Cinquentenário de título paulistano com revelações de Chico Xavier

Cinquentenário de título paulistano com revelações de Chico Xavier

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Há 50 anos atrás, no dia 19 de maio de 1973, assistimos em nossa terra natal a transmissão ao vivo da concorrida solenidade pública (e televisada), realizada no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, em que Chico Xavier recebia o título de “Cidadão Paulistano”.

Hospedado na residência dos amigos, o casal Nena e Francisco Galves, Chico foi conduzido ao Estádio em carro oficial e a comissão o transportou diretamente à recepção. A cerimônia foi presidida pelo vereador Brasil Vita, que convidou o vereador Celso Matsuda como orador oficial. Ao final de suas palavras, Celso Matsuda leu uma mensagem de Emmanuel psicografada por Chico. Vê-se claramente que Emmanuel dedicou a Chico essa mensagem, e que Chico soube honrar com louvor sua tarefa!

Junto à mesa diretora, além dos vereadores citados, estavam o deputado federal Freitas Nobre e Cyro Albuquerque, Secretário de Estado de Esporte e Turismo (irmão do líder espírita desencarnado Ivan Albuquerque).

Naquela cerimônia da Câmara de Vereadores, em seu discurso de agradecimento Chico Xavier deu destaque ao vulto do padre Manuel da Nóbrega, fundador da cidade. Entre outras revelações, eis uns trechos da alocução de Chico Xavier:

“Conta-se que ao celebrar a primeira missa, na manhã de 29 de agosto de 1553, no alto do Inhapuambuçu, hoje pátio do colégio, nesta capital, o eminente padre dr. Manuel da Nóbrega, fundador de São Paulo, considera presentemente a cidade mais importante do hemisfério sul, foi visitada pelo apóstolo São Paulo, que lhe pareceu nimbado de intensa luz. Redivivo o amigo da gentilidade apontou-lhe as campinas circunjacentes e lhe pediu, fundasse, no planalto Piratiningano, uma cidade, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se estabelecesse sobre as quatro colunas básicas do cristianismo: amor e fé, trabalho e instrução. […] Manuel da Nóbrega, impressionado, medita na revelação com que fora distinguido e recorda o encontro de Jesus com o mesmo apóstolo São Paulo, às portas de Damasco, nos dias do Cristianismo primitivo. Delibera inaugurar as obras do Real Colégio de Piratininga na data que relembra a conversão do notável doutor de Tarso, 25 de janeiro, o qual remete a 25 de janeiro de 1554, com o estabelecimento definitivo da grande instituição. Atento ainda à divina mensagem que fizera objeto, no dia mencionado, Nóbrega entrega o ofício da missa ao Reverendo padre Manoel de Paiva e designa Anchieta para que desempenhe as funções de acólito na grande solenidade, e ele mesmo ora, na expectativa de visões novas que lhe trouxessem mais amplos esclarecimentos. Entretanto, ao invés de novas revelações, obtém na oração renovadas energias para trabalhar cada vez mais na consolidação da obra nascente. A cidade de São Paulo surgia, desse modo, ao calor da prece, entre o artesanato e o altar, no clima de fraternidade que Jesus nos legou, em bases de amor ao próximo e respeito recíproco, o único realmente capaz de assegurar-nos a ordem e a tranquilidade na sustentação do trabalho e no alicerce das instituições que nos garantem a felicidade e o progresso”.1,2,3

Nena Galves relata em livro3:

“Terminada a cerimônia oficial, Chico não aparecia. O povo impacientava-se esperando para os cumprimentos. O pânico tomou conta dos companheiros, principalmente de [Francisco] Galves e de mim, que relembrávamos o sonho anterior. Procuramos Chico por todos os lugares, os políticos não estavam mais no local da cerimônia. Ocorreu-nos a lembrança de procurá-lo em nossa casa, que é muito perto do Estádio. Lá estava Chico, assustado e preocupado com sua retirada às pressas do Estádio. Contou-nos que o vereador Brasil Vita, que o havia ido buscar em casa, dissera: ‘Chico, eu tenho muita responsabilidade com você, eu tirei você desta residência para levá-lo à festividade, eu o trago de volta! Termina aqui minha responsabilidade. Você é uma figura muito importante!’. Chico pediu a Galves que o levasse de volta ao Estádio. Cumprimentou a todos que o esperavam com alegria!”3

Dias depois, Chico Xavier ofertou o Diploma de Cidadão Paulistano ao casal amigo e anfitrião com a dedicatória:

“Aos queridos amigos Sr. Francisco Galves e a sua digna Esposa, D. Encarnação Blasques Galves, transfiro a posse desta Honrosa Distinção com que São Paulo assinalou a nossa Doutrina, conquista essa que lhes pertence pelo devotamento à nossa Causa Espírita-Cristã. Sempre reconhecidamente, Francisco Cândido Xavier. São Paulo, 30 de agosto de 1973”.3

O título de Cidadão Paulistano a Chico Xavier teve muitas repercussões na época, pelo fato de ter sido transmitido pela TV. E sem dúvida, pelo significado de homenagem feita pela maior cidade de hemisfério sul e do discurso do médium com revelações marcantes.

Referências:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Chico Xavier – o homem, a obra e as repercussões. São Paulo: USE, Capivari: EME.

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier. Matão: O Clarim.

3) Galves, Nena. Até Sempre, Chico Xavier! São Paulo: Ed.CEU.