João, o Maestro – Genialidade, Superação e Paixão

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O filme em exibição (*) “João, O Maestro” é um longa-metragem biográfico  brasileiro baseado na carreira como pianista do maestro João Carlos Martins, com direção e roteiro de Mauro Lima. Retrata a vida de João Carlos Martins, nascido em São Paulo em 1940, um prodígio do piano de fama internacional especialmente pelas suas gravações das obras de Johann Sebastian Bach.

Jovem genial se destaca nos Estados Unidos, onde sofreu um pequeno acidente em jogo de futebol com amigos no Central Park, em Nova York, comprometendo a inervação de seu braço direito. Retorna ao piano mas passa depois um período fora do meio artístico. Sua paixão pelo piano faz com que retorne aos concertos, usando apenas uma das mãos. Gravou toda a obra de Bach. Um segundo acidente, durante um assalto na Bulgária, retira os movimentos da mão direita e como sequela desenvolveu no membro superior saudável, o esquerdo, uma doença neurológica. O pianista João Carlos Martins lutou e se reinventou. Tornou-se prestigiado maestro e empreendeu notável trabalho de apoio à educação musical e estímulo aos talentos de jovens, e contando com o apoio do empresariado paulista criou orquestras com tais jovens, originando a Bachiana Filarmônica SESI-SP.

Em entrevista à TV, João Carlos Martins relatou também que ao buscar recursos para a superação dos problemas na mão direita, teria procurado um médium “pai de santo”. Este informou-o que não se preocupasse, porque mais à frente esta mão ficaria igual à esquerda. Ao relatar o episódio na entrevista, o músico sorriu porque não imaginaria que após um segundo acidente, ocorreria o comprometimento da mão esquerda. Ou seja, as duas ficaram lesadas!

Destacamos que a informação de ordem espiritual foi autêntica!

Alguns lances de precocidade da infância de João Carlos Martins de conhecimento e desenvoltura musical praticamente inatos são sugestivos de experiência de vidas anteriores. A criança e depois o jovem pianista seguem vertiginosa carreira de reconhecimento internacional.

Os repetidos acidentes comprometendo gradualmente os dois membros superiores – justamente num pianista de grande valor e de renome internacional – poderiam ter encerrado sua carreira artística. No entanto, João Carlos Martins lutou em cada etapa, tendo acesso a sofisticados tratamentos, conseguindo soluções viáveis para suas mãos. Mesmo com limites sérios, insistiu nos concertos de piano. Quando praticamente não pode contar mais com os dedos, optou pela atuação como maestro.

Consideramos que o genial João Carlos Martins deu mostras eloquentes de grande força de espírito e de superação de inúmeros problemas. Como maestro, dedica-se a meritório trabalho social, propiciando educação artística a crianças e jovens e até constituindo valorosa e reconhecida orquestra com eles.

Essa atuação nos chama atenção porque a genialidade, aliada com os nobres esforços de superação, se direcionou para o bem praticado junto à sociedade. A somatória do belo com o bem, como expressões de uma paixão bem direcionada, demonstram amor ao próximo!

(*) Lançado em agosto de 2017.

 

(Ex-presidente da USE-SP e da FEB)