Leopoldo Machado e a Caravana da Fraternidade

Leopoldo Machado e a Caravana da Fraternidade

         

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Leopoldo Machado foi um vulto marcante nos anos 1930-50, e entre suas dinâmicas atuações trabalhou pela união dos espíritas, sendo a Caravana da Fraternidade a resultante desses esforços.

Leopoldo atuou no 1o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita (promovido pela USE, São Paulo, 31/10-05/11/1948). Com comparecimento expressivo foi aprovada a criação de uma Confederação, ou de um Conselho Superior do Espiritismo que, levada à consideração do presidente da FEB Wantuil de Freitas, foi recusada.1

Em 1949 a USE-SP apoiou o 2o Congresso da Confederação Espírita Panamericana, realizado pela Liga Espírita do Brasil no Rio de Janeiro. Num diálogo de algumas lideranças relatado por Carlos Jordão da Silva, agendou-se uma reunião com o presidente da FEB, que culminou com o chamado Pacto Áureo, aceito pelos presentes, mas sem atender aos anseios do Congresso de Unificação e de lideranças do País. O episódio foi registrado como a Grande Conferência Espírita do Rio de Janeiro, Acordo de Cavalheiros; depois cognominado por Lins de Vasconcellos como Pacto Áureo. Leopoldo participou da reunião mas não assinou a Ata do Acordo.1

Decidiu-se a instalação do Conselho Federativo Nacional da FEB, que ocorreu em 1o/01/1950, integrado por algumas Entidades Estaduais, com o objetivo de promover a união dos espíritas e das instituições, para fortalecer a difusão do Espiritismo. Esse Conselho tinha, em sua maioria, procuradores como representantes de outros Estados.1

Em reunião desse Conselho, aos 06/05/1950, “o representante de São Paulo comunica que estão organizando caravanas para visitas aos Estados onde ainda não se acha em bom funcionamento o serviço de unificação nos termos do Acordo de 05/10/1949. A finalidade dessas caravanas será uma aproximação mais íntima entre os espíritas do País, no sentido da unificação planejada.”2

Organizou-se a Caravana da Fraternidade, com recursos dos participantes, e apoio financeiro de Lins de Vasconcellos e Carlos Jordão da Silva. Integraram a Caravana: Ari Casadio (SP), Carlos Jordão da Silva (SP), Francisco Spinelli (RS), Leopoldo Machado (RJ); e, Lins de Vasconcellos (Pr) e Luiz Burgos (Pe), que não acompanharam todo o roteiro.3.4

A viagem foi longa – 31/10 a 13/12/1950-, com atividades em: Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, Natal, Fortaleza, Parnaíba, Teresina, São Luís, Belém e Manaus; passagem por Belo Horizonte e visita a Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, onde receberam duas mensagens psicográficas. 3.4

Implementado o programa: conferências para o grande público; mesa redonda para ajustamento de pontos de vista sobre o ideal da unificação; visitas a instituições de assistência social; programas sociais organizados pelos anfitriões. 3.4

Como resultados: a União Espírita Bahiana, deveria funcionar nos moldes da USE-SP; adequações de instituições e solidarização com o Acordo: Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Pará e Amazonas; fundação de federativas: Sergipe, Piauí, Maranhão. Há reproduções de jornais das cidades visitadas; manifestações de lideranças a favor e contrárias ao Pacto Áureo. 3.4

Leopoldo foi o orador oficial, articulador e o secretário, registrando o “diário”, que originou o livro histórico: A Caravana da Fraternidade, que publicou de forma independente, em 1954.3

Em 2009, como secretário geral do CFN da FEB e diretor da instituição, estivemos em Nova Iguaçu (RJ), para obter autorização do sobrinho de Leopoldo, Paulo de Tarso Machado de Barros (o Paulinho Leopoldo), planejando o relançamento de A caravana da fraternidade. Assim surgiu a edição dessa obra, pela FEB, e contando com nossa apresentação.

O lançamento ocorreu em Nova Iguaçu (RJ), aos 19/06/2010, com eventos do CFN, e nossa atuação e de Roberto Versiani, presença do diretor do CEERJ Humberto Portugal e parentes de Leopoldo.1

Diversos aspectos de gestão e participação poderiam ter sido revistos para aperfeiçoamento do CFN da FEB; empreendemos esforços como secretário geral do CFN, durante a presidência de Nestor Masotti, e depois como presidente da FEB, com propostas, dinamização e revisão regimental.1

Referências:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. União dos espíritas. Para onde vamos? Capivari: EME. 2018.

2) Conselho Federativo Nacional. Reformador. Ano LXVIII. N.6. Junho de 1950, p.141.

3) Machado, Leopoldo. A caravana da fraternidade. Nova Iguassú: Lar de Jesus. 1954. 315p.

4) Machado, Leopoldo. A caravana da fraternidade. Rio de Janeiro: FEB. 2010. 371p.

 

(Ex-presidente da USE-SP e da FEB; foi membro da Comissão Executiva do CEI).

 

Extraído de:

Candeia Espírita, USE Intermunicipal de São José dos Campos, edição de novembro de 2023.