A alegria de viver de Divaldo

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Um fato marcante ocorrido em 2016 foi  a entrevista com Divaldo Pereira Franco no programa de Jô Soares, na TV Globo, na passagem do dia 1o para dia 2 de setembro. O midiático Jô Soares é conhecido por interferir e às vezes até deixar que o entrevistado fale pouco. Com Divaldo, houve até uma brincadeira entre ambos, sobre “o baiano que fala, fala…” E Divaldo falou aproveitando muito bem o tempo disponível. Conseguiu registrar fatos desde a origem espontânea e precoce de sua mediunidade até os momentos atuais. Claramente Jô Soares demonstrou surpresa com o vulto do trabalho liderado pelo entrevistado, em função do vídeo apresentado pela produção sobre a Mansão do Caminho.

Dos 70 anos de oratória, nós o conhecemos no período de 55 anos.

Conhecemos Divaldo Pereira Franco por ocasião de sua palestra na XV Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e Estado de São Paulo (COMBESP), efetivada em abril de 1962, em Araçatuba (SP). Na oportunidade, ele também visitou a Instituição “Nosso Lar”, na época recém fundada por familiares nossos. Desde essa época, já mantínhamos correspondência com Divaldo e recebíamos os folhetos impressos pela Mansão do Caminho contendo mensagens psicografadas. Nos anos imediatos, encontramo-nos nas históricas I Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil (COMJEB), realizada em abril de 1965, em Marília (SP) e na 1a Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado de São Paulo-COMJESP (Ribeirão Preto, 1967), em diversas palestras em cidades do interior paulista e em Araçatuba.

Acompanhado de nossa esposa visitamos pela primeira vez o Centro Espírita Caminho da Redenção (então na Calçada)  e a Mansão do Caminho (em Pau da Lima) nos idos de1972. Divaldo foi nosso convidado para participação em vários eventos do movimento espírita de Araçatuba, como as Semanas e Mês Espíritas. Desde 1972 passamos a organizar os roteiros de Divaldo pela região de Araçatuba. Essa atuação era feita porque além de amigo do conferencista, entre 1971 e 1986 éramos dirigente do órgão da USE local (então chamada União Municipal Espírita de Araçatuba). Divaldo passou a ser hóspede de nossa genitora – Bebé – e nosso também, após nosso casamento. Durante 30 anos juntamente com nossa genitora, fomos anfitriães de Divaldo. Nossos filhos nasceram e cresceram acostumados com a visita do “tio”. Foram momentos proveitosos, alegres e fraternos, estes em que Divaldo tinha disponibilidade de atender à região. Nos dois lares citados sempre havia uma refeição com convites para os dirigentes e amigos da cidade, reunindo grande número de participantes e bate-papos informais.

Outro fato é que, em várias visitas de Divaldo, houve momento de prece conjunta em nossos lares – também com presença de convidados -, momentos em que o médium psicografou mensagens de Benedita Fernandes e de nosso tio Lourival Perri Chefaly. Nossos livros Dama da Caridade (1982) e Em Louvor à Vida (em parceria com Divaldo, edição LEAL, 1987) incluem algumas destas psicografias. Outra obra que surgiu desse período foi Repositórios de Sabedoria (Vol. I e II, edição LEAL, 1980), coletânea de pensamentos de Joanna de Ângelis, extraídos das primeiras obras da Autora Espiritual, e que elaboramos em forma de abecedário.

Em todas as visitas de Divaldo organizávamos alguma entrevista com os dirigentes locais e/ou com a imprensa (rádios, jornais e TV). Estas foram transformadas em publicações que fizemos nos jornais de Araçatuba, onde mantínhamos “coluna espírita”, como Tribuna da Noroeste, A Comarca e Folha da Região, e também em periódicos espíritas, como O Clarim, Revista Internacional de Espiritismo, Unificação, Anuário Espírita e Presença Espírita. Divaldo sempre fez muitas referências a Benedita Fernandes, que incluímos no nosso livro Benedita Fernandes. A dama da caridade.(1)

Várias dessas publicações foram reunidas em “Divaldo em Araçatuba”, coletânea que elaboramos por ocasião da solenidade em que Divaldo recebeu o título de “Cidadão Honorário” de Araçatuba, em 1984, evento que atuamos na organização juntamente com a Edilidade local.

Com nossa mudança, por razão profissional, para a cidade de São Paulo no ano de 1989, e, mais tarde, para Brasília, Divaldo voltou a ser hospedado em Araçatuba, por nossa genitora até próximo à desencarnação dela. Mesmo assim, voltávamos a Araçatuba, para acompanhar os eventos com atuação de Divaldo. A convivência com Divaldo em Araçatuba foram momentos significativos, proveitosos, de boas recordações e bem aproveitados para a difusão do Espiritismo!

Além das ações em Araçatuba, com freqüência estávamos presentes em eventos com Divaldo em cidades paulistas e vários Estados brasileiros. Em Uberaba, estivemos  em momentos de encontros conjuntos com Chico Xavier. Também estivemos junto com Divaldo em eventos do CEI e promovidos por vários países.

Em eventos da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, em São Paulo, atuamos em entrevistas e eventos com Divaldo, originando livros editados pelo USE-SP, como Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores Espíritas (2a edição) e Laços de família. Em livros editados pela FEB, tivemos atuação em Conversa Fraterna e Em Nome do Amor: a Mediunidade com Jesus. Incluímos alguns trechos em Centro Espírita. Prática espírita e cristã (Ed.USE, 2016).(1)

Por ocasião da Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, em novembro de 2014, na nossa gestão como presidente da Federação, houve a promoção do Movimento Você e Paz, iniciado por Divaldo, nas dependências da Câmara dos Deputados e no anfiteatro da FEB. Na oportunidade, foi inaugurada no Espaço Cultural da FEB, uma Exposição sobre a Mansão do Caminho e a obra de Divaldo Pereira Franco. Em outubro de 2016, estivemos com Divaldo no Movimento Você e a Paz, realizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

No diálogo descontraído com Jô Soares, já citado, transpareceu em Divaldo a alegria de viver e de servir, vencendo dificuldades e impasses, e, deixando o entrevistador impactado com a informação que Divaldo tem todo um vigor com idade avançada, agora alcançando os 90 anos de idade e 70 anos de oratória!

 

Referência:

1) Entrevistando Divaldo Pereira Franco. Revista Internacional de Espiritismo. Ano LVII. Abril de 1982, p. 365-368; Do autor: Centro Espírita. Prática espírita e cristã. São Paulo: Ed.USE, 2016; Benedita Fernandes. A dama da caridade. Araçatuba: USE Regional de Araçatuba. 2017.

(*) – Foi dirigente espírita em Araçatuba, presidente da USE-SP e da FEB, e, membro da Comissão Executiva do CEI.

 

Extraído do Boletim Notícias do Movimento Espírita – Ismael Gobbo – dia 5/5/2017:

http://www.noticiasespiritas.com.br/2017/MAIO/05-05-2017.htm