “Khi” (China); “Nephesh” (Israel); “Corpo Sutil da Alma”, “Ochema”, “Eldôlon” e “Corpo Luminoso” (Grécia); “Carne Sutil da Alma” (Pitágoras); “Corpo Astral” ou “Vestrum” (Paracelso); “Astroiedê” (Neoplatônicos); “Corpo Aéreo” e “Ígneo” (Plotino); “Veículo da Alma” (Próclus); “Corpo Fluídico” (Leibnitz); “Mediador Plástico” (Cudwerth); “Arqueu” (Van Helmont); “Influxo Físico” (Euler, matemático e astrônomo); “Modelo Ideal” (Saint Hilalaire, naturalista); “Luz ódica” (Reichenbach); “Fantasma Póstumo” (Dassier); “Corpo Vital da Alma” (Tertuliano); “Aura” (Orígenes); Rouach (Kabala Hebraica); “Boadhas” (Zen Avesta); “Imago” (latinos); “Pneumá” (santo Hilário, são Basílio de Cesareia, santo Atanásio, são Cirilo de Alexandria, são Bernardo e santo Agostinho). E a existência do perispírito foi provada cientificamente por cientistas russos, ao qual deram o nome de “Corpo Bio-plásmico”. A Igreja o tem chamado de corporeidade, corpo glorioso ou corporalidade. E  ela  deixa claro que não é com o corpo físico que temos. E mais recentemente, muitos teólogos católicos dão-lhe o nome de Corpo Pancósmico.

São Paulo pergunta: Como ressuscitam os mortos? Em que corpo vem? E Paulo compara o corpo enterrado com uma semente enterrada também na terra, a qual morre, não sendo ela, pois, o corpo novo que nasce ou ressuscita. Em outras palavras, não é o cadáver que ressuscita. (1 Coríntios 15: 35 a 38).

Para o espanhol André Torres Queiruga, o maior teólogo vivo católico do momento, em “Repensar a Ressurreição”, a ressurreição é do espírito com o seu corpo espiritual e não do carnal, e afirma que ela ocorre na hora da morte. E mais, segundo ele, a ressurreição de Jesus foi também de seu Espírito com o seu corpo espiritual e, igualmente, na hora de sua morte: “Pai, em vossas mãos entrego meu Espírito!” (Lucas 23: 46).

E terminamos com São Pedro, que nos demonstra também que a  própria ressurreição de Jesus não é mesmo do corpo físico (Primeira Carta de Pedro 3: 18), pois ele diz, referindo-se a Jesus Cristo: “…morto sim na carne, mas ressuscitado em Espírito, no qual ele foi pregar aos espíritos que estavam no “hades” (inferno)”.  E isso nos demonstra também que aqueles que vão para o “hades” ainda têm chance de regeneração, senão Jesus não iria perder seu tempo de pregar para os espíritos que foram para lá!

 

PS: Programa “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista, na TV Mundo Maior, por parabólica digital ou internet, em vários horários (ver a grade da programação).  www.tvmundomaior.com.br

José Reis Chaves – Site: www.josereischaves.com.br

TOLERÂNCIA E RESPEITO

Warwick Mota

A diversidade religiosa é uma das marcantes características culturais que assinala a humanidade. São milhares de denominações que definem religiões e seitas, reunindo, em todos os pontos da Terra, seguidores de todos os credos.

Essa pluralidade de crenças, em conjunto com a diversidade étnica, torna as relações entre os povos ainda mais complexas, sendo responsável por inenarráveis conflitos que envolvem o homem desde os primórdios.

Recentemente o Rio de Janeiro foi palco de um episódio de grande desrespeito e intolerância religiosa, com agressões verbais e apedrejamento de uma criança de apenas onze anos, conforme relata a revista Istoé, em nota cujo título é “Pedrada do preconceito” (1).

Neta de espírita e filha de evangélica, a estudante Kayllane Campos tem em sua casa uma amostra da saudável tolerância religiosa que existe no Rio de Janeiro, desde que o candomblé, vindo da África, ancorou no bairro carioca da Saúde em 1886 e nele abrigou os primeiros cultos organizados por Mãe Aninha, congregando diversas religiões. Nada tem a ver com a tradição do Rio de Janeiro, portanto, as covardes agressões que a adolescente Kayllane, 11 anos de idade, sofreu na semana passada devido à sua fé. Ela foi apedrejada por dois supostos evangélicos quando saía de um culto de candomblé, e novamente se tornou vítima de violência, dessa vez verbal, quando chegava ao IML para exame de corpo de delito – “macumbeira, macumbeira, vá queimar no inferno”, gritavam insistentemente algumas pessoas. “Quem tacou pedra é vândalo que se esconde atrás da palavra de Cristo”, diz Karina Coelho, a evangélica que é mãe da praticante do candomblé Kayllane. “Eu condeno as pessoas que feriram minha filha”. 

O que leva o homem a manifestar esse comportamento? Por que a diversidade de credos paradoxalmente levanta contendas, quando as religiões deveriam ter, por princípios fundamentais, a ética da tolerância, a caridade, o respeito, o amor fraterno, a compreensão e a paz?

As contendas político-religiosas são antigas, e a história registra perseguições implacáveis, desrespeito aos direitos mais básicos do homem e execuções cruéis, como as relatadas no Antigo Testamento, que marcam a rivalidade entre os profetas de Baal e Elias(2). Em todos os momentos da história da humanidade está presente a concepção dualística, que tenta estruturar o mundo à semelhança de uma balança que oscila na eterna batalha entre o bem e o mal, ou entre o mito de Satã e Deus.

A Idade Média é pródiga na propugnação dessa ideia, e as cruzadas representam um marco desse pensamento, pois registram episódios sórdidos, como o impiedoso extermínio dos cátaros ou albigenses, que deixou marcas atrozes de uma perseguição insana, fundamentada nos interesses e preconceitos da Igreja antiga, a qual definiu o catarismo como heresia maniqueísta.

São muitos os episódios de intolerância religiosa ocorridos no período que compreendeu a Idade Média, culminando com o Tratado de Paz de Westphalia (região do norte da Alemanha) que veio laureado por um antigo princípio: cujus regio, eius religio (quem tem a região tem a religião). Esse princípio marca a assinatura do Tratado, ocorrido em 1648, que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos, conflito que, por sua vez, teve por estopim a rivalidade política existente entre o Imperador Habsburgo, do Sacro Império Romano-Germânico (católicos) e as cidades-Estado comerciais protestantes (luteranas e calvinistas) do norte da Alemanha, que fugiram ao seu controle.

A Paz de Westphalia garantiu, portanto, o direito de cada Estado manter seu regime e religião, sem interferência externa.

Esses acontecimentos, entretanto, não encerram os episódios de intolerância, embora tenham estabelecido o princípio de tolerância e liberdade religiosa.

Incomodado com essa questão, o filósofo jusnaturalista inglês, John Locke (1632 – 1704) resolve, em 1689, publicar uma carta acerca da intolerância (3), quando passa a defender a tolerância religiosa a partir da separação de Estado e Igreja, esclarecendo, de forma irrefutável, qual é o principal distintivo de uma verdadeira igreja, bem como o do verdadeiro homem de bem, digno de ser chamado cristão:

Se um homem possui todas aquelas coisas (bens materiais), mas lhe faltar caridade, brandura e boa vontade para com todos os homens, mesmo para com os que não forem cristãos, ele não corresponde ao que é um cristão. 

E continua Locke, a nos ensinar acerca da tolerância religiosa:

Quem for descuidado com sua própria salvação dificilmente persuadirá o público de que está extremamente preocupado com a de outrem. Ninguém pode sinceramente lutar com toda a sua força para tornar outras pessoas cristãs, se não tiver realmente abraçado a religião cristã em seu próprio coração. Se se acredita no Evangelho e nos apóstolos, ninguém pode ser cristão sem caridade, e sem a fé que age, não pela força, mas pelo amor (4).

Os ensinamentos de John Locke corroboram com o pensamento de Allan Kardec, no resgate à aplicação da tolerância e do respeito, conforme lecionou o Mestre Jesus.

Fundamentado na ética do amor, que marca a mensagem do Cristo, o Codificador realça, com o ensino dos Espíritos, na mais pura acepção, o significado valorativo de tolerância e respeito, em O Livro dos Espíritos, quando fala da Lei de Igualdade (5). Esta Lei estabelece respeito como sendo uma atitude que consiste em não prejudicar alguém ou alguma coisa, evocando, assim, a regra de ouro que deveria nortear as relações entre os homens:

822. Sendo iguais perante a lei de Deus, devem os homens ser iguais também perante as leis humanas?

“O primeiro princípio de justiça é este: Não façais aos outros o que não quereríeis que vos fizessem”.

O mestre lionês não apenas teoriza, mas exemplifica tolerância e respeito, ao superar com grandeza os ataques feitos ao Espiritismo, soprando, para bem distante, as cinzas do Auto de Barcelona, aconselhando-nos (6):

O Espiritismo se dirige aos que não creem ou que duvidam, e não aos que têm fé e a quem essa fé é suficiente; ele não diz a ninguém que renuncie às suas crenças para adotar as nossas, e nisto é consequente com os princípios de tolerância e de liberdade de consciência que professa. Por esse motivo não poderíamos aprovar as tentativas feitas por certas pessoas para converter às nossas ideias o clero, de qualquer comunhão que seja. Repetiremos, pois, a todos os espíritas: acolhei com solicitude os homens de boa vontade; oferecei a luz aos que a procuram, porque com os que creem não sereis bem-sucedidos; não façais violência à fé de ninguém, muito mais quanto ao clero que aos seculares, porque semeareis em campos áridos; ponde a luz em evidência, para que a vejam os que quiserem ver; mostrai os frutos da árvore e deles dai de comer aos que têm fome e não aos que se dizem saciados.

Ao tratar da Constituição Transitória do Espiritismo (7), Kardec aproveita para enfatizar o tema respeito e tolerância, exprimindo argumentos que marcam a robustez da Doutrina Espírita:

Acrescentemos que a tolerância, fruto da caridade, que constitui a base da moral espírita, lhe impõe como um dever respeitar todas as crenças. Querendo ser aceita livremente, por convicção e não por constrangimento, proclamando a liberdade de consciência um direito natural imprescritível, diz: Se tenho razão, todos acabarão por pensar como eu; se estou em erro, acabarei por pensar como os outros. Em virtude destes princípios, não atirando pedras a ninguém, ela nenhum pretexto dará para represálias e deixará aos dissidentes toda a responsabilidade de suas palavras e de seus atos.

Fica-nos claro, portanto, que a tolerância exige o respeito à regra de ouro presente na Questão 822 de O Livro dos Espíritos, mas entendemos que ela não é suficiente por ter características de uma virtude passiva: é necessário ir além do tolerar. É preciso amar o próximo como recomenda Jesus, e romper com os limites que estabelecemos para apenar alguém, como estabelece Pedro, ao perguntar ao Mestre: “Quantas vezes devo perdoar meu irmão? Sete vezes?”.           

Sabemos que o excesso de tolerância leva à indiferença e a ausência da tolerância leva à intolerância, mas, quando respeitamos o próximo, nós o amamos, e o amar é ativo, pois nos convida a romper os limites, conforme ensina Jesus: “Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas” (8).           

Cumprir a primeira milha é não fazer o mal ao próximo, cumprindo nossa obrigação de cristão. Cumprir a segunda milha consiste em amar o próximo para alcançar a elevação.

 

Referências:

  1. Revista Istoé – 24 de junho de 2015, nº 2377, Ed. Três
  2. A Bíblia de Jerusalém – 1º Reis 18: 1/40 – Edições Paulinas
  3. LOCKE, John – Coleção “Os Pensadores” – Abril Cultural – pág. 03-39
  4. Idem LOCKE, John
  5. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos – Feb
  6. KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1863 (pág. 367) – Feb
  7. KARDEC, Allan. (Revista Espírita 1868, pag. 515) – Feb
  8. A Bíblia de Jerusalém – Mateus 5, vv.41 – Edições Paulinas.

Artigos Internet

  1. Dossiê Intolerância Religiosa – http://intoleranciareligiosadossie.blogspot.com.br/
  2. A nova ordem global – http://educaterra.terra.com.br/vizentini/artigos/artigo_75.htm

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Transcrito de: “Brasília Espírita”, GEABL, no.198, janeiro-fevereiro de 2016, p.3.

O Espiritismo no mundo

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Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

O Espiritismo se espalhou pelo mundo desde a publicação das Obras Básicas de Allan Kardec e ele faz referências significativas na “Revista Espírita”. Durante os Congressos Espiritualistas Internacionais, iniciados em Barcelona em 1888 com atuação de Amália Domingo Soler, e prosseguindo por vários países ocorreram apresentações marcantes de Léon Denis (inclusive representando a FEB), Gabriel Delanne, Cesare Lombroso e outros pioneiros destacados.

Depois das grandes guerras e final dos regimes autoritários europeus e, com base no interesse pela expansão do Espiritismo no Brasil, o presidente da FEB Francisco Thiesen liderou a realização do 1º Congresso Espírita Internacional, em Brasília, no de 1989. Durante o evento recebeu a solicitação de dirigentes espíritas europeus para se formar uma organização espírita internacional. Iniciadas as várias articulações e reuniões na Europa e no Brasil, finalmente foi criado o Conselho Espírita Internacional em novembro de 1992, em congresso espanhol realizado em Madrid. O primeiro Congresso Espírita Mundial promovido pelo CEI ocorreu em Brasília no ano de 1995.

Nossas homenagens aos secretários gerais Rafael Molina, Roger Perez e Nestor João Masotti. Este último estimulou a formação de órgãos federativos nacionais em vários países, ampliando a representatividade do CEI, a promoção sistemática dos Congressos Mundiais e de muitas visitas e seminários em vários países, a criação da TVCEI e da EDICEI, com a publicação de livros em vários idiomas.

A convite do presidente Thiesen atuamos no Congresso de 1989 e, depois, por solicitação de Nestor Masotti participamos da organização de Congressos Mundiais, eventos e ações do CEI, desde algumas reuniões preparatórias para a criação do organismo, em São Paulo, no ano de 1991. Entre muitas representações do amigo, estivemos em seu lugar no lançamento dos primeiros livros editados pelo CEI – três obras de André Luiz em francês -, em Paris no ano de 2005.

Desde a viagem histórica de Chico Xavier e Waldo Vieira aos EUA e Europa em 1965 – que gerou o livro Entre irmãos de outras terras (1) – e logo depois o início de maratonas de viagens de Divaldo Pereira Franco a dezenas de países, muitos companheiros têm colaborado com atuações no movimento espíritas de diversos países. A Associação Médico-Espírita Internacional tem realizado importante trabalho na área acadêmica e profissional.

Recentemente, o CEI promoveu no Rio de Janeiro o 12º COLÓQUIO FRANÇA-BRASIL, com o tema ESPIRITISMO: ELO DE DUAS CULTURAS, em comemoração aos 150 anos de O Céu e o Inferno, no início de agosto de 2015. O secretário geral do CEI Charles Kempf e membros da Comissão Executiva Fábio Vilarraga e Vitor Feria, além de nós, estivemos no Congresso Espírita da Bahia, em Salvador, em novembro passado.

No Boletim do CEI (4º. trimestre de 2015) há notícias de várias ações do CEI e dos movimentos espíritas de diversos países, oferecendo um panorama do movimento espírita no mundo. (2,3)

O próximo evento maior do CEI será o 8º. Congresso Espírita Mundial, com temas centrais: “amar a vida; amar o próximo”, programado para Lisboa (Portugal), de 7 a 9 de outubro de 2016. (4)

A produção de livros em vários idiomas prossegue e descentralizada, desde abril de 2013, com edições e distribuições feitas pelas EDICEIs da Europa e da América. (5) O CEI também edita a “Revista Espírita” em francês e em inglês.(6) Durante programa de atividades na Europa, estivemos na sede da EDICEI europeia. (7)

Embora não sejam vinculados a entidades espíritas ocorrem movimentos marcantes em Defesa da Vida, esclarecendo-se sobre a inoportunidade do aborto. No Brasil este Movimento surgiu há quase 10 anos e com atuação de espíritas. (8) Nos EUA o movimento é mais antigo e em janeiro de 2016 promoveu uma grande marcha em Washington. (9) Aliás, o tema está relacionado com o Congresso Mundial próximo.

O movimento espírita tem se expandido em países de vários Continentes. (3) Do Do Editorial do Boletim do CEI, intitulado “Paz no mundo” transcrevemos um trecho: “Neste último ano ocorreram vários fatos que conturbaram a paz no mundo. Os desrespeitos à vida humana se manifestaram em guerras, atentados, fomes, privações de liberdade, desconsideração com o meio ambiente. Emmanuel (Vinha de Luz, cap.105) relaciona algumas causas: ímpios, caluniadores, criminosos, ignorância endinheirada, a vaidade bem-vestida e a preguiça inteligente e a indiferença. […] Paz, fraternidade e solidariedade nas irradiações mentais e nas ações!”(2)

O importante é sempre o ambiente fraterno e solidário, de respeito à diversidade e à autonomia das instituições de cada país. Emmanuel lembrou em Paulo e Estêvão: “Jesus afirmou que seus discípulos viriam do Oriente e do Ocidente.” (10)

Fontes:

  1. Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Entre irmãos de outras terras. FEB; Among brothers of other lands. EDICEI.
  2. http://grupochicoxavier.com.br/noticias-internacionais/;
  3. http://cei.spirite.org/;
  4. http://8cem.com/;
  5. http://edicei.com/;
  6. http://www.abanca.com.br/611/the-spiritist-magazine/28/index.jhtml;
  7. http://grupochicoxavier.com.br/tarefa-na-suica-se-completa-com-edicei-e-palestra/;
  8. http://grupochicoxavier.com.br/realizada-a-marcha-brasil-sem-aborto/;
  9. http://grupochicoxavier.com.br/marcha-pela-vida-em-washington/;
  10. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Paulo e Estêvão. 2ª parte, cap.1, FEB.

(*) Membro da Comissão Executiva do CEI, membro do GEECX, ex-presidente da FEB e da USE-SP.

A memória de Clóvis Tavares e Nina Arueira no cinema (*)

Izabel Vitusso

A vida de dois nomes muito conhecidos no Movimento Espírita, Clóvis Tavares e Nina Arueira, foi a inspiração para o documentarista Oceano Vieira de Melo fazer seu novo filme. O longa Luz na Escola foi exibido no dia 24 de novembro em duas salas do circuito Kinoplex na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, cidade natal dos personagens, em comemoração ao centenário de Clóvis Tavares e os 80 anos da Escola Jesus Cristo.

Reconhecido pelo movimento espírita e autor de mais de dez livros, dentre eles Amor e Sabedoria de Emmanuel, Histórias que Jesus contou e Trinta anos com Chico Xavier, Clóvis Tavares (1915-1984) ganha cena no filme quando, ainda jovem estudante, se identifica com os ideais comunistas na cidade onde nascera.

Nina Arueira (1916 -1935) é sua companheira de sala, no Liceu de Humanidades de Campos, nos anos 30, e igualmente levada pelos ideais, ajuda a fundar as bases para a Juventude Comunista, provocando na cidade acirrados debates em favor dos menos favorecidos. Neste mesmo tempo, os dois se apaixonam, iniciam o namoro e passam a ser os principais líderes da doutrina de Lênin na região.

Enquanto Clóvis aprimora seu discurso materialista e ambos começam a sofrer com as perseguições, Nina conhece um dos admiradores dos seus artigos publicados, Sr. Virgílio de Paula, o estudioso de teosofia e do espiritismo e fundador do Grupo Espírita João Baptista, na cidade. Por seu intermédio e também dos livros espíritas, Nina se identifica com o Evangelho e fica maravilhada com a visão de Jesus todo justiça, amor e caridade, explicado à luz do espiritismo.

Mas faltando apenas dois meses para seu casamento com Clóvis, Nina adoece e vem a desencarnar com tifo, deixando o noivo desolado, mas que não demora a receber mensagens da própria noiva, em espírito, orientando-o para que ele se dedicasse à educação com o Evangelho. Consolado pelas mensagens e pela doutrina, Clóvis  começa um trabalho junto às crianças e funda o que chama Escola Infantil Jesus Cristo, nominada depois Escola Jesus Cristo, dado que os adultos também se afeiçoaram ao trabalho.

Todo o preparo do jovem espírita, que se mudara para estudar no Rio de Janeiro e lá tivera contato com intelectuais e escritores na FEB –  Guillon Ribeiro, Manoel Quintão, Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado – é resgatado pelo produtor Oceano, ao retratar a vida de Clóvis Tavares.

Pela amizade de mais de 50 anos do professor Clóvis com o médium Chico Xavier, quem chegava a ir duas vezes por ano visitar, muitas passagens entre os dois também são lembradas no documentário.

Em 1939, quatro anos depois da desencarnação da noiva, Clóvis faz sua primeira visita ao médium e recebe de Nina sua segunda mensagem, onde ela cita um fato de conhecimento apenas dos dois: antes de desencarnar, Nina havia escrito um pequeno romance espiritualista, Yanur, dedicado ao noivo que, materialista, guardara em segredo.

A mocidade Espírita de Campos visitava famílias necessitadas da Escola Jesus Cristo e numa dessas visitas, uma criança recém-nascida abandonada foi resgatada e acolhida, mas apesar de Clóvis ter providenciado todos os cuidados, ela veio a desencarnar.  Em uma de suas habituais viagens a Pedro Leopoldo para encontrar-se com Chico Xavier, Clóvis obteve do médium a informação de que o visitava um espírito de muita luz, chamado Elzinha França, o nome dado à criança acolhida. Clóvis contou ao médium quem era a menina e Chico logo complementou que ela era uma das professoras que integravam a equipe espiritual de serviço na Escola Jesus Cristo.

Clóvis vem a se casar apenas 20 anos depois da desencarnação de Nina, com Hilda Mussa, que passou a ser também a sua fiel colaboradora nos trabalhos da Escola Jesus Cristo.

São essas e tantas outras histórias, como a revelação de Chico sobre a reencarnação de Santos Dumont naquele núcleo familiar, ajudam a compor o importante registro cinematográfico Luz da Escola, que além de entreter o público, certamente guardará a memória daqueles que fizeram a diferença na história do espiritismo no Brasil.

A produtora Versátil Digital Filmes se prepara para exibir o filme em dezembro em São Paulo e depois na TV por assinatura. E em junho realizará o lançamento em DVD acrescido por vídeos e áudios extras, incluindo palestras recuperadas pelo pesquisador gravadas na Escola Jesus Cristo.

(*) Transcrito de “Correio Fraterno do ABC”, edição 466, novembro/dezembro de 2015:

http://www.correiofraterno.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1776:a-memoria-de-clovis-tavares-e-nina-arueira-no-cinema&catid=15:baudememorias&Itemid=2

Dores da alma

Warwick Mota (*)

A transitoriedade é uma das características que marcam os mundos de expiação e provas, como o planeta em que vivemos.

Nesses orbes, os acontecimentos são sempre de natureza breve ou temporária, não possuindo, nenhum sofrimento ou alegria, caráter definitivo, e a perturbação e a incerteza estão presentes em toda a ordem social, em atos e fatos.

Para esse cenário de intermitência, afluem acontecimentos de todos os matizes. Tramas e dramas desenvolvem-se, pontilhados pela dor, e experiências são vividas sob diversas formas, resultando, a cada ser, num legado moral que termina por impulsionar o homem ao cumprimento inexorável da Lei do Progresso.

Situa-se, nesse panorama de avanço, a dor, como ferramenta fundamental ao burilar das criaturas, em seu processo de desenvolvimento, pois ela, a dor, está presente em todo o caminhar da humanidade, como o látego que nos faz acelerar o passo e andar para frente, retomando os caminhos que, muitas vezes, perdemos em divagações e equívocos.

Inobstante à ampliação das conquistas materiais e tecnológicas humanas, vivemos dias de crises morais na Terra. Dias de perda de valores de consciência, de sofrimento pela ausência de afeto; pelas falsas escolhas, em uniões infelizes; pela falta de apoio; pela ambição desmedida; pela falta de temperança e bom senso. A verdade é que ainda somos seres que tateiam, no campo das realizações interiores.

Nesse cenário, a dor é o instrumento pedagógico por excelência, porque muitos caem por sua própria culpa, e a ninguém é dado fugir aos ditames da lei. E, especialmente, a dor moral, aquela sentida no âmago da alma, tem o condão oportuno de provocar profundas reflexões. É quando ela lateja, a dor moral, que o Espírito, independentemente da sua condição, se encarnado ou desencarnado, passa a enfrentar o tribunal da própria consciência.

Nos momentos de encontro conosco mesmos, palmilhados pelo sofrimento moral, nossos atos equivocados provocam intensa angústia, acompanhada do sentimento de vergonha, da negação de nós mesmos. À luz desse cenário, o remorso potencializa o sofrimento, e a culpa faz-se verdugo impiedoso. 

É a hora de se aprender para a eternidade.

Aprende-se com as experiências dolorosas e compreende-se, a duras penas, que só evoluímos quando incorporamos as situações vivenciadas como aprendizado perene, do espírito.

É quando as dores da alma podem nos ensinar, para as experiências futuras.

Da mesma forma que o arco-reflexo nos impedirá de colocarmos o dedo numa superfície quente, porque uma vez já nos queimamos, nossas experiências passadas, se bem compreendidas, impedir-nos-ão de sermos reincidentes nos erros, para que não soframos novamente.

Ensinam-nos os Espíritos que todas as particularidades da nossa vida são registradas em nosso perispírito, gerando lembranças inapagáveis. As dores verdadeiramente sentidas, as dores da alma, essas nos marcam indelevelmente.

A contrapartida da dor é que ela produzirá, na alma encarnada ou, com mais intensidade, no espírito desencarnado, o arrependimento e, com ele, a vontade sincera de se reconstruir a aliança com o Criador, aplacando-se a tempestade íntima e dando-se início ao processo de recondução do ser ao caminho do Bem.

O reencontro com Deus significa, por fim, a renovação. Promove a auto-reconciliação e abre novas perspectivas para o recomeço. É o amor do Pai que se derrama sobre nós, revestido de formas inumeráveis, sendo o amor que se manifesta sob todos os aspectos, da forma mais simples à forma mais elaborada, da forma mais sutil à forma mais profunda.

É pelo amor incondicional de Deus que somos reconectados aos caminhos do Bem e à conquista final da liberdade, conforme estabelece a proposta de Jesus:

Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (1)

Quando ouvimos o chamado do Divino Amigo, sentimo-nos fortes e resolutos. Então as dificuldades apequenam-se, porque a força que nos impulsiona é muito superior, e uma serenidade, antes inalcançável, transforma-nos em fortalezas de fé que nos fazem vencer as intempéries da travessia.

A par disso tudo, cumpre-nos saber que “tudo o que vive neste mundo, natureza, animal, homem, sofre, e, todavia, o amor é a lei do Universo e por amor foi que Deus formou os seres”. (2)

Em que pese o buril penoso da dor que nos emula, fomos criados pelo e para o amor, e essa certeza do amor incondicional de Deus para com as suas criaturas renova nossas esperanças e fortalece a nossa resignação perante todas as provas e todas as expiações.

Referências:

  1. Mateus, 11: 28-30
  2. DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor: os testemunhos, os fatos, as leis. 32ª. ed. FEB: Brasília, 2013, p. 347.

(*) Transcrito do jornal “O Clarim”; Matão, janeiro de 2016, p.3: https://www.oclarim.org/oclarim/materias/4531/jornal/2016/Janeiro/dores-da-alma.html

A “carta viva” de Paulo

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

A 2a Epístola aos Coríntios seria a consolidação de várias cartas que teriam sido escritas por Paulo aos companheiros da cidade de Corinto, nos anos 55 e 56 d.C.1,2

Como temas centrais da referida Epístola aparecem como mensagens maiores o conceito de Deus Pai, Jesus como redentor que leva os homens a Deus, Jesus como o Messias de Israel, a superioridade dos ensinos de Jesus com relação à lei de Moisés, e, longas considerações sobre a imortalidade da alma.

Destacamos alguns versículos com recomendações válidas para a atualidade e com base em tradução corrigida e fiel de João Ferreira de Almeida.3

Paulo valoriza os esforços de aproveitamento de potenciais morais e espirituais: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (4:7).

Emmanuel interpreta sinteticamente esse versículo:

“Afervora-te no trabalho do bem e recolhe-te à humildade do aprendiz atencioso e vigilante, gastando severidade contigo e benevolência para com os outros, porque qualquer dom da Luz Divina na obscuridade do ser humano, qual se expressa na conceituação apostólica, é um “tesouro em vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.”4

O apóstolo dos gentios comenta reações bem humanas, típicas das pessoas que se encontram em momentos de transição e como iniciantes em alguma crença religiosa, e acrescenta suas orientações: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (4:8-9).

Esse trecho mereceu comentário de Emmanuel: “Mas todos os discípulos fiéis sabem, com Paulo de Tarso, que "em tudo serão atribulados e perplexos", todavia, jamais se entregarão à angústia e ao desânimo. Sabem que o Mestre Divino foi o Grande Atribulado e aprenderam com Ele que da perplexidade, da aflição, do martírio e da morte, transfere-se a alma para a Ressurreição Eterna.”5 

As lutas interiores e externas para os que se introduzem em novos conceitos religiosos devem ter como parâmetro o conceito de novo homem, o que é registrado pelo apóstolo missivista: “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração” (3:3). 

Emmanuel reforça pela psicografia de Chico Xavier a importância da vivência da mensagem: “Podem surgir muitas contendas em torno das páginas mais célebres e formosas; todavia, perante a alma que se converteu em carta viva do Senhor, quando  não haja vibrações superiores da compreensão, haverá sempre o divino silêncio.”6

Sobre esse assunto, Paulo prossegue em outro versículo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (5:17).

O processo de renovação interior foi explicitado pelo orientador espiritual de Chico Xavier:

“Se pretendes quebrar as algemas que te agrilhoam à sombra, não bastará te rotules com esse ou aquele título no campo das afirmações exteriores. É imprescindível te transformes por dentro, fazendo luz para o cérebro e luz para o coração.”7

O notável exegeta espiritual considera: “Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.”9

Bibliografia:

1. Champlin, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol. 4. Cap. Segunda Epístola aos Coríntios. São Paulo: Hagnos, 2014.

2. Walker, Peter. Pelos caminhos do apóstolo Paulo. Trad. Mariz, Andréa. Introdução, Cap. 9. São Paulo: Ed.Rosari. 2009.

3. Ryrie, Charles C. A Bíblia de Estudo Anotada/Expandida. Trad. Klassin, Susana. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.

4. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel.  Palavras de vida eterna. Cap.21 e 125. Uberaba: CEC. 2010.

5. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap.26 e 102. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

6. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel.  Caminho, verdade e vida. Cap.7, 114, 115. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

7. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Segue-me. Cap.Renovemo-nos. Matão: Ed.O Clarim, 2011.

8. Kardec, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Noleto, Evandro Bezerra. Introdução. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

9. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte Viva. Cap. 53 e 123. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

(*) Síntese de artigo do mesmo autor, publicado na "Revista Internacional de Espiritismo", Ed.O Clarim, novembro de 2015.

Janeiro após janeiro…

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Na passagem do ano anterior, eram outras as perspectivas. Havia ambiente de reconciliação nos cenários internacionais e até nacional. Nos primeiros dias de janeiro o mundo foi sacudido pelos atentados de Paris e, na sequência, veio uma avalanche de episódios chocantes e tristes nas várias esferas, que os noticiários não param de focalizar até nossos dias. No seio do movimento espírita sente-se também focos de arrefecimento, embora o trabalho prossiga firme dentro das casas espíritas.

Como se repete sempre no movimento espírita: " É a transição…"

Num quadro complexo como se vive atualmente e na passagem para um novo ano, além dos compromissos cívicos e espíritas que devem ser mantidos, há necessidade de muita sintonia e confiança no Mundo Espiritual afinizado com os Espíritos Superiores vinculados ao Cristo.

Emmanuel, em algumas mensagens ligadas ao tema – passagem do ano – faz colocações que devem merecer nossa atenção e reflexão:

"Ano Novo é também oportunidade de aprender, trabalhar e servir. O tempo, como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para necessária ascensão. Lembra-te de que o ano em retorno é novo dia a convocar-te para a execução de velhas promessas que ainda não tivestes a coragem de cumprir."(1)

"Janeiro a Janeiro, renova-se o ano, oferecendo novo ciclo ao trabalho. É como se tudo estivesse a dizer: “Se quiseres, podes recomeçar". Disse, porém, o Divino Amigo que ninguém aproveita remendo novo em pano velho. […] Recomecemos, pois, qualquer esforço com firmeza, lembrando-nos, todavia, de que tudo volta, menos a oportunidade esquecida, que será sempre uma perda real."(2)

Mas, na mensagem "Sede Firmes", Emmanuel faz recomendações para nossos dias, começando por citar Jesus: "E quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assustais" ( Lucas: 21 – 9 ), e prossegue:  

"O aprendiz sincero de Cristo para merecer-lhe a assistência generosa precisa conservar intangível o caráter resoluto. É indispensável que o coração do discípulo se entregue às mãos do Mestre com a firmeza necessária. […]  A vitória do Bem reclama espíritos fortalecidos de coragem e fé, acima de tudo. […] O mundo cheio de sombras do mal não oferece lugar a espectadores. Cada homem deve escarregar-se do trabalho que lhe compete. A guerra de nervos traz ameaças, gritos, terrores, bombas, incêndios, metralhadoras, mas o defensor do Bem traz o caráter firme, solidificada na confiança em Deus e em si mesmo. O discípulo do Senhor não ignora que os cristãos morreram nos circos, de mãos vazias, mas na qualidade de combatentes pelo Bem e pela Verdade. Nestas horas de apreensões justas, recordai as palavras serenas do Mestre: "E quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assustei'."(3)

Cabe-nos o esforço para que efetivamente aconteça novo ano!

Referências:

(1) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Vida e Caminho. Ed.GEEM.

(2) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Palavras de Vida Eterna. Lição nº 01. Ed. CEC.

(3) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Harmonização. Ed. GEEM.

 

(De: http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/janeiro-apos-janeiro)

VESTIBULAR DA UNESP CITA “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”

Os vestibulandos da primeira fase da UNESP, realizado no mês de novembro, deparam-se com uma questão no mínimo surpreendente.

O enunciado de uma das questões trazia dois textos para explicar as capacidades morais e intelectuais do homem, o conceito filosófico do inatismo, especialmente as habilidades no campo da Música. Um dos textos era do O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. O outro foi extraído de um artigo da Revista Superinteressante.

É preciso destacar a atualidade do pensamento espírita, capaz de confrontar a Ciência Oficial e apresentar respostas para questões complexas. A resposta dos Espíritos, com adaptações ao texto original, foi apresentada da seguinte maneira:

“Não confundais o efeito com a causa. O Espírito tem sempre as capacidades que lhe são próprias; ora, não são os órgãos que produzem as capacidades, mas as capacidades que conduzem ao desenvolvimento dos órgãos. O Espírito, se encarnando, traz certas predisposições, admitindo-se, para cada uma, um órgão correspondente no cérebro.

O desenvolvimento desses órgãos será um efeito e não uma causa. Se as capacidades se originassem nesses órgãos, o homem seria uma máquina sem livre-arbítrio e sem responsabilidade dos seus atos. Seria preciso admitir que os maiores gênios, sábios, poetas, artistas, não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais”.

Já o artigo da Revista Superinteressante, de autoria de Nelson Jobim, intitulado “Um dom de Gênio”, cita uma pesquisa do neurologista alemão, Helmut Steinmetz, pesquisador da Universidade Henrich Heine, de Düsseldorf, que comparou cérebros de um grupo de 30 músicos com os de outros 30 que não se dedicavam à arte musical.

Na conclusão do cientista, o virtuosismo dos primeiros explicar-se-ia por um acentuado desenvolvimento do lobo temporal esquerdo (região do córtex cerebral onde são processados os sinais sonoros). “Nos músicos, esse tamanho pode ser duas vezes maior”, diz o texto.
 

Resposta do Colégio Objetivo
“No de Kardec, codificador do Espiritismo, religião amplamente professada no Brasil, o Universo é visto como constituído de matéria e espírito. Essa concepção tem ressonância no pensamento de Platão e Descartes, considerados também pensadores dualistas. Assim, o corpo material é plasmado pelo Espírito que o encarna. A alma, entendida por Kardec como o espírito encarnado, é o portador de uma bagagem cultural e moral de existências passadas. conceito semelhante ao inatismo cartesiano e platônico, em que a razão humana é portadora e produtora de conhecimento humano.”

Já em relação ao artigo de Nelson Jobim, a genialidade humana surge como produto de determinação biológica. “Tal concepção se aproximaria mais dos empiristas, para quem toda inteligência nasce como tábula rasa, e nesse caso poderíamos admitir que a genialidade resultaria do acaso. O que, na crítica de Kardec, ‘os maiores gênios, sábios, poetas e artistas não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais’”.

E a pergunta que se faz é: Como terão reagido os vestibulandos frente a essa questão?

Essa não foi a pergunta a questionar temas filosóficos. O pensamento atualíssimo de Voltaire, o grande mestre do Iluminismo, também foi tema da questão que abordou, de forma implícita, as lutas étnicas e a ação de grupos extremistas. No texto de Voltaire, o pensador apresenta Deus não como uma divindade de um povo, de uma raça ou de uma nação, mas como o criador do Universo e pai de todos os homens. Uma visão, com certeza, coerente e compatível com o ensino trazido pelo Espiritismo.

(Enviado em 18 de dezembro de 2015 | Publicado por Juliana Chagas)
Fonte: USE São Paulo

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Como professor aposentado e ex-pró-reitor da UNESP sinto satisfação pelo fato do vestibular (VUNESP) desta universidade pioneiramente incluir uma questão relacionada com obra de Allan Kardec – Antonio Cesar Perri de Carvalho.

“Janeiro a Janeiro, renova-se o ano,…”

RECOMECEMOS

“Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho." Jesus – Mateus, 9:16.

 

Não conserves lembranças amargas.

Viste o sonho desfeito.

Escutaste a resposta de fel.

Suportaste a deserção dos que mais amas.

Fracassaste no empreendimento.

Colheste abandono.

Padeceste desilusão.

Entretanto, Recomeçar é Bênção na Lei de Deus.

A possibilidade da espiga ressurge na sementeira.

A água, feita vapor, regressa da nuvem para a riqueza da fonte.

Torna o calor da primavera, na primavera seguinte.

Inflama-se o horizonte, cada manhã, com o fulgor do Sol, reformando o valor do dia.

Janeiro a Janeiro, renova-se o ano, oferecendo novo ciclo ao trabalho.

É como se tudo estivesse a dizer: “Se quiseres, podes recomeçar".

Disse, porém, o Divino Amigo que ninguém aproveita remendo novo em pano velho.

Desse modo, desfaze-te do imprestável.

Desvencilha-te do inútil.

Esquece os enganos que te assaltaram.

Deita fora as aflições improfícuas.  

Recomecemos, pois, qualquer esforço com firmeza, lembrando-nos, todavia, de que tudo volta, menos a oportunidade esquecida, que será sempre uma perda real.

 

Emmanuel  

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Palavras de Vida Eterna. Lição nº 01. Ed. CEC)