O bem é incansável

O bem é incansável

E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem. – Paulo. (2ª Epístola aos Tessalonicenses, 3:13.)

É muito comum encontrarmos pessoas que se declaram cansadas de praticar o bem.

Estejamos, contudo, convictos de que semelhantes alegações não procedem de fonte pura.

Somente aqueles que visam determinadas vantagens aos interesses particularistas, na zona do imediatismo, adquirem o tédio vizinho da desesperação, quando não podem atender a propósitos egoísticos.

É indispensável muita prudência quando essa ou aquela circunstância nos induz a refletir nos males que nos assaltam, depois do bem que julgamos haver semeado ou nutrido.

O aprendiz sincero não ignora que Jesus exerce o seu ministério de amor sem exaurir-se, desde o princípio da organização planetária.

Relativamente aos nossos casos pessoais, muita vez terá o Mestre sentido o espinho de nossa ingratidão, identificando-nos o recuo aos trabalhos da nossa própria iluminação; todavia, nem mesmo verificando-nos os desvios voluntários e criminosos, jamais se esgotou a paciência do Cristo que nos corrige, amando, e tolera, edificando, abrindo-nos misericordiosos braços para a atividade renovadora.

Se Ele nos tem suportado e esperado através de tantos séculos, por que não poderemos experimentar de ânimo firme algumas pequenas decepções durante alguns dias?

A observação de Paulo aos tessalonicenses, portanto, é muito justa. Se nos entediarmos na prática do bem, semelhante desastre expressará em verdade que ainda nos não foi possível a emersão do mal de nós mesmos.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 11. FEB)

Desapontamento

Desapontamento

Desapontamento: causa de numerosas perturbações e desequilíbrios.

Entretanto, é no desapontamento que, muitas vezes, se corrigem situações e recursos.

Naquilo que chamamos desilusão, em muitos casos, é que os Poderes Maiores da Vida se expressam em nosso auxílio.

Por isso mesmo, todo desencanto reveste determinado ensinamento dos Mensageiros Divinos, indicando-nos as diretrizes que nos cabe trilhar.

Avisos e advertências.

Apelos e informações.

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A existência é comparável ao trânsito em que se dirige cada um a certos fins.

Desapontamento e o sinal vermelho, esclarecendo: “Não por aqui” ou “agora não”.

Se algum desengano te assaltou o espírito, não te deixes vencer por tristeza negativa.

Guarda a mensagem inarticulada que ele encerra e, prosseguindo à frente, na execução dos próprios deveres, apreender-lhe-ás o sentido.

Aspiração frustrada é indicação do melhor caminho para o futuro.

Plano derruído é base a projetos mais elevados de ação.

Prejuízo é remanejamento aconselhável para aquisição de segurança. Inibições significam defesa.

Afeição destruída é o processo de perder a carga de inquietações inúteis em torno de corações respeitáveis, mas ainda inabilitados a vibrar com os nossos no mesmo nível de ideal e realização.

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Nos dias que consideres amargos pela dor que te apresentem, aceita o remédio invisível dos contratempos que a vida te impõe.

seguindo adiante, trabalhando e servindo, auxiliando e aprendendo, a breve trecho de espaço e tempo, reconhecerás que desapontamento em nós é cuidado de Deus.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido; Pires, José Herculano. Na hora do testemunho. São Paulo: Paideia)

Raiou a luz

Raiou a luz

“O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, a luz raiou.” – Mateus, 4: 16.

Referindo-se ao início da Sublime Missão de Jesus, o apóstolo Mateus classifica o Mestre como a Grande Luz, que começava a brilhar para os que permaneciam estacionados nas trevas e para os que se conservavam na região de sombras da morte.

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Essa imagem fornece uma ideia geral da interpenetração de planos em todos os centros da vida humana.

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Na superfície do mundo desenvolvem-se os que se encontram na sombria noite de ignorância, e esforçam-se os espíritos caídos nos resvaladouros do crime, mortos pelos erros cometidos, aspirando o dia sublime da redenção.

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Semelhante paisagem, todavia, não abrange tão somente os círculos das criaturas que se revestem de envoltório material, porque é extensiva à grande quantidade de seres terrestres que militam nos labores do orbe sem a indumentária dos homens encarnados.

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O Mestre, pois, é o Orientador Supremo de todas as almas que permanecem ou transitam no mundo terreno.

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Sua Luz Imortal é o tesouro imperecível das criaturas.

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Os que aprendem ou resgatam, os que se curam ou que expiam encontram em Seu coração a claridade dos Caminhos Eternos.

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A multidão que estaciona nas trevas da ignorância e as fileiras numerosas dos que foram detidos na região da morte pelo próprio erro devem compreender essa Luz que está brilhando aos seus olhos desde vinte séculos.

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Antes do Evangelho podia haver grande sombra, mas com o Cristo vibra a claridade resplandecente de novo dia.

Que saibamos compreender a missão dessa Luz, pois sabemos que toada manhã é um novo apelo ao esforço da vida.

Emmanuel 

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Levantar e seguir. Capítulo “Raiou a Luz”. São Bernardo do Campo: GEEM)

Falsos profetas

Falsos profetas

Falso profeta não é somente aquele que perturba o serviço da fé religiosa.

Sempre que negamos a execução fiel dos nossos deveres, somos mistificadores, diante da Lei Divina, que nos emprestou os dons da Terra, em favor do aprimoramento de nós mesmos.

Na maledicência, somos falsos profetas da fraternidade.

Na discórdia, somos mistificadores da paz.

Na preguiça, somos charlatões do trabalho.

Na indiferença, somos inimigos do dever.

Toda vez que olvidamos as nossas obrigações de solidariedade para com os nossos semelhantes, que prejudicamos o serviço que nos cabe atender, que fugimos aos nossos testemunhos de humildade, que oprimimos as criaturas inferiores, somos Falsos Profetas do Ideal Superior que abraçamos com o Cristo.

A terra é a nossa escola.

O lar é o nosso templo.

O próximo é o nosso irmão.

A humanidade é a nossa família.

A luta é o nosso aprendizado.

A natureza é o livro sublime da vida.

Não nos esqueçamos, assim, de que, um dia, seremos chamados à prestação de contas dos talentos e dos favores que hoje desfrutamos, para resgatar o dia de ontem e santificar o dia de amanhã.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Levantar e Seguir. Lição nº 11. São Bernardo do Campo: GEEM).

PRETENSÕES

PRETENSÕES

“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.” — Paulo. – (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, capítulo 3, versículo 6.)

A igreja de Corinto estava cheia de alegações dos discípulos inquietos.

Certos componentes da instituição imprimiam maior valor aos esforços de Paulo, enquanto outros conferiam privilégios de edificação a Apolo.

O advogado dos gentios foi divinamente inspirado, comentando o assunto em sua carta.

Por que pretensões individuais numa obra da qual somos todos beneficiários do mesmo Senhor?

Na atualidade, é louvável o exame da recomendação de Paulo aos Coríntios, porqüanto já não são os usufrutuários da organização cristã que se rejubilam pela recepção das bênçãos do Evangelho através desse ou daquele dos trabalhadores do Cristo, mas os operários da causa que, por vezes, chegam ao campo de serviço exibindo-se por vultos destacados dessa ou daquela obra do bem.

A certeza de que “toda boa dádiva vem de Deus” constitui excelente exercício para os trabalhos comuns.

É interessante observar como está sempre disposto o homem a se apropriar de circunstâncias que o elevem no alheio conceito com facilidade.

Sempre inclinado a destacar-se nos círculos do bem que ainda lhe não pertence de modo substancial, raramente assume a paternidade dos erros que comete.

Essa é uma das singulares contradições da criatura.

Não te esqueças.

O serviço é de todos.

Uns plantam, outros adubam.

Vive contente no setor de trabalho confiado às tuas mãos ou à tua inteligência e serve sem pretensões, porque o homem prepara a terra e organiza a semeadura, por misericórdia da Providência, mas é Deus quem põe as flores nas frondes e concede os frutos, segundo o merecimento.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Caminho, verdade e luz. Cap. 138. FEB)

Correções

Correções

“Se suportais a correção, Deus vos trata como a filhos; pois que filho há a quem o pai não corrija?” Paulo (Hebreus, 12:7)

Bem­-aventurado o espírito que compreende a correção do Senhor e aceita-­a sem relutar.

Raras, todavia, são as criaturas que conseguem entendê-­la e suportá-­la.

Por vezes, a repreensão generosa do Alto – símbolo de desvelado amor – atinge o campo do homem, traduzindo advertência sagrada e silenciosa, mas, na maioria das ocasiões, a mente encarnada repele o aguilhão salvador, mergulha dentro da noite da rebeldia, elimina possibilidades preciosas e qualifica de infortúnio insuportável a influência renovadora, destinada a clarear-­lhe o escuro e triste caminho.

Muita gente, em face do fenômeno regenerativo, apela para a fuga espetacular da situação difícil e entrega­se, inerme, ao suicídio lento, abandonando­ se à indiferença integral pelo próprio destino.

Quem assim procede não pode ser tratado por filho, porquanto isolou a si mesmo, afastou­-se da Providência Divina e ergueu compactas paredes de sombra entre o próprio coração e as Bênçãos Paternas.

Aqueles que compreendem as correções do Todo­ Misericordioso reajustam-­se em círculo de vida nova e promissora.

Vencida a tempestade íntima, revalorizam as oportunidades de aprender, servir e construir e, fundamentados nas amargas experiências de ontem, aplicam as graças da vida superior, com vistas ao amanhã.

Não te esqueças de que o mal não pode oferecer retificações a ninguém.

Quando a correção do Senhor alcançar­te o caminho, aceita­a, humildemente, convicto de que constitui verdadeira mensagem do Céu.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 88. FEB)

Paulo por Emmanuel

Paulo por Emmanuel

(Trechos de “Breve notícia”, do livro Paulo e Estêvão, por Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, FEB)

"Não são poucos os trabalhos que correm mundo, relativamente à tarefa gloriosa do Apóstolo dos gentios. […] O mundo está repleto dessas fichas educativas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante.

As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos desejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções. Em toda parte há tendências à ociosidade do espírito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entregam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, preferindo as dominações e regalos de ordem material. Observando esse panorama sentimental é útil recordarmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso.

[…] Queremos recordar que Paulo recebeu a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às portas de Damasco, mas não podemos esquecer a declaração de Jesus relativa ao sofrimento que o aguardava, por amor ao seu nome.

Certo é que o inolvidável tecelão trazia o seu ministério divino; mas, quem estará no mundo sem um ministério de Deus? Muita gente dirá que desconhece a própria tarefa, que é insciente a tal respeito, mas nós poderemos responder que, além da ignorância, há desatenção e muito capricho pernicioso. Os mais exigentes advertirão que Paulo recebeu um apelo direto; mas, na verdade, todos os homens menos rudes têm a sua convocação pessoal ao serviço do Cristo. As formas podem variar, mas a essência ao apelo é sempre a mesma. O convite ao ministério chega, às vezes, de maneira sutil, inesperadamente; a maioria, porém, resiste ao chamado generoso do Senhor. Ora, Jesus não é um mestre de violências e se a figura de Paulo avulta muito mais aos nossos olhos, é que ele ouviu, negou-se a si mesmo, arrependeu-se, tomou a cruz e seguiu o Cristo até ao fim de suas tarefas materiais. Entre perseguições, enfermidades, apodos, zombarias, desilusões, deserções, pedradas, açoites e encarceramentos, Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre que se fizera ouvir nas encruzilhadas da sua vida.

Foi muito mais que um predestinado, foi um realizador que trabalhou diariamente para a luz.

O Mestre chama-o, da sua esfera de claridades imortais. Paulo tateia na treva das experiências humanas e responde: — Senhor, que queres que eu faça?

Entre ele e Jesus havia um abismo, que o Apóstolo soube transpor em decênios de luta redentora e constante.

Demonstrá-lo, para o exame do quanto nos compete em trabalho próprio, a fim de Ir ao encontro de Jesus, é o nosso objetivo.

Outra finalidade deste esforço humilde é reconhecer que o Apóstolo não poderia chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo.

Sem Estevão, não teríamos Paulo de Tarso. O grande mártir do Cristianismo nascente alcançou influência muito mais vasta na experiência paulina, do que poderíamos imaginar tão-só pelos textos conhecidos nos estudos terrestres. A vida de ambos está entrelaçada com misteriosa beleza. A contribuição de Estevão e de outras personagens desta história real vem confirmar a necessidade e a universalidade da lei de cooperação. E, para verificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fins de empreender a renovação do mundo.

Aliás, sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que equilibra o Universo.

[…] formulamos votos para que o exemplo do Grande Convertido se faça mais claro em nossos corações, a fim de que cada discípulo possa entender quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo."

Emmanuel

Pedro Leopoldo, 8 de julho de 1941.

QUEM SOIS?

QUEM SOIS?

“Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” (ATOS, 19: 15)

Qualquer expressão de comércio tem sua base no poder aquisitivo.

Para obter, é preciso possuir.

No intercâmbio dos dois mundos, terrestre e espiritual, o fenômeno obedece ao mesmo princípio.

Nas operações comerciais de César, requerem­-se moedas ou expressões fiduciárias com efígies e identificações que lhes digam respeito.

Nas operações de permuta espiritual requisitam­se valores individualíssimos, com os sinais do Cristo.

O dinheiro de Jesus é o amor.

Sem ele, não é lícito aventurar­se alguém ao sagrado comércio das almas.

O versículo aqui nomeado constitui benéfica advertência a quantos, para o esclarecimento dos outros, invocam o Mestre, sem títulos vivos de sua escola sacrificial.

Mormente no que se refere às relações com o plano invisível, mantendo cuidado por evitar afirmativas a esmo.

Não vos aventureis ao movimento, sem o poder aquisitivo do amor de Jesus.

O Mestre é igualmente conhecido de seus infelizes adversários.

Os discípulos sinceros do Senhor são observados por eles também.

Os inimigos da luz reconhecem­lhes o sublime valor.

Quando vos dispuserdes, portanto, a esse gênero de trabalho, não olvideis vossa própria identificação, porque, provavelmente, sereis interpelados pelos representantes do mal, que vos perguntarão quem sois.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Caminho, verdade e vida. Cap. 63. FEB)

Mensagem de Erasto

Mensagem de Erasto

Repeli impiedosamente todos esses Espíritos que reclamam o exclusivismo de seus conselhos, pregando a divisão e o insulamento. São quase sempre Espíritos vaidosos e medíocres, que procuram impor-se a homens fracos e crédulos, prodigalizando-lhes louvores exagerados, a fim de os fascinar e ter sob seu domínio. São geralmente Espíritos famintos de poder que, déspotas, públicos ou privados, quando vivos, ainda se esforçam, depois de mortos, por ter vítimas para tiranizarem.

Em geral, desconfiai das comunicações que tragam caráter de misticismo e de singularidade, ou que prescrevam cerimônias e atos extravagantes. Sempre haverá, nesses casos, motivo legítimo de suspeição. Por outro lado, crede que, quando uma verdade tenha de ser revelada aos homens, ela é comunicada, por assim dizer, instantaneamente, a todos os grupos sérios que disponham de médiuns sérios, e não a tais ou quais, com exclusão de todos os outros. Ninguém é perfeito médium, se está obsidiado, e há obsessão manifesta, quando um médium só se mostra apto a receber as comunicações de determinado Espírito, por maior que seja a altura em que este procure colocar-se.

Conseguintemente, todo médium, todo grupo que julguem ter o privilégio de comunicações que só eles podem receber e que, por outro lado, estejam adstritos a práticas que orçam pela superstição, indubitavelmente se acham sob o guante de uma das obsessões mais bem caracterizadas, sobretudo quando o Espírito dominador se pavoneia com um nome que todos, Espíritos encarnados, devemos honrar e respeitar e não consentir seja profanado a qualquer propósito.

É incontestável que, submetendo ao cadinho da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, fácil será descobrir-se o absurdo e o erro. Pode um médium ser fascinado, como pode um grupo ser mistificado. Mas, a verificação severa dos outros grupos, o conhecimento adquirido e a alta autoridade moral dos diretores de grupos, as comunicações dos principais médiuns, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos, farão justiça rapidamente a esses ditados mentirosos e astuciosos, emanados de uma turba de Espíritos enganadores e malignos.

Erasto (discípulo de São Paulo).

(Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O livro dos médiuns. 2a Parte, Cap. XXXI, item 27. FEB)

Seara dos médiuns

Seara dos médiuns

(Apresentação de Emmanuel para o livro Seara dos médiuns, psicografia de Francisco Cândido Xavier FEB, 1961)

Amigo leitor:

A Doutrina Espírita, em seu primeiro século, assemelha-se, de algum modo, à árvore robusta espalhando ramaria, flores, frutos e essências, em todas as direções.

Que princípios afins se lhe instalem nos movimentos, à maneira de aves tecendo ninhos transitórios nos galhos de tronco generoso, é inevitável; contudo, que os lavradores do campo lhe devem fidelidade e carinho, para que as suas raízes se mantenham puras e vigorosas, é outra proposição que não sofre dúvida.

Assim pensando, prosseguimos em nossos comentários humildes (1) da Codificação Kardequiana, apresentando, neste volume, o desataviado cometimento que nos foi permitido atender, no decurso das 90 reuniões públicas, nas noites de segundas e sextas-feiras, que tivemos a alegria de partilhar junto dos irmãos uberabenses, em 1960, na sede da Comunhão Espírita Cristã.

Dessa feita, O Livro dos Médiuns, que justamente agora, em 1961, está celebrando o primeiro centenário, foi objeto de nossa especial atenção. Os textos em exame foram escolhidos pelos companheiros encarnados, em cada reunião, e, depois dos apontamentos verbais de cada um deles, articulamos as considerações aqui expressas que, em vários casos, fomos com pelidos a deslocar do tema proposto, á face de acontecimentos eventuais, surgidos nas assembléias. Algumas das páginas, que ora reunimos, foram publicadas em Reformador, o respeitado mensário da Federação Espírita Brasileira, e no jornal A Flama Espírita, da cidade de Uberaba.

Esclarecemos, porém, que, situando aqui as nossas apreciações simples, na feição integral, com a ordem cronológica em que foram escritas e na relação das questões e respectivos parágrafos que O Livro dos Médiuns nos apresentava, efetuamos, pessoalmente, a total revisão de todas elas para o trabalho natural do conjunto.

Mais uma vez, asseguramos de público que o único móvel a inspirar-nos, no serviço a que nos empenhamos, é apenas o de encarecer o impositivo crescente do estudo sistematizado da obra de Allan Kardec – construção basilar da Doutrina Espírita, a que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo oferece cobertura perfeita -, a fim de que mantenhamos o ensinamento espírita indene da superstição e do fanatismo que aparecem, fatalmente, em todas as fecundações de exotismo e fantasia.

Esperando, pois, que outros seareiros venham à lide remediar-nos a imperfeição com interpretações e contribuições mais claras e mais eficientes em torno da palavra imperecível do grande Codificador, de vez que os campos da Ciência e da Filosofia, nos domínios doutrinários do Espiritismo, são continentes de trabalho a se perderem de vista, aqui ficamos em nossa tarefa de apagado expositor da Religião Espírita, que é a Religião do Evangelho do Cristo, para sublimação da inteligência e aprimoramento do coração.

Emmanuel

(1) Religião dos Espiritos é o livro em que o autor espiritual comentou O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, nas reuniões públicas de Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, Minas Gerais. (Nota da Editora)