Doutrina Espírita com base na Bíblia

Doutrina Espírita com base na Bíblia

José Reis Chaves

- Resposta a um comentário de uma coluna no portal do jornal

O Tempo -

Abordaremos um comentário, no ‘espaço dos comentários’ dessa coluna, no Portal de O TEMPO. Como as matérias dela demonstram o que é a doutrina espírita com base na Bíblia, ela incomoda muito os adversários do espiritismo. Quero esclarecer que não sou um aventureiro nas minhas abordagens bíblicas, pois estudei para padre Redentorista e, para fazer o trabalho que faço hoje, procurei me aprofundar mais ainda no estudo da Bíblia e da Teologia Cristã, mas sem as ideias preconcebidas sobre as interpretações de ambas.

Os paradigmas novos sempre incomodam os adeptos conservadores dos antigos, principalmente os religiosos. Mas a verdade religiosa se concretiza exatamente com a sua evolução. E ninguém consegue barrar a evolução. E, por causa dessa coluna em O TEMPO, desde o ano de 2.000, meus livros, programas na Rádio Boa Nova e na TV Mundo Maior, ambas em SP, tenho feito palestras e seminários, em vários Estados do Brasil, e em Portugal. Alegro-me muito, por ela ser muito lida não só pelos espíritas, mas também, por padres, bispos e pastores e que frequentam também aquele espaço dos comentários do citado fórum na Internet.

E repito que não sou um aventureiro que fala sobre a Bíblia sem ter dela um estudo sério, mas sem os abusos comuns de suas interpretações pelos estudiosos dela, ora alegóricas, ora literais, que tanto dividem os cristãos. E falo com convicção que a Bíblia não é a palavra de Deus, pois nela há muitos erros e contradições que é até uma blasfêmia atribuí-los à autoria de Deus. Aplaudo o que diz hoje a Igreja Católica: a Bíblia é a palavra de Deus escrita por homens.

No espiritismo encontramos também ensino semelhante a esse da rainha das igrejas cristãs. Com relação à coluna “A modernização da Bíblia é para tirar dela as ideias espíritas”, de 18/6/2018, esclareço que quando a Bíblia fala que Deus castiga, premia ou perdoa, na verdade é a lei de causa e efeito que funciona. Colhemos o que semeamos!

Na citada coluna, entre outros exemplos, citei Êxodo 20: 5, em que se lê, nas Bíblias antigas até a década de 1930:

“Visito a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira (netos) e quarta (bisnetos) gerações,” como está também na Vulgata Latina de são Jerônimo. Isso significa que é o mesmo espírito do pai pecador (primeira geração) que paga o pecado reencarnando nos seus descendentes, o que sugestiona a ideia da reencarnação. É que o autor bíblico do texto vê como pecador o espírito do pecador e não o seu corpo e os corpos descendentes dele. E os tradutores modernos, percebendo essa ideia da reencarnação do espírito pecador que retorna, passaram a traduzir a preposição ‘em’ mais o artigo ‘a’ (na) por ‘até’ mais o artigo ‘a’ (até a). Aí sim, é que aparece a ideia de descendentes pagarem os pecados de um seu antepassado, o que é contra a Bíblia. A alma que pecar é que paga seu pecado. (Ezequiel 18: 20).

E um comentarista evangélico radical, no fórum citado, na internet, para despistar a ideia da reencarnação do texto antigo mencionado, teve a ousadia de dizer que o pecado é de idolatria. Ora, na coluna, não interessa o tipo de pecado, mas o pagamento pelo mesmo espírito pecador do passado, do ponto de vista espiritual bíblico e não material, ou seja, dos corpos! Esse comentarista evangélico, em vão, engana seus seguidores, tentando esconder mais uma ideia da reencarnação na Bíblia!

(J.Reis Chaves, Belo Horizonte: jreischaves@gmail.com)