Antonio Cesar Perri de Carvalho
Na obra histórica Paulo e Estêvão, Emmanuel detalha trechos de Atos e das Epístolas de Paulo. Como principal divulgador da mensagem do Mestre, fundou as chamadas igrejas cristãs (ecclesia - local de reunião, atualmente significando “igreja”) e elaborou as epístolas. Emmanuel relata que Paulo estava preocupado por não poder atender a todas as solicitações das igrejas nascentes. Em uma meditação noturna, recebe a seguinte orientação: "Não te atormentes com as necessidades do serviço. É natural que não possas assistir pessoalmente a todos, ao mesmo tempo […] Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome; os de boa vontade saberão compreender, porque o valor da tarefa não está na presença pessoal do missionário, mas no conteúdo espiritual do seu verbo, da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estêvão permanecerá mais aconchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos…” (1)
As epístolas de Paulo, s.m.j., havendo algumas diferenças entre autores, foram escritas com a seguinte ordem cronológica dos anos iniciais da Era Cristã (2, 3), ou seja, d.C.:
1ª. e 2ª. Epístolas aos Tessalonicenses (51 e 52);
1ª. e 2ª. Epístolas aos Coríntios (53/54 e 55/56); (*)
Epístola aos Gálatas (final de 48 ou 49; ou, entre 54/57); (**)
1ª. e 2ª. Epístola a Timóteo (54 e 60 ou entre 61/63); (***)
Epístola a Tito (56);
Epístola aos Romanos (57/58);
Epístola aos Colossenses (61/62);
Epístola a Filemon (61/62);
Epístola aos Efésios (61/62);
Epístola aos Hebreus (62/64);
Epístola aos Filipenses (61/63);
O orientador espiritual de Chico Xavier, Emmanuel, anota que a primeira Epístola foi dirigida aos Tessalonissenses. E é taxativo ao se referir à autoria de Paulo e a destinação da Epístola aos Hebreus, embora existam polêmicas religiosas quanto à autoria. Há um ponto comum que embora o autor da Epístola não tenha se identificado pelo nome, ele conhecia Timóteo e possuía um profundo conhecimento do Velho Testamento.(1)
Em geral, Paulo está preocupado na divulgação da mensagem do Cristo, de uma religião espiritual, com palavras entre ternas e enérgicas e dirigidas às comunidades na posição de quem as acompanha e registra seus sofrimentos na luta pela implantação da "Boa-Nova". Aborda também algumas polêmicas do contexto da época e presta orientações às comunidades: combate a idolatria, a circuncisão, a luxúria, os sacrifícios religiosos, os divisionismos; descreve acerca da diversidade dos dons espirituais; exalta a justiça pela fé, a humildade, a caridade, a fidelidade a Deus, a submissão à autoridade, a tolerância para com os fracos da fé, o amor fraternal e a hospitalidade, preservando valores morais; orienta sobre as polêmicas religiosas; esclarece que a Lei é impotente para salvar, mas conduz a Cristo e à fé.
A nosso ver, abstraindo-se algumas discussões do contexto da época, as epístolas de Paulo devem merecer o estudo dos espíritas, inclusive para reflexões sobre a simplicidade do cristianismo primitivo. Na série “Fonte Viva” e demais livros em que Emmanuel comenta versículos do Novo Testamento, mais da metade dos capítulos se referem a citações de Paulo.
(*) – Walker (2) comenta que a 2ª. Epístola aos Coríntios seriam a consolidação de três pequenas cartas.
(**) – Alguns apontam o ano 48 ou 49 d.C., outros entre 54/57 d.C.
(***) – Para alguns a 2ª. Epístola a Timóteo foi escrita entre os anos 61/63 d.C.
Referências:
- Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Paulo e Estêvão. 2ª. parte, cap. VII. Brasília: Ed. FEB. 2013.
- Walker, Peter. Pelos caminhos do apóstolo Paulo. Trad. Mariz, Andréa. Cap. 9. São Paulo: Ed.Rosari. 2009. Introdução.
- Ryrie, Charles C. A Bíblia de Estudo Anotada/Expandida. Trad. Klassin, Susana. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.
(Síntese adaptada de artigo do autor em "Correio Espírita", RJ).