Refletindo nos nossos passos

“Confesseis as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros para que sareis” (Tiago, 5, 16) 

Chico Xavier! Desde a sua partida que os Espíritas e os não-espíritas vão tomando contato com a profundidade de sua presença entre nós. E ainda por muito tempo descobriremos novas facetas da sua missão, novos aprendizados e novos exemplos.

A vida de Chico Xavier, no entanto, é lembrada quase sempre por suas obras, pela caridade desenvolvida e por seu potencial mediúnico.

Mas poucos param para lembrar-se do quanto lhe custou, intimamente, desenvolver e manter sua obra.

Lembramo-nos do todo, nos maravilhamos, mas nos esquecemos de perguntar quantas horas de sono, de privações, de convívio com a família e de lazer, enfim, da vida que teve de abrir mão para psicografar ou desenvolver atividades coerentes com a sua missão.

Renúncia que lhe geraram dúvidas, dúvidas que lhe geraram dores que, no entanto, não foram suficientes para afastá-lo dos compromissos.

Buscou, antes de tudo, aproximar sua realidade objetiva da realidade subjetiva, aproximando o que parecia ser do que realmente era, para que o vaso mediúnico fosse cada vez mais translúcido, cristalino.

E isto é amor…

Buscar refletir nos nossos passos enquanto na Terra, é amor.

Amor por nós, amor pelos filhos, pelos amigos, amor à Jesus e a Deus.

Porque se conseguirmos refletir na nossa conduta espírita, nos perguntarmos como estão nossos passos, com sinceridade, talvez consigamos obter bons frutos na presente jornada terrestre.

O exemplo de Chico Xavier é grandioso porque ele não buscou caminhar sobre ilusões. Antes, caminhou com as suas dificuldades e deficiências para que, trabalhando-as, pudesse servir com maior pureza.

Mesmo na sua grandeza, sempre se apresentou com singeleza, lembrando a todos das suas necessárias lutas, buscando na fé, na esperança e na oração a tríade que o sustentava nos momentos mais difíceis.

Por isto, constitui-se num exemplo para todos nós, espíritas e não espíritas, a ser meditado e praticado.

É gente como a gente, que teve dúvidas, sofrimentos, lágrimas, dores….mas manteve a confiança em Cristo e na proposta espírita.

Assim, reflitamos nos passos que estamos dando na vida transitória: são passos para os outros ou são passos de libertação?

Se forem de libertação fiquemos com Chico Xavier e reflitamos nas suas dores, para que possamos aprender com as nossas dores sem jamais perder a esperança e a fé.

Se forem passos para os outros, de faz de conta, não continuemos neste caminho. Tenhamos a coragem de “confessar nossas culpas uns aos outros”, conforme nos assevera o evangelista, e busquemos o caminho que nos permita traçar passos de libertação.

Não é momento para ilusões, já que a proposta do Cristo não é de que se estabeleça uma competição de quem é melhor, mas sim que vençamos a nós mesmos, como Chico Xavier.

Eis a proposta, eis o desafio!

Avancemos, hoje e sempre!

Marco Rosa

Rio Negro, PR, 14 Out 2007