Problemas sociais, institucionais e pessoais na pandemia

Problemas sociais, institucionais e pessoais na pandemia

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A pandemia do COVID-19 provocou alterações em todos os níveis do cenário mundial. As prudentes orientações sanitárias de distanciamento social são indispensáveis e em algumas situações chegam ao nível de blecaute.

Em consequência surgiram problemas pessoais, sociais e familiares, envolvendo questões psicológicas, espirituais, educacionais, econômicas e financeiras.

A prolongada reclusão doméstica, a enorme quantidade de mortos e contagiados, a natural insegurança e até medo da morte, culminam levando a um cenário de “luto”. As teorias e propostas de solidariedade e fraternidade sugerem equacionamentos adequados, mas a prática permanece complicada dentro de contexto tão sério e comprometendo as pessoas em todos os seus ambientes de convivência.

Parcela considerável da população tem dificuldades de sobrevivência física e de acesso à saúde. Muitas famílias entraram em dificuldades em função de desempregos, diminuição e quase ausência de rendas.

Por outro lado, sente-se claramente as posições de autoridades negacionistas das questões básicas de prevenção de contágios e alguns até com imagem de indiferença com a dor provocada pelas mortes ou pelos pânicos em torno das mesmas. Até as providências de vacinações vem sendo objeto de polêmicas e de disputas políticas, desfocando-se das medidas técnicas e científicas.

Ou seja, falta apoio e orientação à população em geral e o cenário é muito conturbado.

Em função desse quadro preocupante e às vezes desolador, há problemas vividos pelos espíritas como cidadãos, no contexto de suas famílias, e também à vista das necessidades de subsistência das instituições a que são vinculados.

Se numa grande cidade, alguém fizer uma caminhada à guisa de exercício, se defrontará com abordagens seguidas de pedintes solicitando-se auxílios. Pelo whatsapp e pelas redes sociais em geral, há campanhas de instituições de várias regiões. Algumas chegam a solicitar compartilhamentos e indicações de espíritas de várias partes para encaminharem suas campanhas. No fundo, não percebem que todas instituições dos vários Estados e países certamente também enfrentam dificuldades financeiras.

E, sem dúvida, alguns frequentadores e colaboradores de centros podem estar passando por momentos delicados, além de estarem isolados da antiga salutar convivência fraterna. Há apelos e até pressões de todas as formas e em todos os momentos. Será que as instituições não deveriam se circunscrever a campanhas viáveis interna corporis, sem divulgação pelas redes sociais?

Por outro lado, as novas alternativas para os vários tipos de comunicação – reuniões e estudos – on line, multiplicam-se, mas devem respeitar valores morais e espirituais.

Fato interessante é que agora se concretiza a alternativa das instituições economizarem, sem o ônus financeiro para se garantir viagens e hospedagens de expositores convidados.

Todavia, as novidades levam a exageros. A nosso ver, as “lives” de caráter pessoal merecem uma análise especial. Isso porque surgem aquelas com recursos de “impulsos” e “turbinamentos” pagos para se ampliar a disseminação de mensagens nas redes sociais, e, observamos com muitas reservas e dúvidas os objetivos desses procedimentos que visam o crescimento numérico de “seguidores” e o emprego de plataformas do chamado marketing digital, muito empregado em meios empresariais.

Frente a questões tão delicadas, cabem muitas reflexões e avaliações. Para isso o Espiritismo dispõe de subsídios infindáveis, mas é necessária uma atenção na mensagem prevalente em O Evangelho segundo o Espiritismo. Evidentemente que há orientações e recomendações gerais para as premissas da fraternidade e da solidariedade, mas o saberes sobre o sentir, ouvir, adequar e agir serão muito importantes para se analisar caso a caso as problemáticas das pessoas e das instituições espíritas.

Dentro dos parâmetros espíritas e cristãos há meios para se rever posturas e ações, do âmbito pessoal até o social, mas as doses e o “timing” são variáveis e não se pode generalizar ou se padronizar.

Tempos difíceis: momentos para análises, avaliações e reflexões!

Como reflexão sugestiva para as superações: “As dificuldades de qualquer natureza são sempre pedras simbólicas, asfixiando-nos as melhores esperanças do dia, do ideal, do trabalho ou do destino, que recebemos na glória do tempo. É necessário saber tratá-las com prudência, serenidade e sabedoria” – Emmanuel1 .

1) Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Vida em vida. Cap. Pedras. São Paulo: IDEAL.