Política, violência e futuro nas anotações de Emmanuel

Política, violência e futuro nas anotações de Emmanuel

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Há momentos graves e delicados que provocam estupefação e inúmeras indagações.

Na literatura psicográfica de Francisco Cândido Xavier, há textos assinados por diversos espíritos que discorrem sobre o destino do Brasil e as expectativas da Espiritualidade.

Entre esses, chamam atenção os poemas inflamados assinados pelo espírito Castro Alves.

Fazemos a opção de transcrever alguns trechos assinados pelo espírito Emmanuel, o orientador espiritual de Chico Xavier.

Em linguajar claro e ponderado esse autor espiritual faz comentários oportunos e profundos. No livro A caminho da luz, refere-se a uma visão sobre as terras: “coração nas extensões da terra farta e acolhedora onde floresce o Brasil, na América do Sul” (Cap. XX). Anota sobre “a missão do povo brasileiro na civilização do porvir” (Cap. XXIII). E relaciona com a compreensão dos ensinos de Jesus para uma nova proposta: “esforço tremendo de manter acesa a luz da crença, nesse barco frágil do homem ignorante do seu glorioso destino, barco que ameaça voltar às correntes da força e da violência, longe das plagas iluminadas da Razão, da Cultura e do Direito” (Cap. XXIV).

Em obra da mesma época, Emmanuel escreve o “Prefácio” de Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho, de onde transcrevemos: “O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta, mas, também, a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocinada e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro. […] o Brasil terá também o seu grande momento, no relógio que marca os dias da evolução da humanidade. Se outros povos atestaram o progresso, pelas expressões materializadas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz”.

Poucos anos depois das obras citadas, Emmanuel responde a uma série de perguntas, sobre temas variados do conhecimento humano. Desse livro, O consolador, destacamos os parágrafos: “as paixões políticas não penetrem os seus domínios de equilíbrios e reciprocidade, porquanto, na sua influência nefasta, o “bastar-se a si mesmo” é a ideologia sinistra da ambição e do egoísmo, onde o fermento da guerra encontra o clima apropriado para as suas manifestações de violência e extermínio” (questão 114); “Somos de parecer que, agindo o homem com a chave da fraternidade cristã, pode-se extinguir o fermento da agressão, com a luz do bem e da serenidade moral. Acreditando, contudo, no fracasso de todas as tentativas pacíficas, o cristão sincero, na sua feição individual, nunca deverá cair ao nível do agressor, sabendo estabelecer, em todas as circunstâncias, a diferença entre os seus valores morais e os instintos animalizados da violência física” (questão 345).

Para completar essa linha de raciocínio, transcrevemos o trecho em que Emmanuel aborda as lutas da vida e aponta o trabalho de purificação, frente “à violência que escolheram, até que possam experimentar a serenidade mental imprescindível para se beneficiarem com as manifestações afetuosas do amor e da verdade” (questão 346). Momentos complexos e graves que devem merecer nossa cautela e cuidadosa análise. As anotações de Emmanuel trazem subsídios importantes para nossas reflexões, ponderações e planejamento de caminhos.

Livros citados, psicografados por Francisco Cândido Xavier: A caminho da luz; Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho (Prefácio); O consolador; editados pela FEB.