O Evangelho segundo o Espiritismo – 156 anos!

O Evangelho segundo o Espiritismo – 156 anos!

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Em meados de abril transcorrem 156 anos do lançamento de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de autoria de Allan Kardec; na primeira edição designado Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo.

O Codificador fez uma resenha sobre o livro em lançamento na Revista Espírita, edição de abril de 1864.1 No mesmo ano, na edição de dezembro comenta com seu bom senso peculiar uma mensagem, aceitando seu conteúdo, sobre o novo livro assinada por “O Espírito de Verdade”.1

Até hoje é o livro espírita mais editado, um autêntico best seller!

No período de publicações feitas pela EDICEI, a antiga editora do CEI, foram lançadas versões desse livro em vários idiomas. Agora, em 2020, na Inglaterra, a British Union of Spiritist Societies editou a tradução feita por Janet Duncan, fundadora do Allan Kardec Study Group e pioneira do Espiritismo no Reino Unido. Na realidade, antes dela havia apenas o movimento New Spiritualism. Também recentemente foi lançado na Bulgária a tradução desse livro para o idioma búlgaro feita por Pavlina Nikolova.

Por ocasião das comemorações do Sesquicentenário dessa obra básica de Allan Kardec em 2014, foram implementadas várias ações nos Estados do país e em nível nacional.

Como parte das comemorações pela efeméride, a Federação Espírita Brasileira promoveu de 11 a 13 de abril de 2014 o 4o Congresso Espírita Brasileiro. De uma maneira inédita este Congresso saiu da tradição da centralização na capital federal e foi descentralizado, realizado simultaneamente em quatro capitais, para se atender às diferentes regiões do país: Campo Grande, Vitória, João Pessoa e Manaus. O tema central foi único para os quatro eventos: “150 anos de esclarecimento e consolação”. Houve oportunidade para expositores atuarem em suas regiões. No dia anterior ao Congresso, nas quatro cidades ocorreram as reuniões regionais do Conselho Federativo Nacional da FEB. O presidente da FEB compareceu nas quatro cidades: na reunião regional do CFN em Manaus; na abertura do Congresso em Campo Grande e, simultaneamente, fazendo on line a abertura de todos os eventos. Depois proferiu palestras também em Vitória e João Pessoa, onde participou do encerramento dos eventos.

Os quatro eventos contaram com número muito expressivo de participantes.

A FEB lançou edições especiais de O Evangelho Segundo o Espiritismo e, inclusive, uma edição histórica bi-lingue da 1a edição Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, com tradução feita por Evandro Noleto Bezerra.2 Também foi lançado o livro O Evangelho segundo o Espiritismo. Orientações para o estudo.3

Outro fato inédito nos eventos do 4o Congresso Espírita Brasileiro é que todos os inscritos receberam de volta o valor investido nas inscrições em livros editados pela FEB. Durante o Conselho Federativo Nacional da FEB de novembro de 2014, o coordenador geral do Congresso e assessor do presidente da FEB, José Antonio Luiz Balieiro, exultante, prestou contas demonstrando que os eventos foram auto-suficientes e até geraram um saldo, rompendo a tradição de eventos que eram mantidos pela Instituição.

Naquela época funcionava a todo vapor na sede da FEB o curso sobre O Evangelho segundo o Espiritismo, em dois dias por semana, e o Núcleo de Estudos e Pesquisas do Evangelho (NEPE), ambos implantados pelo então presidente, respectivamente em 2012 e 2013. O NEPE gerou um livro de estudo sobre o Evangelho3 e dezenas de programas gravados pela TVCEI e FEBTv.4

O conjunto de estímulos gerados pelo estudo do Evangelho frutificou.

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Carlos gerou a Dissertação de Mestrado “Jesus a porta, Kardec a chave”: a apropriação do Novo Testamento pelo segmento espírita, de autoria de Natália Cannizza Torres, para obtenção do título de Mestre em Sociologia. A autora comprovou o papel do NEPE da FEB, no período de 2013/2015, para o estímulo ao estudo do Evangelho e computou 59 NEPEs em diferentes centros espíritas, espalhados por 14 unidades federativas do país.5

A valorização de O Evangelho segundo o Espiritismo nos centros espíritas é de importância fundamental, e, no momento, extremamente necessária. O Espiritismo se assenta nas máximas morais do Cristo. Isso está claramente fundamentado na obra inaugural O Livro dos Espíritos e, na sequência, na obra em análise.

Entre os espíritas há esforço pelo aprimoramento moral e espiritual e por ações em favor do próximo, como as tradicionais instituições assistenciais. Em um mundo complexo, há muitos progressos técnicos, tecnológicos, humanos e sociais, porém ainda há contrastes chocantes e até muitas incertezas. Para a religião cabe a missão de colaborar com o homem, com ações educativas e preventivas, para se evitar as tragédias psíquicas, espirituais, ou seja, comportamentais.

Com base nos fundamentos do Cristianismo, a histórica obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, define o grande objetivo: “[…] destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem dissenções, mas tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua”. A exclusão do orgulho e do egoísmo leva a importante conquista: “A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade.”6

Essa é a chave para o portal de uma nova Civilização! A lei áurea trazida pelo Cristo – de respeito e apoio ao próximo – deve ser a fundamentação para uma nova sociedade: de respeito à vida nas suas várias manifestações, de respeito ao próximo – nas relações interpessoais – e na diversidade humana, e de respeito à Natureza.

Num clima de transições e de incertezas o homem deve se conscientizar de sua natureza espiritual e das conseqüências práticas – individuais e sociais – de se colocar como um espírito encarnado e que adota a mensagem cristã.

Na profícua literatura mediúnica de Chico Xavier são evidentes as contribuições para o melhor entendimento do homem, como ser espiritual, e para uma compreensão bem expandida dos Evangelhos. O notável autor espiritual é autor de nove livros que comentam versículos do Novo Testamento.

Dois mil anos antes dos momentos de transição a base para uma nova Era foi apresentada pelo Cristo. Tudo indica que vivemos os estertores de um mundo de desrespeitos, e que, mesmo em situações difíceis que podem se apresentar, estas prenunciam o alvorecer de um novo dia para a Humanidade. Daí a importância que os espíritas assinalem os 156 anos de lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo!

Referências:

1) Kardec, Allan. Trad. Abreu Filho, Júlio. Revista espírita. Abril e dezembro de 1864. Vol. 7. São Paulo: Edicel.

2) Kardec, Allan. Trad. Bezerra, Evandro Noleto. Imitação do evangelho segundo o espiritismo. Ed.Hist. Brasília: FEB. 2014.

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri; Carvalho, Célia Maria Rey (Org.). O evangelho segundo o espiritismo: orientações para o estudo. 1.ed. Brasília: FEB. 2014.

4) Disponíveis no site: http://grupochicoxavier.com.br/videos-sobre-o-estudo-do-evangelho/ (consulta em 7/4/2020).

5) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pesquisa sobre o estudo do Evangelho entre espíritas. Revista Internacional de Espiritismo, Ano XCV, n. 2, Março de 2020. p.82-82; acesso à Dissertação: https://repositorio.ufscar.br (consulta em 7/4/2020).

6) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XI. Rio de janeiro: FEB.

(*) Foi presidente da Federação Espírita Brasileira (interino, 2012/2013 e efetivo 2913/2015) e da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (1990/1994 e 1997/2000).

Extraído de:

Revista digital O Consolador, no. 667, edição 26/04/2020.

link (copie e cole):

http://www.oconsolador.com.br/ano14/667/especial.html

156 anos de O Evangelho e reflexos do histórico Congresso

156 anos de O Evangelho e reflexos do histórico Congresso

 

Chico Xavier lendo O evangelho segundo o espiritismo, na peregrinação, em Uberaba (1981)

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Agora em abril completa-se 156 anos do lançamento de O evangelho segundo o espiritismo, pelo Codificador.

Ainda repercutem as comemorações do Sesquicentenário desta obra básica de Allan Kardec que suscitaram amplas ações nos Estados do país e em nível nacional ao longo do ano de 2014.

Particularmente, com um grupo de idealistas vivemos momentos marcantes. Um evento histórico naquela ocasião foi o 4o Congresso Espírita Brasileiro, efetivado especialmente como parte das comemorações pela efeméride. A Federação Espírita Brasileira, através de seu Conselho Federativo Nacional, promoveu de 11 a 13 de abril de 2014 este Congresso, com várias maneiras de inovações.

Pela primeira vez um evento nacional saiu da tradição da centralização na capital federal. O 4o Congresso Espírita Brasileiro foi descentralizado e realizado simultaneamente em quatro capitais, com o objetivo de facilitar maior presença de pessoas das diferentes regiões do país. Assim, Campo Grande, Vitória, João Pessoa e Manaus foram sedes do Congresso nos mesmo período.

O tema central “150 anos de esclarecimento e consolação” foi comum para os quatro eventos. Previamente, nas reuniões das Comissões Regionais do CFN, foram coletadas sugestões para o rol de expositores atuarem em suas regiões. Assim, foram valorizados expositores provenientes das regiões do país. Nas quatro cidades sedes, no dia anterior ao Congresso, ocorreram as reuniões regionais do Conselho Federativo Nacional, coordenadas por vice-presidentes da FEB. O presidente da FEB compareceu nas quatro cidades. Em Manaus acompanhou a abertura da reunião da Comissão Regional Norte do CFN. No dia 11 de abril, pela manhã, em Campo Grande (MS) fez abertura simultaneamente, on line, de todos os locais do Congresso Brasileiro e proferiu a palestra local de abertura. No dia 12, compareceu ao evento em Vitória (ES) onde proferiu palestra à tarde. Finalmente, na manhã do dia 13 de abril proferiu a palestra de encerramento do Congresso em João Pessoa (Pb). Os quatro eventos contaram com número muito expressivo de participantes, superando muito o número de inscritos, como nos eventos anteriores, de forma centralizada em Brasília.

Um fato inovador em congressos brasileiros é que todos os inscritos receberam de volta o numerário investido nas inscrições, reavendo o mesmo valor em livros editados pela FEB e disponibilizados nas livrarias montadas nos Congressos. Na oportunidade, a FEB lançava edições especiais de O Evangelho Segundo o Espiritismo e, inclusive, uma edição histórica bi-língue da 1a edição – Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, a de abril de 1864, com tradução feita por Evandro Noleto Bezerra1; o livro O Evangelho segundo o Espiritismo. Orientações para o estudo2 e O evangelho por Emmanuel (Vol.1).

Por decisão do CFN da FEB atuou como coordenador geral do 4o Congresso Brasileiro, o assessor do presidente da FEB e ex-presidente da USE-SP José Antonio Luiz Balieiro (desencarnou em 2018), que coordenou numerosa equipe. Este companheiro se esmerou e compareceu previamente ao Congresso nas quatro cidades sedes, dialogando e colaborando com as Federativas Estaduais. Uma das orientações era a racionalização de gastos com auditórios, buffets e detalhes que oneram as atividades. Um trabalho hercúleo que foi possível com o envolvimento de uma equipe disposta e sintonizada, envolvendo as Federativas Estaduais das sedes. Ao final do evento e tudo funcionou a contento, o coordenador Balieiro, prestou contas na reunião do CFN de novembro de 2014; estava exultante pois os eventos foram auto-suficientes, gerando ainda um saldo, e com isso superou a situação de eventos anteriores que eram mantidos pela Instituição.

A revista Reformador, em agosto de 2014 trouxe informações gerais sobre o evento nacional3 e sobre as Comissões Regionais, e, em janeiro de 2015, trouxe a síntese da Reunião do CFN da FEB, com aprovação do Relatório sobre o 4o Congresso Espírita Brasileiro.4

Entre os esforços para o estímulo à difusão e estudo da importante Obra Básica de Kardec, o livro de estudo sobre o Evangelho2, lançado naquela oportunidade, com vários co-autores que refletem as ações em equipe implementadas pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas do Evangelho da FEB (NEPE), desde março de 2013, como reuniões de estudo, seminários e vídeo aulas. Uma resenha completa sobre a obra foi publicada na revista Reformador.5 Essas ações foram encerradas após março de 2015.

Passados seis anos das comemorações do Sesquicentenário de O evangelho segundo o espiritismo, por onde viajamos encontramos repercussões agradáveis sobre aqueles momentos históricos, e, até pesquisa acadêmica sobre o estudo do Evangelho.6

Aos 156 anos de O evangelho segundo o espiritismo é indispensável que seu conteúdo seja sempre estudado e valorizado. Para atendimento das reais finalidades dos centros espíritas, nas tarefas de acolhimento, consolo, esclarecimento e orientação, essa obra do Codificador é fundamental. E, sem dúvida, precisa ser levada aos frequentadores, ao nível do público alvo de cada instituição.

Referências:

1) Kardec, Allan. Trad. Bezerra, Evandro Noleto. Imitação do evangelho segundo o espiritismo. Ed.Hist.Bilingue. Brasília: FEB. 2014.

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri; Carvalho, Célia Maria Rey (Org.). O evangelho segundo o espiritismo: orientações para o estudo. 1.ed. Brasília: FEB. 2014.

3) 4o Congresso Espírita Brasileiro. Reformador. Ano 132. N. 2223. Junho de 2014. P.371-375.

4) FEB sediou reuniões simultâneas do CFN, de jovens e de cursos de gestão. Reformador. Ano 133. N. 2230. Janeiro de 2015. P. 56-59.

5) Oliveira, Jorge Leite. O evangelho segundo o espiritismo: orientações para o estudo. Reformador. Ano 132. N. 2224. Julho de 2014. P. 423-425.

6) Torres, Natália Cannizza. “Jesus a porta, Kardec a chave”: a apropriação do Novo Testamento pelo segmento espírita. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos. 2019. 91p. Disponível no site: https://repositorio.ufscar.br (*)

Foi presidente da Federação Espírita Brasileira (interino, 2012/2013 e efetivo 2013/2015) e da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (1990/1994 e 1977/2000).

Uma Páscoa diferente

Uma Páscoa diferente

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Em meio ao isolamento social adotado com medida preventiva em tempos de pandemia, têm ocorrido profundas alterações nas relações familiares e sociais em geral. Esse cenário mudou a forma de se comemorar a tradicional Páscoa.

As famílias não puderam realizar grandes reuniões ou refeições comemorativas. Estas ficaram fisicamente circunscritas ao ambiente de cada lar.

Em que pesem os danos para o comércio, a ênfase na troca de presentes, de ovos de Páscoa e do marketing envolvendo o “coelhinho”, provavelmente diminuíram drasticamente.

As tradicionais comemorações religiosas formais que envolviam a presença de multidões foram suspensas.

Nas novas condições da sociedade, também tem havido apelos variados para orações nos lares e até em sintonia com grupos a distância em horários pré-combinados.

Jesus tem sido lembrado nos mais variados tipos de orações e até de apelos.

Para nós, espíritas, a substituição da tradicional imagem de Jesus crucificado pela evocação de suas aparições seguidas nos quarenta dias após o sacrifício, abre um horizonte completamente diferenciado para a compreensão do Mestre e seus ensinos.

Enfim, nessa Páscoa, valoriza-se o momento da família que pode estar fisicamente junta, e, dos familiares a distância, em contatos on line, mas, sem dúvida, vibratoriamente próximos. A lembrança da figura e dos exemplos de Jesus e o emprego da oração tem sido revigorados.

Entendemos que nessa Páscoa, sem a preponderância da tradição de meras formalidades e do consumismo, está ocorrendo uma comemoração mais voltada à nuance espiritual.

Talvez após a superação dos isolamentos sociais, quarentenas e de todas consequências sociais e econômicas, a pandemia do coronavírus possa vir a ser um marco na história da Humanidade, não necessariamente apenas pelos danos causados, mas, quiçá por induzir a muitas análises e reflexões sobre a sociedade, como revisão de valores e de prioridades de vida.

A certeza da imortalidade da alma fortalece a essência e a praticidade dos ensinos morais de Jesus.

Em momentos tormentosos e com a visão espiritual, podemos refletir mais na profundidade do Sermão da Montanha, sem dúvida, a “carta magna” do Cristianismo, cujo conteúdo poderá influir na elaboração de uma nova proposta para o convívio na sociedade, como parâmetro para uma Nova Era.

Allan Kardec trata sobre os chamados “sinais dos tempos” e sobre a expectativa de uma nova era, no capítulo XVIII de sua última obra – A gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo.

Há inúmeras mensagens espirituais sobre o tema disponíveis na literatura espírita. Transcrevemos apenas um trecho final de manifestação histórica e marcante do espírito Bittencourt Sampaio:

“Espíritas! Com Allan Kardec, retomastes o facho resplendente da Boa-Nova, que jazia eclipsado nas sombras da Idade Média! Compreendamos nossa missão de obreiros da luz, cooperando com o Senhor na construção do mundo novo!… Não ignorais que a civilização de hoje é um grande barco sob a tempestade… Mas, enquanto mastros tombam oscilantes e estalam vigas mestras, aos gritos da equipagem desarvorada, ante a metralha que incendeia a noite moral do mundo, Cristo está no leme! Servindo-o, pois, infatigavelmente, repitamos, confortados e felizes: Cristo ontem, Cristo hoje, Cristo amanhã!…”1

Referência:

Xavier, Francisco Cândido. Por espíritos diversos. Instruções psicofônicas. Cap. 64. Brasília: FEB. 2013.

(*) Foi presidente da FEB e da USE-SP, e membro da Comissão Executiva do CEI.

Reflexões sobre a pandemia, fé e ciência

Reflexões sobre a pandemia, fé e ciência 

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Estamos reunindo algumas informações e transcrições que podem servir de reflexões para os momentos críticos que estamos vivendo.

É verdade que as redes sociais estão divulgando aos borbotões mensagens, transcrições e lives.

Numa época de proliferação de fake news há necessidade de se analisar sobre conteúdos, conferindo-os com os parâmetros da Codificação Espírita. Portanto, deve haver muito cuidado antes de se “compartilhar” as matérias.

De início, lembramos que Allan Kardec conviveu com epidemias e as comentou em Revista Espírita (Novembro de 1865, Edicel), no artigo “O Espiritismo e o Cólera”. Nesse texto, o “bom senso encarnado” pondera que “seria absurdo crer que a fé espírita seja um ‘brevet’ de garantia contra o cólera”, e destaca que o conhecimento espírita “tendente a fortificar o moral é um preservativo”.

Na terrível epidemia da “gripe espanhola” nos anos 1918 e 1919, entre milhões de vítimas no mundo, em nosso país, desencarnou o pioneiro Eurípedes Barsanulfo e o presidente da República Rodrigues Alves.

Até a primeira metade do século XX, antes do aparecimento das vacinas Salk e Sabin, o risco de “paralisia infantil” atemorizava as famílias. E surgiram outras epidemias em nosso país tropical, como a febre amarela, cólera, deng…

Particularmente, no seio da família, vivemos antes das vacinas, os cuidados e fugas de surtos de “paralisia infantil”. Vivenciamos as dedetizações maciças nas cidades do interior contra a febre amarela e a deng. As caminhonetes ligadas a serviços de saúde eram conhecidas por produzirem o popularmente chamado “fumacê”.

Em viagens internacionais também surgiram cuidados. Em 1973, não pudemos chegar até ao Sul da Itália, porque havia surto de cólera. Logo depois para viagens a alguns Estados do Brasil, países e Continentes havia a exigência de Atestado de algumas vacinações que eram obrigatórias.

Como profissional da área da saúde, em meados dos anos 1980, convivemos com as contaminações dos vírus da hepatite B e da AIDS. Até chegamos a realizar uma grande campanha de esclarecimento junto a profissionais, ao povo em geral, e publicações especializadas, para se estimular a profilaxia dessas enfermidades.

Agora, estamos frente a uma situação completamente nova, pois o COVID-19 é um vírus ainda não bem conhecido, e, num mundo globalizado tem provocado situações e prejuízos inimagináveis, mas já se tendo a certeza da velocidade e facilidade com que se dissemina e dos riscos enormes, principalmente na faixa etária da chamada 3a idade.

Para nós, espíritas, não há nenhuma dúvida sobre os compromissos que temos com a vida em geral e, especificamente, com nosso organismo, desde as Obras Básicas de Allan Kardec.

Claramente nos alerta André Luiz: “O corpo é o primeiro empréstimo recebido pelo Espírito trazido à carne” (Conduta Espírita, capítulo 34).

Daí a razão para atendermos às orientações e recomendações emanadas das autoridades da área da Saúde.

Como Kardec chamou atenção em nota acima destacada da Revista Espírita de 1865, não é apenas com a fé que resolvemos as questões corpóreas e sociais. Por oportuno, precisamos empregar a “fé raciocinada” e relermos trechos do item “Aliança do Espiritismo com a Ciência” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap.1) e os últimos capítulos da derradeira obra de Kardec: A Gênese.

Aliás, no livro citado, o lúcido Codificador desenvolveu uma linha de raciocínio muito inspirada. Destacamos apenas um trecho que pode sugerir reflexões sobre os momentos que a Humanidade está vivendo, quais as razões, os porquês e para onde vamos: “[…] a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social, mas não há fraternidade real, sólida e efetiva sem estar apoiada sobre uma base inabalável. Essa base é a fé; não a fé em tais ou quais dogmas particulares que mudam com o tempo e os povos e que se apedrejam mutuamente…” (A Gênese, Cap. XVIII).

Vacinas e tratamentos específicos surgirão, mas o impacto da atual pandemia poderá levar a Humanidade a buscar novos valores, com bases humanitárias, e, quiçá, assentados na “carta magna” do Cristianismo: no Sermão da Montanha.

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“Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” – Paulo (1 Cor. 6, 20).

(*) O autor é ex-presidente da FEB e da USE-SP.

Existem efeitos positivos na pandemia?

Existem efeitos positivos na pandemia?

Almir Del Prette (*)

Não obstante o título, não adotamos um otimismo ingênuo, do personagem Panglos de Cândido/Voltaire. Entretanto, governos e sociedades se mobilizam para enfrentar na atualidade, os graves efeitos causados pela disseminação do covid-19. A OMS, após estudos sobre a propagação do covid-19 comunicou a todos os países que o mundo vive situação de pandemia. A China havia sido o primeiro país afetado e se valeu de medidas drásticas, controlando rigidamente o ir e vir, objetivando diminuir os efeitos da propagação viral. Sabe-se hoje, que o mundo inteiro será afetado e que a propagação do vírus ocorre em progressão geométrica.

Para se ter ideia da propagação geométrica basta recordarmos da história de Malba Tahan, em “O homem que calculava”. Vamos resumi-la: um monarca, grato pelo jogo de xadrez que lhe foi ofertado por um visitante (Sassa), lhe ofereceu, como recompensa, um grande prêmio à sua escolha. Entretanto, a oferta foi polidamente recusada, mas o monarca insistiu, pois era senhor de grande riqueza e se sentiria ofendido com a recusa. O visitante, seguindo as regras, aceitou o presente, desde que lhe fosse dado em trigo. Para selar o acordo pediu que considerassem o tabuleiro de xadrez como recurso para calcular o montante, disposto: a grão na primeira casa (à esquerda), dois logo na de cima, quatro grãos de trigo na terceira casa, oito na sequência e assim sucessivamente, O montante foi: 18.446.744.073.709 toneladas. Impossível de ser honrado pelo monarca.

O covid-19 também se espalha, conforme os especialistas, de forma geométrica, porém não exatamente como no cálculo para o trigo, uma vez que existem pessoas auto imunes, as que praticam excelente medidas higiênicas e aquelas com maior ou menor número de contatos. As medidas de higienização pessoal e do ambiente, o isolamento social e o distanciamento mínimo de 1,5 metro em caso de contato, podem exercer algum controle sobre o contágio. Entretanto, existem setores de serviços que precisam funcionar e lidam com pessoas contaminadas ou suspeitas de contaminação, caso dos médicos, enfermeiros e pessoal de apoio. Além desses, temos os que atuam nas farmácias, supermercados etc. E os garis que realizam trabalhos muito importante.

Em vários países, as pessoas, ainda que perplexas e amedrontadas buscam estratégias de autocuidado e igualmente de solidariedade. Na Itália por exemplo, os moradores das cidades turísticas, agora esvaziadas, abrem as janelas de suas casas e conversam com os outros. Também cantam suas árias, para acalmar e demostrar otimismo. Aqui, entre nós, são formados grupos de apoios à idosos ajudando-os em suas compras. Na imprensa e redes sociais verifica-se um aumento considerável de programas com especialistas visando esclarecimentos sobre o problema. Além dessas estratégias é importante ainda a divulgação de providencias para a diminuição do estresse, que acometem pessoas que são retiradas de suas rotinas e não sabem como ocupar o tempo repentinamente disponível.

O sofrimento social pelo isolamento é porta escancarada para a depressão e conflitos domésticos. As pessoas precisam aprender a usar de maneira produtiva o tempo, adotando algumas formas de ocupações por exemplo:

(a) costurar, fazer jardinagem, experimentar novos pratos e trocar de receitas;

(b) praticar jogos à distância como o xadrez;

(c) completar leituras deixadas de lado ou reler livros encontrados na própria residência; (d) selecionar e assistir novos filmes ou series dando preferência para conteúdos construtivos para evitar estresse e recomendar para amigos via internet;

(e) fazer distribuição das tarefas domésticas, para não sobrecarregar um ou outro;

(f) injetar nos grupos de redes sociais dos quais participa, uma boa dose de bom ânimo;

(g) fazer buscas localizando antigos contatos, provendo informações sobre o paradeiro de outros…

Lembramos que estamos no começo do isolamento social. Conforme relato de uma brasileira que viveu essa situação na Itália, as duas primeiras semanas são mais toleráveis. Ela recomenda uma alternativa bem interessante a de planejar e executar atividades mais duradouras que envolvam uma rotina. Por exemplo, os pais proverem, atividades escolares das crianças de maneira organizada, com horário, tarefas, avaliações etc.

Outra possibilidade para os espíritas, mas não somente é a de se inscrever em um curso sobre espiritismo, on line. São várias as opções nesse sentido. Pode ser um bom momento para ler A Gênese, baseada na terceira edição. E, finalmente, exercitar a prece como remédio salutar em benefícios de todos. Pensemos nisso!

(*) Da Sociedade Espírita Obreiros do Bem, São Carlos (SP); Grupo Relações Interpessoais e Habilidades Sociais da Universidade Federal de São Carlos (Website: www.rihs.ufscar.br)

Extraído do "Boletim Notícias do Espiritismo":

http://www.noticiasespiritas.com.br/2020/MARCO/28-03-2020.htm

Pesquisa sobre o estudo do Evangelho entre espíritas

Pesquisa sobre o estudo do Evangelho entre espíritas

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Carlos gerou a Dissertação de Mestrado “Jesus a porta, Kardec a chave”: a apropriação do Novo Testamento pelo segmento espírita, de autoria de Natália Cannizza Torres. Esta Dissertação foi defendida e aprovada no 1o Semestre de 2019 junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar para obtenção do título de Mestre em Sociologia, contando com orientação do Professor Doutor André Ricardo de Souza, do Departamento de Sociologia da UFSCar.

O estudo é muito interessante e fez-se o registro histórico desde a chegada do espiritismo no Brasil, comentando-se que muitas foram as correntes adotadas pelos seus adeptos em função de conceitos relacionados com aspectos religioso, filosófico e científico. Evidente que o tema foi tratado com fundamento em autores das ciências sociais, notadamente vinculados à sociologia da religião.

A pesquisa de Natália Cannizza Torres focalizou o aspecto religioso do Espiritismo, em que realça o papel significativo das obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, notadamente de autoria do espírito Emmanuel. Inclusive, no final, apresenta Tabelas sobre os livros de Emmanuel que comentam versículos do Novo Testamento.

A Dissertação de Mestrado aponta que o processo de estudo em pauta surgiu em meados do século XX, mas ganhou impulso de propagação nesta 2a década do século XXI: o estudo interpretativo do Novo Testamento, o qual começou em Belo Horizonte e que principalmente a partir da criação do NEPE (Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho), junto à Federação Espírita Brasileira em 2012 e que mesmo após sua desativação em 2015, a prática se expandiu pelo país. Tal pesquisa aponta que o estudo bíblico vem, aos poucos, tornando-se uma nova prática estrutural espírita.

A autora entende que este processo de estudo constitui-se como um fator contribuinte para o grande crescimento espírita na atual década. Em face dessa modalidade de estudo em curso e do processo de criação de organizações espíritas abarcando os chamados NEPEs (Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho), Miudinho (designação de estudo detalhado do Novo Testamento notabilizado por Honório Abreu) e EMEJs (Estudo Minucioso do Evangelho de Jesus), nota-se o mesmo efeito sociológico que o culto do Evangelho no Lar acarretou a partir dos anos 1960, porém agora em relação ao estudo do Novo Testamento, ou seja, admite que centros espíritas podem estar começando a surgir a partir de tais grupos, tal como surgiram no passado a partir de familiares grupos dedicados ao chamado “Evangelho no Lar”.

A Dissertação apresenta dados muito interessantes e até sintetiza-os em Tabelas. Atualmente, existem 59 NEPEs em diferentes centros espíritas, espalhados por 14 unidades federativas do país, sendo um na região Norte, vinte e dois no Nordeste, quatro no Centro-Oeste, vinte e um no Sudeste e onze no Sul. Os EMEJs, por sua vez, não são contabilizados pela União Espírita Mineira, enquanto a prática do denominado “Miudinho” (stricto sensu) somente foi localizado na cidade mineira de Uberaba.

A investigação foi feita junto a coordenadores de grupos de estudo bíblico, principalmente de Minas Gerais, em São Carlos, município do interior paulista que tem se destacado por tal atividade espírita e onde foi feita pesquisa de campo. A autora também entrevistou diversos dirigentes espíritas vinculados ao objeto de sua pesquisa e os relaciona na Dissertação.

A autora Natália Cannizza Torres opina: “A melhor maneira de entender a importância desse movimento foi perceber que, ao ser instituído na FEB, o NEPE ganhou status de prática oficial e ganhou força para se espalhar pelo Brasil, instalando-se nos centros espíritas. Mesmo depois que foi dissolvido na FEB, o NEPE manteve sua dinâmica em outros lugares, na capilaridade dos centros espíritas. O trabalho religioso espírita centrado no estudo bíblico teve como grande pioneiro Honório Abreu, a partir dos anos 1950.” E neste contexto do século XXI, destaca o “papel de seu seguidor Haroldo Dutra Dias, bem como de Wagner Gomes Paixão; registra o reforço pela participação da família de Antonio Cesar Perri no âmbito da FEB, no qual surgiu o primeiro NEPE”. Na opinião da autora “o trabalho religioso mais significativo foi a tradução de parte do Novo Testamento por Haroldo Dutra Dias”.

Todavia, Natália comenta na Dissertação que este “prestígio de Haroldo Dias foi relativizado quando Frederico Lourenço, professor de literatura da Universidade de Coimbra publicou, em 2018, a tradução do Novo Testamento, direto do grego e completa, fazendo com que os atores espíritas considerassem-na também, quando de seus estudos e pesquisas.”

Nessa Dissertação de Mestrado a autora comenta que ”o III Congresso Espírita Brasileiro (abril de 2010) e as produções de filmes e telenovelas espíritas, que surgiram a partir de 2010, foram os principais fatores que contribuíram para o crescimento demográfico espírita na segunda década do século XXI. Mas vale a pena fazer a contraposição, ou a comparação, entre esse movimento espírita de direcionamento e encaminhamento crescente ao culto da Bíblia e a dinâmica nacional de crescimento das igrejas evangélicas, simultaneamente à diminuição do catolicismo. A coincidência, nessa década, entre a aceleração do crescimento espírita e a disseminação da prática de estudos bíblicos em seu meio suscita uma questão sociológica pertinente."

De nossa parte, parecem-nos marcantes os dados obtidos pela nova Mestre em Sociologia. Constatou-se que surtiu efeito produtivo o esforço iniciado com a implantação do NEPE da FEB, com a proposta analisada e aprovada pelos órgãos diretivos da FEB entre julho e outubro de 2012, durante nossa gestão como presidente interino desta Instituição. O lançamento do NEPE da FEB ocorreu na sede da instituição, em Brasília, no dia 2 de março de 2013, com o auditório lotado. Houve atuação da Comissão do NEPE: coordenação de Haroldo Dutra Dias; membros: Ricardo Mesquita, Simão Pedro de Lima, Wagner Gomes da Paixão, Afonso Chagas, Célia Maria Rey de Carvalho e Flávio Rey de Carvalho. Na mesa estavam presentes o presidente interino Antonio Cesar Perri de Carvalho e a vice-presidente da FEB Marta Antunes de Moura, ambos com participação na oficina de estudo. O NEPE da FEB foi extinto a partir de abril de 2015, mas a ideia e a prática originais se disseminaram como foi demonstrado pela Dissertação de Mestrado da UFCar e como se constata em nossos dias pela circulação de informações pelas redes sociais.

Essa Dissertação de Mestrado trata de maneira inédita o estudo do Novo Testamento no movimento espírita, com fundamentos acadêmicos, e, focaliza a visão espírita, relacionando dados e fontes obtidos na literatura acadêmica e espírita, nas entrevistas e nos contatos com dezenas de grupos de estudos espíritas do país. Sem dúvida, contribui com análises sociológicas e informações históricas.

Fonte:

Torres, Natália Cannizza. “Jesus a porta, Kardec a chave”: a apropriação do Novo Testamento pelo segmento espírita. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos. 2019. 91p. Disponível no site: https://repositorio.ufscar.br

O autor foi presidente da FEB, da USE-SP e membro da Comissão Executiva do CEI.

Extraído de: Revista Internacional de Espiritismo, Ano XCV, no 2, Março de 2020. p.82-82.

O susto do vírus poderá levar a reflexões sobre valores?

O susto do vírus poderá levar a reflexões sobre valores?

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

O mundo entrou num estado que varia de intensas preocupações até ao pânico desde que foi identificado o surto de coronavírus em Província da China. Em cerca de dois meses o Covid-19 tem infectado e até feito vítimas letais em praticamente todos os países do Hemisfério Norte, da América do Sul e de outros continentes. Inclui-se aí os países mais desenvolvidos do planeta.

Silenciosamente o vírus rompeu todas as “redes de segurança” e chegou na intimidade de poderosos governantes. Sem entrar em comentários sobre os meios de transmissão, a letalidade do Covid-19, comparações com outras epidemias e até ilações espíritas de causa e efeito, há algo que deve ser refletido.

No início da propagação pelo Brasil, recebemos interessante mensagem mediúnica – talvez uma das primeiras -, abaixo transcrita:

“O remédio vem de Deus

Se os surtos viróticos assustam, a indiferença humana, frente à dor de seu semelhante, mata mais. Se o medo de doenças incuráveis rondam o teu pensamento, mergulha, de corpo e alma, na caridade socorrista e estarás protegido pelos anticorpos naturais da prática do Bem. O ócio faz mais vítimas do que o câncer, dia a dia. Emprega o teu tempo em algo útil e o Amor Divino fará de ti uma luz na escuridão. Paz, em Jesus. – Irmão Joaquim”

(Mensagem psicografada pelo médium Hélio Ribeiro Loureiro na reunião mediúnica na Casa de Batuíra, em São Gonçalo/RJ no dia 29/02/2020).

A reflexão proposta é bem ampla e até lembramos que há outros surtos letais no Brasil, além da enorme desigualdade social que leva à fome.

Mas o trecho sobre o susto virótico para a indiferença humana suscita um olhar para o cenário criado pelo Covid-19, com multidões sendo isoladas ou em quarentena em cidades, regiões de países, grandes navios, e, nos próprios lares.

A essa altura e centralizando apenas nos impactos causados pelo Covid-19, fazemos uma reflexão sobre a pandemia mundial, o alastramento pelo Brasil e as relações conosco.

A pandemia mundial está afetando os países mais desenvolvidos e provocando oscilações das Bolsas de Valores, o que chama atenção sobre o poder de um microscópico vírus.

Em nosso país inúmeros eventos já foram cancelados, incluindo os de natureza espírita. E sem dúvida, afetará a rotina das instituições espíritas.

Autoridades governamentais dos níveis federal, estadual e municipal, deixaram claro em recentes decisões e recomendações efetivadas em São Paulo, sobre a grande preocupação com os grupos de riscos, incluindo-se principalmente os idosos e portadores de algumas doenças debilitantes. As autoridades chegaram até ao detalhe para se evitar sobrecarregarem os avós com a presença dos netos eventualmente dispensados das escolas. Ou seja, isso leva ao repensar da relação dos pais com os filhos em função de compromissos do próprio lar e os profissionais.

Por outro lado, já escutamos relatos de pessoas que ficaram confinadas em regiões de outros países e outras, submetidas à quarentena domiciliar, sobre os momentos complexos físicos e mentais dessa situação. De repente, surge a recomendação preventiva para os integrantes dos grupos de risco para se evitar aglomerações e eventos públicos e se recolherem o máximo possível no ambiente dos lares.

O mundo espiritual é claro que os encarnados devem zelar pelo corpo físico e valorizar a vida.

E aí surge a indagação: seriam momentos para se rever valores? Ou seja: valores relacionados com os ambientes familiar e social, independentemente de aparências e de máscaras sócioeconômicas?

As conseqüências do microscópico Covid-19 na “empoderada” Humanidade de nossos dias, de repente, poderão conduzir a algumas reflexões humanitárias e até de natureza espiritual?

Por isso, esperamos que a crise do momento possa realmente direcionar para as indicações da mensagem supra transcrita: “…o amor Divino fará de ti uma luz na escuridão” e coerente com o próprio título da pequena mensagem: “O remédio vem de Deus”.

(*) O autor foi presidente da USE-SP e da FEB.

Herculano Pires e o Evangelho

Herculano Pires e o Evangelho

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

No dia 9 de março transcorrem 41 anos da desencarnação de José Herculano Pires (1914-1979) – professor, filósofo, jornalista e escritor, que marcou época no movimento espírita brasileiro.

Por formação era filósofo, com mestrado na USP e atuava como jornalista. Escreveu durante muito tempo com o pseudônimo de Irmão Saulo no jornal “Diário de São Paulo” e mantinha programa radiofônico na Rádio Mulher, de São Paulo. Foi um dos entrevistadores de Chico Xavier no programa “Pinga Fogo” na antiga TV Tupi de São Paulo. Juntamente com sua esposa Virgínia fundou o Grupo Espírita Cairbar Schutel, em São Paulo.

Herculano Pires é autor de dezenas de livros. Ficaram muitos conhecidos os publicados pela Editora GEEM, em que ele comenta mensagens psicografadas por Chico Xavier, como "Chico Xavier pede licença", "Diálogos dos vivos" e "Somos seis". Várias obras do autor, em geral publicadas pela Editoria Paidéia, estão relacionadas com religião e o Evangelho, como: "Lázaro" (trilogia "A conversão do mundo"), "Madalena" (trilogia "A conversão do mundo"), "O espírito e o tempo", "O reino", "O ser e a serenidade", "Revisão do cristianismo", "Agonia das religiões" e outros, e, mais recentemente uma publicação póstuma: "O evangelho de Jesus em espírito e verdade", pela Editora Paidéia.1

Herculano sempre foi um vigoroso estudioso e propagador das obras do Codificador, a ponto do espírito Emmanuel, pela mediunidade de Chico Xavier, tê-lo chamado de “o metro que melhor mediu Kardec”.

Embora o tema dos Evangelhos apareça em praticamente todas obras de Herculano Pires, acima citados, essa edição póstuma é uma síntese e num linguagem simples. "O evangelho de Jesus em espírito e verdade" é obra inédita, organizada por Célia Arribas, e resultante do trabalho de degravação da parte dos comentários sobre o Evangelho, de 100 programas radiofônicos selecionados de Herculano Pires, intitulados "No Limiar do Amanhã", semanalmente transmitidos pela Rádio Mulher, de São Paulo, durante os anos 1970, e retransmitidos pela Rádio Morada do Sol, de Araraquara (SP), e Rádio Difusora Platinense, de Santo Antonio da Platina (Pr). Herculano trabalha a essência pura e vigorosa da mensagem de Jesus com um linguajar simples, pois se apresenta no estilo da linguagem falada e em programas destinados ao público em geral. Como sempre, muito lúcido e com abordagens profundas e com base no Codificador Allan Kardec.

Entre os capítulos desse livro: A universalidade da mensagem de Jesus; A Bíblia, o Evangelho e o Espiritismo; O nascimento de Jesus; Religião em espírito e verdade; A crucificação do Cristo e sua ressurreição; O nascimento da igreja cristã; Paulo e Estêvão; O consolador prometido; vários capítulos sobre Paulo e sobre manifestações espirituais. Para o autor, "O espiritismo se confirma, portanto, ao contrário do que dizem os seus adversários, nas próprias palavras e nos próprios ensinos dos evangelhos". Referindo-se aos princípios e cuidados no movimento espírita, pondera: "O que nos deve interessar não é nosso opinião nisso ou naquilo, mas sim a firmeza com que pudermos seguir os princípios da doutrina espírita. E esses princípios estão firmados, como nós sabemos na codificação de Allan Kardec. E estes princípios, por sua vez, têm a sua base mais profunda, as suas raízes mais penetrantes nos próprio evangelho de Jesus." Ao comentar a vida e obra do apóstolo Paulo, Herculano destaca que: "Ele libertava a religião da política e do negócio. Para ele, a religião tinha que ser vivida em si mesma e vivida com toda a independência moral". A propósito de trecho de Atos sobre "muitos milagres e prodígios entre o povo pelas mãos dos apóstolos" o autor aponta que ali se encontra "uma das mais belas confirmações evangélicas da realidade e da verdade do Espiritismo e das suas práticas como continuação do cristianismo em espírito e verdade aqui na terra."

Para Herculano Pires o problema fundamental do cristianismo é o mandamento do "amai-vos uns aos outros". Conclui: "este é o princípio fundamental do evangelho que Jesus nos oferece para a nossa compreensão espiritual." Consideramos muito elucidativa e oportuna a obra postumamente publicada de Herculano Pires, e que deve merecer espaço nos estudos dos centros espíritas.

Fonte:

1) Pires, José Herculano. Org. Arribas, Célia. O evangelho de Jesus em espírito e verdade. 1.ed. São Paulo: Editora Paidéia. 2016. 385p.

(*) Foi presidente da USE-SP e da FEB.

A obra pioneira de Benedita Fernandes

A obra pioneira de Benedita Fernandes

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Um fato inédito ocorreu na então novata cidade de Araçatuba (SP), no dia 6 de março de 1932, tendo como protagonista uma lavadeira e descendente de escravos libertos, Benedita Fernandes.

Sem ser detentora de nenhum predicado associado ao chamado “passaporte social”, Benedita Fernandes fundou a Associação das Senhoras Cristãs, iniciando o atendimento a crianças órfãs e abandonadas e a doentes mentais. Àquela época ela já era espírita, pois foi curada de uma terrível obsessão, que chegava às raias da subjugação, por dois espíritas – o carcereiro Padial e João Marcheze -, nos momentos em que ela ficou recolhida à Cadeia Pública da vizinha cidade de Penápolis, pelo fato de causar pânico à população.

Consciente de sua nova situação e grata ao tratamento espiritual que recebeu, Benedita reuniu um grupo de lavadeiras, como ela, e espíritas de Araçatuba e fundou a primeira instituição espírita voltada à assistência social, um marco para toda a região Noroeste do Estado de São Paulo. Naquela época Araçatuba contava com um pequeno centro espírita funcionando na cidade e outra em zona rural próxima.

As ações da Associação das Senhoras Cristãs foram dinamicamente desenvolvidas e no final da década de 1930, Benedita Fernandes já havia conquistado o respeito além do ambiente dos espíritas, de muitos integrantes da Loja Maçônica Tupy, de políticos e da população em geral. A Associação passou a contar com o Asilo Doutor Jaime de Oliveira (para doentes mentais), Casa da Criança, Albergue Noturno e classe municipal para o ensino formal. Por ocasião da elaboração da biografia de Benedita Fernandes, cuja primeira versão foi publicada em 1982, quando a Associação completava seu Jubileu de Ouro, conhecemos e entrevistamos muitos cidadãos da cidade e outras localidades que tiveram contatos com Benedita Fernandes, incluindo parentes nossos.

Nos bate-papos soubemos do respeito que dois párocos locais tinham pela obra de Benedita. Também foi histórica a deferência do governador (interventor federal) Fernando Costa por ocasião de visita a Araçatuba.

Em nossos dias há várias mensagens assinadas pelo espírito Benedita Fernandes e uma marcante alusão à ela em texto psicografado por Chico Xavier em 1963, incluindo-a num relato sobre "uma reunião de damas consagradas à caridade" intitulado “Num domingo de calor”. Aliás, daí tiramos a inspiração para nosso livro intitulando-a de “Dama da Caridade”.

Os exemplos e a dedicação de Benedita Fernandes permanecem em muitos corações. Sua obra material foi se alterando ao longo do tempo e, em função de regulamentações governamentais sobre saúde mental, gerou algumas dependências de CAPS – Centro de Apoio Psicossocial, e um deles com o nome dela e contando com o apoio de voluntários vinculados à Associação das Senhoras Cristãs Benedita Fernandes.

Para o 2o semestre deste ano está previsto o lançamento de filme sobre Benedita Fernandes, elaborado por Sirlei Nogueira, de Araçatuba e com base no livro "Benedita Fernandes. A dama da caridade", de nossa autoria (Ed.Cocriação/USE Regional de Araçatuba).

 

                        O autor foi dirigente espírita em Araçatuba, presidente da Federação Espírita Brasileira e da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo.

Coronavírus – Uma Visão Espírita

Coronavírus – Uma Visão Espírita

Eliana Haddad

Iniciamos este ano com a notícia de uma epidemia causada pelo coronavírus, um grupo de vírus já conhecido desde 1960 e que provoca doenças que vão de infecções leves a moderadas até as mais graves, como a pneumonia, e que podem levar à morte. O vírus foi detectado inicialmente na China, em Wuhan. Seu período de incubação é de 2 a 14 dias e apresenta como principais sintomas: coriza, dor de garganta, febre, tosse e falta de ar. A transmissão acontece por meio de tosse ou espirro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; e contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Desde dezembro do ano passado, quando surgiram os primeiros casos na cidade chinesa de Wuhan, 600 pessoas morreram e o número de infectados já soma 30 mil casos. Cidades são isoladas, aeroportos fiscalizados, mercado financeiro e turismo sofrem as consequências pelo medo do avanço da doença e o mundo, enfim, realmente se assusta, pois vários locais já foram atingidos. A Organização Mundial da Saúde declarou estado de emergência global, advertindo também para a solidariedade entre os países.

O aspecto espiritual

Independentemente de medidas urgentes a serem adotadas, visando estancar a proliferação do vírus, vale refletir sobre alguns aspectos interessantes a serem observados: Por que nem todos são contaminados? Por que uns morrem (2% dos infectados, segundo a OMS) e outros não? Inicialmente, o espiritismo explica que as doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena. “Nos mundos mais adiantados, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades”. As condições de vida são muito diferentes da Terra. Também, “nos mundos felizes, as relações entre os povos são sempre amigáveis e nunca são perturbadas pela ambição de escravizar o vizinho, nem pela guerra”.

Ora, em resumo, o mal ali não se faz presente, não havendo expiações. Isso significa que na Terra ainda vivemos uma infância espiritual de muitos contrários. “Tendes necessidade do mal para sentir o bem. Da noite para admirar a luz, da doença para apreciar a saúde”, nos ensinam os espíritos superiores. Santo Agostinho, em 1862, em Paris, fez uma observação sobre as afinidades e desafios enfrentados pelos espíritos nos mundos expiatórios. A Terra lhes seria fornecida como um dos tipos desses mundos. “As variedades são infinitas, mas têm como caráter comum servir como local de exílio a Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses espíritos aí têm que lutar, de uma só vez contra a perversidade dos homens e a inclemência da natureza.

Trabalho duplamente penoso, que desenvolve ao mesmo tempo as qualidades do coração e as da inteligência”, explica em O evangelho segundo espiritismo.

Não há acasos

É claro que uma epidemia assusta, preocupa, mas é interessante que se tenha esses conceitos espirituais em evidência antes de se arriscar a fazer qualquer observação, pois Deus, em sua perfeição e misericórdia, atua através de leis também perfeitas e misericordiosas para que o progresso seja atingido em toda sua Criação. Por isso não há acasos.

O pensamento materialista nos leva a conclusões precipitadas, que incluem percepções errôneas referentes a castigos, desarmonia, confusão, desleixo e fatalidade. A visão espiritualista, porém, nos colocando acima dos males do corpo físico, convida-nos ao trabalho e à confiança no futuro para superarmos as dificuldades. O aprendizado é lento e mas contínuo. “Temos, assim, de nos resignar às consequências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de molde a impedir que, esperando que tal se dê, façamos o que de nós depende para melhorar as nossas condições atuais. Se, porém, malgrado aos nossos esforços, não o conseguirmos, o espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos passageiros males”, esclarece o espiritismo.

Outro ponto importante a ser observado é a mudança de estado dos Espíritos em evolução, ora encarnados, ora desencarnados. Uns chegam e outros se vão todos os dias por motivos diversos. Alguns regressam ao mundo espiritual em desencarnes coletivos, como no caso das guerras, tragédias e epidemias.

Emigração e imigração dos espíritos

Explica a doutrina espírita que, no intervalo de suas existências corporais, os Espíritos se encontram no estado de erraticidade e formam a população espiritual ambiente da Terra. Pelas mortes e pelos nascimentos, as duas populações, terrestre e espiritual, deságuam incessantemente uma na outra. Há, pois, diariamente, emigrações do mundo corpóreo para o mundo espiritual e imigrações deste para aquele: é o estado normal. Em certas épocas, determinadas pela sabedoria divina, essas emigrações e imigrações se operam por massas mais ou menos consideráveis, em virtude das grandes revoluções que lhes ocasionam a partida simultânea em quantidades enormes, logo substituídas por equivalentes quantidades de encarnações. (…) Chegadas e partidas coletivas são meios providenciais de renovar a população corporal do globo. Na destruição de grande número de corpos nada mais há do que rompimento de vestiduras; nenhum Espírito perece; eles apenas mudam de ambiente; em vez de partirem isoladamente, partem em grupos, essa a única diferença, visto que, ou por uma causa ou por outra, fatalmente têm que partir, cedo ou tarde. As renovações rápidas apressam o progresso social. Sem as emigrações e imigrações que de tempos a tempos lhe vêm dar violento impulso, só com extrema lentidão esse progresso se realizaria.

É de notar-se que todas as grandes calamidades que dizimam as populações são sempre seguidas de uma era de progresso de ordem física, intelectual, ou moral e, por conseguinte, no estado social das nações que as experimentam.

A invasão microbiana

No livro Evolução em dois mundos, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, no capítulo 40, “Invasão microbiana”, pergunta-se a invasão microbiana está vinculada a causas espirituais? A resposta: “Excetuados os quadros infecciosos pelos quais se res-ponsabiliza a ausência da higiene comum, as depressões criadas em nós por nós mesmos, nos domínios do abuso de nossas forças, seja adulterando as trocas vitais do cosmo orgânico pela rendição ao desequilíbrio, seja estabelecendo perturbações em prejuízo dos outros, plasmam nos tecidos fisiopsicossomáticos que nos constituem o veículo de expressão determinados cam¬pos de rutura na harmonia celular”. Isso quer dizer que nossos desajustamentos nos tornam passíveis de invasão microbiana, e dificultam a regeneração natural das células, instalando-se assim a doença, pela desarmonia causada por nossas escolhas – conscientes ou não, de agora ou de ontem. E continua a resposta: “Geralmente, quase todos os processos de doenças surgem como fenômenos secundários sobre as zonas de predisposição enfermiça que formamos em nosso próprio corpo, pelo desequilíbrio de nossas forças mentais a gerarem ruturas ou soluções de continuidade nos pontos de interação entre o corpo espiritual e o veículo físico, pelas quais se insinua o assalto microbiano a que sejamos mais particularmente inclinados”. E aqui entra também, ainda conforme a resposta, a importância da transformação moral para uma vida realmente saudável. “Amparo aos outros cria amparo a nós próprios, motivo por que os princípios de Jesus, desterrando de nós animalidade e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao perdão incondicional, estabelecem, quando observados, a imu-nologia perfeita em nossa vida interior, fortalecendo-nos o poder da mente na autodefensiva contra todos os elementos destruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus.”

Na Revista de julho de 1867, Kardec descreve a ‘terrível epidemia’ que devastava já há dois anos a Ilha Maurício (antiga Ilha de França). Em outubro1868, assinada pelo Espírito Clélie Duplantier, Kardec publica a seguinte comunicação na Sociedade espírita de Paris: “Sem dúvida é apavorante pensar em perigos dessa natureza, mas, pelo fato de serem necessários e não provocarem senão felizes consequências, é preferível, em vez de esperá-los tremendo, preparar-se para enfrentá-los sem medo, sejam quais forem os seus resultados. Para o materialista, é a morte horrível e o nada por consequência; para o espiritualista, e em particular para o espírita, que importa o que acontecer! Se escapar do perigo, a prova o encontrará sempre inabalável; se morrer, o que conhece da outra vida fá-lo-á encarar a passagem sem empalidecer. Preparai-vos, pois, para tudo, e sejam quais forem a hora e a natureza do perigo, compenetrai-vos desta verdade: A morte não é senão uma palavra vã e não há nenhum sofrimento que as forças humanas não possam dominar.”

Fonte - Correio Fraterno do ABC (copie e cole):

https://www.letraespirita.blog.br/post/coronav%C3%ADrus-uma-vis%C3%A3o-esp%C3%ADrita