A guerra nas obras básicas

A guerra nas obras básicas

É difícil redigir textos sobre o terrível momento que se vive com a inusitada guerra no continente europeu.

Nos textos das obras básicas, podem ser destacados alguns trechos sobre o tema. Há conceito, apreciação espiritual e a tão esperada proposta de profilaxia desse mal.

Aí estão algumas transcrições dessas obras de Allan Kardec para subsidiarem nossos conhecimentos e reflexões.

O livro dos espíritos:

P.742. Que é o que impele o homem à guerra?

“Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem — o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a sente necessária.”

P.743. Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá?

“Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a Lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos.”

P.744. Que objetivou a Providência, tornando necessária a guerra?

“A liberdade e o progresso.”

a) Desde que a guerra deve ter por efeito produzir o advento da liberdade, como pode frequentemente ter por objetivo e resultado a escravização?

“Escravização temporária, para oprimir os povos, a fim de fazê-los progredir mais depressa.”

P.745. Que se deve pensar daquele que suscita a guerra para proveito seu?

“Grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.”

O evangelho segundo o espiritismo:

Cap.XII, item 14:

“Quando a caridade regular a conduta dos homens, eles conformarão seus atos e palavras a esta máxima: ‘Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam.’ Verificando-se isso, desaparecerão todas as causas de dissensões e, com elas, as dos duelos e das guerras, que são os duelos de povo a povo – Francisco Xavier (Bordeaux, 1861)”

O céu e o inferno:

2ª parte, cap. VIII:

“Profundo pensamento é também esse que atribui as calamidades coletivas à infração das Leis divinas, porque Deus castiga os povos tanto quanto os indivíduos. Realmente, pela prática da caridade, as guerras e as misérias acabariam por ser eliminadas. Pois bem, a prática dessa lei conduz ao Espiritismo e, quem sabe, será essa a razão de ter ele tantos e tão acérrimos inimigos? As exortações desta filha, aos pais, serão acaso as de um demônio?”

A gênese:

Cap.III, item 6: “Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.”

E, sem dúvida, há muitas matérias sobre o tema na Revista espírita.

Boas consultas, reflexões e vibrações positivas!

Benedita Fernandes interagia com lideranças

Benedita Fernandes interagia com lideranças

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A fundadora da Associação das Senhoras Cristãs, que completa 90 anos de existência, mantinha contatos com lideranças espíritas da cidade e de várias regiões.

Os contatos de Benedita Fernandes com Cairbar Schutel, dinâmico divulgador do Espiritismo, de Matão, aconteceram desde os primeiros anos da Associação, com notícias no jornal O Clarim, por ele dirigido.

Eis alguns registros: em 30 de março de 1935, O Clarim divulgou a nova diretoria da Associação, presidida por Benedita Fernandes. Aos 03 de agosto de 1935, noticia a visita de caravana de Penápolis, liderada por João Marchesi, presidente do Centro Espírita Discípulos de Jesus, e o carceiro Padial. Ambos foram responsáveis pela cura de Benedita em Penápolis.

Em O Clarim de 15 de fevereiro de 1936, Benedita informa sobre o Natal realizado na Associação, com o comparecimento de 186 crianças, convidados da cidade, de Penápolis, do Bairro do Goulart e de Jaú. Há informações sobre palestras: do representante desse jornal, Leonardo Severino, voltando de viagem a Mato Grosso, em 1937, proferiu conferências na Associação, na União Espírita Paz e Caridade e na Rádio Cultura de Araçatuba; em 1941, sobre João Leão Pitta – um dos propagandistas do jornal -, que proferiu palestras na Associação das Senhoras Cristãs e no Córrego da Prata.

Informações sobre a desencarnação de Benedita aparecem em comentários de Leopoldo Machado, professor de Nova Iguassu (RJ), amigo e admirador de Benedita, em O Clarim, de 08 de novembro de 1947, reportando-se à última visita que ele fez à pioneira: "Fomos a Araçatuba, porque recebemos inte¬ressante carta dela, dizendo de sua geral decepção, quase, com os espíritas de cartaz. Gostaria de decepcionar-se conosco. Não podia visitar-nos, porque estava velha e doente. Pedia, portanto, que a visitássemos, pois, gostaria de conhecer-nos, antes de seu desencarne. Que fôssemos, assim, a Araçatuba. […] E com ela passamos cinco dias, a ouvi-la nas suas experiências e observações; a admirá-la e a querê-la muito, de perto".

Há registros sobre a presença de Benedita em reunião sobre tratamento de doentes mentais, em Marília, e, em confraternização em Cruzeiro.

Além da efeméride sobre as tarefas assistenciais, neste ano também transcorrerão 80 anos de outra ação marcante e pioneira de Benedita. Aos 30 de agosto de 1942, juntamente com espíritas locais, aprovaram em assembleia, os Estatutos da União Espírita Regional da Noroeste, que teria a finalidade de divulgar a Doutrina e aproximar os espíritas de toda a região servida pela N.O.B. Estes objetivos começaram a ser alcançados algumas décadas depois, com a fundação da USE-SP.

Esse vulto de Araçatuba tornou-se um marco de respeito e de exemplo na região e atualmente no país.

Síntese de artigo do autor:

Carvalho, Antonio Cesar Perri. Bendita obra pioneira, 90 anos depois. Revista internacional de espiritismo. Março de 2022.

Bendita obra pioneira, 90 anos depois

Bendita obra pioneira, 90 anos depois

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Há 90 anos, no dia 06 de março de 1932, Benedita Fernandes (1883-1947) fundava a Associação das Senhoras Cristãs, em Araçatuba.

Bendita oportunidade de superação foi vivida por aquela que antes era obsidiada e discriminada, a mulher que caminhava sem rumo. A obra se desenvolveu celeremente com o dinamismo, destemor e idealismo de Benedita, a primeira ação assistencial espírita na cidade e região, com atendimento para doentes mentais, crianças abandonadas, albergue e escola ligada ao Município.

Nas comemorações do Cinquentenário da Associação, em 1982, lançamos a primeira biografia sobre Benedita: Dama da Caridade, depois reeditado e ampliado. Nas últimas décadas ocorrem transformações na obra criada por Benedita, que foi se alterando ao longo do tempo, principalmente em função de regulamentações governamentais sobre saúde mental. A entidade passou a se chamar Associação das Senhoras Cristãs Benedita Fernandes e foi instalado o Centro Espírita Benedita Fernandes. Atualmente, está em funcionamento o Centro de Apoio Psicossocial – CAPS ad II, com o nome dela e contando com voluntários vinculados à Associação das Senhoras Cristãs Benedita Fernandes. Mediante Contratos de Gestão com a Prefeitura Municipal de Araçatuba surgiram: CAPS I – Centro de Atenção Psicossocial Infantil, CAPS III – Centro de Atenção Psicossocial Adulto e duas Residências Terapêuticas.

Sirlei Nogueira criou um canal no You Tube: Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes e trabalhou arduamente para gerar um filme histórico, misto de documentário e de dramatizações sobre o nobre vulto. Na noite do dia 09 de outubro de 2021 houve o início das sessões de pré-estréia do filme sobre Benedita Fernandes, em Araçatuba: “Benedita – Uma Heroína Invisível – O Legado da Superação” no Teatro Municipal Paulo Alcides. O roteiro e direção é de Sirlei Nogueira (de Araçatuba); co-produção: Lalucci Filme e Cocriação Editora; direção de produção Samuel Lalucci. No componente de documentário, há entrevistas e depoimentos de várias pessoas, inclusive, conosco. Na dramatização de episódios da vida de Benedita atuou a atriz Sílvia Teodoro, já desencarnada.

Divaldo Pereira Franco, um dos depoentes no filme, escreveu-nos no dia 11 de outubro de 2021 sobre a pré-estréia: “Exulto de alegria com o filme da gloriosa irmã amada. Meus parabéns a você e todos. Estou acompanhando. Abraços a todos. Divaldo”.

Após 90 anos da fundação da Associação, os exemplos Benedita Fernandes permanecem em muitos corações e se reproduzem em várias ações – a mulher cujo nome é sinônimo de bendição -, que soube aproveitar a transformação da fase de desequilíbrio para a ação no bem, completando uma vida realmente abençoada.

Síntese de artigo do autor:

Carvalho, Antonio Cesar Perri. Bendita obra pioneira, 90 anos depois. Revista internacional de espiritismo. Março de 2022.

Guerra, paz e não-violência

Guerra, paz e não-violência

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Um lembrete rápido sobre pensamentos de Tolstoi.

Nos momentos tormentosos da atualidade, veio à nossa mente a figura de marcante líder carismático e literato russo.

Léon Tolstoi (1828-1910) é um dos maiores escritores da Rússia. Um de seus clássicos é o romance “Guerra e paz”, onde descreve a campanha de Napoleão Bonaparte na invasão da Rússia ao mesmo tempo em que monta o enredo dos amores e aventuras de alguns personagens.

Tolstoi registrou a histórica invasão de Napoleão à Rússia, mas no final de sua existência tornou-se um defensor do respeito ao próximo e da paz.

Sua vida foi marcada por muitos protagonismos políticos e religiosos. Tolstói passou as últimas horas de sua vida pregando o amor e a não-violência.

Em seu último romance “Ressurreição”, defende idéias ligadas à justiça social.

Passam-se os anos e ele escreve “do lado de lá”, utilizando a mediunidade de Yvonne do Amaral Pereira e acrescenta uma nova visão: “Ressurreição e vida”. O autor espiritual desenvolve seis contos e dois mini-romances ambientados na Rússia do tempo dos czares. (*)

O espírito Tolstoi relata o encontro com um luminar do cristianismo e a aceitação de seus ensinos:

“Foi esse um dos mestres que encontrei aquém do túmulo. Seus ensinamentos, os exemplos de ternura em favor do próximo, que me deu, revigoraram minhas forças. Sob seus conselhos amorosos orientei-me, dispondo-me a realizações conciliadoras da consciência. E se tu, meu amigo, desejas encontrar aquele reino de Deus de que Jesus dá notícias, ama os desgraçados! Cada lágrima que enxugares em seus olhos, cada conselho bom que dispensares ao pobre desarvorado da vida é mais um passo que darás em direção a esse reino que, finalmente, encontrarás dentro do teu próprio coração, que assim aprendeu o cumprimento da suprema Lei: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo…” (**)

A obra clássica de Tolstoi e os episódios lamentáveis que assistimos na atualidade nos remetem à questão 742 de “O livro dos espíritos”, onde Allan Kardec apresenta a visão da Espiritualidade sobre as guerras:

“P – Que é o que impele o homem à guerra?

R – Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem — o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a sente necessária.”

Sem dúvida, são temas para profundas reflexões em nossos dias.

(*) Pereira, Yvonne Amaral. Pelo espírito Léon Tolstoi. Ressurreição e vida. Cap. Conclusão. Brasília: FEB. 1963.

(**) Referência a Mateus 22, 37-39.

A partida de Galves – o amigo de Chico Xavier

A partida de Galves – o amigo de Chico Xavier

        

       

Antonio Cesar Perri de Carvalho (1)

No início da noite do dia 16/02/2022, desencarnou em São Paulo, Francisco Galves, aos 96 anos de idade(2). Era casado há 68 anos com a sra. Nena Galves e têm os filhos Roseli e José Francisco, netos e bisnetos.

Conhecemos o casal Galves, há muitas décadas em função de visitas e contatos com Chico Xavier.

O casal Galves foi amicíssimo de Chico Xavier e seu hospedeiro nas constantes viagens que o médium fazia a São Paulo. Há muitos episódios históricos nos contatos que fizeram com Chico em Uberaba e nos momentos em que o recebia no lar paulistano. Em vários livros há relatos sobre fatos acontecidos no lar dos Galves, inclusive quando Chico se preparava para o “Pinga-Fogo” em julho de 1971. Nena Galves registra fatos históricos em seus livros, que reproduzimos em obras nossas sobre Chico e sobre Emmanuel.

Os Galves estiveram ligados ao Grupo Espírita Batuíra, fundado por Spartaco Ghilardi, também muito amigo de Chico Xavier.

Com orientação e apoio de Chico Xavier, os Galves fundaram o Centro Espírita União, no bairro Jabaquara, em São Paulo. Em 05/04/1967 foi inaugurada a sede do Centro Espírita União. A escolha do nome também foi sugestão de Dr. Bezerra. Além das atividades doutrinárias e assistenciais, houve a criação de uma livraria que divulgava os livros espíritas e valorizava o estudo do Espiritismo, Chico Xavier, empenhado neste trabalho de divulgação da Doutrina, incentivou a criação de uma nova editora espírita. Sentindo a motivação de Francisco Galves neste trabalho, o presenteia com um de seus livros psicografados – Amigo, com mensagens de Emmanuel. Assim nasceu a Editora Cultura Espírita União (CEU) editando seu primeiro livro. Muitas edições de livros psicografados por Chico se sucederam. Com a doação de um imóvel à avenida Rangel Pestana, nº 233, próximo à estação Sé do metrô de São Paulo, o Centro Espírita União inaugura a Livraria Cultura Espírita União.

Chico Xavier compareceu durante muitos anos em eventos públicos no mês de outubro na sede do Centro Espírita União. Inclusive, residindo em São Paulo e como presidente da USE-SP, lá estivemos para os agradáveis encontros com o médium.

A cidade de São Paulo que contou com continuadas visitas de Chico Xavier dispõe de um museu funcionando no interior do Centro Espírita União. O casal reuniu pertences, homenagens e fotos de Chico Xavier amealhados durante os eventos que ele participou na cidade e no próprio Centro e comparecemos na inauguração aos 08/12/2014 na condição de presidente da FEB, juntamente com a presidente da USE-SP Júlia Nezu e Pedro Nakano (do CCDPE).

No período em que estivemos ligados à Federação Espírita Brasileira, mantivemos contatos com os Galves. No programa do 3º Congresso Espírita Brasileiro, alusivo ao Centenário de Chico Xavier, em 2010, tendo como tema central “Chico Xavier: Mediunidade e Caridade com Jesus e Kardec”, Nena Galves foi uma das expositoras, sempre acompanhada de Francisco. O casal também esteve presente na pré-estreia do filme “E a vida continua…”, em São Paulo, em agosto de 2012, quando já respondíamos pela presidência da FEB. No ano de 2014, na condição de presidente da FEB, juntamente com a esposa Célia, estivemos em São Paulo a convite, para lançamento de livro nosso sobre o estudo de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, e a livraria do CEU foi o local para os autógrafos, contando com a fraterna acolhida do casal Galves e de representantes da USE-SP. No mesmo período foi assinado convênio de edições conjuntas CEU/FEB e a primeira publicação nessa fase – Fé e vida (Espíritos diversos, FCX) -, veio a lume em outubro de 2014.

Mesmo nos anos em que residimos em Brasília, éramos sempre convidados para palestras no Centro Espírita União.

No nosso retorno de residência em São Paulo estivemos muitas vezes em palestras no Centro Espírita União até o início da pandemia. Em 2019, lá estivemos com nossa esposa Célia e essa foi a última foto com Galves, por ocasião de lançamento de nosso livro sobre Chico Xavier.

No dia 16 de fevereiro, pela manhã, coincidentemente, divulgamos um artigo em que citamos o casal Galves, sobre a amizade de Chico Xavier com a modernista Tarsila do Amaral.

Francisco Galves sempre sereno e ativo foi um notável fiel empreendedor na seara espírita deixando para a capital paulista e para o país marcantes contribuições notadamente ligadas a Francisco Cândido Xavier.

Nossas homenagens a ele nesse retorno à Pátria Espiritual e o abraço fraterno aos familiares e aos companheiros do Centro Espírita União.

Fontes (copie e cole o link):

Sobre o CEU: https://www.centroespiritauniao.com.br/historia-do-centro-espirita-uniao/

Artigo sobre Tarsila: http://grupochicoxavier.com.br/chico-xavier-valorizado-pelos-modernistas-tarsila-do-amaral-e-menotti-del-picchia/

(1) Foi presidente da USE-SP e da FEB.

(2) Juntamente com a esposa Célia e Ismael Gobbo, comparecemos ao velório em São Paulo.

Chico Xavier valorizado pelos modernistas Tarsila do Amaral e Menotti Del Picchia

Chico Xavier valorizado pelos modernistas Tarsila do Amaral e Menotti Del Picchia

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Nesses dias comemora-se o Centenário da Semana de Arte Moderna, evento artístico e cultural que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922. A proposta era apresentar uma nova estética artística para todos os campos das artes, com apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras de arte, como pinturas e esculturas, e palestras. Foi apoiado pelo governador do Estado de São Paulo Washington Luís (depois presidente da República).

O evento centenário marcou o início do modernismo no país e se tornou a marcante referência cultural do século XX. Mário de Andrade e Oswald de Andrade foram importantes lideranças desse movimento histórico, contando com presença de intelectuais e artistas como Anita Malfatti, Graça Aranha, Victor Brecheret, Plínio Salgado, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida.

A propósito do evento centenário destacamos um episódio interessante que veio a ocorrer anos depois com a aproximação da pintora Tarsila do Amaral com Chico Xavier. Tarsila do Amaral, um dos marcos do modernismo brasileiro, não participou da Semana de Arte Moderna porque se encontrava em Paris. Mas logo depois integrou-se ao grupo de artistas e inclusive esteve casada durante uns três anos com Oswald de Andrade.

Tarsila de Aguiar do Amaral (Capivari, SP, 1886 – São Paulo, 1973) foi membro do “Grupo dos Cinco”, destacados artistas brasileiros: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Segundo Mário de Andrade, ela foi a “primeira que conseguiu realizar uma obra de realidade nacional”. Entre as telas famosas da pintora, destaca-se “Abaporu”, de 1928.

Já idosa, passando por grandes reveses na saúde e com a desencarnação da filha única e da neta, Tarsila, desesperada e deprimida, se aproxima do espiritismo e de Chico Xavier. Inclusive, passou a doar parte da venda dos seus quadros aos trabalhos assistenciais que Chico Xavier apoiava em Uberaba. Essa amizade foi registrada pelo casal Nena e Francisco Galves, que eram hospedeiros de Chico Xavier em São Paulo, e são fundadores do Centro Espírita União. Através deles ficou marcado inclusive o respeito e admiração de Chico tinha por Tarsila.

Arnaldo Camargo lembra que no discurso proferido por Francisco Cândido Xavier quando recebeu o título de Cidadão Paulistano em 19/05/1973, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, “o médium fez referência a Tarsila, que havia prometido estar nessa ocasião mesmo em cadeira de rodas, mas a vontade do Senhor a havia transferido para a Vida Maior”.1 Ela desencarnou quatro meses antes da cerimônia.

Chico Xavier chamou Tarsila de sua benfeitora: “a grande dama católica aceitava sua amizade como espírita e médium, com bondade inesquecível, que orava em cores e produzia telas que hoje são o encanto e riqueza do Brasil e do mundo. Afirmou que ‘dona Tarsila’ se inclinava aos pequeninos da mesma forma que acolhia as personalidades ilustres. […] tanto ela, como eu, acreditava que os gênios do Brasil não estão mortos, que os grandes fundadores da civilização paulista e brasileira estão vivos operando e cooperando em nosso favor, e eles nos auxiliam”.1

Por ocasião do lançamento de nosso livro Chico Xavier. O homem, a obra e as repercussões (2019)2, entre outras cidades, estivemos em Capivari, onde se situa a Editora EME. Na oportunidade, Arnaldo Camargo levou-nos, juntamente com nossa esposa Célia, para visitarmos a Galeria Tarsila do Amaral, espaço cultural de Capivari dedicado à vida e obras da pintora e desenhista capivariana Tarsila do Amaral. Essa Galeria foi inaugurada em 2018 e abriga cerca de 70 obras de arte, que são releituras e reproduções de telas de autoria da Tarsila do Amaral.

Há também registros interessantes sobre o poeta paulistano Menotti Del Picchia (São Paulo, 1892-1988), participante da “Semana de Arte Moderna” e depois membro da Academia Brasileira de Letras (1943). Ele foi um dos primeiros literatos a se manifestarem sobre a obra Parnaso de Além Túmulo (1932), identificando os estilos dos diversos poetas brasileiros e portugueses que escreveram pela psicografia de Chico Xavier.2

Outro fato sobre o poeta modernista Menotti Del Picchia merece ser destacado, pois escreveu o prefácio do livro Sol (1942), de autoria de Almir Rodrigues Bento (1918-1945), jornalista e ativo espírita de nossa terra natal, Araçatuba. No poema “Metempsicose” da obra citada, Almir deixa clara sua crença religiosa.3

Aí estão alguns episódios marcantes relacionando históricos modernistas brasileiros com obras espíritas.

Referência:

1) Camargo, Arnaldo Divo Rodrigues. Chico Xavier, Tarsila e “A caipirinha”. O Semanário, 11/12/2020. Acesso: https://www.jornalosemanario.com.br/chico-xavier-tarsila-e-a-caipirinha/

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Chico Xavier – o homem, a obra e as repercussões. Cap. 1.24. São Paulo: USE, Capivari: EME. 2019.

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Cap. 1.4. Araçatuba: Cocriação. 2021.

Nômades digitais

Nômades digitais

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Há poucos dias escutamos por parte de comentarista de TV a expressão "nômades digitais", ao analisar o desenvolvimento das manifestações e palestras "on line", principalmente com a eclosão da pandemia do Covid-19. Há até livro com esse título.

Na realidade, as atuações em home office, aulas escolares virtuais e as lives em geral, ocorrem independentemente do local em que se encontra o protagonista. E muitas vezes viajando, daí a palavra nômade. A pessoa não está fixa num local.

Realmente já vivíamos a experiência em função das muitas viagens doutrinárias e ao mesmo tempo atendendo a compromissos de lives com outros locais. Eram compromissos presenciais e outros virtuais.

Nesse longo período de distanciamento social para atendermos lives ao vivo e outras gravadas, além da rotina de transmissão do nosso ambiente doméstico, algumas vezes aproveitamos estadia (com devidos cuidados sanitários) em lares de familiares e hotéis.

Como atualmente dispomos de boa tecnologia em computadores, tablets e celulares, e a disponibilidade de redes de Wi-Fi, não há condições tão especiais para transmissões. Esses equipamentos e a internet já facilitam muito. Interessante que a função telefone é a menos utilizada nos celulares…

Essa ideia de nomadismo digital é adequada à realidade que estamos vivendo.

Graças a essas novas possibilidades, pode-se atender às necessidades do movimento espírita na fase em que se prolonga de distanciamento social. É indiscutível o valor do contato físico, mas há indícios de que adentramos em nova fase, com ações fraternas e solidárias concretizadas sem distâncias e barreiras materiais.

É sabido que o pensamento tem vida e é transmitido a distância…1

A sede física deixa de ter a importância e único referencial. Ou seja, há uma certa "desmaterialização", desvinculando-se da obrigatoriedade de condições físicas.1,2

Esse contexto nos remete a considerações sobre a comunhão de pensamentos defendida por Allan Kardec em seu último discurso público.3

O pensamento, as vibrações e as imagens à distância passam a ter variadas expressões e aplicabilidade efetiva.

A propósito lembramos que em obras do espírito André Luiz, desde Nosso lar, há registros de transmissões de palestras e imagens a distância em utilização em colônias espirituais.

Também precisamos relacionar com práticas correntes nos centros espíritas, como por exemplo nas reuniões onde se faz a irradiação ou vibração a encarnados necessitados de consolo e apoio.

Sem dúvida, estamos entrando em uma nova fase para ações dos centros espíritas e para a difusão do pensamento espírita.

Referências:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. O mundo novo. A Senda. Revista digital da FEEES. Ano 100. N. 213. Janeiro-Fevereiro de 2022. Página eletrônica da FEEES: https://www.feees.org.br/wp-content/uploads/2021/12/revista_jan-fev-1.pdf

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Novo ano – expectativas para o movimento espírita. Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCVI. N. 12. Janeiro de 2022.

3) Kardec, Allan. Trad. Noleto, Evandro Bezerra. O Espiritismo é uma religião? Revista Espírita. Dezembro de 1868. Ano XII. FEB.

Biografia preciosa e detalhada de Bezerra de Menezes

Biografia preciosa e detalhada de Bezerra de Menezes

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Em meados de dezembro de 2021 uma portentosa pesquisa biográfica, o livro Bezerra de Menezes: o homem, seu tempo e sua missão, de autoria de Luciano Klein, foi lançado pela Federação Espírita do Estado do Ceará (FEEC) e pelo Memorial Bezerra de Menezes (MEBEM). A edição histórica, comemorativa dos 190 anos de nascimento de Bezerra (1831-1900), é enriquecida com centenas de ilustrações e reproduções de documentos, totalizando 1.192 páginas.

Luciano Klein é o atual presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará (FEEC); é graduado em História, professor do Colégio Militar de Fortaleza, Sócio Efetivo do Instituto do Ceará – Histórico, Geográfico e Antropológico. Essa detalhada biografia é resultante de quase três décadas de pesquisas, tendo o autor feito o estudo pormenorizado de centenas de fontes, ouvindo pessoas e deslocando-se em viagens.

Em mensagem de Vianna de Carvalho, psicografada por Divaldo Pereira Franco, o espírito comenta: “que os conhecimentos hauridos após sua leitura e reflexão possam servir de roteiro de segurança e de conforto espiritual, apontando o rumo da plenitude a todos nós, que nos encontramos em lutas de recuperação espiritual”. Há também prefácio de Samuel Magalhães; e introdução do próprio autor.

De início, Klein adianta: “Embora ousado, por meio de ideias, projetos e raciocínios, muito além do Brasil Oitocentista, constatamos ter ele sido um homem que amou intensamente seu semelhante, cultivou sonhos pessoais e coletivos, sofreu, lutou na defesa das convicções esposadas e que também, na sua humanidade, cometeu erros, perfeitamente compreensíveis quando observados pela lupa do historiador. […] permite-lhe identificar a personalidade como um verdadeiro ‘Homem de Bem’, um ser humano de singular beleza espiritual…”

Entre tantas preciosidades, destacaremos alguns registros.

Desenvolve-se 17 capítulos com ricas informações e análises sobre o grande vulto, envolvido nas mais diversas frentes de atuação, protagonizando lances que o diferenciavam no século XIX, pelo amor posto em cada atitude, a bem de todos, como médico, político, empresário, pesquisador/cientista, escritor, tradutor e biógrafo.

Naturalmente houve ênfase nos detalhes familiares, ascendentes e descendentes, e locais onde Bezerra nasceu no interior do Ceará, nos vários locais em que viveu, notabilizando-se na Capital do Império. Interessante foi o esclarecimento documentado sobre o título de “Benemérito Médico dos Pobres”. Não foi como se propaga uma homenagem popular, mas um título oficial, usado para distinguir médicos do Rio de Janeiro. Foi outorgado a Bezerra aos 10/08/1868, pela Provedoria dos Socorros Públicos, “pelos serviços prestados à Caixa Municipal de Beneficência, na qualidade de Médico dos Pobres”. Nas atividades profissionais, atuou a maior do tempo como cirurgião e clínico. Mas após ser beneficiado, como também sua esposa, com um tratamento homeopático indicado pelo médium João Gonçalves do Nascimento, Bezerra passou a estudar e depois praticar a Homeopatia.

A notável pesquisa de Klein contribui com subsídios para a compreensão de ações parlamentares nos períodos do Império e início da República. Surgem muitos detalhes das ações públicas, inclusive político-partidárias de Bezerra, como vereador e deputado, até concomitante aos seus encargos espíritas. De permeio há informações sobre amizades históricas como Quintino Bocaiúva, Artur Azevedo e José do Patrocínio. Nota publicada na primeira página do “Diário de Notícias” de 02/09/1889, que tinha Ruy Barbosa como redator-chefe: “Pelo terceiro distrito foi eleito o distinto chefe do Partido Liberal da Corte e província do Rio, e chefe do Espiritismo brasileiro, o sr. Dr. Bezerra de Menezes. O ilustre deputado tem prestado importantes serviços ao seu partido e ninguém merece mais tão elevada posição. Esse moço sacrificou sua grande clientela pela política, entregando-se de corpo e alma ao seu partido, como até há pouco tempo estava entregue ao Espiritismo. […] Na Câmara dos Deputados, além de reformas importantes que o ilustre representante do terceiro Distrito tem a apresentar, em benefício de nosso Município, apresentará também um projeto de lei, que manda adotar, nas escolas públicas, o livro de Allan Kardec, como compêndio de moral e religião”. Bezerra era abolicionista, monarquista parlamentarista e depois aderiu à República. Entre suas propostas, anotamos o projeto para criação de uma “Escola de Farmácia”. Os jornais da Capital sempre focalizaram suas ações políticas, algumas informativas e outras com deboches, inclusive com repetidas charges e caricaturas. Fato histórico foi registrado em litogravura de 1876 que retrata a cerimônia de colocação da pedra fundamental do novo sistema de abastecimento de águas do Rio de Janeiro, em que Bezerra, na condição de presidente da Câmara Municipal, presidindo o ato, tem ao seu lado D.Pedro II, a princesa Isabel e seu marido, o Conde d’Eu.

Nas atividades ligadas ao Espiritismo surgem muitas informações sobre as relações de Bezerra com médiuns e lideranças espíritas das duas últimas décadas do Século XIX e sobre suas atuações em instituições espíritas, inclusive na então novel Federação Espírita Brasileira, da qual foi presidente em duas oportunidades (1889-1890 e 1895-1900) e vice-presidente (1890-1891). Bezerra enfrentou muitas resistências nos seus encargos espíritas.

Assim, também emergem notas biográficas sobre vultos marcantes da época e, inclusive, esclarecendo-se distorções criadas sobre alguns personagens. Bezerra, como presidente do Centro Espírita do Brasil, oficiou o Marechal Deodoro, chefe do Governo Provisório, aos 22/12/1890, “em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra alguns artigos do Código Penal Brasileiro de 1890, no conhecido episódio de perseguição aos espíritas”. Klein transcreve trechos do discurso de Bezerra do ano de 1891, em que defende a união dos espíritas.

Em artigo no “Jornal do Brasil”, em outubro de 1895, escreve Bezerra: “[…] Ciência e religião são mais duas asas do Espírito, para ascender às regiões superiores, onde o sábio sem moral não pode ter assento, tanto quanto o santo sem conhecimento das causas – ignorante. É preciso, pois, que trabalhemos por avigorar ambas as asas…”

Um fato marcantemente esclarecedor foi a real identificação do filho alvo de obsessão e tratado por médiuns espíritas, fato motivador para a pesquisa que gerou a obra “A Loucura sob novo Prisma”. Trata-se do filho mais velho Adolfo Júnior e que Bezerra teria alterado a identificação como sendo o filho Antonio “talvez para preservar o primogênito que permanecia sob os cuidados da família” e que desencarnou somente em 1899. O texto original tinha por título “A loucura: à luz da Fisiologia e da Psicologia”, que o biógrafo comenta: “Bezerra, muito provavelmente, aspirava apresentar sua pesquisa”, referindo-se ao Congresso Espírita e Espiritualista Internacional de Paris (setembro de 1900). Esse livro de Bezerra, que muito apreciamos, foi inicialmente editado pelos seus filhos em 1920 já com o título atual, e, posteriormente pela FEB em 1946.

O título de “Kardec Brasileiro” é esclarecido pelo biógrafo ao transcrever artigo do presidente da FEB Leopoldo Cirne, do ano de 1904, com a informação que José Gouvêa de Mendonça em evento da FEB realizado num Clube, a 03/10/1895 proclamou entusiasticamente “o Allan Kardec Brasileiro”. Nos dias do lançamento dessa recente biografia fomos brindados com a oferta da preciosa obra com a dedicatória do autor.

No final do livro com surpresa, encontramo-nos citado entre personagens do movimento espírita da atualidade que fazem “garimpagens convertidas em livros, referentes a biografias ou as aspectos do Espiritismo…”

Luciano Klein conclui sobre seu valioso estudo: “A pesquisa nos credencia a assegurar que o Bezerra de Menezes, analisado e compreendido como um homem de seu tempo, se nos apresenta mais grandioso e admirável quando comparado ao Bezerra de Menezes que o movimento espírita conhece corriqueiramente”.

Encerrando o livro, há manifestação do jornalista Tarcísio Matos, de Fortaleza, considerando a pesquisa um “rastro de luz espalhado por seu biografado”.

A preciosa e detalhada biografia de Bezerra de Menezes merece ser lida, estudada e difundida na seara espírita.

Referência: Klein, Luciano. Bezerra de Menezes. O homem, seu tempo e sua missão. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora. 2021. 1192p. 

Informações:

páginas eletrônicas da Federação Espírita do Estado do Ceará e Amazon; https://feec.org.br/livrobezerra/

(*) Foi presidente da USE-SP e da FEB.

Extraído de:

Revista digital O Consolador. Ano 15 – N° 758 – 06 de Fevereiro de 2022.

Copie e cole: http://www.oconsolador.com.br/ano15/758/especial2.html

É muito bom ser espírita e melhor ainda é praticá-lo

Entrevista

É muito bom ser espírita e melhor ainda é praticá-lo

Joaquim Veloso Filho

As palavras acima são de Joaquim Veloso Filho, que é carinhosamente conhecido e chamado de Quincas. Natural de Unaí (MG), ele reside em Monte Carmelo, no mesmo estado. Técnico em contabilidade aposentado, vincula-se em sua cidade à Associação Espírita Humildade, Amor e Luz, como colaborador. Conheçamos sua ativa história.

Como se tornou espírita?

- A minha família, que era inteiramente católica, tornou-se espírita no ano de 1943, estando eu com menos de 3 anos; significa que fui criado com os ensinos espíritas.

O que mais lhe chama atenção no Espiritismo? Por quê?

- A sua coerência, a sua lógica. Em momento algum o Espiritismo usa de conceitos que venham a derrogar as leis naturais. Até os chamados milagres são esclarecidos de maneira convincente.

Como surgiu a experiência virtual do PAPO COM QUINCAS?

- Quando surgiu a necessidade do distanciamento recomendado pela ciência médica, proibindo reuniões presenciais, surgiram diversas lives espíritas e eu me encantei com elas. Conversando com alguns amigos, eles me sugeriram que eu usasse a ferramenta facebook, já que na condição de aposentado contaria com o tempo necessário. Uma amiga querida sugeriu o nome “PAPO COM QUINCAS”, que de segunda a sexta-feira apresentamos às dez horas com duração máxima de vinte minutos. Já vamos completar trezentos e sessenta e cinco apresentações sem qualquer interrupção.

Como o leitor pode acessar esses conteúdos?

- Ao vivo por nosso facebook: Quincas Veloso onde fica gravado e também no YouTube: CEPE, do Centro Espírita Paulo e Estêvão, de Ibiá-MG. Só gravação. O amigo está integrado a outro grupo de amigos com fecunda realização.

Comente sobre.

- Juntamente com os amigos Daniel Nascimento e Wellington de Melo realizamos todas as quintas feiras às vinte horas o “PROSA ESPÍRITA”, em que temos a alegria de receber um convidado, para de forma descontraída prosearmos sobre Espiritismo por diversos canais e entre eles a RAE-TV. Com o popular Borginho e o Wellington de Melo uma vez por mês temos o “NAS ENTRELINHAS ESPÍRITAS” pelo canal Coromandel Espírita; todos os domingos às nove horas pelo canal Tupaciguara Espírita temos o programa “E A FAMÍLIA COMO VAI?”, com o Wellington de Melo, quando recebemos um convidado. São momentos interessantes onde aprendemos sobre Espiritismo.

Como vê a vivência Espírita?

- Penso que o movimento espírita precisa rever a sua dinâmica de estudos com menos academicismo, mais integração, pautando pela simplicidade mesmo em seu conteúdo mais profundo; a sabedoria não dispensa a singeleza; é necessário colocar o cristianismo em nossos corações, pois somente ao nos sensibilizarmos profundamente com os exemplos cristãos é que vamos entender a função de ser o consolador prometido.

E a experiência presencial/ virtual?

- É importante o toque de mão, o abraço, e isso nos faz falta, mas esse momento on-line trouxe os seus benefícios para a divulgação da Doutrina Espírita. Pessoas que jamais iriam a um Centro Espírita participam ativamente de todos os acontecimentos pela internet. Pessoalmente pude eu angariar vários amigos pelo Brasil imenso. Entendo que mesmo voltando as reuniões presenciais as palestras precisam ser transmitidas pelos canais competentes.

De suas lembranças com o Espiritismo, o que mais marcou?

- Eu estava com dezesseis anos de idade quando veio à nossa Monte Carmelo em visita fraterna o médium Chico Xavier na companhia do Dr. Waldo Vieira, mas o maior encantamento foi vê-lo chegar à casa de meus pais para almoçar conosco; foi um momento único; olha e eu ainda fiquei curioso para ver se ele comia carne. Isso se deu no ano de 1956.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

- Eu digo para você, minha cara amiga, meu caro amigo: “É muito bom ser espírita, melhor ainda é praticá-lo.”

Suas palavras finais.

- Eu repito sempre: é tão bom ter que agradecer; com alegria eu lhe agradeço, caro amigo Orson Peter Carrara, por sua amizade e por seu carinho para comigo.

Extraído de:

Revista digital O Consolador, Ano 15, N° 756, 23 de Janeiro de 2022. Copie e cole: http://www.oconsolador.com.br/ano15/756/entrevista.html

São Paulo – origem da cidade e marco educacional

São Paulo – origem da cidade e marco educacional

    

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Dia 25 de janeiro assinala os 468 anos da fundação da cidade de São Paulo.

Os episódios da origem da grande metrópole têm ligações com vultos que são conhecidos na literatura espírita.

Destacamos o espírito Emmanuel, que na sua trajetória espiritual, esteve reencarnado como o jesuíta Manuel da Nóbrega.

Essa informação já havia sido divulgada por Chico Xavier e consta do livro Amor e sabedoria de Emmanuel, de Clóvis Tavares, editado em São Paulo no ano 1970. No 2o Pinga Fogo, marcante programa da TV Tupi de São Paulo, em dezembro de 1971, Chico Xavier em resposta a Almyr Guimarães confirma e declara: “Aceito plenamente, convictamente a revelação dele mesmo, de que ele foi o padre Manuel da Nóbrega, companheiro do grande Anchieta”. Na cerimônia pública e televisada da Câmara Municipal de São Paulo, no dia 19/5/1973, em que recebeu o título de “Cidadão Paulistano”, Chico Xavier evocou essas informações espirituais.1

A atual maior metrópole do Hemisfério Sul e o Estado homenageiam o Apóstolo Paulo, por proposta de Manuel da Nóbrega!

Em registros históricos de conhecimento público sabe-se que Nóbrega, que atuava em São Vicente, subiu o Planalto de Piratininga e resolveu fundar uma escola, escolhendo o dia 25 de janeiro de 1554, data comemorativa da conversão do apóstolo Paulo. Assim, surgiu a cidade de São Paulo, significativamente a partir de uma escola e homenageando a apóstolo da gentilidade.

O jesuíta Nóbrega instalou no Brasil a primeira proposta de educação, integrando o grupo que fundou a cidade de Salvador; na já citada fundação da cidade de São Paulo, e, posteriormente também presente na origem da cidade do Rio de Janeiro. Sua missão envolvia o Direito e a Teologia Moral. Nóbrega teve muito trabalho junto aos portugueses que vinham para a Colônia sem suas famílias e muitos até na condição de exilados e com as aproximações e catequese em aldeias indígenas. Foi autor do primeiro livro redigido na Colônia, Cartas do Brasil, registrando suas experiências educacionais entre 1549 e 1560.1

A amiga e anfitriã de Chico Xavier em São Paulo, Nena Galves – que juntamente com seu marido fundaram o Centro Espírita União em 1967, atendendo a orientação e apoio de Chico Xavier -, sempre relata que o médium tinha um grande amor pela cidade de São Paulo. Às vezes pedia para dar uma volta pela cidade e até de carro, tarde da noite, e, inclusive, esteve várias vezes no Pátio do Colégio, local onde a cidade foi fundada.

Em Sessão Solene da Câmara de Vereadores de São Paulo realizada no dia 17 de maio de 2004, recebemos a “Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo”. Na oportunidade fomos saudados pelo vereador Rubens Calvo e em nosso discurso enaltecemos Anchieta, notável vulto dedicado à educação e atendimentos a carentes e que chegou à Colônia do Brasil como noviço do padre Manuel da Nóbrega. Naquele momento homenageamos também Nóbrega, como fundador de São Paulo, e lembramos que ele sempre vinha à nossa memória nos tempos em que atuávamos junto à Reitoria da Universidade Estadual Paulista, na época localizada próxima ao histórico Pátio do Colégio.2

Sempre que possível conduzimos parentes e amigos para conhecerem o museu que funciona no Pátio do Colégio, no centro de São Paulo.

Referências:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier. Cap.17. Matão; O Clarim. 2020.

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Cap. 3.8. Araçatuba: Cocriação. 2021.