Informação histórica do 1º Congresso de Unificação

Informação histórica do 1º Congresso de Unificação

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Como uma breve anotação sobre o evento marcante que ocorreu em São Paulo há 70 anos atrás, sintetizamos informações extraídas de obras que fazem registros do movimento espírita.

O ano de 1948 registrou três importantes eventos: dois ligados aos jovens espíritas e o outro sobre unificação.

Surgiu a Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e Estado de São Paulo – COMBESP, reunindo jovens de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e depois o Distrito Federal (Brasília). Este certame, autônomo, foi um celeiro de formação de expositores e lideranças. O evento foi repetido em rodízio por várias cidades dos Estados citados entre 1948 e 1966, e nestes anos foi efetivado na cidade de Barretos (SP).1

Liderado pelo incansável Leopoldo Machado, de Nova Iguaçú (RJ), foi realizado o 1o Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil (17 a 25/7/1948) na cidade do Rio de Janeiro, e que constituiu o Conselho Consultivo de Mocidades Espíritas do Brasil. Foi efetivado no Teatro João Caetano e o encerramento na sede da FEB, embora o presidente da FEB não apoiado o Congresso, cedeu o auditório da Instituição para a atividade de encerramento do evento, sendo Lins de Vasconcelos incumbido de representar a FEB.1

A essa altura já se preparava a realização do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, inicialmente planejado por idealistas de São Paulo.2

Embora a FEB não tenha aceitado o convite para ter atuação no evento, este contou com adesão de vários Estados.

O Congresso Brasileiro de Unificação Espírita foi realizado pela USE no período de 31 de outubro a 5 de novembro de 1948, em São Paulo, com registros detalhados nos Anais do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita.2

Houve o apoio e atuação nos preparativos de dirigentes da USE-SP, Federação Espírita do Estado do Rio Grande do Sul, Federação Espírita do Paraná, Federação Espírita Catarinense, União Espírita Mineira, Liga Espírita do Brasil, Conselho Consultivo das Mocidades Espíritas do Brasil e lideranças espíritas.2,3

Em função desse evento surgiu a primeira psicografia de Chico Xavier sobre união e unificação, que foi assinada por Emmanuel – “Em nome do Evangelho” -, e dirigida aos participantes do citado 1o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, em São Paulo. Essa mensagem, com o título acima, foi psicografada no dia 14 de setembro de 1948, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, e encaminhada aos organizadores do evento com a justificativa de que ele – Chico Xavier -, como convidado, não poderia comparecer. Foi publicada na íntegra nos Anais.2,3,4

Ao Congresso, compareceram dirigentes da USE-SP e de outras instituições paulistas, Federação Espírita do Estado do Rio Grande do Sul, Federação Espírita do Paraná, Federação Espírita Catarinense, União Espírita Mineira, Liga Espírita do Brasil, Conselho Consultivo das Mocidades Espíritas do Brasil, Lar de Jesus de Nova Iguaçú (RJ), Centro Espírita de Cuiabá, e pessoas que tinham procurações de instituições de Sergipe, Bahia, Pará, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.2

Ao final foi aprovado um Manifesto do Congresso.

Textos constantes nos Anais do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita e registros sobre a atuação de Leopoldo Machado e várias lideranças da época no citado Congresso Brasileiro e no Estado de São Paulo, foram enfeixados em livro de autoria de Eduardo Carvalho Monteiro.3

Eis o depoimento de Carlos Jordão da Silva, participante desse Congresso Brasileiro e também ex-presidente da USE-SP:

“Tivemos aqui em São Paulo, em 1948, o Primeiro Congresso Brasileiro do Unificação, com a presença de delegações do todos os Estados Sulinos e alguns do Norte, não tendo a Federação Espírita Brasileira na ocasião aceito participar. Estabeleceu-se que a Federação Espírita do Rio Grande do Sul, através de sua delegação mantivesse os entendimentos com a FEB para que se efetivasse a Unificação das Sociedades Espíritas e Espíritas no campo nacional. […] Após as reuniões do Congresso Panamericano e recolhidos lodos os participantes das delegações em seus respectivos hotéis, cerca de uma hora da manhã, resolvemos sair para tomar um pouco de ar e dirigimo-nos para determinada praça próxima ao nosso hotel e para a nossa surpresa todas as delegações foram chegando ao mesmo local, como que convocadas por forças invisíveis. Achamos graça por ter o Plano Espiritual nos reunido daquela forma e aquela hora da madrugada e ali mesmo marcamos uma reunido para as 8 horas da manhã, no Hotel Serrador, onde estávamos hospedados, eu e minha Senhora, e, realizada tal reunido, incumbiu-se Artur Lins de Vasconcellos Lopes a tarefa de aproximar-se da FEB para promover o encontro.”3,4

Em função desse momento relatado por Carlos Jordão da Silva, repentinamente, e num único dia foi assinado o “Pacto Áureo”, aceito pelos presentes à reunião no Rio de Janeiro, mas que não atendia aos anseios do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita e de muitas lideranças espíritas do Brasil.3,4

Referências:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Centro espírita. Prática espírita e cristã. São Paulo: USE. 2016. 196p.

2) Anais do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita. São Paulo: USE. 1947. 191p. Edição em versão digital: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/USE/ANAIS%20do%20Congresso%20Brasileiro%20de%20Unifica%C3%A7%C3%A3o%20Esp%C3%ADrita%201948.htm

3) Monteiro, Eduardo Carvalho; D’Olivo, Natalino. USE – 50 anos de unificação. São Paulo: USE. 1997. 335p.

4) Carvalho, Antonio Cesar Perri. União dos espíritas. Para onde vamos? 1.ed. Capivari: Ed. EME. 2018. 144p.

(*) – Foi presidente da USE-SP e da FEB.