PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ESPÍRITAS NO BRASIL

TÃO RICOS E TÃO ESCOLARIZADOS? O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ESPÍRITAS NO BRASIL

LUIZ ANTONIO CHAVES DE FARIAS, LEANDRO BLANQUE BECCENERI, FLÁVIA VITOR LONGO e LIVAN CHIROMA

Resumo:

Nos últimos 30 anos, o Brasil apresentou mudanças no perfil religioso de sua população. Neste novo contexto, destacam-se os seguidores da doutrina espírita, que apesar do volume reduzido em comparação com outros grupos religiosos, apresentaram uma maior taxa de crescimento nas três últimas décadas. O objetivo deste estudo foi elaborar o perfil sociodemográfico dos espíritas brasileiros para verificar se, de acordo com o senso comum e com a mídia, esse grupo religioso é mais escolarizado e mais rico que outros grupos religiosos brasileiros. Considerando as hipóteses sobre o perfil do espiritista brasileiro mencionado acima, a análise atual utiliza os microdados dos Censos de 1991, 2000 e 2010, referentes à idade, sexo, escolaridade e composição familiar, além do uso de técnicas de padronização, para tentar responder se, afinal, os espíritas são mesmo mais escolarizados e ricos em comparação com os seguidores de outras religiões. Os resultados mostram que os espíritas apresentam as pirâmides etárias mais envelhecidas, assim como o maior valor do Índice de Envelhecimento (I.E.). Outro ponto a se destacar é a predominância de adeptos do sexo feminino, especialmente a partir da faixa etária de 15 a 19 anos. O indicador de rendimento, reconhecidamente a partir da leitura sobre o tema, tende a manter uma correlação positiva com o indicador de nível de instrução, guardadas certas exceções. Ou seja, quem tem mais escolaridade, tende a possuir maior renda. Os arranjos domiciliares mostraram a predominância de casais sem filhos e de mulheres sem cônjuge e com filhos, sendo esta uma característica marcante da Segunda Transição Demográfica. Entretanto, esses resultados ainda não respondiam à pergunta deste trabalho, sendo para isso necessário utilizar técnicas de padronização para se proceder com a análise comparativa do nível de escolaridade dos grupos religiosos aqui considerados. Após a aplicação dessa técnica, verificou-se que os espíritas continuaram o grupo mais escolarizado, com os evangélicos pentecostais mantendo-se com a menor escolaridade, em relação aos adeptos dos outros grupos religiosos analisados.

Assim sendo, os dados aqui utilizados permitiram abordar a questão sobre a maior escolaridade e elitização dos adeptos do Espiritismo, indo além de um recorte exclusivo por renda. É importante ressaltar que o trabalho serve como ponto de partida para um estudo mais detalhado sobre as características deste grupo religioso, não pretendendo aqui esgotar tal tema. Cabe ainda destacar que o trabalho contribui com análises demográficas e estatísticas na elaboração e compreensão dos perfis dos grupos religiosos brasileiros, além de apresentar resultados importantes na abordagem desse tema de pesquisa.

Extraído de:

Farias, Luiz Antonio Chaves et al. Tão ricos e tão escolarizados? O perfil sociodemográfico dos espíritas no Brasil / Luiz Antonio Chaves de Faria; Leandro Blanque Becceneri; Flávia Vitor Longo; Livan Chiroma. Textos NEPO 80. Campinas, SP: Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” / Unicamp, 2017.

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Tão ricos e tão escolarizados? O perfil sociodemográfico dos espíritas no Brasil