Opiniões de Divaldo Franco

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Durante 30 anos fomos anfitriões de Divaldo Pereira Franco em Araçatuba (SP), no lar de nossa genitora e no nosso próprio. Durante os programas de palestras praticamente anuais, sempre inseríamos um momento de entrevista de Divaldo com dirigentes espíritas locais e/ou com a imprensa local.

Das gravações, fazíamos as transcrições e publicamos todas entrevistas, mesmo que parciais, em jornais da cidade de Araçatuba, em O Clarim e na Revista Internacional de Espiritismo. Posteriormente, vivendo em São Paulo e Brasília e na posição de presidente da USE-SP e diretor da FEB, prosseguimos coordenando ou atuando em algumas entrevistas de Divaldo, as quais foram publicadas nos livros: Diálogo. Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas e Laços de família, ambos publicado pela Editora USE, e, Conversa fraterna e Em nome do amor, estes últimos da FEB Editora.

Eis alguns trechos de algumas entrevistas com Divaldo.

Sobre pergunta relacionada com profecias:

“Segundo as mais antigas manifestações mediúnicas, em caráter profético, a Humanidade experimentaria no último quartel do século XX uma transformação radical. Allan Kardec, a seu turno, escreveu que a Terra é um ‘planeta de provas e expiações’ e que oportunamente se transladaria para um mundo melhor, que seria de ‘regeneração’. Acreditamos que na atualidade, em plena glória tecnológica, quando o homem puder interpretar um maior número de enigmas do Universo e da Vida, mas não conseguiu interpretar o enigma de si mesmo e nem a problemática do amor, inicia-se uma radical transformação que vai projetar as criaturas num outro ciclo evolutivo. Nostradamus, sem dúvida, foi um dos mais eficientes e lúcidos profetas dos últimos séculos, porque teve uma visão perfeita do que vem acontecendo na atualidade; e nós, espíritas, cremos perfeitamente que muitas das suas profecias, dentro da lógica hoje confirmada pela Parapsicologia, se realizam com exatidão, reafirmadas pelos postulados kardecianos, conforme o que se refere à mudança do Mundo de Expiação para o Mundo de Regeneração.” (O Clarim, 15/3/1974, p.4- 5).

Questão sobre o então projeto de Confraternização de Espíritas da Alta Noroeste (de 1982):

“É justo que realizemos uma obra de inteireza, sem divisionismos a já nos acostumamos: um trabalho integral que reúna jovens, infantes, adultos, em torno da causa espírita. É indubitavelmente, o de maior relevância, não obstante coo se depreenderá, os interesses serão variados, e, referentes às faixas etárias a que cada um estagia, mas dando-se o sentido de globalidade aglutina-se todas essa gama de pessoas, em torno da causa comum que é o Espiritismo, evitando criar-se barreiras entre jovens e adultos, e implicâncias entre adultos e jovens. Acreditamos que, esse é o espírito da unificação, e que virá preencher uma grande lacuna, porque de qualquer forma os interesses de crianças, jovens, adultos e velhos são os mesmos, variando apenas a forma de colocação desses interesses.” (Revista Internacional de Espiritismo, 1982, p. 365-368).

E nessa mesma entrevista sobre homenagens programadas para Benedita Fernandes, em março de 1982:

“Trata-se de uma oportunidade muito feliz para se despertem sentimentos equivalentes […] Benedita Fernandes é bem um exemplo de poder da fé, com a renovação espiritual, compreendendo a realidade da vida transcendente…”

A propósito de curso sobre mediunidade e sobre as curas realizadas por médiuns:

“A respeito de desenvolvimento mediúnico Divaldo se referiu à experiência local: O melhor método de orientação ao desenvolvimento mediúnico ainda é o COE, para estudo, porque predispõe, ensino; como o próprio nome diz orienta, naturalmente que adaptado a cada necessidade local. Como por exemplo, sei que aqui em Araçatuba – com conversei muito com o Cesar, através dos anos -, a aplicação do COEM é realizada dentro das chamadas necessidades do movimento espírita de Araçatuba […] Mas este é o método kardequiano: estudo, reflexão, exercício, meditação…”

“[…] Quanto às curas espirituais, hoje muito decantadas, elas são mais um ato de caridade do que de serviço doutrinário. […] Deveremos ver nestes fenômenos um chamamento para a meditação em torno da sobrevivência da alma, mas divulgação da Doutrina é diferente. Uma noite de Chico Xavier, fenômeno dos mais notáveis, abala muito mais que 1001 espetáculos. A Doutrina tem a função de nossa renovação íntima, plena e total.” (Jornal A Comarca, Araçatuba, 12/7/1983).

Sobre a realização de estatísticas para subsidiar medidas de melhoria do Centro Espírita:

“Se a finalidade é de fazer uma análise da metodologia aplicada, é muito recomendável. Mas se o caráter é estatístico, para divulgação dos trabalhos que realizamos, não vemos aí, um fundamento doutrinário […] O nosso trabalho é mais profundo e mais sutil, que é a cura interior… Temos visto, por exemplo, Instituições que fazem fichas muito bem elaboradas, praticamente adentrando-se no comportamento pessoal do indivíduo, para depois fazer uma consulta superficial, receber um conselho, uma orientação doutrinária. Ficamos técnicos nessa área e nos esquecemos daquele outro fator essencial em Doutrina Espírita, que é a ação da caridade anônima, despreocupada, gentil, sem constranger a pessoa a dar informações, muitas vezes, que a perturbam emocionalmente.” (Diálogo. Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas e Laços de família. 4.ed., Item 2.3., Editora USE, 1995).

Nesse mesmo livro, em pergunta sobre receituário e cirurgias mediúnicas, de longa resposta, extraímos a frase:

“[…] as pessoas mudam de doenças quando deveriam mudar de comportamento!” (item 2.7)

A respeito da força do jovem espírita no Centro e no Movimento, Divaldo respondeu em questão do mesmo livro da USE:

“[…] Engajá-los nas atividades habituais, procurando fazer com ele sinta a responsabilidade da Casa, que se vincule, que assuma compromissos dentro do seu nível de conhecimento e das suas possibilidades, são um grande passo. Deveremos honrar os nossos jovens, dando-lhes responsabilidades e oportunidades de serviços, aceitando-os conosco. Convidemo-los, pois que são a nova mentalidade, para que nos ajudem a arrebentar os ranços que trazemos do passado e deem ao nosso movimento uma dinâmica nova…”

A relação entre lar e sociedade, respondida durante o lançamento nacional da Campanha Viver em Família (São Paulo, janeiro de 1994):

“[…] Quando o lar está edificado sobre bases saudáveis, sempre a família se vincula a outra pessoa, por processo de afinidade, que também está edificada em estruturas de equilíbrio, e, em breve, formamos um grupo social, no qual nos movimentamos. Esse grupo familiariza-se com outro, logo influenciando a família social, universal.” (Laços de família, 8.ed., 1ª. parte, p.66-67, 2002).

Em entrevista para o CFN da FEB, em 1999, na condição de presidente da USE-SP, fizemos perguntas ao Divaldo. Eis trechos de uma delas, sobre Centro Espírita e relacionamento com o que chamamos de “engessamento” da mediunidade:

“Nós deveremos trabalhar muito pela disciplina na Casa Espírita, mas não podemos olvidar dos sentimentos, tendo em mente que um grande número de neófitos, que busca nossa Casa, é constituído por pessoas muito sofridas, que não encontraram respostas além, e vêm até nós buscando entendimento, cordialidade. Eis uma das funções do Atendimento Fraterno, porque graças a um bom atendimento Fraterno, a pessoa se sente em casa. […] Será muito bom se meditarmos nessa proposta do Cesar e dermos mais espontaneidade às nossas reuniões.”(Conversa Fraterna: Divaldo Franco no Conselho Federativo Nacional. FEB, 2001, p.28). 

De entrevista que coordenamos durante a reunião do CFN da FEB, em 2011, e sobre questão relacionada com a administração de Centros:

“Considerando que o Centro Espírita é uma empresa, mas não segue os métodos empresariais do mundo, temo-la como sendo a Empresa de Jesus. Embora sejam necessárias as aplicações dos métodos administrativos conhecidos, o relacionamento deve ser sempre positivo, a solidariedade constante […] A Empresa de Jesus é viva e vibrante. […] O Centro não pode estar muito azeitado, como uma máquina, porque senão todo mundo fica muito profissional e perde a espontaneidade que deve viger em todas as nossas atividades.” (Em nome do amor, 2.ed. 2ª. parte. FEB Editora. 2013).

Sobre pergunta que fizemos sobre os preparativos – na época – para as comemorações dos 150 anos de O evangelho segundo o espiritismo, e incluída no mesmo livro acima citado, eis uns trechos:

 O evangelho segundo o espiritismo é a obra que coroa a Codificação.  Depois de citar as demais Obras Básicas da Codificação comentou Divaldo: “Mas o Evangelho é apoio moral. É a estrutura básica. É o retorno dos dias encantadores em que Jesus esteve conosco. […] O Evangelho é a água lustral para nos proporcionar a verdadeira harmonia interior.”

 

(*) – Ex-presidente da FEB e da USE-SP; membro da Comissão Executiva do CEI.

 

DE: http://www.noticiasespiritas.com.br/2016/MAIO/05-05-2016.htm;

http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/opini-es-de-divaldo-franco