Mães em livros de Chico Xavier

Mães em livros de Chico Xavier

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Pela passagem do “dia das mães”, focalizamos informações e trechos de algumas obras psicografadas por Chico Xavier. Na realidade o tema é desenvolvido em vários estilos e por diversos autores espirituais em muitos livros do médium.

De início, destacamos episódios sobre sua mãe, Maria João de Deus, desencarnada aos 29/09/1915 quando Chico tinha apenas cinco anos de idade. Muitos relatos existem sobre os momentos difíceis vividos pela criança que era médium natural e via e ouvia sua mãe, sempre ameaçado e punido pela madrinha Rita que o considerava um “menino aluado”. Até que seu pai casou-se com Cidália Batista, que reuniu todos os filhos do marido e Chico a considerou um “anjo bom”.(1)

Fato histórico aconteceu na casa da família Xavier, em Pedro Leopoldo, no dia 07 de maio de 1927, para o atendimento da jovem Maria da Conceição Xavier que se encontrava obsidiada. O casal de médiuns Carmem e José Hermínio Perácio lá compareceu e o jovem Chico, com 17 anos de idade e católico praticante, acompanhou as leituras, prece e passe para o atendimento de sua irmã. No final, o espírito Maria João de Deus enviou recado ao filho Chico: “Os livros à nossa frente não dois tesouros de luz”, referindo-se a “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho segundo o Espiritismo” que o casal visitante deixava naquele lar. Chico leu avidamente as duas obras de Kardec e poucos dias depois estava convencido do magistral conteúdo e no final de junho de 1927 juntamente com irmãos e amigos fundava o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo.(1)

A genitora desencarnada de Chico indicou o roteiro novo ao filho. Iniciava-se a missão do maior médium de nossa Civilização.

No ano de 1935 vinha a lume a obra “Cartas de uma morta”, do espírito Maria João de Deus, editado pela LAKE de São Paulo. Esse histórico segundo livro psicografado por Chico tem sua mãe como autora espiritual. Ela descreve vários momentos de sua situação espiritual e apresenta diversos aspectos do mundo dos Espíritos, chegando até a descrição sobre o planeta Marte.(2)

Entre muitas produções psicográficas de Chico Xavier no ano de 1971, surge a de número 108 – “Mãe” -, uma antologia mediúnica publicada pela Casa Editora O Clarim.(3) Nessa obra foram reunidas dezenas de mensagens psicografadas pelo médium e assinadas por diversos espíritos. Em “Mãe”, Wallace Valentim Rodrigues assina substancioso prefácio historiando a origem da comemoração do “dia das mães”, idealizado pela americana Anna Jarvis.

O espírito Meimei faz a apresentação espiritual: “Mãezinha. Enquanto o mundo te adorna a presença com legendas sublimes, abrilhantando-te o nome, quis trazer-te a homenagem de meu reconhecimento e de meu carinho, segundo as dimensões de tua bondade, e te rememorei os sacrifícios… – se te posso entregar algo mais, deixa que te oferte o meu próprio coração, neste livro de ternura, por dádiva singela de minha confiança e carinho, num ramalhete de amor. Uberaba, 01 de março de 1.971”. (3)

Dessa Antologia Mediúnica destacamos alguns trechos. O espírito Maria João de Deus homenageia Celina, da equipe de Maria: “Quando elevamos ao céu nosso olhar suplicante, há para todos nós, os que se afligem na provação, uma carinhosa e compassiva Mãe que nos ampara e consola… Compadece-se de nossa dor, contempla-nos com misericórdia e manda-nos então o anjo da sua bondade, para balsamizar nossos padecimentos… É Celina, a suave mensageira da Virgem, a Mãe de todas as mães, o gênio tutelar da humanidade sofredora…” (3)

Sempre terna, Maria Dolores anota: “Entretanto, meu Deus, mais do que tudo, agradeço-te em prece enternecida O regaço materno que me trouxe para a glória da vida!… Em tudo, em todo o tempo e em toda a parte, sê bendito, Senhor, Pela santa Mãezinha que me deste, me tesouro de amor!” (3)

André Luiz alerta: “Mães da Terra! Mães anônimas! Sois vasos eleitos para a luz da reencarnação! Por maiores se façam os suplícios impostos à vossa frente, não recuseis vosso augusto dever, nem susteis o hálito do filhinho nascente – esperança do Céu a repontar-vos do peito!… Não surge o berço em vosso coração por acaso.” (3)

Notável orientador, Emmanuel pondera: “Quando te vejas, diante de filhos crescidos lúcidos, erguidos à condição de dolorosos problemas do espírito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas. Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado 129 para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado em silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.” (3)

Sempre poeta, Bittencourt Sampaio refere-se a Maria: “Filhas da terra, mães, irmãs, esposas,/ No turbilhão dos homens e das cousas,/ Imitai-A no dor do vosso trilho!…/ Não conserveis do mundo o brilho e as palmas,/ E encontrareis no íntimo das almas, A alegria do reino de Seu Filho!” (3)

Nessa síntese fica clara a relação amorosa e orientadora de Maria João de Deus com o filho e este, como psicógrafo, sendo intermediário de esclarecimentos sobre o papel das mães na ótica espiritual.

Referências:

1) Gama, Ramiro. Lindos casos de Chico Xavier. 19ª ed. São Paulo: LAKE. 214p.

2) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Maria João de Deus. Cartas de uma morta. 9ª ed. São Paulo: LAKE. 86p.

3) Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Mãe. Antologia mediúnica. 3ª ed. Matão: O Clarim. 224p.