Como testemunhar

Como testemunhar

“Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser­me­eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samária, e até aos confins da Terra.” (Atos, 1:8)

Realmente, Jesus é o Salvador do Mundo, mas não libertará a Terra do império do mal, sem a contribuição daqueles que lhe procuram os recursos salvadores.

O Divino Mestre, portanto, precisa de auxiliares com atribuições de prepostos e testemunhas, em toda parte.

É impraticável o aprimoramento das almas, sem educação, e a educação exige legiões de cooperadores.

Contudo, para desempenharmos a tarefa de representantes do Senhor, na obra sublime de elevação, não basta o título externo, com vistas à escola religiosa. Indispensável é a obtenção de bênçãos do Alto, por intermédio da execução de nossos deveres, por mais difíceis e dolorosos.

Até agora, conhecemos à saciedade, na Terra, o poder de dominar, governar, recusar e ferir, de fácil acesso no campo da vida.

Raras criaturas, porém, fazem por merecer de Jesus o poder celeste de obedecer, ensinando, de amar, construindo para o bem, de esperar, trabalhando, de ajudar desinteressadamente.

Sem a recepção de semelhantes recursos, que nos identificam com o Trabalhador Divino, e sem as possibilidades de refleti-­Lo para o próximo, em espírito e verdade, através do nosso esforço constante de aplicação pessoal do Evangelho, podemos personificar excelentes pregadores, brilhantes literatos ou notáveis simpatizantes da doutrina cristã, mas não testemunhas d’Ele.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão Nosso. Cap. 173. FEB)

A grande luta

A grande luta

“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Paulo (Efésios, 6:12)

Segundo nossas afirmativas reiteradas, a grande luta não reside no combate com o sangue e a carne, propriamente, mas sim com as nossas disposições espirituais inferiores.

Paulo de Tarso agiu divinamente inspirado, quando escreveu sua recomendação aos companheiros de Éfeso.

O silencioso e incessante conflito entre os discípulos sinceros e as forças da sombra está vinculado em nossa própria natureza, porquanto nos acumpliciávamos abertamente com o mal, em passado não remoto.

Temos sido declarados participantes das ações delituosas nos lugares celestiais.

E, ainda hoje, entre os fluidos condensados da carne ou nas esferas que lhes são próximas, agimos no serviço de autorestauração em pleno paraíso.

A Terra é, igualmente, sublime degrau do Céu. Quando alguém se reporta aos anjos caídos, os ouvintes humanos guardam logo a impressão de um palácio soberbo e misterioso, de onde se expulsam criaturas sábias e luminosas.

Não se verifica o mesmo, quando um homem culto se entrega ao assassínio, à frente de uma universidade ou de um templo?

Geralmente o observador terrestre relaciona o crime, não se detendo, porém, no exame do lugar sagrado e venerável em que se consumou.

A grande luta, a que o Apóstolo se refere, prossegue sem descanso. As cidades e as edificações humanas são zonas celestiais.

Nem elas e nem as células orgânicas que nos servem, constituem os poderosos inimigos, e, sim, as “hastes espirituais da maldade”, com as quais nos sintonizamos através dos pontos inferiores que conservamos desesperadamente conosco, vastas arregimentações de seres e pensamentos sombrios que obscurecem a visão humana, e que operam com sutileza, de modo a não perderem os ativos companheiros de ontem.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Càndido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 160. FEB)

Ansiedades

Ansiedades

“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (I Pedro, 5:7)

As ansiedades armam muitos crimes e jamais edificam algo de útil na Terra.

Invariavelmente, o homem precipitado conta com todas as probabilidades contra si.Opondo­se às inquietações angustiosas, falam as lições de paciência da Natureza, em todos os setores do caminho humano.

Se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão.

Se a criatura refletisse mais sensatamente reconheceria o conteúdo de serviço que os momentos de cada dia lhe podem oferecer e saberia vigiar, com acentuado valor, os patrimônios próprios.

Indubitável que as paisagens se modificarão incessantemente, compelindo­ nos a enfrentar surpresas desagradáveis, decorrentes de nossa atitude inadequada, na alegria ou na dor; contudo, representa impositivo da lei a nossa obrigação de prosseguir diariamente, na direção do bem.

A ansiedade tentará violentar corações generosos, porque as estradas terrenas desdobram muitos ângulos obscuros e problemas de solução difícil; entretanto, não nos esqueçamos da receita de Pedro.

Lança as inquietudes sobre as tuas esperanças em Nosso Pai Celestial, porque o Divino Amor cogita do bem­estar de todos nós. Justo é desejar, firmemente, a vitória da luz, buscar a paz com perseverança, disciplinar­se para a união com os planos superiores, insistir por sintonizar­se com as esferas mais altas.

Não olvides, porém, que a ansiedade precede sempre a ação de cair.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 8. FEB).

Ação e Caridade

Ação e Caridade

Sabendo que a experiência humana é vasta colméia de luta na qual enxameiam desencarnados de toda sorte, urge saiba ajustar-se à companhia de ordem superior, buscando no convívio de Espíritos Benevolentes e Sábios o clima ideal para a missão que lhe compete cumprir, significando isso disciplina constante no estudo nobre e ação incansável na beneficência em favor dos outros.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido Xavier. Pelo espírito Emmanuel. Mediunidade e Sintonia. Ed.CEU)

Seria inútil

SERIA INÚTIL

“Respondeu-lhes: Já vo-lo disse e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir?” — (JOÃO, CAPÍTULO 9, VERSÍCULO 27.)

É muito freqüente a preocupação de muitos religiosos, no sentido de transformarem os amigos compulsoriamente, conclamando-os às suas convicções particularistas.

Quase sempre se empenham em longas e fastidiosas discussões, em contínuos jogos de palavras, sem uma realização sadia ou edificante.

O coração sinceramente renovado na fé, entretanto, jamais procede assim.

É indispensável diluir o prurido de superioridade que infesta o sentimento de grande parte dos aprendizes, tão logo se deixam conduzir a novos portos de conhecimento, nas revelações gradativas da sabedoria divina, porque os discutidores de más inclinações se incumbem de interceptar-lhes a marcha.

A resposta do cego de nascença aos judeus argutos e inquiridores é padrão ativo para os discípulos sinceros.

Lógico que o seguidor de Jesus não negará um esclarecimento acerca do Mestre, mas se já explicou o assunto, se já tentou beneficiar o irmão mais próximo com os valores que o felicitam, sem atingir o alheio entendimento, para que discutir?

Se um homem ouviu a verdade e não a compreendeu, fornece evidentes sinais de paralisia espiritual.

Ser-lhe-á inútil, portanto, escutar repetições imediatas, porque ninguém enganará o tempo, e o sábio que desafiasse o ignorante rebaixar-se-ia ao título de insensato.

Não percas, pois, as tuas horas através de elucidações minuciosas e repetídas para quem não as pode entender, antes que lhe sobrevenham no caminho o sol e a chuva, o fogo e a água da experiência.

Tens mil recursos de trabalhar em favor de teu amigo, sem provocá-lo ao teu modo de ser e à tua fé.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 37. FEB)

CUIDADOS

CUIDADOS

"Não vos inquieteis, pois pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo". Jesus (Mateus: 6-34)

Os peregrinos de todos os tempos nunca perderam ensejo de inquinar afirmativas evangélicas, desviando-as rumo a falsas interpretações.

A recomendação de Jesus referente à inquietude é das que mais se prestou aos argumentos dos discutidores ociosos.

Depois que o Cristo aludiu aos lírios do campo, não foram poucos os que se reconheceram a si mesmos na qualidade de flores, quando não passam de plantas espinhosas.

Em verdade, o lírio não fia, não tece, consoante o ensinamento de Senhor, mas cumpre a Vontade de Deus.

Não pede admiração alheia, floresce no jardim da atmosfera, enfeita a alegria ou consola a tristeza, é útil à doença e à saúde, não se revolta quando lhe fenece o próprio brilho ou quando mãos egoístas o separam do berço onde nasceu.

Será que o ocioso toma igualmente o padrão do lírio em relação à sua existência na humanidade?

Recomendou Jesus que o homem não guardasse ansiedade nociva relativamente à comida, ao modo de trabalhar, ao vestuário, às questões acessórias.

Ensinou que o dia, representando a resultante de Leis gerais do Universo, atenderia a si mesmo. Isso é incontestável. Para o discípulo fiel, vestir e comer são coisas simples.

Trabalhar constitui alegria de servir em qualquer parte e o dia significa oportunidade santa de cooperar no bem.

Mas afirmar daí que o homem deva caminhar sem cuidado de si próprio, seria menosprezar esforços de Cristo, convertendo-lhe as palavras em programa de vagabundo.

O homem não pode nutrir a pretensão de retificar o mundo ou os seus semelhantes de um dia para outro, atormentando-se nas aflições descabidas, mas deve ter cuidado de si, melhorando-se, educando-se, iluminando-se.

De fato, a ave canta feliz, mas faz a sua casa.

A flor adorna-se tranquila, mas atende os Desígnios de Deus.

O homem deve viver confiante, mas atento em se organizar para a Obra Divina da Perfeição.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Harmonização. Lição nº 12. São Bernardo do Campo: GEEM).

CONFORME O AMOR

CONFORME O AMOR

“Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem o Cristo morreu.” — Paulo. (ROMANOS, CAPÍTULO 14, VERSÍCULO 15.)

Preconceitos dogmáticos fazem vítimas, em todos os tempos, e os herdeiros do Cristianismo não faltaram nesse concerto de incompreensão.

Ainda hoje os processos sectários, embora menos rigorosos nas manifestações, continuam ferindo corações e menosprezando sentimentos.

Noutra época, os discípulos procedentes do Judaísmo provocavam violentos atritos, em face das tradições referentes à comida impura; agora, não temos o problema das carnes sacrificadas no Templo; entretanto, novos formalismos religiosos substituíram os velhos motivos de polêmica e discordância.

Há sacerdotes que só se sentem missionários em celebrando os ofícios que lhes competem e crentes que não entendem a meditação e o serviço espiritualizante senão em horas domingueiras, com a prece em exclusiva atitude corporal.

O discípulo que já conseguiu sobrepor-se a semelhantes barreiras deve cooperar em silêncio para estender os benefícios de sua vitória.

Constituiria absurdo transpor o obstáculo e continuar, deliberadamente, nas demonstrações puramente convencionalistas, mas seria também ausência de caridade atirar impropérios aos pobres irmãos que ainda se encontram em angustiosos conflitos mentais por encontrarem a si mesmo, dentro da idéia augusta de Deus.

Quando reparares algum amigo, prisioneiro dessas ilusões, recorda que o Mestre foi igualmente à cruz por causa dele.

Situa a bondade à frente da análise e a tua observação será construtiva e santificante. Toda vez que houver compreensão no cântaro de tua alma, encontrarás infinitos recursos para auxiliar, amar e servir.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. cap. 83. FEB)

FAZEI PREPARATIVOS

FAZEI PREPARATIVOS

“Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí, fazei preparativos.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 22, VERSÍCULO 12.)

Aquele cenáculo mobilado, a que se referiu Jesus, é perfeito símbolo do aposento interno da alma.

À face da natureza que oferece lições valiosas em todos os planos de atividade, observemos que o homem aguarda cada dia, renovando sempre as disposições do lar.

Aqui, varrem-se detritos; acolá, ornamentam-se paredes.

Os móveis, quase sempre os mesmos, passam por processos de limpeza diária.

O homem consciencioso reconhecerá que a maioria das ações, na experiência física, encerra-se em preparação incessante para a vida com que será defrontado, além da morte do corpo.

Se isto ocorre com a feição material da vida terrena, que não dizer do esforço propriamente espiritual para o caminho eterno?

Certamente, numerosas criaturas atravessarão o dia à maneira do irracional, em movimentos quase mecânicos.

Erguem-se do leito, alimentam o corpo perecível, absorvem a atenção com bagatelas e dormem de novo, cada noite.

O aprendiz sincero, todavia, sabe que atingiu o cenáculo simbólico do coração.

Embora não possa mudar de idéias diariamente, qual acontece aos móveis da residência, dá-lhes novo brilho a cada instante, sublimando os impulsos, renovando concepções, elevando desejos e melhorando sempre as qualidades estimáveis que já possui.

O homem simplesmente terrestre mantém-se na expectativa da morte orgânica; o homem espiritual espera o Mestre Divino, para consolidar a redenção própria.

Não abandoneis, portanto, o cenáculo da fé e, aí dentro, fazei preparativos em constante ascensão.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 144. FEB)

NECESSÁRIO ACORDAR

NECESSÁRIO ACORDAR

“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá.” — Paulo. (EFÉSIOS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 14.)

Grande número de adventícios ou não aos círculos do Cristianismo acusa fortes dificuldades na compreensão e aplicação dos ensinamentos de Jesus.

Alguns encontram obscuridades nos textos, outros perseveram nas questiúnculas literárias.

Inquietam-se, protestam e rejeitam o pão divino pelo envoltório humano de que necessitou para preservar-se na Terra.

Esses amigos, entretanto, não percebem que isto ocorre, porque permanecem dormindo, vitimas de paralisia das faculdades superiores.

Na maioria das ocasiões, os convites divinos passam por eles, sugestivos e santificantes; todavia, os companheiros distraídos interpretam-nos por cenas sagradas, dignas de louvor, mas depressa relegadas ao esquecimento.

O coração não adere, dormitando amortecido, incapaz de analisar e compreender.

A criatura necessita indagar de si mesma o que faz, o que deseja, a que propósitos atende e a que finalidades se destina.

Faz-se indispensável examinar-se, emergir da animalidade e erguer-se para senhorear o próprio caminho.

Grandes massas, supostamente religiosas, vão sendo conduzidas, através das circunstâncias de cada dia, quais fileiras de sonâmbulos inconscientes.

Fala-se em Deus, em fé e em espiritualidade, qual se respirassem na estranha atmosfera de escuro pesadelo.

Sacudidas pela corrente incessante do rio da vida, rolam no turbilhão dos acontecimentos, enceguecidas, dormentes e semimortas até que despertem e se levantem, através do esforço pessoal, a fim de que o Cristo as esclareça.

Emmanuel

( Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 68. FEB)

Curas

Curas

“E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 10, VERSÍCULO 9.)

Realmente Jesus curou muitos enfermos e recomendou-os, de modo especial, aos discípulos.

Todavia, o Médico Celestial não se esqueceu de requisitar ao Reino Divino quantos se restauram nas deficiências humanas.

Não nos interessa apenas a regeneração do veículo em que nos expressamos, mas, acima de tudo, o corretivo espiritual.

Que o homem comum se liberte da enfermidade, mas é imprescindível que entenda o valor da saúde.

Existe, porém, tanta dificuldade para compreendermos a lição oculta da moléstia no corpo, quanta se verifica em assimilarmos o apelo ao trabalho santificante que nos é endereçado pelo equilíbrio orgânico.

Permitiria o Senhor a constituição da harmonia celular apenas para que a vontade viciada viesse golpeá-la e quebrá-la em detrimento do espírito?

O enfermo pretenderá o reajustamento das energias vitais, entretanto, cabe-lhe conhecer a prudência e o valor dos elementos colocados à sua disposição na experiência edificante da Terra.

Há criaturas doentes que lastimam a retenção no leito e choram aflitas, não porque desejem renovar concepções acerca dos sagrados fundamentos da vida, mas por se sentirem impossibilitadas de prolongar os próprios desatinos.

É sempre útil curar os enfermos, quando haja permissão de ordem superior para isto, contudo, em face de semelhante concessão do Altíssimo, é razoável que o interessado na bênção reconsidere as questões que lhe dizem respeito, compreendendo que raiou para seu espírito um novo dia no caminho redentor.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 44. FEB)