Divaldo – Ainda a pandemia

Divaldo: Ainda a pandemia

Divaldo Franco

A grande catástrofe da pandemia que aturde a humanidade merece consideração especial de todos nós.

Quando esperávamos que fosse diminuir a contaminação, eis que irrompe mais devoradora e cruel do que nas fases anteriores. As providências tomadas pelas autoridades têm objetivado diminuir o contato entre os indivíduos, mantendo os cuidados estabelecidos como preventivos.

Nada obstante, a rebeldia sistemática das criaturas humanas procura meios inadequados para divertir-se, organizando festas, nas quais as precauções recomendadas são todas relegadas a plano secundário. Inevitavelmente, depois desses prazeres não justificáveis, aumenta o número de pessoas contaminadas e, naturalmente, a pandemia permanece alastrando-se.

Esta é uma enfermidade que nos exige muito cuidado para não serem contaminadas as pessoas ainda saudáveis.

Nem todo indivíduo que se encontra infectado experimenta os sinais que caracterizam a presença da enfermidade.

Pode alguém estar infectado e não apresentar qualquer um dos seus sintomas clássicos.

Apesar disso, o paciente pode continuar contaminando todos aqueles com os quais mantenha contato.

Temos lido nas comunicações sociais casos terríveis, entre outros, muito me impressionou aquele de um jovem que no Natal, sentindo-se muito bem, foi visitar a família.

Os seus pais idosos e seus irmãos, uma moça e um rapaz receberam-no com muita alegria. Logo depois, o genitor apresentou os sintomas típicos da Covid-19 e foi piorando, apesar do tratamento médico. Internado de emergência, foi levado à UTI, entubado e três dias após veio a falecer. Nesse ínterim, a sua esposa igualmente adoeceu e foi transferida para outro hospital, onde atingiu um nível de UTI, vindo a desencarnar em grande desesperação. Nesse momento, o casal de filhos também apresentou os mesmos sintomas e, para sintetizar, em 40 dias morreram os pais e os irmãos daquele paciente aparentemente saudável, que agora, depois do tratamento conveniente, sente-se culpado por haver sido um instrumento de destruição da sua família.

É fácil imaginar-se a angústia, o desespero e a culpa que este jovem experimenta, apesar de encontrar-se curado.

Temos a falsa ideia de que nos não contaminamos até o momento em que já é tarde demais. Não facilitemos de maneira nenhuma o contágio perigoso. Evitemos a proximidade das demais pessoas, usemos máscara e utilizemos o álcool em gel após lavar as mãos com muito cuidado e demoradamente com sabão.

Lemos nas redes sociais pedidos desesperados para que envolvamos pessoas queridas no elevado mister das orações, no entanto, muitos daqueles que se encontram afetados provavelmente se descuidaram e agora sofrem o desespero da enfermidade cruel.

Artigo publicado no jornal A Tarde, Salvador (BA), coluna Opinião, 15 de abril de 2021.