Com Jesus e por Jesus

Na introdução de “O Livro dos Espíritos”, recolhemos de Allan Kardec esta afirmação expressiva:

“As comunicações entre o mundo espiritual e o mundo corpóreo estão na ordem natural das coisas e não constituem fato sobrenatural, tanto que de tais comunicações se acham vestígios entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje se generalizaram e tornaram patentes a todos.”

No item 8º das páginas de conclusão da mesma obra, o Codificador assevera com segurança:

“Jesus veio mostrar aos homens o caminho do verdadeiro bem. Por que, tendo-o enviado para fazer lembrar sua lei que estava esquecida, não havia Deus de enviar hoje os Espíritos, a fim de a lembrarem novamente aos homens, e com maior precisão, quando eles a olvidam para tudo sacrificar ao orgulho e à cobiça?”

E sabemos que, de permeio, o grande livro que lançou os fundamentos do Espiritismo trata, dentre valiosos assuntos, das leis de adoração, trabalho, sociedade, progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor, caridade e perfeição moral, bem como das esperanças e das consolações.

Reportamo-nos a tais referências para recordar que o fenômeno espírita sempre esteve presente no mundo, em todos os lances evolutivos da Humanidade, e que Allan Kardec, desde o início do ministério a que se consagrou, imprimiu à sua obra o cariz religioso de que não podia ela ausentar-se, tendo até acentuado que o Espiritismo é forte porque assenta sobre os fundamentos mesmos da Religião:

Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras.

Aceitamos, perfeitamente, as bases científicas e filosóficas em que repousa a Doutrina Espírita, as quais nos ensejam adquirir a “fé raciocinada capaz de encarar a razão face a face”, contudo, sobre semelhantes alicerces, vemo-la, ainda e sempre, em sua condição de Cristianismo restaurado, aperfeiçoando almas e renovando a vida na Terra, para a vitória do Infinito Bem, sob a égide do Cristo, nosso Divino Mestre e Senhor.

O apóstolo da Codificação não desconhecia o elevado mandato relativamente aos princípios que compilava e, por isso mesmo, desde a primeira hora, preocupou-se com os impositivos morais de que a Nova Revelação se reveste, tendo salientado que as conseqüências do Espiritismo se resumem em melhorar o homem e, por conseguinte, torná-lo menos infeliz, pela prática da mais pura moral evangélica.

Sabemos que a retorta não sublima o caráter e que a discussão filosófica nada tem que ver com caridade e justiça. Com todo o nosso respeito, pois, pela filosofia que indaga e pela ciência que esclarece, reconheceremos sempre no Espiritismo o Evangelho do Senhor, redivivo e atuante, para instalar com Jesus a Religião Cósmica do Amor Universal e da Divina Sabedoria sobre a Terra.

Espíritos desencarnados aos milhões e em todos os graus de inteligência enxameiam o mundo, requisitando, tanto quanto os encarnados, o concurso da educação.

Não podemos, por isso, acompanhar os que fazem de nossa Redentora Doutrina mera tribuna discutidora ou simples caçada a demonstrações de sobrevivência, apenas para a realização de torneios literários ou para longos cavacos de gabinete e anedotas de salão, sem qualquer conseqüência espiritual para o caminho que lhes é próprio.

Estudemos, assim, as lições do Divino Mestre e aprendamo-las na prática de cada dia.

A morte a todos nos reunirá para a compreensão da verdadeira vida… E, sabendo que a justiça definir-nos-á segundo as nossas obras, abracemos a Codificação Kardequiana, prosseguindo para a frente, com Jesus e por Jesus.

EMMANUEL

Pedro Leopoldo, 11 de fevereiro de 1956.

 

Prolegômenos (Princípios Básicos)

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Fonte viva. Apresentação. FEB)