Pacificação
“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” – Jesus
(Mateus, 5: 9).
Mas que queria Jesus dizer por estas palavras: “Bemaventurados os que são brandos porque possuirão a Terra”, tendo recomendado aos homens que renunciassem aos bens deste mundo e havendo-lhes prometido os do Céu? “Enquanto aguarda os bens do Céu, tem o homem necessidade dos da Terra para viver. Apenas, o que ele lhe recomenda é que não ligue a estes últimos mais importância que aos primeiros.”
(ESE, Cap. 9, 5).
Escutaste interrogações condenatórias, em torno do amigo ausente.
Informaste algo, com discrição e bondade, salientando a parte boa que o distingue e, sem colocar o assunto no prato da intriga, edificaste em silêncio a harmonia possível.
Surpreendeste pequeninos deveres a cumprir, na esfera de obrigações que te não competem.
Sem qualquer impulso de reprimenda, atendeste a semelhantes tarefas, por ti mesmo, na. certeza de que todos temos distrações lamentáveis.
Anotaste a falta do companheiro.
Esqueceste toda preocupação de censura, diligenciando substitui-lo em serviço, sem alardear superioridade.
Foges de divulgar-lhe a infelicidade e dispões-te a auxiliá-lo no momento preciso, sem exibição de virtude.
Recebeste queixas amargas a te ferirem injustamente.
Sabes ouvi-las com paciência, abstendo-te de impelir os irmãos do caminho às teias da sombra, trabalhando sinceramente por desfaze-las.
Caluniaram-te abertamente, incendiando-te a vida.
Toleras serenamente todos os golpes, sem animosidade ou revide, e, respondendo com mais ampla abnegação, no exercício das boas obras, dissipas a conceituação infeliz dos teus detratores.
Descobriste a existência de companheiros iludidos ou obsedados que se fazem motivos de perturbação ou de escândalo, no plantio do bem ou na seara da luz.
Decerto, não lhes aplaudes a inconsciência, mas não lhes agravas o desequilíbrio, através do sarcasmo, e oras por eles, amparando-lhes o reajuste, pelo pensamento renovador.
Se assim procedes, classificas-te, em verdade, entre os pacificadores abençoados pelo Divino Mestre, compreendendo, afinal, que a criatura humana, isoladamente, não consegue garantir a paz do mundo, mas cada um de nós pode e deve manter a paz dentro de si.
Emmanuel
(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Livro da esperança. Uberaba: CEC)