Em torno da guerra

Em torno da guerra

A guerra será um desequilíbrio determinado por Deus?

Em hipótese alguma. Deus poderia ser considerado autor de desequilíbrios, quando constitui para nós outros a harmonia suprema? O flagelo da destruição representa o mais alto desequilíbrio dos homens, constitui seus instintos ferozes desencadeados, sua criminosa indiferença para com os poderes eternos, a resultante da tirania de suas leis. Busquemos figurar a solução para entendimento mais vasto.

O planeta é uma grande escola, onde o Espírito humano efetua um curso de aperfeiçoamento. O Senhor do Universo permite que os alunos organizem os regulamentos do enorme educandário à sombra de suas leis inelutáveis.

Eis que os discípulos se revoltam, disputam hegemonias injustificáveis, encarceram-se em concepções absurdas no capítulo da política, da filosofia, da religião. Surgem os atritos imensos. Depois do império da ambição, é o império da morte.

Quem poderia atribuir a Deus a desarmonia destruidora? Contra os que ousassem afirmá-lo, teremos a visão permanente das leis eternas, junto às quais Deus não permite a intervenção dos filhos inquietos.

Por mais que as nações se empenhem nos embates sangrentos, o sol continuará prestando benefícios a todos, indistintamente, o frio e a chuva chegarão a seu tempo, flores e frutos surgirão ao lado das batalhas.

Ainda que todos os milhões de alunos da grande escola marchassem uns contra os outros, ela continuaria equilibrada para todos, oferecendo a sagrada oportunidade que os discípulos ainda não chegaram a compreender. Vede, pois, a grande leviandade dos que ousam atribuir a Deus o movimento de incompreensão e ignorância das criaturas.

Poderíamos saber qual a nação que sairá vencedora do atual conflito europeu? (*)

Nenhum amigo ponderado dos homens, dos círculos de nossa Esfera espiritual, poderia opinar numa interrogação como essa.

Entretanto, como todo ensejo deve ser aproveitado para o bem, perguntamos de nossa parte: Onde encontraríamos o vencedor entre tantas desolações e ruínas?

Terminado o movimento, deveria haver na Terra um grande silêncio. O único triunfador seria Jesus Cristo, sem cujo fundamento de vida e verdade todos os protestos dos homens são inúteis.

O espetáculo é por demais doloroso para que se reflita em cânticos de vitória. Há corações maternos despedaçados, famílias dispersas, crianças que choram de fome, lares que se destroem sob tempestades de fogo.

Nas cidades bombardeadas, a dor se sobrepõe às esperanças. O sangue é uma ironia para o despotismo, a morte vagueia sobre a miséria das ruínas fumegantes e pergunta onde se encontra o espaço vital.

Os homens podem invocar o caráter sagrado dos princípios.

Mas todos os princípios generosos do mundo vieram do Cristo.

A criatura não poderá se gloriar de si própria. Por descuidarem da defesa desses patrimônios que Jesus lhes outorgou, eis que os homens movimentam a carreira das batalhas sangrentas, mobilizam canhões homicidas e semeiam carnificina e destruição.

Quando cair o último soldado, Jesus contemplará o campo ensopado de lágrimas e sangue, e chamando os contendores perguntará, com justiça: “Onde se encontra o vencedor?”

Emmanuel

(*) Obs.: Consta do original que a mensagem, trata de questões respondidas por Emmanuel, publicadas em 1942 na revista O Revelador, de São Paulo, capital) Reformador — Agosto de 1978.

De: Xavier, Francisco Cândido. Diversos espíritos; Weguelin, João Marcos (org.). Cartas do alto. Belo Horizonte: Vinha de Luz.

TRANSFORMAÇÃO

TRANSFORMAÇÃO

Emmanuel

Suspirando pelo domínio do espaço embriaga-se o homem, prelibando a contemplação dos reinos multifários da natureza cósmica, e, muitas vezes, fascinado pelas grandes promessas religiosas, antecipa-se ao julgamento da Humanidade, mentalizando cataclismas de variada expressão, com os quais cessaria a Divina Providência de reformar-nos a oportunidade de trabalho e progresso, burilamento e purificação sobre a Terra.

Entretanto, lembra-te de que para os milhares de consciências que hoje partiram ao encontro da grande renovação pelos braços da morte, todo o painel da existência sofreu modificação visceral e profunda…

Há revelações e surpresas todos os dias para quantos se vêem inelutavelmente chamados à definitiva transformação…

E, cada viajor constrangido à alteração dessa espécie, caminha segundo as suas próprias afinidades e preferências para a esfera que lhe corresponde aos desejos.

Não olvides que além da carne, em cuja protetora vestimenta agora estagias, outros círculos aguardam-te o cérebro e o coração.

Qual ocorre na experiência terrestre, em que diversos setores de atividade se entrosam no espaço de que dispomos, além do túmulo, os delinqüentes fazem a flagelação da penitenciária infeliz, os viciados constroem o cortiço da treva adequado à loucura em que respiram, os trabalhadores fiéis ao bem sustentam a oficina da caridade o túnel de esperança entre a dúvida humana e a certeza Divina.

Não vale desse modo, desertar do amor para o êxtase inútil, na previsão ociosa de paisagens e acontecimentos que surgirão, compulsórios, para quem se liberta e sim a educação constante de nossas próprias almas no estudo infatigável e no amor sem limites, porque o mundo que em verdade nos alçara ao Céu Pleno será o mundo de nós mesmos, quando puro e sem sombra, conseguir retratar a Grandeza Celeste.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Refúgio. Cap.Transformação. São Paulo: IDEAL)

AÇÕES E REAÇÕES

AÇÕES E REAÇÕES

Ante a coleção das boas ações de alguém é forçoso se lhe analisem igualmente as reações diante da vida. Um e outro lado do bem.

* * *

Doarás o prato substancioso a quem te bate à porta em penúria; mas não se te azedará o coração, se o beneficiário te fere com palavras de incompreensão e desequilíbrio. Ofertarás tua própria alma, a favor dos amigos, aos quais te devotas; entretanto, se algum deles te malversa os tesouros afetivos que lhe puseste ao dispor, abençoá-lo-ás, como sempre o fizeste, conquanto nem sempre lhe possas compartilhar, de imediato, a intimidade ou a convivência.

* * *

Atenderás ao impositivo de auxiliar os companheiros que se te aderem aos pontos de vista; no entanto, aprenderás a respeitar os adversários e a reverenciar as qualidades edificantes de que se façam portadores.

* * *

Exteriorizarás entusiasmo e alegria, nas horas belas da estrada; todavia, demonstrarás coragem e paciência, nos dias amargos, quando tudo pareça despedaçar-te os sonhos e aniquilar-te as esperanças.

* * *

Tuas ações constituem recursos que sorveste na organização crediária da vida. Tuas reações, porém, são as garantias que lhes preservam a estabilidade ou os golpes que lhes desmerecem o valor, conforme o bem ou o mal a que te afeiçoes. Se as tuas reações forem constantemente elevadas, decerto que as tuas realizações serão sempre respeitáveis e dignas.

* * *

Pelas ações somos retratados, segundo as tintas da opinião de cada um. Pelas reações somos vistos em nossa estrutura autêntica.

* * *

Provas, aflições, problemas e dificuldades se erigem na existência, como sendo patrimônio de todos.

O que nos diferencia, uns diante dos outros, é a nossa maneira peculiar de apreciá-los e recebê-los.

Anotemos semelhante realidade, porquanto, em nos consagrando ao exercício real da caridade, a benefício do próximo e a favor de nós mesmos, é indispensável nos mantenhamos vinculados aos ensinamentos do Cristo, na hora de agir e de reagir.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Rumo certo. Cap.10. FEB)

Vê e segue

Vê e segue

“Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo.” – (João, 9:25.)

Apesar de o trabalho renovador do Evangelho, nos círculos da consolação e da pregação, desdobrar-se, diante das massas, semeando milagres de reconforto na alma do povo, o serviço sutil e quase desconhecido do aproveitamento da Boa Nova é sempre individual e intransferível.

Os aprendizes da vida cristã, na atividade vulgar do caminho, desfrutam do conceito de normalidade, mas se não gozam de vantagens observáveis no imediatismo da experiência humana, quais sejam as da consolação, do estímulo ou da prosperidade material, de maneira a gravarem o ensinamento vivo de Jesus, nas próprias vidas, passam à categoria de pessoas estranhas, muita vez ante os próprios companheiros de ministério.

Chegado a semelhante posição, e se sabe aproveitar a sublime oportunidade pela submissão e diligência, o discípulo experimenta completa transposição de plano.

Modifica a tabela de valores que o rodeiam.

Sabe onde se ocultam os fundamentos eternos.

Descortina esferas novas de luta, através da visão interior que outros não compreendem.

Descobre diferentes motivos de elevação, por intermédio do sacrifício pessoal, e identifica fontes mais altas de incentivo ao esforço próprio.

Em vista disso, freqüentemente provoca discussões acesas, com respeito à atitude que adota à frente de Jesus.

Por ver, com mais clareza, as instruções reveladas pelo Mestre, é tido à conta de fanático ou retrógrado, idiota ou louco.

Se, porém, procuras efetivamente a redenção com o Senhor, prossegue seguro de ti mesmo; repara, sem aflição e sem desânimo, as contendas que a ação genuína de Jesus em ti recebe de corações incompreensivos e estacionários, repete as palavras do cego que alcançou a visão e segue para diante.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 95. FEB)

A VIOLÊNCIA

A VIOLÊNCIA

Genericamente, por violência, tomamos a atitude agressiva, desconcertante, que produz choque e gera receios.

Sob este aspecto, a violência se espraia por todos os quadrantes da Terra, ameaçando a integridade física, moral e social da Humanidade, convocando os estudiosos do comportamento a encontrar a gênese dessa atual nefasta epidemia…

Sempre houve violência no Mundo; porém, não generalizada como hoje. Antes era exercida pela prepotência dos dominadores de povos e pelas castas que se permitiam privilégios absurdos, espoliando e afligindo os fracos que se lhes submetiam, inermes.

Se considerarmos, porém, mais atentamente, os fatores criminógenos que levam a criatura a delinquir, vitimada pela violência, identificaremos os estados da insatisfação íntima, dos distúrbios da emotividade, aliciados aos graves fatores socioeconômicos de alarmante gravidade.

Esta violência, no entanto, que é alucinação, desequilíbrio psíquico, chama a atenção, estarrece…

Outra forma de violência há, danosa e mais grave, portanto, merecendo maior investimento, a fim de ser bloqueada ou anulada nas suas nascentes virulentas, propiciadoras daquela que estruge nas avenidas elegantes e nos logradouros miseráveis do mundo, aviltando e destruindo. Porque lesa os centros do sentimento humano, passa despercebida ou dissimulada, ocultando-se nos sorrisos da desfaçatez e da impiedade aplaudidas pelos interesses subalternos, nos recintos das ilusões douradas, onde muitos se locupletam.

A presença, na sociedade, de velhinhos em desvalimento, sem albergue nem amparo; a negação do direito de mínimo socorro à saúde a centenas de milhões de enfermos; o desinteresse pela falta de pão e água, o incontestável e crescente número de seres em condições sub-humanas; o abandono a que se encontram relegadas incalculáveis legiões de menores carentes; a tremenda escassez de oportunidade para a educação de menores em formação da personalidade são um libelo vigoroso de acusação, constituindo a mais torpe forma de violência contra o homem, em desrespeito à inalienável condição de criatura, que as Leis e os cidadãos dominantes desprezam e abandonam, impondo, na escravidão da ignorância que se estabelece, apenas superlativas, injustas e ingratas…

Coexistirem o luxo e a miséria, a abundância e a escassez, o excesso e a ausência, gerando a indiferença dos primeiros pelos segundos, negando-se aqueles a entenderem os últimos, isto é fator preponderante e característico do estado de primitivismo em que transita o progresso, na Terra, longe dos valores éticos, únicos capazes de tornar a vida digna de ser vivida e o homem menos lobo do homem, irmão, portanto, do seu próximo.

Ultrajados pelo desdém dos poderosos, que lhes negam a oportunidade de fruir o mínimo das condições humanas, aliás, reconhecidas, essas condições, pelos governos detodos os países ditos civilizados, arrogam-se, na infelicidade em que se rebolcam o dever de tomar pela força o que lhes é negado pelo egoísmo.

O problema básico da violência é o desamor humano, matriz da avareza e da insensibilidade de que se revestem os falsamente ditosos.

Quando se compreenda a necessidade de leis mais justas, objetivando atender e amparar os fracos e oprimidos, antes que mais esmagá-los e esquecê-los; quando a bondade se voltar para o auxílio fraternal; quando o amor sensibilizar as mentes e os corações, que se volverão para a retaguarda, distendendo oportunidades de serviço e apoio, modificar-se-á a paisagem moral terrena, porque, incidindo nos fatores causais da miséria, realiza a terapia preventiva contra o mal, desaparecendo a violência oculta, e a que explode na desdita e na dor cederá terreno à confraternização e ao trabalho dignificante que impulsionarão a marcha ascensional da Terra e dos homens, para o estágio de mundo melhor e mais feliz.

O antídoto para qualquer tipo de violência é sempre o amor, tal como o estímulo aos estados agressivos decorre do egoísmo.

Herança nefasta dos instintos que predominam na natureza animal do homem, a violência se diluirá à medida em que se sobreponha a sua natureza espiritual, que é a presença do Pai Criador ínsita em todos os seres.

Benedita Fernandes

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no Centro Espírita "Caminho da Redenção", em Salvador, no dia 18/12/1980:

- Divulgada pela União Municipal Espírita de Araçatuba (folheto, 1981). Publicada no jornal Flama Espírita, de Uberaba, de 24/10/1981;

- No livro: Franco, Divaldo Pereira. Terapêutica de emergência. 1.ed. Cap. 12. Salvador: LEAL. 1983;

- Nos livros: Carvalho, Antonio Cesar Perri. Dama da caridade. 2.ed. São Paulo: RADHU. 1987. P.89-91; Carvalho, Antonio Cesar Perri. Benedita Fernandes. A dama da caridade. 1.ed. Araçatuba: Cocriação. 2017. P.115-117;

- Fernandes, Benedita (Trad. J.E.) La violence. Revue spirite. 165 Anée. 4.Trimestre.P. 35-36. 2022.

Pacificação

Pacificação

“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” – Jesus

(Mateus, 5: 9).

Mas que queria Jesus dizer por estas palavras: “Bemaventurados os que são brandos porque possuirão a Terra”, tendo recomendado aos homens que renunciassem aos bens deste mundo e havendo-lhes prometido os do Céu? “Enquanto aguarda os bens do Céu, tem o homem necessidade dos da Terra para viver. Apenas, o que ele lhe recomenda é que não ligue a estes últimos mais importância que aos primeiros.”

(ESE, Cap. 9, 5).

Escutaste interrogações condenatórias, em torno do amigo ausente.

Informaste algo, com discrição e bondade, salientando a parte boa que o distingue e, sem colocar o assunto no prato da intriga, edificaste em silêncio a harmonia possível.

Surpreendeste pequeninos deveres a cumprir, na esfera de obrigações que te não competem.

Sem qualquer impulso de reprimenda, atendeste a semelhantes tarefas, por ti mesmo, na. certeza de que todos temos distrações lamentáveis.

Anotaste a falta do companheiro.

Esqueceste toda preocupação de censura, diligenciando substitui-lo em serviço, sem alardear superioridade.

Foges de divulgar-lhe a infelicidade e dispões-te a auxiliá-lo no momento preciso, sem exibição de virtude.

Recebeste queixas amargas a te ferirem injustamente.

Sabes ouvi-las com paciência, abstendo-te de impelir os irmãos do caminho às teias da sombra, trabalhando sinceramente por desfaze-las.

Caluniaram-te abertamente, incendiando-te a vida.

Toleras serenamente todos os golpes, sem animosidade ou revide, e, respondendo com mais ampla abnegação, no exercício das boas obras, dissipas a conceituação infeliz dos teus detratores.

Descobriste a existência de companheiros iludidos ou obsedados que se fazem motivos de perturbação ou de escândalo, no plantio do bem ou na seara da luz.

Decerto, não lhes aplaudes a inconsciência, mas não lhes agravas o desequilíbrio, através do sarcasmo, e oras por eles, amparando-lhes o reajuste, pelo pensamento renovador.

Se assim procedes, classificas-te, em verdade, entre os pacificadores abençoados pelo Divino Mestre, compreendendo, afinal, que a criatura humana, isoladamente, não consegue garantir a paz do mundo, mas cada um de nós pode e deve manter a paz dentro de si.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Livro da esperança. Uberaba: CEC)

Capacete da esperança

Capacete da esperança

“Tendo por capacete a esperança na salvação.” – Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:8.)

O capacete é a defesa da cabeça em que a vida situa a sede de manifestação do pensamento e Paulo não podia lembrar outro símbolo mais adequado à vestidura do cérebro cristão, além do capacete da esperança na salvação.

Se o sentimento, muitas vezes, está sujeito aos ataques da cólera violenta, o raciocínio, em muitas ocasiões, sofre o assédio do desânimo, à frente da luta pela vitória do bem, que não pode esmorecer em tempo algum.

Raios anestesiantes são desfechados sobre o ânimo dos aprendizes por todas as forças contrárias ao Evangelho salvador. A exigência de todos e a indiferença de muitos procuram cristalizar a energia do discípulo, dispersando-lhe os impulsos nobres ou neutralizando-lhe os ideais de renovação.

Contudo, é imprescindível esperar sempre o desenvolvimento dos princípios latentes do bem, ainda mesmo quando o mal transitório estenda raízes em todas as direções.

É necessário esperar o fortalecimento do fraco, à maneira do lavrador que não perde a confiança nos grelos tenros; aguardar a alegria e a coragem dos tristes, com a mesma expectativa do floricultor que conta com revelações de perfume e beleza no jardim cheio de ramos nus.

É imperioso reconhecer, todavia, que a serenidade do cristão nunca representa atitude inoperante, por agir e melhorar continuadamente pessoas, coisas e situações, em todas as particularidades do caminho.

Por isso mesmo, talvez, o apóstolo não se refere à touca protetora.

Chapéu, quase sempre, indica passeio, descanso, lazer, quando não defina convenção no traje exterior, de acordo com a moda estabelecida.

Capacete, porém, é indumentária de luta, esforço, defensiva.

E o discípulo de Jesus é um combatente efetivo contra o mal, que não dispõe de muito tempo para cogitar de si mesmo, nem pode exigir demasiado repouso, quando sabe que o próprio Mestre permanece em trabalho ativo e edificante.

Resguardemos, pois, o nosso pensamento com o capacete da esperança fiel e prossigamos para a vitória suprema do bem.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Fonte viva. Cap. 94 FEB)

CARTA DE ANO NOVO

CARTA DE ANO NOVO

Ano Novo é também a renovação de nossa oportunidade de aprender, trabalhar e servir.

O tempo, como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para a necessária ascensão.

Lembra-te de que o ano em retorno é novo dia a convocar-te para execução de velhas promessas, que ainda não tiveste a coragem de cumprir.

Se tens algum inimigo, faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.

Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.

Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e planta o bem com destemor para a colheita do porvir.

Se a tristeza te requisita, esquece-a e procura a alegria serena da consciência feliz no dever bem cumprido.

Novo Ano! Novo Dia!

Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.

Recorda que há mais ignorância que maldade, em torno de teu destino.

Não maldigas, nem condenes.

Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.

Não te desanimes, nem te desconsoles.

Cultiva o bom ânimo com os que te visitam, dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.

Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora: Ama e auxilia sempre. Ajuda aos outros, amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Vida e caminho. São Bernardo do Campo: GEEM)

Esperança sempre

Esperança sempre

Ninguém sem esperança…

Ninguém sem Deus…

Contempla o Céu, nos dias em que a sombra te invada o coração, e pensa na inalterabilidade do Amor Infinito que verte do Criador para todas as criaturas.

O mesmo Sol que te aquece e nutre é aquele mesmo Sol que nutriu e aqueceu bilhões de criaturas, na Terra, no curso dos séculos incessantes.

Quase todas as Estrelas que hoje se te descerram aos olhos são as mesmas que acompanharam os homens, na queda e no levantamento de civilizações numerosas.

Reflete nisso e não te deixes arrasar pelas aflições transitórias que te visitam com fins regenerativos ou edificantes.

É provável que tribulações diversas te sigam no encalço; aguentas incompreensões e dificuldades em conta própria; toleras lutas e problemas que não criaste; carregas compromissos e constrangimentos, a fim de auxiliar aos entes queridos; ou erraste, talvez, e sofres as consequências das próprias culpas.

Não importa, entretanto, o problema, embora sempre nos pesem as responsabilidades assumidas, quaisquer que sejam.

Desliga-te, porém, de pessimismo e desânimo, recordando que a vida, – mesmo na vida que desfrutas, – em suas origens profundas, não é obra de tuas mãos.

O poder que te dotou de movimento, que te desenvolveu as percepções, que te induziu ao impulso irresistível do amor e que te acendeu no pensamento à luz do raciocínio, guarda recursos suficientes para retificar-te, suplementar-te as energias, amparar-te na solução de quaisquer empresas difíceis ou reaver-te de qualquer precipício, onde hajas caído, em desfavor de ti mesmo.

Esse mesmo poder da vida que regenera o verme contundido e reajusta as árvores podadas nunca te relegaria à sombra da indiferença.

Entretanto, para que lhe assimiles o apoio plenamente, é imperioso te integres no sistema do trabalho no bem de todos, sem te renderes à inutilidade ou à deserção.

Lembra-te de que o verme ferido e as árvores dilaceradas se refazem por permanecerem fiéis ao trabalho que a sabedoria da vida lhes conferiu pela natureza.

Recordemos isso e seja de que espécie for a provação que te amargue as horas, continua trabalhando na sustentação do bem geral, porquanto se te ajustas ao privilégio de servir, seja qual seja a prova em que te encontras, reconhecerás, para logo, que o amor é um sol a brilhar para todos e que ninguém existe sem esperança e sem Deus.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Mãos Unidas. Araras: IDE)

O CRISTO INCONFUNDÍVEL

O CRISTO INCONFUNDÍVEL

Mas Jesus assinala a sua passagem pela Terra com o selo constante da mais augusta caridade e do mais abnegado amor. Suas parábolas e advertências estão impregnadas do perfume das verdades eternas e gloriosas.

A manjedoura e o calvário são lições maravilhosas, cujas claridades iluminam os caminhos milenários da humanidade inteira, e sobretudo os seus exemplos e atos constituem um roteiro de todas as grandiosas finalidades, no aperfeiçoamento da vida terrestre. Com esses elementos, fez uma revolução espiritual que permanece no globo há dois milênios. Respeitando as leis do mundo, aludindo à efígie de César, ensinou as criaturas humanas a se elevarem para Deus, na dilatada compreensão das mais santas verdades da vida. Remodelou todos os conceitos da vida social, exemplificando a mais pura fraternidade. Cumprindo a Lei Antiga, encheu-lhe o organismo de tolerância, de piedade e de amor, com as suas lições na praça pública, em frente das criaturas desregradas e infelizes, e somente Ele ensinou o "Amai-vos uns aos outros", vivendo a situação de quem sabia cumpri-lo.

Os Espíritos incapacitados de o compreender podem alegar que as suas fórmulas verbais eram antigas e conhecidas; mas ninguém poderá contestar que a sua exemplificação foi única, até agora, na face da Terra.

A maioria dos missionários religiosos da antigüidade se compunha de príncipes, de sábios ou de grandes iniciados, que saíam da intimidade confortável dos palácios e dos templos; mas o Senhor da semeadura e da seara era a personificação de toda a sabedoria, de todo o amor, e o seu único palácio era a tenda humilde de um carpinteiro, onde fazia questão de ensinar à posteridade que a verdadeira aristocracia deve ser a do trabalho, lançando a fórmula sagrada, definida pelo pensamento moderno, como o coletivismo das mãos, aliado ao individualismo dos corações síntese social para a qual caminham as coletividades dos tempos que passam – e que, desprezando todas as convenções e honrarias terrestres, preferiu não possuir pedra onde repousasse o pensamento dolorido, a fim de que aprendessem os seus irmãos a lição inesquecível do "Caminho, da Verdade e da Vida".

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. A caminho da luz. Cap. IX. FEB)