Decisão

DECISÃO

Francisco Habermann (*)

Fiquei impressionado com declaração de ilustre Procuradora de Justiça aposentada que confessou: “cansei de enxugar gelo”.

Referia-se ela à interminável tarefa de conferir as legalidades e, invariavelmente, encontrar irregularidades, falcatruas, desvios, marcas de desonestidades e outras mazelas do procedimento humano diante das instituições governamentais. Não raro de complicadas consequências à sociedade. Na defesa do Estado, cumpriu suas tarefas honradamente, foi homenageada pelo trabalho brilhante realizado sob sua atuação profissional ilibada, mas não quis permanecer na ativa. Pediu sua merecida aposentadoria.

De volta à sua cidade natal, ocupou-se com atribuições voluntárias – como faz até hoje – dirigindo instituições de amplo alcance social e caritativo. Granjeia enorme prestigio social e significativo apoio da comunidade em seus projetos. Um exemplo de pessoa.

Por felicidade, conhecia-a desde sua juventude quando ela, cursando a Escola Normal ( formação pedagógica ), frequentava outro simultâneo da época, o curso Clássico. Aluna brilhante que sempre fora, atuou como professora enquanto se preparava para o ingresso em curso superior. Foi admitida na Faculdade de Direito da USP ( São Francisco ), na capital. Formou-se e, com mestrado e doutorado acadêmico realizados com destaque, fez brilhante carreira na Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo Estadual.

Um dia, resolvi convida-la para fazer uma palestra-homenagem aos formandos de um curso superior na área biológica. Fiquei entusiasmado quando aceitou o convite. Criou-se uma expectativa. Salão ornamentado, Congregação da Instituição acadêmica presente, seus diretores à frente, professores e os formandos, todos engalanados. Após as formalidades cerimoniais, o dirigente máximo da solenidade convida-a para o pronunciamento tão esperado. Nestas ocasiões solenes, o expositor se dirige aos formandos. Trata-se de formal cumprimento pela conquista realizada e também a oportunidade de uma última recomendação, uma derradeira aula. Foi o que se seguiu.

Do auditório, ouvia-se apenas o ruído da respiração quase suspensa do grupo de formandos. Todos de olhar fixo na oradora, mulher imponente, respeitada e muito simpática. “Meus queridos e amados discípulos desta Instituição renomada”. Um sorriso se abriu no semblante dos formandos, delas e deles. Fui testemunha desta belíssima cena. E também da seguinte. “Vocês, agora, têm um desafio na vida profissional. Deverão reavaliar o significado de seus títulos, diplomas, medalhas, atestados…” Ficaram todos muito sérios perante a surpresa do anúncio. Estava só começando. E continuou: “Na vida, o que vale é o que produzimos com o coração, com os sentimentos, com amor, com a compaixão sincera, respeitada sempre a ética. Nada disso é representado com papeis, diplomas, metais, placas, riquezas acumuladas ou outras marcas materiais…” Disse muito mais, mas sua recomendação final marcou-me: “A cor destas ações éticas que emanam do coração é a da honestidade. Jamais desbota”.

Seria bom que todo o Brasil assim entendesse, especialmente nesta semana decisória. Obrigado, Doutora ( ops… desculpa citar o título! ).

(*) Movimento espírita de Botucatu (SP)

RELIGIÃO E POLÍTICA

RELIGIÃO E POLÍTICA

Aylton Paiva (*)

É comum as pessoas dizerem que a religião e a política não se combinam. Que não se deve discutir política.

Na primeira afirmação há confusão entre a religião formal e a politicalha e mesmo com a política partidária.

Na segunda afirmação continua haver confusão e ignorância, pois poucas pessoas, e mesmo poucos espíritas, sabem o significado do termo política e as suas diferentes categorias.

O termo política precisa ser convenientemente entendido para que se saiba que, em sua essência, a política não é incombinável com a religião, ou melhor esclarecendo, com a religiosidade.

Então, nesse emaranhado de desconhecimentos só pode haver mesmo confusão e desentendimento.

Abordando apenas a religião cristã, em suas múltiplas interpretações, seu fundamento são as palavras de Jesus, narradas pelos evangelistas. A essência desses ensinamentos são: a Justiça e o Amor. Disse Jesus: “Amará o teu próximo com a ti mesmo.” ( Matheus, 22:39) e “ Tratai todos os homens com quereríeis que eles vos tratassem. (Lucas, 6:31). Revelando o amor solidário o Mestre conta a Parábola do Samaritano (Lucas, 10:25).

Esses mesmos fundamentos norteiam a Política quando a entendemos como: ” A ciência e a arte da administração justa para o Bem comum.”. O que só pode ser feito baseando-se nos valores da justiça e do amor solidário.

A confusão surge e o repúdio aparece quando, por ignorância, se confunde a Política com a política partidária e com a ” politicalha “. A política partidária é instrumento fundamental do processo democrático que, se não é perfeito, é o melhor na atual fase do processo sócio político da humanidade.

Destarte, das agremiações partidárias é que devem sair, pelo exercício do voto livre dos cidadãos, as pessoas que ocuparão os cargos nos poderes Legislativos e Executivos, nos níveis: municipal, estadual e nacional.

Já a “ politicalha” é o uso indevido dos cargos políticos legais e legítimos por pessoa canalha que quer se beneficiar da política para a satisfação dos seus interesses egoísticos individuais e de grupos. Esta merece sempre a indignação individual e coletiva e os meios legais para anulá-la. Não se deve levar, pois, para o ambiente do centro ou do movimento espírita a política no sentido da política partidária e, menos ainda, da” politicalha”.

No entanto, a Política como ciência e arte da administração justa para o bem comum, já está no conteúdo das Leis Morais, 3ª parte de O livro dos Espíritos, ditado pelos Mentores Espirituais e organizado e sistematizado por Allan Kardec. Esse conteúdo referente à administração justa e amorosa, expressando a solidariedade está contido nos capítulos: Da lei do trabalho, Da lei Da lei de reprodução, Da Lei de destruição, Da lei de sociedade, Da lei do progresso, Da lei de igualdade, Da lei de liberdade, Da lei de justiça, de amor e de caridade e Da perfeição moral.

Portanto, esse conteúdo que se relaciona com a Filosofia, com a Sociologia, com a Economia, com a Política, com o Direito, com a Ecologia e com os ensinamentos de Jesus sobre a Justiça e o Amor deve merecer o estudo de todos os espíritas e deve ser estudado nos centros, instituições espíritas e em palestras, seminários e congressos espíritas.

Tal visão da Política os espíritas precisam ter para serem cidadãos conscientes dos direitos e deveres individuais e coletivos e, assim, terem critérios para avaliação dos candidatos indicados pelos partidos para os cargos nos Poderes Legislativo e Executivo, no âmbito do Município, do Estado e da União.

Como todo cidadão, o espírita deve, portanto, ser consciente da Política. Conforme sua vocação ou aptidão poderá participar ou não da política partidária. Todavia, jamais poderá participar da “politicalha”, sob pena de declinar dos seus conceitos éticos e morais. “Amará o teu próximo como a ti mesmo.”. Jesus ( Mateus, 22:39).

(*) INSTITUTO ESPÍRITA DE PESQUIS, ESTUDO E AÇÃO SOCIAL – www.iepeas.blogspot.com.br

Breve histórico da Revue Spirite em língua francesa

Breve histórico da Revue Spirite em língua francesa

Charles Kempf  (*)

 

Este ano de 2018 marca o 160º. aniversário da primeira publicação da Revue Spirite de Allan Kardec em janeiro de 1858.

Na capa, Allan Kardec define o conteúdo da seguinte forma: "A narrativa de manifestações materiais ou inteligentes de espíritos, aparições, evocações, etc., bem como todas as notícias relacionadas ao Espiritismo. – O ensinamento dos espíritos sobre as coisas do mundo visível e do mundo invisível; sobre as ciências, a moralidade, a imortalidade da alma, a natureza do homem e seu futuro. – A história do espiritismo na antiguidade; seu relacionamento com magnetismo e sonambulismo; A explicação das lendas e das crenças populares, a mitologia de todos os povos, etc. "

A Revue Spirite – Journal d’Études Psychologiques – foi publicado mensalmente sob a responsabilidade direta de Allan Kardec até sua desencarnação em 31 de março de 1869. Allan Kardec transformou-a em uma espécie de tribuna livre, na qual ele avaliou a reação dos homens e a opinião dos espíritos sobre certos assuntos, ainda hipotéticos ou mal compreendidos, enquanto esperam sua confirmação pelo critério da concordância e universalidade do ensino dos espíritos. Inúmeros capítulos dos livros básicos da Codificação, na íntegra ou após pequenas modificações, surgiram através da Revue Spirite.

De maio de 1869 a agosto de 1871, foi dirigida por A. Desliens, que era secretário de Allan Kardec. Ela foi então dirigida por Pierre-Gaëtan Leymarie, de quem acabou se tornando propriedade pessoal, herdada por sua viúva, Marina Leymarie, e seu filho Paul Leymarie, que não era mais genuinamente espírita, mas que a dirigiu até 1919, com interrupções entre agosto de 1914 e julho de 1915 e entre outubro de 1915 e dezembro de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. Neste período, a Revue Spirite sofreu muitos desvios com relação à doutrina espírita, identificados por vários pesquisadores brasileiros, incluindo Adriano Calsone, em seus livros Em nome de Kardec e Madame Kardec, e Simoni Privato Goidanich, em seu livro El Legado de Allan Kardec. Em resposta, a Union Spirite Française foi fundada em 1883, bem como a revista Le Spiritisme, substituída em 1896 pela Revue Scientifique et Morale du Spiritisme, ambas dirigidas por Gabriel Delanne.

Em 1920, Jean Meyer retomou os direitos da Revue Spirite e retorna para um conteúdo mais fiel à doutrina espírita, e ela absorveu a Revue Scientifique et Morale du Spiritisme com a desencarnação de Gabriel Delanne em 1926. Hubert Forestier assumiu a direção da Revue Spirite em 1931, após a desencarnação de Jean Meyer, mantendo-o até sua própria desencarnação em 1971, com interrupção entre junho de 1940 e outubro de 1947, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi então André Dumas que novamente desviou o objetivo espírita original da Revue Spirite, renomeando-a Renaître 2000 em 1977.

Vários espíritas sinceros, incluindo Roger Perez, Louis Serré e Roland Tavernier, reiniciaram a publicação da Revue Spirite em 1989, seguindo a orientação inicial de Allan Kardec. É a continuação deste trabalho que o Conselho Internacional Espírita está atualmente promovendo, confiando sua realização ao Movimento Espírita Francófono. Os recursos necessários vêm das assinaturas, que podem ser feitas em todo o mundo em linha em www.revuespirite.org

O Movimento Espírita Francófono está colocando progressivamente todas essas revistas em download gratuito no site da Enciclopédia Espírita (www.spiritisme.net), para a grande satisfação de muitos pesquisadores e estudantes espíritas em todo o mundo.

(*) Editor de Revue Spirite; ex-secretário geral do Conselho Espírita Internacional.

Extraído do Boletim “Notícias do Movimento Espírita” (http://www.noticiasespiritas.com.br/2018/JANEIRO/10-01-2018.htm)

Obs.: desde 2008 o CEI edita nos Estados Unidos a Revista em inglês: The Spiritist Magazine.

150 anos de A Gênese: divulgação e estudo

150 anos de A Gênese: divulgação e estudo

Antonio Cesar Perri de Carvalho

 

Com A Gênese completa-se o quinto volume das chamadas Obras Básicas da Codificação, que foi lançada no dia 6 de janeiro de 1868, em Paris, conforme anúncio da Revista Espírita de janeiro de 1868.(1) 

Allan Kardec destaca no subtítulo: “A Doutrina Espírita é o resultado do ensino coletivo e concordante dos espíritos. A Ciência é chamada a constituir a Gênese segundo as leis da Natureza. Deus prova sua grandeza e seu poder pela imutabilidade de suas leis, e não pela sua suspensão. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.” Os temas são desenvolvidos em três partes – A gênese segundo o Espiritismo; Os milagres segundo o Espiritismo; As predições segundo o Espiritismo -, desdobrando-os em dezoito capítulos.

Entre esses temas destacamos no capítulo “Fundamentos da Revelação Espírita” considerações amplas e lúcidas sobre a questão da revelação e faz significativa colocação: "[…] o que caracteriza a revelação espírita é que a sua origem é divina, que a iniciativa pertence aos espíritos e que a elaboração é o fruto do trabalho do homem.”(2) Trata-se de clara afirmação sobre a responsabilidade dos encarnados – detentores do livre arbítrio -, notadamente nas condições de liderança, gestão nas instituições e as ações do movimento espírita. O Mundo Espiritual orienta, mas as decisões dependem de nossas escolhas, o que é um incentivo à reflexão, à conscientização e à ativa participação dos encarnados. Nesse capítulo é analisada a relação entre Espiritismo e Ciência: “[…] o Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; que a Ciência, sem o Espiritismo, acha-se impossibilitada de explicar certos fenômenos somente pelas leis da matéria, e que é por haver ignorado o princípio espiritual que ela se deteve no meio de tão numerosos impasses; que sem a Ciência, faltaria apoio e comprovação ao Espiritismo e ele poderia iludir-se. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria sido uma obra abortada, como tudo o que surge antes do seu tempo.”(2) Eis marcante ponderação, em época em que as religiões tradicionais eram dogmáticas e não valorizavam a ciência: “Caminhando com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem que está errado em um determinado ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade se revela, ele a aceita.”(2)

O Codificador teve a autonomia intelectual para analisar o desenvolvimento do planeta e da civilização procedendo a uma analogia dos chamados dias bíblicos com os períodos geológicos e de maneira totalmente diferenciada das religiões tradicionais. O assunto perispírito é tratado em vários capítulos do livro, ficando mais clara a compreensão dos fenômenos: “O perispírito é o traço de união entre a vida corporal e a vida espiritual: é por ele que o espírito encarnado está em contínuo contato com os desencarnados; é por ele, enfim, que ocorrem, com o homem, fenômenos especiais que não têm sua origem na matéria tangível, e que, por essa razão, parecem sobrenaturais.”(2)

Os chamados “milagres” e as aparições de Jesus são analisados descortinando-se o mundo espiritual e o conhecimento sobre as propriedades do perispírito: “As aparições de Jesus após a sua morte são narradas por todos os evangelistas com detalhes circunstanciados que não permitem que se duvide da realidade do fato. […] perfeitamente explicadas pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito, e não apresentam nada de anormal com os fenômenos do mesmo gênero, dos quais a história antiga e contemporânea oferece numerosos exemplos, sem deles excetuar a tangibilidade.”(2) A polêmica sobre o desaparecimento do corpo do Cristo é tratada no Cap. XV da 1a edição: “A que se reduziu o corpo carnal? Este é um problema cuja solução não se pode deduzir, até nova ordem, exceto por hipóteses, pela falta de elementos suficientes para firmar uma convicção. Essa solução, aliás, é de uma importância secundária e não acrescentaria nada aos méritos do Cristo, nem aos fatos que atestam, de uma maneira bem peremptória, sua superioridade e sua missão divina. Não pode, pois, haver mais que opiniões pessoais sobre a forma como esse desaparecimento se realizou, opiniões que só teriam valor se fossem sancionadas por uma lógica rigorosa, e pelo ensino geral dos espíritos; ora, até o presente, nenhuma das que foram formuladas recebeu a sanção desse duplo controle. Se os espíritos ainda não resolveram a questão pela unanimidade dos seus ensinamentos, é porque certamente ainda não chegou o momento de fazê-lo, ou porque ainda faltam conhecimentos com a ajuda dos quais se poderá resolvê-la pessoalmente. Entretanto, se a hipótese de um roubo clandestino for afastada, poder-se-ia encontrar, por analogia, uma explicação provável na teoria do duplo fenômeno dos transportes e da invisibilidade. (O Livro dos Médiuns, caps. IV e V.).”(2)

Por outro lado, o tema da atualidade – transição planetária –, é apreciado nos capítulos de “As predições segundo o Espiritismo” e “Os tempos são chegados”: “Ouvimos em todas as partes: São chegados os tempos marcados por Deus, em que grandes acontecimentos ocorrerão para a regeneração da Humanidade. Em que sentido nós devemos entender essas palavras proféticas? […] Para a maioria dos fieis, elas apresentam qualquer coisa de místico e de sobrenatural, parecendo-lhes prenunciadoras da subversão das leis da Natureza. […] porque tais palavras não anunciam a perturbação das leis da Natureza, mas sim o cumprimento dessas leis.”(2) As situações de transformações têm parcelas de responsabilidade do ser humano no contexto social e no cenário físico, haja vista os atuais conhecimentos sobre o meio ambiente. A grande transformação há de ser ética e moral: “Até o presente, a humanidade tem realizado progressos incontestáveis. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam sido alcançados, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Ainda lhes falta um imenso progresso a realizar: o de fazerem reinar entre eles a caridade, a fraternidade e a solidariedade, para assegurar o bem-estar moral.”(2)

Nesse contexto, a ideia sobre a nova geração não ficaria circunscrita ao ambiente espírita, havendo a relação entre transição e nova geração: “Trata-se, pois, muito menos de uma nova geração corpórea do que de uma nova geração de espíritos. Assim, aqueles que esperam ver a transformação ocorrer através de efeitos sobrenaturais e maravilhosos, ficarão decepcionados.”(2)

Em nossos dias, é necessário o estudo desses temas para se evitar interpretações superficiais e até estranhas para o período em que vivemos. Interessante síntese sobre A Gênese, logo após seu lançamento, surge em apreciação do espírito São Luís, na Revista Espírita, de fevereiro de 1868: “A religião, antagonista da Ciência, respondia pelo mistério a todas as questões da filosofia céptica. Ela violava as leis da Natureza e as adaptava à sua fantasia, para daí extrair uma explicação incoerente de seus ensinamentos. Vós, ao contrário, vos sacrificais à Ciência; aceitais todos os seus ensinamentos sem exceção e lhe abris horizontes que ela supunha intransponíveis. […] Um livro escrito sobre esta matéria deve, em consequência, interessar a todos os espíritos sérios.”(1)

Independentemente da polêmica sobre alterações na 5edição francesa dessa obra e das traduções feitas a partir da mesma, destacamos que ao ensejo do sesquicentenário do lançamento de A Gênese torna-se muito necessário a divulgação e o estudo do mesmo na seara espírita.(3)

Kardec, intelectual experimente e inspirado, elaborou A Gênese com apreciações sobre os fundamentos da revelação espírita e as relações com a Ciência. Analisa a evolução do planeta e do homem, os chamados milagres de Jesus e os conceitos sobre “sinais dos tempos”. São temas oportunos para a atualidade. Nesse contexto e ao ensejo da oportuna Campanha “Comece pelo Começo”, os 150 anos de A Gênese deve ser uma motivação para se implementar seu estudo, divulgação e valorização na seara espírita.

Referências:

1) Kardec, Allan. Trad. Bezerra, Evandro Noleto. Revista Espírita. Ano XI. No. 1. 1868. Rio de Janeiro: FEB.

2) Kardec, Allan. Trad. Sêco, Albertina Escudeiro. A gênese. 3.ed. Cap. I, itens 13, 16 e 55; Cap. XIV, item 22; Cap. XV, Itens 61, 67-68; Cap. XVIII, itens 6 e 26. Rio de Janeiro: Ed. CELD. 2010.

3) Artigo: http://grupochicoxavier.com.br/a-genese-150-anos-valor-da-obra-e-suas-primeiras-edicoes-francesas/ (Acesso em 07/01/2018).

 

(Adaptação do artigo: http://www.oconsolador.com.br/ano11/548/especial.html)

(Ex-presidente da FEB e da USE-SP)

Efemérides marcantes para o Ano Novo – 2018

Efemérides marcantes para o Ano Novo – 2018

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

O ano de 2018 será marcado por comemorações relacionadas com diversas efemérides espíritas.

Episódio histórico importante relacionado com o trabalho de Allan Kardec foi o lançamento, há 160 anos, em janeiro de 1858 da “Revista Espírita”, que ele editou mensalmente até sua desencarnação. Este periódico reúne artigos, resenhas de livros, notícias e comentários muito significativos, sendo uma fonte histórica do Espiritismo. Desde alguns anos atrás a “Revista Espírita” é editada pelo Conselho Espírita Internacional.

No dia 6 de janeiro transcorrem 150 anos da publicação do livro “A Gênese”, por Allan Kardec. Essa obra completa o conjunto dos cinco principais livros do Codificador do Espiritismo, as chamadas Obras Básicas da Doutrina Espírita.

Allan Kardec destaca no subtítulo: “A Doutrina Espírita é o resultado do ensino coletivo e concordante dos espíritos. A Ciência é chamada a constituir a Gênese segundo as leis da Natureza. Deus prova sua grandeza e seu poder pela imutabilidade de suas leis, e não pela sua suspensão. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.” Os temas são desenvolvidos em três partes – A gênese segundo o Espiritismo; Os milagres segundo o Espiritismo; As predições segundo o Espiritismo -, desdobrando-os em dezoito capítulos.

Há 80 anos, no dia 30 de janeiro de 1938, Cairbar Schutel completava sua vida terrestre. Nas primeiras décadas do século XX Cairbar Schutel foi um marco como grande divulgador do Espiritismo a partir do Centro Espírita Amantes da Pobreza e da Editora O Clarim, em Matão (SP), em ações por ele iniciadas: assistência aos necessitados, palestras, polêmicas, jornal “O Clarim”, a “Revista Internacional de Espiritismo”, livros e programas radiofônicos pioneiros. Neste ano também se completa 150 anos do nascimento de Cairbar Schutel, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro no dia 22 de setembro de 1868. É chamado “o Bandeirante do Espiritismo”.

Outro fato histórico do início do Espiritismo foi a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, por Allan Kardec, em 1o de abril de 1858, em Paris. Há 160 anos atrás surgia o primeiro centro espírita do mundo. Há vários registros sobre as reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas nas edições de Revista Espírita, e nos livros O livro dos médiuns, O céu e o inferno e Obras Póstumas. O Regulamento da Sociedade está publicado em O livro dos médiuns.

De 17 a 25/7/1948 foi realizado o 1o Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil na cidade do Rio de Janeiro, liderado pelo incansável Leopoldo Machado, grande incentivador das mocidades espíritas. Também será completado 70 anos da realização do 1o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, de 31 de outubro a 5 de novembro de 1948, em São Paulo, promovido pela USE-São Paulo. Este evento gerou a primeira psicografia de Chico Xavier sobre união e unificação que foi assinada por Emmanuel – “Em nome do Evangelho” -, e dirigida aos participantes do evento.

No dia 1o de novembro de 1918, completa-se um século da desencarnação de Eurípedes Barsanulfo em Sacramento (MG), considerado o “Apóstolo do Triângulo Mineiro”. Numa existência de apenas 38 anos fundou escola, centro espírita e farmácia e atuou como médium de curas e grande defensor do Espiritismo. É uma referência na cidade de Sacramento e na história do Espiritismo no Brasil.

Os eventos e as personalidades citadas produziram repercussões no movimento espírita.

As boas obras e os bons exemplos devem ser referenciais importantes para as novas gerações, daí a razão da necessidade de se evocar episódios históricos marcantes.

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“Ano Novo é também renovação de nossa oportunidade de aprender, trabalhar e servir” – Emmanuel. (Texto completo: http://grupochicoxavier.com.br/carta-de-ano-novo-3/)

(*) – Foi presidente da FEB e da USE-SP.

Reflexão para o Ano Novo

Reflexão para o Ano Novo

Richard Simonetti

Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará. Andai prudentemente, não como néscios e, sim, como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor. (Epístola aos Efésios, 5:14-17)

Considerando o tempo como o grande tesouro que Deus nos oferece em favor de nossa evolução, onde estivermos poderemos adquirir valiosos patrimônios de experiência e conhecimento, virtude e sabedoria, se não deixarmos que se escoem os minutos, as horas, os dias, os anos, mergulhados no sonambulismo que caracteriza tanta gente, que dorme o sono da indiferença, sob o embalo da ilusão. O século marca, extrinsecamente, o período de uma vida, valioso patrimônio que Deus nos oferece para experiências evolutivas na Terra.

Mas o valor intrínseco, real do século dependerá do que fizermos dos três bilhões, cento e cinquenta e três milhões e seiscentos mil segundos que o compõem. A bondade, o amor, a ternura, a mansuetude, a humildade, a compreensão, a paciência, a fé, são valores que “compramos” à custa de dedicação, renúncia, sacrifício, esforço, mas são inalienáveis, jamais os perderemos, habilitando-nos à alegria e à paz onde estivermos, vivendo em plenitude.

Todavia, se não fizermos bom uso do tempo, um século poderá representar para nós mera semeadura de inconsequência e vício, rebeldia e desatino, com colheita obrigatória de sofrimentos e perturbações. Imperioso, portanto, que aproveitemos as horas. Podemos começar com o que há de errado em nós.

O vício, por exemplo, não representa apenas perda, mas, sobretudo, comprometimento do tempo, com repercussões negativas para o futuro. Quantos minutos perde o fumante, por ano, no ritual das baforadas de nicotina? Quantas horas precisa trabalhar para alimentar o vício e pagar o tratamento de moléstias que decorrem dele? Quantos dias abreviará de sua existência por comprometer a estabilidade orgânica? Quantos anos sofrerá depois, com os desajustes espirituais correspondentes?

E o maledicente, quantos minutos perde diariamente, divagando sobre aspectos menos edificantes do comportamento alheio? E quantas existências gastará depois, às voltas com males que, a custa de enxergar nos outros, sedimentará em si mesmo?

O propósito de vencer um vício, a contenção da língua, a disciplina da palavra e das emoções, os ensaios de humildade, o treinamento da paciência, a disposição de aprender, o desejo de servir e muito mais, devem fazer parte de nosso empenho de cada dia. Afinal, Deus nos oferece a bênção do Tempo para as experiências humanas, mas fatalmente receberemos um dia a conta pelos gastos, na aferição de nossa vida, como explica Laurindo Rabelo no notável soneto “O Tempo”.

Deus pede estrita conta do meu tempo,

É forçoso do tempo já dar conta;

Mas, como dar sem tempo tanta conta,

Eu que gastei sem conta tanto tempo!

Para ter minha conta feita a tempo

Dado me foi bem tempo e não fiz nada.

Não quis sobrando tempo fazer conta,

Quero hoje fazer conta e falta tempo.

O vós que tendes tempo sem ter conta,

Não gasteis esse tempo em passatempo:

Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.

Mas, ah! se os que contam com seu tempo

Fizessem desse tempo alguma conta,

Não choravam como eu o não ter tempo.

As três velas

As três velas

Richard Simonetti

Na igreja, três velas conversavam.

Disse a primeira: – Sou a Paz. Estou cansada. As pessoas não se empenham por manter-me acesa. Vivem tensas e nervosas. Negam-me o oxigênio da reflexão.

Disse a segunda: – Sou a Fé. Infelizmente, sou supérflua para as pessoas. Não estão interessadas em dar um sentido religioso à existência. Negam-me o oxigênio da espiritualidade.

Disse a terceira: – Eu sou o Amor! As pessoas ignoram-me porque só conseguem pensar nelas mesmas. Não enxergam nem mesmo quem está ao seu lado. Negam-me o oxigênio da solidariedade.

Em breves instantes, a luz que havia nelas bruxuleou e morreu, fazendo-se a escuridão na igreja.

Nesse instante entrou um menino trazendo uma vela acesa, chama forte e firme. Com ela reacendeu as três, que voltaram a refulgir.

E disse-lhes: – Fiquem tranquilas. Sempre virei reanimá-las.

Esta singela história reporta-se às quatro bases que sustentam nosso equilíbrio e nos proporcionam condições para vivermos felizes. As três primeiras, como já enunciei, amigo leitor, são a Paz, a Fé e o Amor. A Paz é o tempero da felicidade. Impossível viver feliz sem ela. Mesmo que tenhamos a satisfação de todos os nossos desejos, se não tivermos Paz, nada disso terá sentido.

Em face de nossas limitações e fraquezas, é difícil sustentar a Paz diante das atribulações humanas. Conseguimos por algum tempo, mas a chama logo bruxuleia e surgem tensões, angústia, depressão…

A Fé é nossa defesa diante da adversidade. É complicado enfrentar os embates da vida sem a certeza da existência de um Poder Supremo que nos criou, que nos sustenta, que nos conduz. O problema é que a Fé situa-se por suave perfume para as horas floridas. Se surgem espinhos no jardim da existência, ela logo arrefece. Pretendemos que Deus atenda às nossas expectativas, mas raramente correspondemos às expectativas de Deus. Não entendemos as respostas do Céu às nossas rogativas e achamos que Deus nos abandonou.

- Ledo engano! Deus nunca nos abandona!

A todos estende mão complacente, mas será que estamos estendendo as mãos para o Senhor? O Amor é a Lei Maior do Universo. Exprime-se como um exercício de solidariedade, que inspira a derrubada das barreiras de nacionalidade, raça e crença, para que sejamos na Terra uma grande família, feliz e ajustada. Amar, portanto, em sua expressão maior – trabalhar pelo próximo – é o alento da vida. Haverá tônico mais poderoso, a sustentar-nos o bom ânimo, do que as boas ações, quando nos vinculamos ao serviço do Bem, empenhados em servir? Haverá alegria que se compare a que sentimos quando visitamos o enfermo, atendemos o necessitado, harmonizamos a família? Isso tudo é Amor! O problema é que as pessoas ainda não entendem o que é amar. Pensam que amar é sufocar o ser amado com exigências, sustentar o desejo de comunhão sexual, edificar um céu particular de egoísmo a dois. Falso amor esse, que não se sustenta, que se desgasta com a convivência, a rotina, os desentendimentos, gerando frustrações e angústias.

Percebe-se que a Paz, tempero da felicidade, a Fé, armadura da alma, e o Amor, sustento da Vida, não estão consolidados em nossa alma. São frágeis chamas que se apagam facilmente, ao vento das paixões, dos vícios, dos interesses imediatistas, dos dissabores…

Por isso é tão importante o mês de dezembro, em que somos visitados por celeste menino que traz uma vela muito especial, de chama poderosa. Com ela reacende as demais para que a Paz, a Fé e o Amor renasçam em nós. O nome do menino, todos sabemos: Jesus.

A vela sublime, maravilhosa, é a Esperança.

É por isso que nas comemorações do Natal nos sentimos mais tranquilos, mais inclinados à atividade religiosa, mais sensíveis aos apelos da solidariedade, convictos de que podemos construir um futuro melhor.

O grande desafio que o Natal nos propõe é o de luta ingente contra nossas imperfeições para que a Paz, a Fé e o Amor deixem de ser meras esperanças, a cada Natal, convertendo-se em chamas perenes a iluminar e aquecer a nós e àqueles que nos rodeiam. Então os Sinos de Belém repicarão na festa maior.

O nascimento de Jesus em nossos corações.

Obras em Jales e Fernandópolis homenageiam Benedita Fernandes

Obras em Jales e Fernandópolis homenageiam Benedita Fernandes

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Desde os idos de 1967 nos dispusemos o estudar a história de vida de Benedita Fernandes (1883-1947) que foi uma mulher de muito valor que soube superar inúmeras dificuldades e limites para criar e consolidar em Araçatuba (SP) a obra assistencial espírita pioneira da cidade e da região.

Por ocasião do cinqüentenário da instituição por ela fundada, a Associação das Senhoras Cristãs, em evento comemorativo da então União Municipal Espírita de Araçatuba, lançamos a primeira biografia sobre ela: “Dama da Caridade”, em março de 1982.

Houve difusão deste livro e ampliou-se a divulgação sobre o notável trabalho de Benedita Fernandes. Depois ocorreu uma 2a edição em 1987, com a Editora Radhu, que ampliou a distribuição do livro. Em livros psicografados por Divaldo Pereira Franco foram incluídas algumas mensagens de autoria do nobre Espírito.

Em seguida, com atribuições na USE-SP e na FEB, empreendemos inúmeras viagens pelo país, e tivemos a oportunidade de ouvir relatos sobre a atuação espiritual de Benedita nos mais diferentes lugares e de conhecer repercussões sobre o livro citado.

Em nova etapa de difusão doutrinária, em contato direto com centros espíritas do interior, em novembro de 2017, tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente, obras sobre o citado vulto espiritual. Na cidade de Jales (SP), estivemos na Instituição Beneficente Benedita Fernandes, mantenedora da Casa da Sopa, que funciona em bairros simples, os Jardins Municipal e Alvorada, e promove atividades de apoio a famílias na sede da instituição e em visitas a lares (grupo samaritano), e também mantém reunião pública sobre o evangelho para adultos e de evangelização infantil. Foi fundada há mais de vinte anos.

Na vizinha cidade de Fernandópolis (SP), na Associação Espírita Missionários da Luz, localizada no Jardim Acapulco, há registros da atuação espiritual de Benedita em várias atividades. Nesta instituição a Livraria tem o nome de Benedita e no belo jardim e bosque, no terreno da Associação, montado pelo idealista Granela, funciona a Casa de Costura Benedita Fernandes, com finalidade assistencial.

A cada ano de jornada doutrinária e em contatos diretos com centros, ficamos impressionados com episódios e homenagens relacionados com Benedita Fernandes. Todavia, neste ano de 2017, quando transcorreram 85 anos de fundação da Associação das Senhoras Cristãs e 70 anos de desencarnação de Benedita Fernandes, exultamos com a possibilidade do lançamento em maio, na cidade de Araçatuba, da obra já citada, mas em nova versão, bem ampliada e revisada, com o título de “Benedita Fernandes. A dama da caridade”, pela Editora Cocriação, com apoio da USE Regional de Araçatuba.

(*) Foi dirigente de instituições em Araçatuba, presidente da USE-SP e presidente da FEB.

Nota em: http://grupochicoxavier.com.br/obras-homenagens-benedita-fernandes/

A NOSTALGIA DO NATAL

A NOSTALGIA DO NATAL

Richard Simonetti

Um amigo dizia: – Não sei por que, o Natal traz-me indefinível nostalgia, relacionada com algo importante, esquecido no passado… Talvez uma ligação afetiva, uma situação mais feliz ou – quem sabe? – a própria pureza perdida…

Embora estejamos diante de um paradoxo, já que a gloriosa mensagem natalina deve inspirar sempre alegrias e esperanças, muitos experimentam esse sentimento, associado a situações do pretérito, na existência atual ou em existências anteriores, mas, basi¬camente, trata-se da melancolia por um ideal nunca realizado.

O magnetismo divino que emana da manjedoura, nas comemorações natalinas, estabelece o confronto entre as propostas do Evangelho e a realidade de nossa vida. Do distanciamento entre o que somos e o que Jesus recomenda, sustenta-se a nostalgia.

O simples fato de se comemorar o Natal com festas ruidosas, regadas a álcool, com desperdício de dinheiro e de saúde, em detrimento dos que não têm o que comer, demonstra como estamos longe dos valores de fraternidade preconizados pela mensagem cristã. Curiosa situação essa, em que se festeja um aniversário esquecendo o aniversariante e, sobretudo, o significado de seu natalício.

Lembram-se dele os fiéis nas horas difíceis, esperando por suas providências salvadoras, e até mesmo que opere o prodígio de fazê-los felizes, mesmo sem o merecerem.

É preciso superar semelhantes equívocos e assumir nossas responsabilidades, a partir da compreensão de que Jesus veio para nos ensinar a viver como filhos de Deus. Como o fazem os professores eficientes, exemplificou suas lições, vivendo-as integralmente, desde a humildade, na manjedoura, ao sacrifício, na cruz. Usando imagens claras e objetivas, retiradas do cotidiano, Jesus fala-nos com a simplicidade da sabedoria autêntica e a profundidade da verdade revelada.

Aos que condenam, demonstra, na inesquecível passagem da mulher adúltera, que ninguém pode atirar a primeira pedra, porque todos temos mazelas e imperfeições…

Aos que se perturbam com dificuldades do presente e temores do futuro, recomenda que procurem o Reino de Deus, cumprindo a sua justiça com empenho por levar a sério seus deveres, agindo com retidão de consciência e “tudo mais lhes será dado por acréscimo”…

Aos que se apegam aos bens materiais, recorda que não se pode servir a dois senhores – a Deus e às riquezas – e relata a experiência de um homem ambicioso que ergueu muitos celeiros e amealhou muitos bens, mas morreu em seguida, sem poder desfrutá-los, nada levando para o Além senão um comprometedor envolvimento com os enganos do Mundo…

Aos que usam de violência para fazer prevalecer, seus interesses, esclarece que “quem com ferro fere, com ferro será ferido”…

Em todos os momentos, em qualquer dificuldade ou problema, temos no Evangelho o roteiro precioso a definir a melhor atitude, o comportamento mais adequado, a iniciativa mais justa.

Consumimos rios de dinheiro à procura de conforto, prazer, distração, buscando o melhor para nossa casa, nossa aparência, nossa saúde, e deixamos de lado o recurso supremo, que não custa absolutamente nada: as lições de Jesus.

Se o fizéssemos saberíamos que muitas vezes temos procurado a felicidade no lugar errado, à distância do que ensinou e exemplificou o Cristo, colhendo, invariavelmente, desilusões.

Como reflexão natalina, consideremos o desafio que Jesus nos propõe: encararmos a realidade, compreendendo que a jornada terrestre tem objetivos específicos de renovação e progresso que não podem ser traídos, sob pena de colhermos frustrações e desenga-nos, em crônica infelicidade Para vencê-lo é indispensável que nos disponhamos a seguir o Cristo, imprimindo suas marcas em nós, a fim de que sejamos marcados pela redenção.

Histórico Sintético do NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO EVANGELHO (NEPE) da FEB

Histórico Sintético do NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO EVANGELHO (NEPE da FEB)

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Fatos preliminares:

Os contatos iniciais entre a FEB e equipe da UEM – União Espírita Mineira, iniciaram-se na gestão do presidente Nestor João Masotti. Alguns episódios:

– I Seminário Revivescência do Cristianismo Primitivo, realizado pela Coordenação de Ação Espírita da OSCAL, em 19/11/2005, com apoio da UEM – União Espírita Mineira, e presença de Honório Onofre Abreu, presidente da UEM, e equipe Haroldo Dutra Dias e Wagner Gomes da Paixão; participação da FEB – Federação Espírita Brasileira, com presença do presidente Nestor João Masotti e alguns diretores. Aconteceu na sede do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Estêvão, em Brasília-DF.

– Setembro de 2007 – Visita à FEB de Honório Onofre Abreu, presidente da UEM – União Espírita Mineira, acompanhado de uma equipe, tendo se reunido separadamente com o presidente Nestor João Masotti, vice-presidente Cecília Rocha e diretor Antonio Cesar Perri de Carvalho.

– Em 2008 – Apoio da FEB, através do presidente Masotti, a viagem a Israel feita por Haroldo Dutra Dias para obtenção de fontes bibliográficas.

– Abril de 2010 – Lançamento pela EDICEI de O Novo Testamento, traduzido por Haroldo Dutra Dias (1), conforme prévia definição entre os citados presidentes da UEM e da FEB, com o tradutor.

Em junho de 2012, intensificaram-se diálogos entre o presidente interino da FEB Antonio Cesar Perri de Carvalho e Haroldo Dutra Dias, que ficou incumbido de elaborar uma proposta de Regimento Interno do Núcleo de Estudos e Pesquisas do Evangelho.

Criação do NEPE da FEB:

Com base em tratativas acima citadas, Haroldo Dutra Dias elaborou um Projeto que o presidente interino apresentou ao Conselho Diretor e da Diretoria Executiva da FEB. Este foi aprovado conforme registro da “ATA N.59 – Ata da Reunião do Conselho Diretor e da Diretoria Executiva da Federação Espírita Brasileira, realizada em 02 de outubro de 2012, em Brasília. […] Item 4. NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO EVANGELHO. Dando prosseguimento aos estudos relativos ao projeto de criação na FEB do núcleo em epígrafe, apresentando na reunião de 27 de julho de 2012, o Conselho Diretor e a Diretoria Executiva passaram a examinar a proposta de Regimento Interno do Núcleo de Estudos e Pesquisas do Evangelho. Após ampla discussão da matéria, o Regimento foi aprovado, com alterações, conforme anexo.” Reunião dirigida pelo presidente interino Antonio Cesar Perri de Carvalho; secretariada por José Carlos da Silva Silveira, assessor da presidência.

Em seguida foi divulgada a Portaria GP No. 08/2012, de designação da equipe do NEPE, publicada à época no Portal da FEB.

Lançamento do NEPE da FEB:

O lançamento do NEPE da FEB ocorreu na sede da instituição, em Brasília, no dia 2 de março de 2013, com o auditório lotado. Houve atuação da Comissão do NEPE: coordenação de Haroldo Dutra Dias; membros: Ricardo Mesquita, Simão Pedro de Lima, Wagner Gomes da Paixão, Afonso Chagas, Célia Maria Rey de Carvalho e Flávio Rey de Carvalho. Presença na mesa e participação na oficina de estudo da vice-presidente da FEB Marta Antunes de Moura. Presidente na época (interino): Antonio Cesar Perri de Carvalho. (2,3) O evento foi gravado e transmitido ao vivo.

Dados das quantidades dos acessos das transmissões ao vivo da TVCEI e Rádio Fraternidade:

TVCEI: 2.972 visitas reais (obs. não confundir com visualizações); 28 países; 27 Estados do Brasil; 310 cidades no mundo.

Rádio Fraternidade: 3093 visualizações; países: 19; cidades: 181;

 

 

Principais eventos:

Após o lançamento do NEPE da FEB, na sede da FEB, em Brasília, no dia 2 de março de 2013, algumas Federativas Estaduais acordaram a realização de eventos promovidos pelo NEPE da FEB.

Por proposta da FERGS (Circular 18/2013, de 23/05/2013), houve o primeiro Seminário Regional (região Sul do CFN da FEB), em Porto Alegre, no dia 14 de julho de 2013. Seguiram-se eventos:

– Seminário em Maceió (Al) – setembro de 2013;

– Seminário de comemoração dos 60 anos do livro Ave, Cristo! e 70 anos do livro Renúncia, no Centro Cultural Chico Xavier, na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo (MG) – julho de 2013;

– Seminário em Parnaíba – Comissão do NEPE – Piauí – setembro de 2013;

– Seminário em Goiânia (Go) – Comissão do NEPE – novembro de 2013;

– Seminário em Volta Redonda (RJ) – Afonso Chagas – janeiro de 2014;

– Seminário em Vitória (ES) – Comissão do NEPE – julho de 2014;

– Visita da Comissão Administrativa do NEPE ao NEPE da FEEGO (Congresso Estadual – março de 2014), Goiânia (GO);

– Goiânia (GO) – Palestra Flávio Rey de Carvalho – janeiro de 2014;

– João Pessoa (PB) – Visita do presidente da FEB às equipes do NEPE da FEPb e de Campina Grande – 2014;

– Recife (PE) – Visita do presidente da FEB à equipe do NEPE da FEPe – 2014;

– Maceió (AL) – Visita do presidente da FEB às equipes do NEPE da FEAL e dos três Centros Espíritas de Maceió – 2014;

– Seminário internacional: com Célia Maria Rey de Carvalho no Toronto Spiritist Society (Toronto – Canadá) em junho de 2014, sobre o NEPE.

 

Renovações na Comissão:

Atendendo ao Regimento Interno do NEPE, ocorreram substituições parciais da Comissão Administrativa do NEPE, aprovadas pelo Conselho Diretor e Diretoria Executiva da FEB, nos anos de 2013 e 2014, respectivamente, ingressando Saulo Cesar Ribeiro da Silva em substituição a Simão Pedro de Lima, e Ismael Maia em substituição a Ricardo Mesquita.

 

NEPEs nos Estados:

Entre 2013 e início de 2015 foram criados NEPEs em Federativas Estaduais e instituições de diversos Estados, por iniciativa destes e mantendo-se a autonomia dos mesmos, existindo apenas intercâmbio com o NEPE da FEB.

Produção de vídeo-aulas:

Vídeo-aulas “Espiritismo à luz do Evangelho”, gravados pela equipe do NEPE e convidados, com produção da TVCEI e FEBtv, entre 2012 e fevereiro de 2015:

– 50 vídeo-aulas de livre acesso e disponíveis no Youtube, com muitos milhares de acessos;

– 09 vídeo-aulas, gravadas em fevereiro de 2015, porém divulgadas posteriormente, depois de março de 2015, com acesso pago, no Canal de assinantes “Gotas de Luz” da FEBtv.

Reuniões de estudo:

Membros da equipe do NEPE, convidados e colaboradores da FEB, atuaram no programa do curso "O Evangelho Segundo o Espiritismo", desenvolvido na sede da FEB, entre 2012 e março de 2015, sob a coordenação de Célia Maria Rey de Carvalho, e, em dois dias por semana, quartas à noite e domingo pela manhã. Também ocorreram reuniões de estudo sobre o Novo Testamento, mensalmente, na sala do NEPE.

 

Biblioteca:

Biblioteca do NEPE, que funcionou até março de 2015 com espaço próprio para reuniões e estudos, reunindo centenas de obras adquiridas sobre: livros espíritas sobre os temas centrais; textos bíblicos, Bíblias de estudo, Novo Testamento, Obras de Referência e Consulta, Livros sobre Antigo e Novo Testamento, Contexto Histórico-cultural, Personagens, Exegese bíblica, Língua hebraica, Livros em idioma Iídiche (160 volumes adquiridos pela FEB, entre 2008-2009, sob os cuidados de Haroldo Dutra Dias.

Revista digital:

Pelo portal da FEB foi mantida entre maio de 2013 e março de 2015 a revista digital Lei Divina e um fórum.(4) O site do NEPE está indisponível no Portal da FEB.

Elaboração de livro:

O evangelho segundo o espiritismo: orientações para o estudo, Edição FEB, co-autoria de membos da Comissão do NEPE e convidados. (5)

Explicações na Apresentação:

“APRESENTAÇÃO

Com a criação do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho – Nepe, na Federação Espírita Brasileira em 2012, organizou-se seminários para explicar seu funcionamento e estimular o Movimento Espírita a trabalhos voltados à pesquisa e estudo do Evangelho de Jesus à luz do Espiritismo.

Um dos temas abordados nesses seminários foi a experiência da FEB no desenvolvimento do Curso para o Estudo Interpretativo de O Evangelho segundo o Espiritismo. Houve muita procura durante e após a realização dos eventos, com pedidos de orientações sobre como se estruturar um curso para o estudo de O Evangelho segundo o Espiritismo. Claramente percebemos que este livro – muito lido e comentado-, deve merecer um estudo regular nos Centros Espíritas.

Daí surgiu a ideia de se elaborar um livro que contemplasse parte dos temas abordados nos seminários do Nepe da FEB e mais alguns que consideramos pertinentes para complementar essas orientações. Com esse objetivo convidamos alguns expositores e membros da Comissão Administrativa do Nepe da FEB, bem como estudiosos do Evangelho de Jesus – ligados a este projeto de trabalho -, para escreverem os capítulos.

No ano comemorativo aos 150 anos de lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo, disponibilizamos essa singela publicação na expectativa que contribua para o estudo, reflexão e divulgação dessa importante obra do Codificador Allan Kardec.

Célia Maria Rey de Carvalho

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Brasília (DF), fevereiro de 2014.”

(Transcrito da 1a edição, 1a impressão, 4/2014)

Reunião Virtual:

No final de 2014, a FEB adquiriu um equipamento para reuniões virtuais para uso do NEPE. Em fevereiro de 2015 a Comissão do NEPE realizou reunião virtual experimental com os NEPEs da FEEGo e da Federação Espírita da Paraíba. Doravante, pretendia-se realizar estudos virtuais, facilitando o diálogo em tempo real com os diversos NEPEs.

Notas:

1) Depois publicado pela FEB, 1a edição em 2013.

2) Link: https://youtu.be/PJvv9rd2wIE (acesso em 01/12/2017).

3) Link: http://www.febnet.org.br/blog/geral/divulgacao/agora-ao-vivo-seminario-jesus-a-porta-kardec-a-chave/ (acesso em 01/12/2017).

4) Link: http://www.febnet.org.br/blog/geral/noticias/ultimas-noticias-noticias/revista-lei-divina-nepe-da-feb/ (acesso em 01/12/2017).

5) Carvalho, Célia Maria Rey; Carvalho, Antonio Cesar Perri (Org.). O evangelho segundo o espiritismo. Orientações para o estudo. 1.ed. Brasília: FEB, 2014.

(*) – Presidente da FEB (interino de maio de 2012 a março de 2013; efetivo de março de 2013 a março de 2015).

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Gravação em áudio: Haroldo Dutra fala sobre a experiência do NEPE da FEB

ACESSE: https://youtu.be/Y2kYSnNj1ls