Como está o atendimento em sua Casa Espírita?

Vladimir Alexei R. Rocha (MG)

É comum em cursos para iniciantes nos estudos doutrinários, expositores informarem categoricamente que a recepção da Casa Espírita é o seu “cartão de visitas”. Uma vez bem recebido, tudo fluirá naturalmente. E há verdade nessa afirmação. O carinho com que se é recebido em uma Casa Espírita faz toda a diferença. Sim! Lembramos do carinho e não da citação de capítulo ou versículo ou textos de obras doutrinárias. Entretanto, o voluntário da casa espírita é um cidadão comum (na maioria das vezes). E como o Brasil passa por uma crise aguda de qualidade na prestação de serviços em todos os seguimentos da Sociedade, como está o atendimento em sua Casa Espírita?

Os predicados para um bom atendimento na Casa Espírita não mudaram: fraternidade, paciência, atenção, respeito salpicados de amor fazem os corações combalidos que ali adentram, sentirem refrigério em suas almas. Nenhuma técnica, nenhum conhecimento intelectual substitui o amor. O amor é o alimento que sublima: o verdadeiro remédio para os males do presente. Assim sendo, entendemos ser necessário acima das técnicas, exercitar, colocar em prática o amor que se manifesta em todos nós de diferentes maneiras.

Como somos espíritos em evolução, progredindo lentamente, mas crescendo a cada reencarnação, em meio a diversidade que nos envolve, temos no amor a plataforma segura para um atendimento fraterno de qualidade. Estudar os muitos perfis, compreender os diversos comportamentos, como temos feito nos últimos anos nas casas espíritas, suscitou outra reflexão: o resultado não tem sido eficaz. É atribuído a C.G.Jung a frase que sintetiza o que desejamos passar: “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”. No afã de auxiliar, aqueles que nos antecederam e que foram lideranças positivas no Movimento Espírita, trouxeram técnicas e procedimentos de diagnósticos psicológicos e até psicanalíticos para as casas espíritas e houve um “boom” de melhoria no diagnóstico e na identificação do perfil daqueles que adentravam as casas espíritas. Mas parou por aí.

Com o passar do tempo, percebe-se, na atualidade, que os ensinamentos eram ferramentas poderosas para que o educando pudesse ampliar seus recursos cognitivos, aprender mais na relação com o próximo. Mas, como o “canto da sereia”, fomos seduzidos por uma linguagem amistosa, coerente e que fortalecia o atendente da casa espírita para saber que, quando chega alguém com distúrbios emocionais, do tipo nervoso ou com tendências ao autocídio, a maneira de abordar seria diferente daquele que busca a casa espírita para resgatar dos escaninhos da própria alma a conexão com o Evangelho do Cristo. O trabalho dos pioneiros é sério e digno do nosso maior respeito, entretanto, me parece que ligamos o botão do “piloto automático”: os cursos nas casas espíritas ensinam “mais do mesmo”; são sempre os mesmos tarefeiros a ministrarem os treinamentos e são sempre os mesmos frequentadores a percorrerem todos os treinamentos. Alguns vão à casa espírita todos os dias, fazem todos os cursos, participam de todas as atividades, todos os dias e são excelentes companheiros, mas nenhum dirigente os aborda para entender o que ele vive. Porque há, em todo excesso, algo errado. Mas faltam trabalhadores nas casas espíritas!!! Claro que faltam!! Quais os incentivos para se frequentar uma casa espírita? Um dirigente narcisista? Um médium missionário? Regimentos militares? Misticismo?

O atendimento das casas espíritas, reflete o que vive cada casa com suas respectivas lideranças. Alguns maquiam o atendimento com técnicas, instruindo os voluntários a plantarem um sorriso amarelo quando chega alguém, todavia, com o passar do tempo percebe-se, pela mesmice, tratar-se apenas de marketing mal direcionado. Um dia falaremos sobre o marketing porque tem muita gente que não tem a menor ideia do que seja, mas lê algo na internet ou redes sociais e sai reproduzindo sem conhecimento. É a ansiedade do brasileiro de “adequar” métodos e técnicas desprezando a essência…

Como fazer então? A resposta final não é nossa. Um caminho indicado há dois mil anos por Jesus continua em franca ascensão: simplicidade. O último degrau da sofisticação. O que nos conecta com os valores morais superiores da Vida é o Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Sem viver os ensinamentos do Evangelho as casas espíritas serão mais uma agremiação religiosa fadada ao fracasso em sua missão de  educar e consolar corações.

A propagação do Evangelho a partir do exemplo e do papel das suas lideranças é fundamental para o sucesso. Exemplo da liderança, perseverança na divulgação e fraternidade são temperos para que o consolo e a educação sejam estampados em letreiros luminosos nas recepções das nossas casas espíritas, indicando que ali há, com todas as dificuldades porque passam seus integrantes, a certeza na grandeza do porvir e no amor do Cristo! Mobilizemos nossos tarefeiros estimulando-os ao estudo contínuo, mas principalmente à fraternidade entre eles. Que haja mais interação entre os colaboradores. Que se conheçam mais, que convivam mais, além dos portais da casa espírita. Assim agindo, fortaleceremos os laços que nos unem como Verdadeiros Cristãos.

Paz e alegria a todos!