Evangelização em Araçatuba década 40/50

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Nilza Teresa Rotter Pelá
(Ribeirão Preto, SP)

            Lembro-me de minha mãe levando-me e as minhas duas irmãs para receber o benefício do passe pelas mãos de Dona Irma. Não entendia muito bem o que aquilo significava, entretanto a sensação de bem estar agradava-me.

            Sabia ser uma prática espírita, mas realmente fui entender mais tarde pelas explicações dadas pelas evangelizadoras do “Varas da Videira”.

            Comecei a participar da evangelização ainda pequena para acompanhar a Sônia e a Ivone, filhas de Dona Irma e Sr Francisco, minhas colegas de escola e amigas.

            Era uma alegria subir as escadas do “Varas da Videira” para ter aula lá em cima, onde o salão era ocupado por 3 turmas diferentes, uma em cada canto. Reuníamo-nos para as preces do início e final e para cantar e quando e vez, em ocasiões festivas, o grupo ia feliz para as fotos que naquela época era um grande acontecimento diferente de hoje que se fotografa tudo para as redes sociais.

            Gradativamente fui entendendo o significado de reencarnação, comunicação de espíritos, pluralidade de mundos habitados, psicografia e comportamento cristão. Passagens do Evangelho nos eram contadas para que entendêssemos os ensinamentos de Jesus.

 Não havia livros Infanto juvenis disponíveis, mas foram lidos: Timbolão, Maricota Serelepe e mais tarde Mensagem do Pequeno Morto. Eram livros enormes, de nosso ponto de vista, com ilustrações maravilhosas. Lembro-me de um Catecismo, mas não sei precisar ser o de Cairbar Schutel ou de Leon Denis.

            Uma vez por mês, na sala de baixo, Dona Irma dava passividade ao espírito de um índio que nos contava histórias de sua tribo, era impressionante ver a médium, de constituição franzina, falando com tom de voz grave. Para nós sempre foi natural, pois sabíamos que não era Dona Irma, mas o Índio que falava conosco.

            Vizinho ao prédio do Centro havia um arbusto que dava flor o ano todo e nós, as meninas, gostávamos de, ao término da aula, usar essas flores como brincos.

            À medida que crescíamos e fomos para a mocidade as turmas foram diminuindo quando a complexidade dos estudos aumentava.

Tenho ainda comigo o exemplar de “Agenda Cristã” que me foi presenteado por Dona Edith com dedicatória e datada de 6/9/59. Como é impresso em papel jornal está em lamentável estado, mas carrega as boas vibrações de um período muito importante e feliz de minha vida.

 Minha gratidão a todos que me ensinaram com clareza e simplicidade a Doutrina dos Espíritos.

Extraído de: Notícias do Movimento Espírita. São Paulo, SP,  quarta-feira, 07 de dezembro de 2016. Compiladas por Ismael Gobbo. Acesso: http://www.noticiasespiritas.com.br/2016/DEZEMBRO/07-12-2016.htm

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OBS.: Um dos primeiros contatos com espíritas em Araçatuba (SP), em nossa infância, foi no lar do casal Irma e Francisco Martins Filho. – Perri (Carvalho, Antonio Cesar Perri. O espiritismo em Araçatuba. Araçatuba: UMEA. 1975).