O Espiritismo pelo mundo

O Espiritismo pelo mundo

Os congressos e encontros mundiais estimulam a confraternização, o intercâmbio, a união dos espíritas e, sem dúvida, contribuem para a difusão do Espiritismo.

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O Espiritismo se espalhou pelo mundo desde a publicação das Obras Básicas de Allan Kardec em vários idiomas, ainda no século XIX.

O Codificador faz referências significativas sobre fatos e eventos na Revista Espírita. Allan Kardec também deu início ao movimento espírita ao realizar visitas e estabelecer contatos diretos com as primeiras sociedades espíritas, que começavam a ser fundadas no interior da França.

No livro Viagem espírita em 1862 ele relatou essas experiências, que podem ser consideradas a primeira ação concreta de intercâmbio e união dos espíritas. O tradutor Wallace Leal V. Rodrigues estabelece “a comparação com o livro dos ‘Atos’, essa crônica de viagem, durante a qual os inúmeros personagens têm, o tempo todo, os lábios entreabertos (…)”[1].

Em outubro de 1888 realizou-se em Barcelona o I Congresso Internacional Espírita, com a liderança de José María Fernández, Torres-Solanot e Amalia Domingo Soler. Léon Denis, um dos principais continuadores de Allan Kardec, fez conferências por toda a França e atuou em quase todos os congressos internacionais, a partir do segundo e até próximo à sua desencarnação. É conhecido como o “consolidador do Espiritismo”.

Depois das grandes guerras e final dos regimes autoritários europeus, que comprometeram a situação do Espiritismo na Europa, começaram a ressurgir grupos e ações espíritas por iniciativa de valorosos companheiros dos próprios países daquele continente.

Após visitar alguns países europeus e sentindo o interesse de lideranças espíritas da Europa pela expansão do Espiritismo no Brasil, o então presidente da FEB, Francisco Thiesen, liderou a realização do 1º Congresso Espírita Internacional, em Brasília, em outubro de 1989. A convite do presidente Thiesen, participamos de reuniões preparatórias desse Congresso, no final de 1988 e início de 1989, com a presença de: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, João Nasser, Nestor João Masotti e Paulo Roberto Pereira da Costa. Em seguida foram constituídas comissões específicas.

Durante o congresso, foram recebidas solicitações de representantes de vários países, como o representante da Itália, Antonio Rosaspina, para que se criasse uma organização espírita mundial. A FEB iniciou articulações com instituições de vários países e depois de reuniões realizadas em Liège (Bélgica) e em São Paulo, foi criado o Conselho Espírita Internacional (CEI), durante o Congresso Nacional de Espiritismo da Espanha, em Madrid, em novembro de 1992. Nessas etapas, pelo Brasil, tiveram atuações Juvanir Borges de Souza, Nestor João Masotti, Paulo Roberto Pereira da Costa e Altivo Ferreira.

Por outro lado, um episódio histórico ocorreu no ano 2000, pois a Legião da Boa Vontade – que mantinha uma dependência em Nova York –, intermediou e facilitou as presenças das representações da FEB e do CEI no “Millennium World Peace Summit”, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), na passagem entre agosto e setembro daquele ano, reunindo representantes de várias religiões.

Fato marcante foi a liberação do movimento espírita em Cuba, a partir de 2004, culminando com o Congresso Mundial de Espiritismo ali realizado em 2013. Com a criação do CEI, este promoveu trienalmente os Congressos Espíritas Mundiais: Brasília (1995), Lisboa (1998), Cidade da Guatemala (2001), Paris (2004), Cartagena de Índias (2007), Valencia (2010), Havana (2013) e Lisboa (2016).

Nos últimos eventos têm crescido a presença de espíritas da África, Oceania e Ásia. Nos preparativos e na execução dos Congressos Mundiais, até o de Valencia, foi marcante o entusiasmo e a dedicação do então secretário geral do CEI Nestor João Masotti.

Na condição de assessoria do dirigente da FEB e do CEI, Nestor João Masotti, tivemos a oportunidade de participar dos preparativos dos Congressos Mundiais até o efetivado em Havana. Inclusive, com reuniões preparatórias nos países e entre estas, momentos sensíveis e marcantes ocorreram em Cuba, com a presença de companheiros do CEI. Os Congressos Espíritas Mundiais estimulam a confraternização, o intercâmbio, a união dos espíritas e, sem dúvida, contribuem para a difusão do Espiritismo.

O CEI contou com a atuação dos secretários gerais Rafael Molina (Espanha), Roger Perez (França), Nestor João Masotti (Brasil) e Charles Kempf (França). Nestor Masotti estimulou a formação de órgãos federativos nacionais em vários países, ampliando a representatividade do CEI, a promoção sistemática dos Congressos Mundiais e de muitas visitas e seminários em vários países, a criação da TVCEI e da EDICEI, com a publicação de livros em vários idiomas.

Entre muitas representações do amigo, estivemos em seu lugar no histórico lançamento dos primeiros livros editados pelo CEI em francês, do espírito André Luiz, psicografados por Francisco Cândido Xavier: Nosso lar, Os mensageiros, Missionários da luz, Obreiros da vida eterna e No mundo maior, em Paris no ano de 2005; da versão em inglês da Revista Espírita – The Spiritist Magazine – em Nova York, em abril de 2008; e lançamento dos livros da EDICEI em russo, em Minsk, Belarus, em novembro de 2009[2].

Desde a viagem histórica de Chico Xavier e Waldo Vieira aos EUA e Europa em 1965, que gerou o livro Entre irmãos de outras terras, já traduzido para o inglês[3], e logo depois o início de maratonas de viagens de Divaldo Pereira Franco a dezenas de países, muitos companheiros têm colaborado com atuações no movimento espíritas de diversos países. A Associação Médico-Espírita Internacional tem realizado importante trabalho na área acadêmica e profissional.

Em agosto de 2015, o CEI promoveu no Rio de Janeiro o 12º Colóquio França-Brasil, com o tema “Espiritismo: Elo de duas culturas”, em comemoração aos 150 anos de O céu e o inferno, e lá estivemos como um dos conferencistas convidados. O tema central do evento é muito significativo.

A produção de livros em vários idiomas, desde abril de 2013, prossegue descentralizada com edições e distribuições feitas pelas EDICEIs da Europa e da América. O CEI também edita a Revista Espírita, iniciada por Kardec, em francês e em inglês.

O movimento espírita tem se expandido em países de todos os continentes. Destacamos o valor e a dedicação de espíritas nativos dos diversos países que souberam superar inúmeros obstáculos, mantendo acesa a chama do ideal espírita e daqueles que se somaram a eles ao se tornarem residentes em outras plagas. O importante é sempre o ambiente fraterno e solidário, de respeito à diversidade e à autonomia das instituições de cada país.

Emmanuel lembrou em Paulo e Estêvão: “Jesus afirmou que seus discípulos viriam do Oriente e do Ocidente”.[4]

Bibliografia:

1. KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862. Trad. Rodrigues, Wallace Leal Valentim. 4.ed. Matão: O Clarim.

2. CARVALHO, Antonio Cesar Perri. Em ações espíritas. 1.ed. Araçatuba: Editora Cocriação.

3. XAVIER, Francisco Cândido. Entre irmãos de outras terras. Espíritos diversos. FEB; Idem. Among brothers of other lands. Trad. Anseloni, Vanessa. EDICEI.

4. XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estêvão. Pelo espírito Emmanuel. 2a parte, cap.1, FEB. Extraído de: Carvalho, Antonio Cesar Perri. O espiritismo pelo mundo. Revista internacional de espiritismo. Ano XCIII. No. 10. Novembro de 2017.

Acesse: https://www.oclarim.org/oclarim/materias/5475/revista/2017/Novembro/o-espiritismo-pelo-mundo.html