Cultos religiosos em Cuba

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Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

            No início dos anos 1990, em programas da Universidade Estadual Paulista-UNESP, estivemos representando-a em algumas viagens a Cuba. Numa das oportunidades integramos comitiva oficial de dirigentes universitários com objetivo de conhecer seus programas de educação e saúde, e assinar convênios institucionais, inclusive com acesso a eventos com a presença do presidente e vários ministros.

            Numa dessas viagens oficiais obtivemos autorização, acompanhado de um vice-ministro, para audiência na sede do governo – o Palácio da Revolução -, com o já idoso ministro dr. José Felipe Carneado, chefe do Departamento de Assuntos Religiosos do Comitê Central do Partido Comunista Cubano, que era apelidado pela equipe governamental como "nosso cardeal".

            Ao retornarmos, publicamos um registro sintético da inusitada ocorrência em artigo na Revista Internacional de Espiritismo.(**) O ministro nos esclareceu como aquele governo lidava com os cultos religiosos desde os primeiros tempos da revolução até aqueles dias. Citou episódios históricos e justificou algumas restrições envolvendo várias religiões; entrou em detalhes sobre os cultos afros, muito populares em função da escravidão vigente em séculos passados; e a relação amistosa com a maçonaria. Naquela oportunidade – fevereiro de 1992 – informou-nos que o Congresso do Partido Comunista Cubano (que rege o governo daquele país) de 1991 já introduzia novidades iniciais, reconhecendo alguns religiosos.

            Ao final da entrevista cordial, o ministro nos ofereceu livro sobre o tema e entregamos a ele um exemplar de nosso livro – então recente – Entre a matéria e o espírito (Casa Editora O Clarim). Para surpresa nossa ele nos solicitou uma dedicatória. Em seguida, acompanhado de um assessor governamental, fomos levado a conhecer médium da popular "santeria" – equivalente ao candomblé de nosso país -, muito disseminado naquele país e sentimos que haveria um beneplácito oficial.  

            Na década seguinte, tivemos contatos com companheiros do Conselho Espírita Internacional que já labutavam na área espírita em ações relacionadas com Cuba e que nos informaram sobre o início de um processo de liberação dos cultos religiosos e inclusive do Espiritismo. Destacamos Edwin Bravo, da Guatemala, e coordenador do Conselho Espírita Internacional para a América Central e Caribe, principal responsável pela abertura ao Espiritismo junto a autoridades cubanas, contando com o apoio de espíritas radicados naquele país, como a família Agramonte, e de Manuel de la Cruz, de origem cubana, mas radicado em Miami (EUA).

            No primeiro semestre de 2004 já houve um evento espírita em Havana e liberado pelo governo cubano. Outros eventos ali foram realizados com apoio do CEI-América Central e Caribe. Por solicitação e estímulo dos já citados companheiros e com total apoio de Nestor João Masotti – então secretário geral do CEI e presidente da FEB – foi doado a Cuba um "container" repleto de livros espíritas em espanhol.

            Em 2011 foi reinaugurado o busto de Allan Kardec em praça na cidade de Havana. Havia sido erigido em 1957 e retirado em seguida a 1960.

            Quando o Conselho Espírita Internacional aprovou que      o 7o Congresso Espírita Mundial, seria realizado em Havana, por delegação do então secretário geral do CEI o representamos em vários contatos diretos naquele país.  Em 2011 atuamos no 6o Congresso Espírita Centroamericano e do Caribe e o 27o Congresso Espírita Cubano, realizado na cidade de Bayamo, com excelentes diálogos com autoridades do país e lideranças espíritas do país, e conhecemos centros tradicionais daquela região oriental. Interessante é que naqueles dias ocorria o Congresso do Partido Comunista Cubano e o presidente do país, pela primeira vez, citou os espíritas no seu discurso. No mesmo ano retornamos com tarefas específicas para preparação do Congresso Mundial juntamente com a Comissão de Apoio do CEI para o 7o Congresso Espírita Mundial. Representando o CEI estivemos em reunião com vice-ministros, incluindo os dirigentes do Departamento de Assuntos Religiosos, dentro do Palácio da Revolução, a sede do governo de Cuba.        

            Finalmente, em março de 2013 ocorreu o 7o Congresso Espírita Mundial, que foi um sucesso de participação, e com o apoio do governo, com a presença significativa de cubanos de várias partes do país. A imprensa espírita deu destaque ao evento. Houve também um pré-Congresso na Região Leste de Cuba, com palestras e visitas a instituições espíritas de Manzanillo, Bayamo e Sierra Maestra, região onde se concentra a maioria dos espíritas do país. Para o Congresso foi ofertado um "container" de livros editados em espanhol pelo CEI e pelo IDE em parceria com a Editora venezuelana Mensaje Fraternal, para distribuição aos mais de 500 grupos espíritas em funcionamento naquele país. O CEI e a FEB doaram uma edição especial em parceria, em espanhol, de O evangelho segundo o espiritismo, entregue a todos os congressistas.

            Na primeira metade do Século XX havia um bem desenvolvido movimento espírita em Cuba, inclusive com realização de eventos nacionais. Houve um interregno em função da política então vigente sobre cultos religiosos. Desde a inesperada audiência com o ministro cubano até a realização do marcante Congresso Mundial, onde comparecemos como presidente da FEB, sentimos que no espaço de 21 anos, ocorreram muitas transformações no tocante à liberação dos cultos religiosos e a busca pelo Espiritismo se manteve e se expandiu.

 

(*) Ex-presidente da FEB e ex-membro da Comissão Executiva do CEI.

(**) Síntese do artigo: Carvalho, Antonio Cesar Perri. Cultos religiosos em Cuba. Revista internacional de espiritismo. Ano LXVII. No. 3. Abril de 1992. P.81-82.

Chico Xavier e Kennedy

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Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

            Em 22 de novembro de 1963 o mundo foi fortemente impactado com o assassinato do presidente americano John Kennedy. Ele era um líder nato e fonte de esperanças para o cenário mundial.

            Poucos anos depois, em meados de 1965, durante memorável e pioneira viagem para contatos espíritas aos Estados Unidos, Chico Xavier e Waldo Vieira, foram levados por amigos lá radicados para visitarem  o túmulo do presidente John Kennedy no histórico Cemitério de Arlington, na área de Washington (Vide foto). Aliás até nossos dias é local de visitas, na maioria das vezes, turísticas. Nós mesmos já tivemos oportunidade de conhecer o local.

            Destacamos que os dois médiuns citados mantiveram-se muito discretos durante toda a viagem. Não ofereceram informações e muito menos alimentaram especulações. As mensagens  psicografadas nos Estados Unidos foram publicadas no livro Entre irmãos de outras terras (1). Nesta obra não há nenhuma referência sobre o acima citado vulto americano.

            Um fato – provocado – ocorreu na noite de 28 de Julho de 1971. Momento histórico para São Paulo e para o Brasil: o marcante ”Pinga Fogo”do Canal 4 – TV Tupi de São Paulo. Francisco Cândido Xavier, o médium psicógrafo de Uberaba, submeteu-se aos entrevistadores em programa ao vivo.

            Lá pelas tantas, um dos entrevistadores, Almir Guimarães, indaga:

            "— Mauro Marcondes Filho, advogado, deseja saber se os seus guias espirituais já o informaram sobre a situação espiritual de Kennedy, De Gaulle, Stalin e Churchill, os maiores líderes políticos deste século."

            Chico Xavier responde:

            "— Seria para mim muito difícil estabelecer um sistema de informações nesse particular, conquanto admire profundamente o presidente Kennedy. Não tenho maior conhecimento dessa missão do general De Gaulle, que admiro também muitíssimo, e Churchill, por haver comandado a empresa de defender a civilização ocidental; e de Stalin também não tenho maior conhecimento. Sei por informações de amigos norte-americanos que o presidente Kennedy continua trabalhando (no mundo espiritual) pelo progresso das idéias de emancipação e pela integração das raças e pela fraternidade do povo americano e dos povos dos continentes do mundo. É o único de que eu posso dar informações." (2)

            Destacamos que o assunto se encerrou e Chico Xavier não fez especulações – como surgiram várias de outras origens – sobre pregressa existência de Kennedy.

            A propósito, destacamos trechos de mensagem do livro psicografado em território americano:

            "Fugir da exibição pessoal. Guardar discrição e simplicidade. Acatar os sistemas de trabalho espiritual que observe diferentes daqueles a que se afeiçoe. Evitar críticas e discussões. Furtar-se de comprometer a Doutrina Espírita em quaisquer atitudes, mormente aquelas que se relacionem com o interesse próprio." (1)

Referências:

1. Xavier, Francisco Cândido; Vieira, Waldo. Espíritos diversos. Entre irmãos de outras terras. 1a. parte, cap. 1. Rio de Janeiro: FEB. (Traduzido: Among Brothers of Other Lands, EDICEI).

2. Xavier, Francisco Cândido. Chico Xavier. Entrevistas. Araras: IDE.

 

(*) – Ex-presidente da USE-SP e da FEB.

De: http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/chico-xavier-e-kennedy?xg_source=msg_appr_blogpost

DELITO E REENCARNAÇÃO

Cornélio Pires

Por ódio trocado,

Antônia matou Lina do Lagarto…

Hoje, elas são mãe e filha

Doentes no mesmo quarto.

 

Joaquim arrasou Simão

Para tomar-lhe Ana Vera,

Mas Simão tornou a ele,

É o filho que o não tolera.

 

Por Téo, Nana largou Juca

Que se matou pela ingrata,

E Juca voltou a ela,

É o filho que a desacata.

 

Manoel seduziu Percília,

Deixando-a em tombos loucos…

Ela morreu e voltou:

É a filha que o mata aos poucos.

 

Por Zina, matou-se João…

Um carro fê-lo aos pedaços…

 Hoje ele é o filho doente

Que Zina beija nos braços.

 

Tesouro maior da vida

É a mente tranquila e sã.

Erro que a gente faz hoje

A vida acerta amanhã.

 

DELITO E REENCARNAÇÃO

Irmão Saulo (*)

Cornélio Pires foi o poeta caipira que marcou uma época da vida paulista, assinalou a fase de transição da cultura caipira para a cultura cosmopolita que surgiria com a transformação da cidade provinciana em metrópole moderna. Deixou vasta e curiosa obra de inegável interesse folclórico e literário. Todos os anos a cidade de Tietê, sua terra, promove oficialmente a Semana Cornélio Pires. Na praça central da cidade há um busto do poeta e Tietê mantém carinhosamente o Museu Cornélio Pires.

Tendo falecido em São Paulo a 17 de janeiro de 1958, Cornélio teve o seu corpo transportado para Tietê, onde se deu o enterro. Pouco tempo depois passou a transmitir sonetos e trovas através de Chico Xavier. A Federação Espírita Brasileira lançou o livro “O Espírito de Cornélio Pires”, reunindo essa produção inicial. Mas o poeta continua a transmitir os seus versos pelo telégrafo mediúnico, na mesma linha espírita que já havia adotado nos seus últimos anos de vida terrena, quando publicou “Coisas do Outro Mundo” e “Onde está, ó Morte, a tua vitória?”.

A trova é o haicai (**) da língua portuguesa, uma forma de síntese poética de que Cornélio sempre se serviu com habilidade. Mas, nas trovas deste capítulo, o tema é a reencarnação. Note-se que o poeta não joga com argumentos, mas com fatos. Expõe a tese focalizando pequenos episódios da vida diária, no permanente intercâmbio da morte com a vida. Uma forma didática de mostrar as consequências de nossos atos e de nosso comportamento, não no após morte, mas na volta à vida.

Quem conheceu Cornélio Pires e conhece sua obra não tem a menor dificuldade em identificá-lo nesses versos. O poeta caipira, simples, objetivo, direto, reflete-se nessas quadras psicografas como se elas viessem das suas próprias mãos. Atente-se para a maleabilidade extrema do médium, que com a mesma presteza recebe um alexandrino grandiloquente de Cyro Costa, como se viu no “Pinga Fogo” do Canal 4; um poema erudito de Augusto dos Anjos ou uma quadra caipira de Cornélio Pires. Chico Xavier, segundo sua resposta a Scatimburgo na televisão, não escreve “à maneira de”, mas deixa que os espíritos escrevam por suas mãos “à maneira deles”.

 

(Xavier, Francisco Cândido; Pires, José Herculano; Autores Diversos. Chico Xavier Pede Licença. Cap. 6. São Bernardo do Campo: GEEM. 1972).

 

(*) Irmão Saulo é pseudônimo de José Herculano Pires.

(**) O Haicai é uma forma poética de origem japonesa.

13 de novembro, o Dia do Jovem Espírita

João Thiago Garcia 
 

           Não pretendemos com esse artigo falar sobre o histórico do movimento de Mocidades Espíritas, nem tão pouco da sua importância para a Casa e o Movimento Espírita. Gostaríamos apenas de contribuir para o conhecimento do porque dessa data.

            Em 1949, após a assinatura do Pacto Áureo que criou o CFN/FEB (Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira), os dois únicos organismos do Movimento Espírita Juvenil do país resolveram aderir de pronto ao Pacto e, em 13 de novembro, consumava-se, enfim, o ATO DE UNIFICAÇÃO DAS MOCIDADES E JUVENTUDES ESPÍRITAS, dando início ao Departamento de Juventude da Federação Espírita Brasileira.

Esta data surge como um marco para a história das Mocidades Espíritas, representando o idealismo acima do personalismo, da confraternização acima do fracionamento, da mensagem esclarecedora acima do melindre do estudo e do trabalho acima dos obstáculos pessoais.

DIA 13 DE NOVEMBRO brilha para a HUMANIDADE como sendo o DIA DO JOVEM ESPÍRITA.

            Para mais detalhes e informações, transcrevemos, no final deste, o Artigo Mocidade Espírita publicado no Anuário Espírita de 1971. Porém a pergunta que fica é: O QUE É SER JOVEM ESPÍRITA?

            Se buscarmos no dicionário Aurélio:

 jo.vem – Adjetivo de dois gêneros. 1.Que está na juventude; juvenil. 2.Juvenil (1). Substantivo de dois gêneros.  

es.pí.ri.ta – Adjetivo de dois gêneros. 1.Relativo ao espiritismo. Substantivo de dois gêneros. 2.Partidário dele. [Sin. ger.: espiritista.]

            Apesar de muito lógica, a definição que o Aurélio nos dá é pouco esclarecedora ao que, na essência, venha a ser um Jovem e Espírita.

Antes de prosseguirmos, gostaria de lembrar dois pequenos trechos do Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec:

“Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más tendências.”
(
OS BONS ESPÍRITAS – Cap. 17, It. 4)

“É chegado a hora em que deveis sacrificar, em favor da sua divulgação (Doutrina Espírita), hábitos, trabalhos, ocupações fúteis.”
(
MISSÃO DOS ESPÍRITAS – Cap. 20, It. 4)

Olhando à nossa volta vemos diversos exemplos de juventude. Seja onde for, de que jeito for, o jovem é fácil de reconhecer e de se perceber sua presença. E, com o Jovem Espírita, não é diferente. Pegamos alguns casos só para contextualizar:

            “Uma jovem de 24 anos recusa o convite dos amigos para ir num show de sua cantora preferida, que ocorrerá em sua cidade, só para estar presente numa reunião de estudos preparatórios de um Encontro de Mocidades.”

“Jovens das mais variadas idades se reúnem aos finais de semana para elaborar metodologias de como facilitar a assimilação da Doutrina por outros jovens.”

“Um rapaz economiza os trocados, deixa de ir ao cinema, de comprar uma camiseta da moda, só para conseguir estar presente numa reunião e representar seu grupo de Mocidade.”

“Uma jovem dirigente de mocidade abre o Centro todo sábado no mesmo horário, prepara a sala, arruma o material, e espera os participantes que por vezes a deixaram esperando.”

“Mesmo sem apoio dos pais, um jovem vai às reuniões de mocidade, pois gosta do estudo e das pessoas que lá estão. E, às vezes, deixa de ir a festas de aniversário, casamentos, churrascos em família, para estar com os amigos e estudar Espiritismo.

            Pois bem, pela vivência que temos, é possível afirmar que ser Jovem Espírita é isso e muito mais.

            Ser Jovem Espírita é lutar contra as “tentações do mundo”. É se indispor às vezes com a família só para estar na Mocidade. É se sacrificar em prol de algo que acredita. É confiar em Deus e na espiritualidade.

Ser Jovem Espírita é a busca pelo conhecimento das verdades eternas, pelo esclarecimento sobre as questões mais íntimas como a perda de entes queridos e as divergências familiares.

Ser Jovem Espírita é compreender as dores da alma, a fome e a pobreza. Entender o mundo dos espíritos e ter na mediunidade uma ferramenta de caridade, e na alegria do trabalho voluntário, a prática do Cristianismo. É querer trabalhar com os mais velhos, mesmo sendo rotulado como irresponsável e imaturo.

Temos a oportunidade de ser jovem e trabalhar com jovem. Mais do que um estado físico, a juventude é sim um estado de espírito.

Por definição Mocidade Espírita é: “Um Grupo de jovens que se reúnem com o objetivo de estudar a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, e temas atuais à luz do Espiritismo, contribuindo, assim, para a informação e formação moral do jovem. Este Grupo denominado MOCIDADE, é um departamento do Centro Espírita, no qual realiza suas reuniões de Estudo e desenvolve tarefas. Praticando os preceitos de Jesus, a Mocidade interage no meio-social. Estrutura atividades que atendam aos interesses e necessidades do jovem que dela participa. Através do Movimento de Unificação busca seu aperfeiçoamento.”

A Mocidade deve ser vista como um Departamento da Casa Espírita, assim como é a Evangelização, a Assistência Social, a Orientação Doutrinária, Mediunidade, etc. Todos fazemos parte de um mesmo grupo de trabalho, não podemos e nem devemos trabalhar como uma caixa dentro de outra caixa.

É nesse grupo chamado Mocidade Espírita que se fornece oportunidades de ser jovem em qualquer lugar e ambiente da sociedade. Por isso não nos equivocamos em dizer que a MOCIDADE ESPÍRITA É LUGAR DE SER JOVEM.

Parabéns aos Jovens Espíritas que construíram esse movimento. Bom trabalho para os Jovens Espíritas que seguem confiantes na promessa do jovem Rabi da Galiléia.

 

(Extraído de: http://fems.org.br/Registro.aspx?id=20121113092755&Tipo=artigos; consulta em 3/11/2016)

Schutel – pioneiro na distribuição de mensagens em cemitérios

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Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

            Cairbar Schutel (1868-1938), ex-prefeito e pioneiro espírita de Matão (SP), foi um dos grandes arautos da difusão do Espiritismo nas primeiras décadas do século XX.

            Fundou o jornal O Clarim, em 1905, sendo um dos predecessoras de comunicação com comunidades estrangeiras com a Revista Internacional de Espiritismo, por ele fundada em 1925, era uma espécie de Revue Spirite à brasileira, contando com autores espíritas e metapsiquistas e transcrições de diversos periódicos de vários países, com o apoio de tradutores como Ismael Gomes Braga e Watson Campello. Foi também um dos pioneiros da divulgação espírita pelo rádio, da cidade de Araraquara.

            Tradicionalmente,  com companheiros espíritas distribuía mensagens e jornais no cemitério de Matão. Portanto, um dos pioneiros nesse forma de divulgação foi Cairbar Schutel que fazia questão de se deixar fotografar junto das sepulturas para atestar sua convicção na imortalidade da alma, isso nos idos das primeiras décadas do século passado, conforme noticiava O Clarim. Aliás, tal jornal chegava a ter edições de 40 mil exemplares naquelas oportunidades, porque também ele atendia à região.

Convicto e ardoroso divulgador da imortalidade da alma, próximo à sua desencarnação Cairbar Schutel solicitou que colocassem em seu túmulo o epitáfio:

“Vivi, vivo e viverei porque sou imortal”. (1)

Cairbar Schutel foi admirador de Paulo de Tarso, e a ele dedicou um capítulo em em seu livro: Parábolas e ensinos de Jesus:

“Paulo é o mais belo rebento da Arvore do Cristianismo. Dentre todos os grandes na Fé, que se distinguiram pela sua dedicação e amor à causa de Jesus, Paulo é o Espírito cuja luz ultrapassa a todos os anseios da Caridade, é a Sabedoria que excede a todas as ciências, é o prodígio de todos os prodígios, é a coragem, a energia que afronta todas as grandezas, é o Gênio inigualável de todos os tempos. […] Paulo é o primus inter pares dos porta-vozes do Cristianismo…”(2)

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"A Doutrina Espírita não apenas consola, mas também alumia o raciocínio dos que indagam e choram na grande separação." (3)

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Referências:

  1. Carvalho, Antonio Cesar Perri. O “bom combate” de Cairbar Schutel e Paulo de Tarso. Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCI, n.9, Outubro de 2016.
  2. Schutel, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 9.ed. 2ª. parte. Matão: O Clarim, 19.72.
  3. Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Justiça divina. cap. 62. Brasília: FEB

 

(*) – Ex-presidente da USE-SP e da FEB.

Oficina de estudo e solidariedade

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Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

            Há alguns anos atrás em mensagem psicografada por Divaldo Pereira Franco, em ambiente familiar, a citação das Cruzadas veio à tona. (1)

            O assunto nos interessava e algum tempo depois surgiram várias situações novas.

            Em livro nosso Além da descoberta. Brasil, 500 anos comentamos que: “A vida física é uma grande viagem. Nesta romagem faz-se várias outras – entre sonhos e realidade." E, na apresentação registramos o depoimento: “[…] entre os sonhos da vida, vivenciamos uma experiência notável, sentindo-nos transportados para uma situação que, talvez, reproduzisse momentos de lutas, de tilintar de espadas e do ruído estrepitante do fogo. Eis que surge um instante de iluminação.” (2)

            Entre autênticos sonhos e viagens, penetramos num mundo novo vivencial, e entramos em contato com uma instituição que promove a comunhão de homens livre e de bons costumes que estimula a prática da fraternidade. Parecia uma autêntica escola e as pessoas nos reconheciam como irmão. Sentimos inspirações no lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Entre viagens e sonhos aprendemos muito e em nosso íntimo ressoam as palavras frequentemente repetidas nos ambientes que percorremos: "Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união." (3)

            Nas oportunidades de estudos vinha sempre à mente nossa condição de espírita e a preocupação de trabalhar numa vertente espiritualista e espírita, mas dentro da inspiração dos estandartes das academias diferentes: um destacava a figura histórica Jacques De Molay e o outro evocava ideias centrais como pensamento e luz.

            Aí lembramos da mensagem psicográfica de Divaldo e revigoramos o interesse pelos estudos sobre Jacques De Molay (1244-1314), o líder da Ordem dos Cavaleiros Templários, e que é autor de mensagem espiritual recebida na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e publicada por Allan Kardec na Revista espírita, dirigindo-se a um dos presentes: "[…] Uma sociedade de irmãos, de amigos, de homens cheios de boa vontade, que só desejam uma coisa, conhecer a verdade para fazer o bem." (4)

            Entre novas visões, estudos e viagens, aportamos no continente europeu e Portugal e Espanha nos proporcionaram locais históricos e o acesso a livros notáveis.

            Assim, à guisa do quinto centenário da descoberta do Brasil, escrevemos o livro Além da descoberta. Brasil, 500 anos. O Prefácio foi assinado por Wilson Garcia. Aliás, não foi “ao acaso” porque este companheiro e Eduardo Carvalho Monteiro, em diversos momentos, apareciam nas nossas viagens durante o trânsito em uma academia diferente.    Nesse livro exploramos fatos que precederam as grandes navegações dos séculos XV e XVI e, inclusive, depois o "achamento" do Brasil, como resultante das ações predecessoras da “internacional” Ordem dos Cavaleiros Templários, transformada em Ordem de Cristo, em Portugal, onde contou com a ação exponencial do Infante Dom Henrique. No desembarque de Cabral nas novas terras, foi fincada a bandeira da Ordem de Cristo. A partir daí, fatos históricos e obras psicografadas por Chico Xavier, garantiram o desenrolar de episódios até nossos tempos. Trabalhamos a ideia do papel espiritual e fraterno que nosso país poderá desempenhar no concerto das nações.

            Ao mesmo tempo em que conhecíamos um mundo novo e elaboramos um livro – fruto daqueles momentos marcantes -, viemos a conhecer outros cenários em função de compromissos com os irmãos da notável academia, como visitas a novos ambientes em Araçatuba, a nossa terra natal, e até o tradicional e antigo Palácio do Lavradio, no centro da cidade do Rio de Janeiro, palco da ação de artífices destacados da história brasileira. Chegamos a conviver com o ambiente de representação junto ao parlamento federal em Brasília, onde a visão geral e política se ampliou.

            Ao mesmo tempo, cresceu o nosso respeito a Léon Denis, e que se entusiasmava e se emocionava com a temática sobre Deus. Vianna de Carvalho, orador inflamado e semeador de núcleos espíritas em nosso país. Entre muitos casos, destacamos um grupo de obreiros que anonimamente prestou intenso apoio solidário ao trabalho pioneiro de Benedita Fernandes – a dama da caridade -, em nossa cidade natal, nos anos 1930/1940 .

            A experiência de conhecer outros ambientes além da seara espírita foi importante para se ampliar visões, como adentrar em uma academia diferente, que estuda mas que trabalha continuadamente, como se diz, de Sol a Sol, junto à tessitura social.

Referências:

1) Franco, Divaldo Pereira; Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelo espírito Lourival Perri Chefaly. Em louvor à vida. Salvador: LEAL. 1987.

2) Salmos, 133.1.

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Além da descoberta. Brasil, 500 anos. Capivari: EME, 1999.

4) Kardec, Allan. Trad. Abreu Filho, Júlio. Revista Espírita. Cap. Instruções dos espíritos. O Espiritismo e a franco-maçonaria. Edição de abril de 1864. São Paulo: EDICEL.

(*) – Ex-presidente da USE-SP e da FEB.

De: http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/oficina-de-estudo-e-solidariedade?xg_source=msg_appr_blogpost

 

Reflexões sobre união

Antonio Cesar Perri de Carvalho

    No antigo órgão da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo – Unificação -, está publicada uma mensagem do espírito Bezerra de Menezes, que é pouco divulgada.

    À guisa de estímulo para reflexões a reproduzimos. Também endossamos comentários introdutórios feitos pelos dirigentes da USE-SP:

    "No dia 23 de abril de 1976, portanto há mais de quatro anos, os companheiros da União Municipal Espírita de Marília-SP, receberam, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, uma significativa mensagem do dr. Bezerra de Menezes. Considerando a íntima relação do conteúdo dessa mensagem com o movimento de unificação dos espíritas, e, também pelo fato de ter sido pouco divulgada, tomamos a liberdade de publicá-la, nesta edição, para conhecimento dos leitores." (1)

    Segue o texto psicografado por Chico Xavier:

    "Mensagem de união:

    Filhos, o Senhor nos abençoe.

    Solidários, seremos união.

    Separados uns dos outros, seremos pontos de vista.

    Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.

    Distanciados entre nós, continuaremos à procura do trabalho com que já nos encontramos honrados com a Providência Divina.

    Crede! A humildade e a paciência no mecanismo de nosso relacionamento são as energias de entrosagem de que não podemos prescindir, na execução de nossos compromissos.

    Roguemos, pois, a Deus a força indispensável para nos sustentar fiéis aos nossos compromissos de união em torno do Evangelho de Cristo, a fim de concretizar-lhe os princípios de amor e luz.

    Mantenhamos unidos, em Jesus, para edificar e acender Kardec no caminho de nossas vidas, porque unicamente assim, agindo com a fraternidade e progredindo com o discernimento, é que conseguiremos obter    os valores que nos erguerão na existência em degraus libertadores de paz e ascensão.

    Bezerra de Menezes"

    A nosso ver, esta mensagem de Bezerra de Menezes é muito sugestiva. Destacamos as palavras chaves: união, solidariedade, compromisso, Evangelho e Kardec. Cada uma dessas palavras, separadamente e em conjunto devem ser analisadas, fazendo-se a reflexão em torno do tema central que é a união.   

 

Referência:

1) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Bezerra de Menezes. Mensagem de união. Unificação. USE. Ano XXVII. No. 309. São Paulo. Novembro-dezembro de 1980.

Congressos Mundiais: confraternização, intercâmbio e difusão do Espiritismo

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Allan Kardec iniciou visitas e estabeleceu contato direto com as primeiras sociedades espíritas, que começavam a ser fundadas no interior da França. No livro Viagem espírita em 1862, ele relatou essas experiências, que podem ser consideradas como a primeira ação concreta de intercâmbio e união dos espíritas.

Em outubro de 1888 realizou-se em Barcelona o I Congresso Internacional Espírita, com a liderança de José María Fernández, Torres-Solanot e Amalia Domingo Soler.

Léon Denis, um dos principais continuadores de Allan Kardec, fez conferências por toda a França  e atuou em quase todos  Congressos Internacionais, a partir do 2º e  até próximo à sua  desencarnação.  É conhecido como o "consolidador do Espiritismo".               Como registros nacionais históricos, destacamos no Brasil, na gestão do presidente da FEB, Leopoldo Cirne foi realizado em outubro de 1904 o I Congresso Espírita, em homenagem ao centenário de Allan Kardec. Em Cuba em 1935 deram início a uma série de Concentrações Espíritas Nacionais.

Por iniciativa do presidente da FEB Francisco Thiesen e patrocinado pela FEB aconteceu o 1º. Congresso Espírita Internacional, em Brasília, no mês de outubro de 1989. A convite do presidente Thiesen, participamos de reuniões preparatórias desse Congresso, no final de 1988 e início de 1989, com a participação de: Altivo Ferreira, Cccília Rocha, João Nasser, Nestor João Masotti e Paulo Roberto Pereira da Costa. Em seguida foram constituídas comissões específicas.

Durante esse Congresso houve solicitações de representantes de vários países, como o do representante da Itália, Antonio Rosaspina, para que se criasse uma organização espírita mundial. A FEB iniciou articulações com instituições de vários países e depois de reuniões realizadas em Liège (Bélgica) e em São Paulo, foi criado o Conselho Espírita Internacional (CEI), durante um Congresso Nacional de Espiritismo da Espanha, em Madrid, em novembro de 1992.

Com a criação do CEI iniciou-se a realização trienal de Congressos Espíritas Mundiais, promovidos pelo citado Conselho: Brasília (1995), Lisboa (1998), Cidade da Guatemala (2001), Paris (2004), Cartagena de Índias  (2007), Valencia (2010) e Havana (2013).

Nos preparativos e na execução dos Congressos Mundiais, até o de Valencia, destacamos o entusiasmos e  dedicação do ex secretário geral do CEI Nestor João Masotti.

Na condição de assessoria do dirigente da FEB e do CEI Nestor João Masotti e/ou na condição de dirigente da FEB e membro da Comissão Executiva do CEI tivemos a oportunidade de participar dos preparativos dos Congressos Mundiais até o efetivado em Havana. Inclusive, com reuniões preparatórias nos países e entre estas, momentos sensíveis e marcantes ocorreram em Havana, com a presença de companheiros do CEI.

O 8o. Congresso Espírita Mundial, promovido pelo CEI, acontece 7 a 9 de outubro em Lisboa.

Os Congressos Espíritas Mundiais estimulam a confraternização, o intercâmbio, a união dos espíritas, e, sem dúvida contribuem para a difusão do Espiritismo.

(Parcialmente transcrito do Boletim do CEI)

Kardec é a Base

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O trabalho do Codificador é de fundamental importância. As Obras Básicas e inaugurais da Doutrina Espírita – O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese, efetivamente representam a base e devem ser o ponto comum, de convergência, do Movimento Espírita.

Outubro é assinalado pela data natalícia de Allan Kardec – dia 3 -, e, tradicionalmente há muitos eventos alusivos ao Codificador durante todo o mês.

Nos últimos anos ocorreram também as comemorações dos 150 anos de O livro dos espíritos (2007), O livro dos médiuns (2011), O evangelho segundo o espiritismo (2014) e O céu e o inferno (2015). Foram excelentes oportunidades para a difusão dos livros do Codificador.

No ano de 2014, muitas comemorações foram efetivadas em todo o país, e houve grande ênfase no Sesquicentenário de O evangelho segundo o espiritismo. Foi marcante a bem sucedida experiência da realização do 4º. Congresso Espírita Brasileiro – tendo como tema central esta obra -, e efetivado simultaneamente em quatro regiões com expressivo número de participantes presenciais e virtuais, em função das transmissões ao vivo. A FEB Editora lançou obras de Kardec, em grande tiragem, em parceria com as Federativas Estaduais; a obra histórica: a 1ª. edição de Imitação do evangelho segundo o espiritismo, em versão bi-língue e mais alguns livros relacionados com a interpretação e o estudo da obra sesquicentenária. Houve também o lançamento do livro O evangelho segundo o espiritismo. Orientações para o estudo com capítulos de vários autores sobre o estudo do Evangelho que foi implantado na sede da FEB e no NEPE entre 2012 e 2015.

A campanha Comece pelo Começo, que foi aprovada pelo CFN da FEB, em reunião de novembro de 2014 vem sendo estimulada em várias partes do país. Historicamente, o lançamento original dessa campanha ocorreu em São Paulo, em 1972, pela USE na Capital, e, em 1975, pela USE Estadual. A campanha foi idealizada por Merhy Seba. O foco da campanha é a valorização das obras da Codificação Espírita – de Allan Kardec, como indicação ao estudo e conhecimento da Doutrina Espírita, consubstanciados em O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.

Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, escreveu uma série de livros alusivos por ocasião do então centenário de cada Obra Básica: Religião dos espíritos, Seara dos médiuns, livro da esperança, Justiça divina.

É oportuna a lembrança que o espírito Bezerra de Menezes é muito claro na mensagem “Unificação”, na qual dedica sete parágrafos ao Codificador e define Kardec como a base.

“Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas próprias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo conturbado espera de nós pela unificação” – Bezerra de Menezes (“Unificação”, psicografia de Chico Xavier, 1963).

Atualmente, o principal sistema de buscas sobre as obras de Allan Kardec é “Kardecpedia”: www.kardecpedia.com

Bittencourt Sampaio – nebulosa radiante

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Antonio Cesar Perri de Carvalho

Francisco Leite de Bittencourt Sampaio (1834-1895) é um destacado pioneiro do movimento espírita brasileiro. Atuou como jurista, político, jornalista, literato e espírita vinculado a grupos que originaram a FEB.

Bittencourt atuava de maneira simples e dedicada nos ambientes espíritas da cidade do Rio de Janeiro, inclusive como receitista de homeopatia no "Grupo Confúcio", entidade que integrava a diretoria desde 1873. Participou também da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, da qual foi um dos fundadores em 1885, depois desdobrada como "Grupo do Saião", destinado ao estudo e prática dos Evangelhos, e "Grupo Ismael", e esta veio a integrar à Federação Espírita Brasileira (fundada em 2/1/1884). Como médium recebeu belas e instrutivas mensagens de Espíritos Superiores.

Fato histórico foi a publicação de seu livro A Divina Epopéia de João Evangelista em 1882. Reproduz o Evangelho de João, em versos decassílabos, em versos heróicos. Considera “O Evangelista apóstolo do amor foi o maior poeta da antiguidade depois de Job, de Salomão e David”. Esta obra pioneira somente veio a ser editada pela FEB no ano de 1938, com o título de A Divina Epopéia. Admiramos o autor, embora não concordemos com algumas de suas interpretações doutrinárias.

Ocorrências posteriores foram relatadas por Bezerra Menezes, como médico, na sua obra A loucura sob novo prisma, sobre reuniões de tratamento espiritual com participação de figuras notáveis como o médium Frederico Pereira da Silva Júnior, Pedro Richard, Antônio Luís Saião, Francisco Leite Bittencourt Sampaio, e outros companheiros.

Interessante episódio histórico relaciona mais uma vez Bittencourt e Bezerra. A FEB estava em crise e, em julho de 1895, Bezerra de Menezes, que já havia sido presidente por um ano, foi procurado por membros da diretoria da Federação.  Bezerra estava cansado, doente, abatido pela dissensão entre os irmãos espíritas, e não aceitou o convite, mas pediu um tempo para pensar. No dia seguinte, compareceu ao Grupo Ismael, onde dirigia os trabalhos. Abriu a reunião, mas parecia aflito e preocupado. Depois da prece de abertura, feita por Bittencourt Sampaio, e após o recebimento de mensagens psicografadas, Bezerra usou da palavra no momento da explanação dos temas evangélicos, e se referiu às desavenças no Movimento Espírita e sobre o convite que havia recebido. Confessou-se fraco, mas acabou sendo convencido do compromisso. Bittencourt desencarnou três meses após este episódio.

O livros de Francisco Cândido Xavier fazem referências a Bittencourt Sampaio em Crônicas de Além Túmulo, Voltei, e Instruções psicofônicas. Nesta última obra, há uma belíssima página do nobre Espírito, intitulada “O Cristo está no leme”, onde conclui: “Cristo ontem, Cristo hoje, Cristo amanhã!…”

            Por ocasião dos 180 anos de nascimento de Bittencourt Sampaio registramos a efeméride com artigo na revista Reformador e estimulamos uma reunião pública em homenagem ao vulto pioneiro efetivada na Sede Histórica da Federação Espírita Brasileira, no Rio Janeiro.

            Caminhando por São Paulo, casualmente nos deparamos com a rua Bittencourt Sampaio, esquina com rua Santa Cruz, bairro de Vila Mariana. Aliás, ele estudou Direito na capital paulista, oportunidade em que escreveu a letra de “Quem sabe?” e do Hino da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (atualmente da USP), que foram musicadas por Carlos Gomes.

Neste ano, fomos honrados com o convite da presidente da Federação Espírita do Estado de Sergipe, Marilourdes Ramos Oliveira, para redigirmos o Prefácio do livro Bittencourt Sampaio – Nebulosa radiante, organizado por Silvan Aragão, e editado pela Federação de seu Estado Natal, pois nasceu em Laranjeiras (Sergipe). O livro foi lançado durante o 6º. Congresso Espírita de Sergipe, nos dias 16 a 18 de setembro de 2016.

Fontes:

– Aragão, Silvan (Org.). Bittencourt Sampaio. Nebulosa radiante. Aracaju: FEES. 2016.

– Associação Médico Espírita do Brasil. Adolfo Bezerra de Menezes. Biografia. Acesso: http://www.amebrasil.org.br/html/perfil_bezerra.htm (julho de 2016).

– Carvalho, Antonio Cesar Perri. Bittencourt Sampaio e a Epopéia do Evangelho Reformador. No 2.219, fevereiro de 2014, p.78-81.

– Menezes, Adolfo Bezerra. A loucura sob novo prisma. Cap.II. Rio de Janeiro: FEB. 1946.

– Sampaio, Francisco Leite Bittencourt. A divina epopéia. 5.ed. Rio de Janeiro: FEB, p. 9-23.

– Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Instruções psicofônicas. Cap.64. Brasília: FEB.