Jovem espírita: seu dia?

Jovem espírita: seu dia?

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Nas décadas de 1950 e 1960, comemorava-se no dia 13 de novembro, o “dia do jovem espírita”. Havia evocação da efeméride, em reuniões, poesias, citações em jornais espíritas, e havia citação no então tradicional Calendário Espírita que o prof. José Jorge (do Rio de Janeiro) produzia anualmente.

A origem da data comemorativa está relacionada com desdobramentos do chamado “Pacto Áureo”, de 1949, que criou o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira. No dia 13 de novembro de 1949 os dois únicos organismos do Movimento Espírita Juvenil do país resolveram aderir de pronto ao Pacto e foi assinado o “Ato de unificação das mocidades e juventudes espíritas”, dando início ao então Departamento de Juventude da Federação Espírita Brasileira. (1,2)

Naquela época havia muito dinamismo no âmbito das mocidades espíritas. O ano de 1948 registra importantes fatos: surgiu a Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e Estado de São Paulo – COMBESP, reunindo jovens de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e depois o Distrito Federal (Brasília). Este certame foi um celeiro de formação de expositores e lideranças. Em julho de 1948, ocorreu no Rio de Janeiro o 1º. Congresso Brasileiro de Mocidades Espíritas, liderado por Leopoldo Machado. Em 1956, surgiu o primeiro evento regional do Estado de São Paulo, a “Concentração de Mocidades Espíritas da Noroeste do Estado de São Paulo” (COMENOESP), e logo depois das regiões Nordeste, Leste e Capital do mesmo Estado. Sob os auspícios dos Conselhos Regionais da região do Triângulo Mineiro surgiu em 1964 a COMETRIM – Confraternização de Mocidades Espíritas do Triângulo Mineiro. À época, por sugestão de Chico Xavier passou incluir também os adultos e acrescentou mais um “M” na sigla. Em 1965 ocorreu a I Concentração de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil, em Marília. (2)

Por razões várias, incluindo a orientação impressa à institucionalização nacional da ação dos jovens espíritas, a partir dos anos 1970 houve um crescente descompasso entre a expansão do movimento espírita em geral e das mocidades e juventudes espíritas. (2)

Como oportuna iniciativa pessoal de Ivan Franzolim (de São Paulo), foi efetivada entre 1º e 31 de julho de 2017, a pesquisa nacional para espíritas, sem nenhuma participação ou apoio de instituições, e é inédita no Movimento Espírita por sua abrangência nacional e pela preocupação em conhecer como pensam e atuam os espíritas. Foi utilizada a internet e as redes sociais como veículo de distribuição do formulário eletrônico do Google e acesso ao público espírita, estimados em 2% da população brasileira, segundo o Censo 2010. Foram recebidas 2.616 respostas válidas, excluindo aquelas em duplicidade. Os respondentes são residentes em 451 cidades e todos os estados foram representados. (3,4) Sobre o item relação dos filhos com o centro espírita – com filhos entre 3 e 12 anos: não participam da Evangelização Infantil/Juvenil (20,5%); não tenho filhos (64,0%); com filhos acima de 12 anos: não tenho filhos (43,2%); não se consideram espíritas (20,3%); Se consideram espíritas e não frequentam o grupo de jovens/mocidade (23,1%). (2) Estes dados, na generalidade das faixas etárias também já vinham sendo apontados pelos Censos do IBGE dos anos 2.000 e 2.010 e, a nosso ver, representam um alerta para urgentes estudos e providências para se diagnosticar as causas dessa situação e para se favorecer a integração real da criança e do jovem no centro espírita. (4)

É urgente a conscientização dos centros espíritas – base do movimento espírita – para o efetivo apoio e abertura de espaços para a integração dos jovens. Esta foi uma preocupação constante nossa no período em que presidimos o CFN da FEB.

Por oportuno, transcrevemos trecho de Emmanuel: “O apóstolo da gentilidade conhecia o teu soberano potencial de grandeza. A sua última carta, escrita com as lágrimas quentes do coração angustiado, foi também endereçada a Timóteo, o jovem discípulo que permaneceria no círculo dos testemunhos de sacrifício pessoal por herdeiro de seus padecimentos e renunciações. Paulo sabia que o moço é o depositário e realizador do futuro.” (5)

Independentemente de se ter uma data para a comemoração do “dia do moço espírita”, o fato é que esta efeméride já foi muito cultivada, ou seja, havia dinamismo, espontaneidade e evidentes manifestações de idealismo por parte dos jovens.

Referências:

1) http://grupochicoxavier.com.br/13-de-novembro-o-dia-do-jovem-espirita/;

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Centro espírita. Prática espírita e cristã. Cap. 2.1, 2.2, 3.1. Matão: O Clarim. 2016.

3) http://franzolim.blogspot.com.br/;

4) http://grupochicoxavier.com.br/pesquisa-nacional-para-espiritas-2017-alguns-comentarios/;

5) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Segue-me. Cap. Página do Moço Espírita Cristão. Matão: O Clarim.

(Ex-presidente da FEB e da USE-SP).

O Espiritismo pelo mundo

O Espiritismo pelo mundo

Os congressos e encontros mundiais estimulam a confraternização, o intercâmbio, a união dos espíritas e, sem dúvida, contribuem para a difusão do Espiritismo.

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O Espiritismo se espalhou pelo mundo desde a publicação das Obras Básicas de Allan Kardec em vários idiomas, ainda no século XIX.

O Codificador faz referências significativas sobre fatos e eventos na Revista Espírita. Allan Kardec também deu início ao movimento espírita ao realizar visitas e estabelecer contatos diretos com as primeiras sociedades espíritas, que começavam a ser fundadas no interior da França.

No livro Viagem espírita em 1862 ele relatou essas experiências, que podem ser consideradas a primeira ação concreta de intercâmbio e união dos espíritas. O tradutor Wallace Leal V. Rodrigues estabelece “a comparação com o livro dos ‘Atos’, essa crônica de viagem, durante a qual os inúmeros personagens têm, o tempo todo, os lábios entreabertos (…)”[1].

Em outubro de 1888 realizou-se em Barcelona o I Congresso Internacional Espírita, com a liderança de José María Fernández, Torres-Solanot e Amalia Domingo Soler. Léon Denis, um dos principais continuadores de Allan Kardec, fez conferências por toda a França e atuou em quase todos os congressos internacionais, a partir do segundo e até próximo à sua desencarnação. É conhecido como o “consolidador do Espiritismo”.

Depois das grandes guerras e final dos regimes autoritários europeus, que comprometeram a situação do Espiritismo na Europa, começaram a ressurgir grupos e ações espíritas por iniciativa de valorosos companheiros dos próprios países daquele continente.

Após visitar alguns países europeus e sentindo o interesse de lideranças espíritas da Europa pela expansão do Espiritismo no Brasil, o então presidente da FEB, Francisco Thiesen, liderou a realização do 1º Congresso Espírita Internacional, em Brasília, em outubro de 1989. A convite do presidente Thiesen, participamos de reuniões preparatórias desse Congresso, no final de 1988 e início de 1989, com a presença de: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, João Nasser, Nestor João Masotti e Paulo Roberto Pereira da Costa. Em seguida foram constituídas comissões específicas.

Durante o congresso, foram recebidas solicitações de representantes de vários países, como o representante da Itália, Antonio Rosaspina, para que se criasse uma organização espírita mundial. A FEB iniciou articulações com instituições de vários países e depois de reuniões realizadas em Liège (Bélgica) e em São Paulo, foi criado o Conselho Espírita Internacional (CEI), durante o Congresso Nacional de Espiritismo da Espanha, em Madrid, em novembro de 1992. Nessas etapas, pelo Brasil, tiveram atuações Juvanir Borges de Souza, Nestor João Masotti, Paulo Roberto Pereira da Costa e Altivo Ferreira.

Por outro lado, um episódio histórico ocorreu no ano 2000, pois a Legião da Boa Vontade – que mantinha uma dependência em Nova York –, intermediou e facilitou as presenças das representações da FEB e do CEI no “Millennium World Peace Summit”, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), na passagem entre agosto e setembro daquele ano, reunindo representantes de várias religiões.

Fato marcante foi a liberação do movimento espírita em Cuba, a partir de 2004, culminando com o Congresso Mundial de Espiritismo ali realizado em 2013. Com a criação do CEI, este promoveu trienalmente os Congressos Espíritas Mundiais: Brasília (1995), Lisboa (1998), Cidade da Guatemala (2001), Paris (2004), Cartagena de Índias (2007), Valencia (2010), Havana (2013) e Lisboa (2016).

Nos últimos eventos têm crescido a presença de espíritas da África, Oceania e Ásia. Nos preparativos e na execução dos Congressos Mundiais, até o de Valencia, foi marcante o entusiasmo e a dedicação do então secretário geral do CEI Nestor João Masotti.

Na condição de assessoria do dirigente da FEB e do CEI, Nestor João Masotti, tivemos a oportunidade de participar dos preparativos dos Congressos Mundiais até o efetivado em Havana. Inclusive, com reuniões preparatórias nos países e entre estas, momentos sensíveis e marcantes ocorreram em Cuba, com a presença de companheiros do CEI. Os Congressos Espíritas Mundiais estimulam a confraternização, o intercâmbio, a união dos espíritas e, sem dúvida, contribuem para a difusão do Espiritismo.

O CEI contou com a atuação dos secretários gerais Rafael Molina (Espanha), Roger Perez (França), Nestor João Masotti (Brasil) e Charles Kempf (França). Nestor Masotti estimulou a formação de órgãos federativos nacionais em vários países, ampliando a representatividade do CEI, a promoção sistemática dos Congressos Mundiais e de muitas visitas e seminários em vários países, a criação da TVCEI e da EDICEI, com a publicação de livros em vários idiomas.

Entre muitas representações do amigo, estivemos em seu lugar no histórico lançamento dos primeiros livros editados pelo CEI em francês, do espírito André Luiz, psicografados por Francisco Cândido Xavier: Nosso lar, Os mensageiros, Missionários da luz, Obreiros da vida eterna e No mundo maior, em Paris no ano de 2005; da versão em inglês da Revista Espírita – The Spiritist Magazine – em Nova York, em abril de 2008; e lançamento dos livros da EDICEI em russo, em Minsk, Belarus, em novembro de 2009[2].

Desde a viagem histórica de Chico Xavier e Waldo Vieira aos EUA e Europa em 1965, que gerou o livro Entre irmãos de outras terras, já traduzido para o inglês[3], e logo depois o início de maratonas de viagens de Divaldo Pereira Franco a dezenas de países, muitos companheiros têm colaborado com atuações no movimento espíritas de diversos países. A Associação Médico-Espírita Internacional tem realizado importante trabalho na área acadêmica e profissional.

Em agosto de 2015, o CEI promoveu no Rio de Janeiro o 12º Colóquio França-Brasil, com o tema “Espiritismo: Elo de duas culturas”, em comemoração aos 150 anos de O céu e o inferno, e lá estivemos como um dos conferencistas convidados. O tema central do evento é muito significativo.

A produção de livros em vários idiomas, desde abril de 2013, prossegue descentralizada com edições e distribuições feitas pelas EDICEIs da Europa e da América. O CEI também edita a Revista Espírita, iniciada por Kardec, em francês e em inglês.

O movimento espírita tem se expandido em países de todos os continentes. Destacamos o valor e a dedicação de espíritas nativos dos diversos países que souberam superar inúmeros obstáculos, mantendo acesa a chama do ideal espírita e daqueles que se somaram a eles ao se tornarem residentes em outras plagas. O importante é sempre o ambiente fraterno e solidário, de respeito à diversidade e à autonomia das instituições de cada país.

Emmanuel lembrou em Paulo e Estêvão: “Jesus afirmou que seus discípulos viriam do Oriente e do Ocidente”.[4]

Bibliografia:

1. KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862. Trad. Rodrigues, Wallace Leal Valentim. 4.ed. Matão: O Clarim.

2. CARVALHO, Antonio Cesar Perri. Em ações espíritas. 1.ed. Araçatuba: Editora Cocriação.

3. XAVIER, Francisco Cândido. Entre irmãos de outras terras. Espíritos diversos. FEB; Idem. Among brothers of other lands. Trad. Anseloni, Vanessa. EDICEI.

4. XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estêvão. Pelo espírito Emmanuel. 2a parte, cap.1, FEB. Extraído de: Carvalho, Antonio Cesar Perri. O espiritismo pelo mundo. Revista internacional de espiritismo. Ano XCIII. No. 10. Novembro de 2017.

Acesse: https://www.oclarim.org/oclarim/materias/5475/revista/2017/Novembro/o-espiritismo-pelo-mundo.html

Finados: alguns lembretes

Finados: alguns lembretes

A literatura espírita é muito rica de informações sobre a imortalidade da alma, incluindo as comemorações relacionadas com o chamado “dia dos mortos”.

A título de lembrança, é sempre oportuno recorrer-se a obras do Codificador Allan Kardec. Assim, na obra inaugural “O Livro dos Espíritos” há registros no item – COMEMORAÇÃO DOS MORTOS. FUNERAIS (1):

Perg. 320. Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra? R – “Muito mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo.”

Perg. 321. O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos? R – “Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”

a) Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas? R – “Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento. Porém, cada Espírito vai lá somente pelos seus amigos e não pela multidão dos indiferentes.”

b) Sob que forma aí comparecem e como os veríamos, se pudessem tornar-se visíveis? R – “Sob a que tinham quando encarnados.”

Perg. 322. E os esquecidos, cujos túmulos ninguém vai visitar, também lá, não obstante, comparecem e sentem algum pesar por verem que nenhum amigo se lembra deles? Que lhes importa a Terra?

R – “Só pelo coração nos achamos a ela presos. Desde que aí ninguém mais lhe vota afeição, nada mais prende a esse planeta o Espírito, que tem para si o Universo inteiro.”

Perg. 323. A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?

R – “Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.”

No seu último discurso – dia de finados do ano de 1868 -, Kardec comenta:

“Ofereçamos aos que nos são caros uma boa lembrança e o penhor de nossa afeição, encorajamentos e consolações aos que deles necessitem. Façamos de modo que cada um recolha a sua parte dos sentimentos de caridade benevolente, de que estivermos animados, e que esta reunião dê os frutos que todos têm o direito de esperar.”(2) 

Entre centenas de manifestações espirituais, destacamos o alerta de Eurípedes Barsanulfo para nós, os encarnados, sobre os valores eternos:

“O espírito deve ser conhecido por suas obras. É necessário viver e servir. É necessário viver, meus irmãos, e ser mais do que pó!”(3)

Fontes:

1. Kardec, Allan. O livro dos espíritos. 2ª. parte. Cap. VI.

2. Kardec, Allan. Revista Espírita, dezembro de 1868. (Acesse: http://grupochicoxavier.com.br/dia-dos-mortos/)

3. Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. Lição nº 12. FEB. (Acesse: http://grupochicoxavier.com.br/em-plena-era-nova/) (Síntese de A.C.Perri de Carvalho)

A primeira grande TV espírita

        

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A recente inauguração no dia 16 de outubro da retransmissora da TV Mundo Maior em Araçatuba (SP), como TV aberta, canal 36, é mais um movimento da expansão da Rede Boa Nova de Comunicação da Fundação Espírita André Luiz. Como convidado senti-me realizado em presenciar a conquista da terra natal. Houve apresentação de vídeo do vastíssimo trabalho assistencial junto a excepcionais das Casas André Luiz, de Guarulhos (SP) e das múltiplas atividades de comunicação.

O trabalho em Araçatuba é devido a Sirlei Nogueira, presidente da USE Regional de Araçatuba, que foi o responsável pelas providências para concessão do canal e de implantação da torre e equipamentos. Contou com o apoio dos dirigentes espíritas de Araçatuba que inclusive se manifestaram no dia da inauguração com um vídeo contendo as saudações de todos eles.

O canal espírita de Araçatuba é vinculado à TV Mundo Maior da Fundação Espírita André Luiz (FEAL), de Guarulhos. Tem por lema: “Levando a vida até você!”

A Fundação Espírita André Luiz tem por objetivo contribuir para a transformação da sociedade por meio de conteúdo instrutivo. Engloba cinco meios de difusão da informação: Rede Boa Nova de Rádio, Editora e Distribuidora Mundo Maior, Rede Mundo Maior de Televisão, Mundo Maior Filmes e Uniespírito.

Todo este trabalho foi iniciado pelo Centro Espírita Nosso Lar – Casas André Luiz, no bairro Santana, em São Paulo. Ainda numa fase inicial, em 1975, o médium Chico Xavier apoiou o projeto da Rádio, declarando: “Essas emissoras são o coração da cultura brasileira.”

A FEAL tem feito parcerias com instituições espíritas e promove também Encontro de Amigos da Boa Nova.

A “Mundo Maior Filmes” já lançou nos cinemas brasileiros: “O Filme dos Espíritos”, “Nos Passos do Mestre Jesus segundo o Espiritismo”; e para 2018 prepara o lançamento de “Paulo de Tarso”.

A TV Mundo Maior da FEAL é aberta e também contando com canal no principal satélite de comunicação do país – Brasilsat C2 (digital). A banda digital deste satélite tem uma abrangência possível de seis milhões de lares. É o mesmo satélite utilizado pela TV Globo.

Como TV aberta, utilizando retransmissores, funciona além da região de Guarulhos e Capital, em sete cidades de três Estados.

Como TV fechada, canais a cabo por assinatura, atinge cerca de 1.8 milhão de pessoas, em mais de 40 cidades de 13 Estados.

Ainda tem a opção WEB + Youtube + Facebook, com um fluxo mensal de 200 mil internautas.

Desde a sua estreia, em 2006, a TV Mundo Maior vem aprimorando seus programas. Atualmente transmite para todo o país com 24 horas diárias de programação.

Com sua rede aberta e as diversas opções citadas, todas em expansão, a TV Mundo Maior está se consolidando como a primeira grande TV espírita do país e do mundo. 

É possível acompanhar a programação completa no site: www.tvmundomaior.com.br; e no Youtube, conseguir-se o acesso a mais de cinco mil vídeos sobre a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec: www.youtube.com/tvmundomaior

 

Fonte: folder da TV Mundo Maior/FEAL; www.tvmundomaior.com.br

(Ex-presidente da FEB e da USE-SP)

TOMAR VERGONHA

Richard Simonetti

1 –    A Doutrina Espírita nos ajuda a identificar nossas falhas. Mesmo assim, não mudamos nossa forma de agir. Por que isso acontece?

                     Ocorre que essa postura é superficial, jogo de cena conosco mesmos. Falta aquele cair em si, de que trata Jesus, na Parábola do Filho Pródigo (Lucas, 15:11-24), em que o indivíduo reconhece a extensão de sua miséria moral, o quão distanciado está de Deus, e dispõe-se a caminhar ao Seu encontro. Minha avó traduzia isso dizendo que é preciso tomar vergonha.

2 –    Sabemos que a Vida vem sendo comprometida no planeta em face da poluição produzida pelo Homem, que não respeita a Natureza. Por que agimos assim?

                     Falta tomar vergonha em relação ao assunto, assumindo uma consciência ecológica que nos leve a vigiar nosso comportamento nos contatos com a Natureza, tanto quanto devemos vigiar nossas iniciativas no relacionamento com o próximo.

3 –   Considerando o clima de violência na atualidade, podemos dizer que muitos Espíritos estão fracassando em sua última oportunidade de renovação, despedindo-se da Terra, que já estaria deixando a condição de Mundo de Provas e Expiações e sendo promovida a Mundo de Regeneração?

                     Corremos sérios riscos se isso estiver acontecendo, porquanto, como ensinava Jesus no Sermão da Montanha (Mateus, 5:5), ficarão na Terra os que houverem conquistado a mansuetude. Para uma Humanidade sem vergonha, o vocábulo manso tem uma conotação pejorativa. Usá-lo ao nos dirigirmos a alguém soa ofensivo.

4 –    Como você definiria a expressão manso, sob o ponto de vista evangélico?

                     É alguém que venceu a agressividade, guardando as raízes de sua estabilidade emocional em si mesmo, não nos outros. Não reage aos estímulos externos. Age, conforme o ajuste interno efetuado à luz dos ensinamentos de Jesus, a partir do momento em que tomou vergonha.

5 –    A condição de Mundo de Regeneração, de que falam os Espíritos, estaria, então, distante?

                     Tão distante quanto nos encontramos da agressividade para a mansuetude. Creio que muita água vai rolar no rio do tempo até que tomemos vergonha, superando estágios primários de evolução que nos situam perto da taba.

6 –    Poderíamos dizer que a Misericórdia Divina exercita a paciência nesse sentido?

                     Deus não tem pressa.  Obviamente haverá o momento em que os recalcitrantes deixarão nosso planeta e serão confinados em mundos inferiores, onde a mestra Dor atuará com mais rigor. Chega o momento em que um pai, até por amor ao filho, será compelido a dar-lhe umas boas palmadas, a fim de que tome vergonha.

7  –   Qual a importância da religião em favor desse objetivo?

                     A religião é o estímulo para que cultivemos o aspecto sagrado da existência, buscando cumprir os compromissos que assumimos ao reencarnar. Ajuda-nos nessa empreitada, mas pouco valerá se não estivermos dispostos a tomar vergonha.

8 –    Considerando os esclarecimentos que nos oferece a respeito da vida espiritual, onde colheremos as consequências das ações humanas, podemos dizer que o Espiritismo nos ajuda a lidar melhor com os desafios da existência?

                     Sem dúvida! Quem sabe de onde veio, por que vive na Terra e para onde vai, certamente estará mais bem orientado nesse sentido. Não obstante, ainda aqui, a mudança de rumo, em favor do melhor, o tomar vergonha na cara é muito mais uma questão de acordar do que de aprender. Usando uma expressão popular, seria ligar o desconfiômetro, muito mais cumprir a sinalização da Vida, do que simplesmente conhecer seus regulamentos.

Medicina, Espiritualidade e Espiritismo

Ismael Gobbo

Na última sexta-feira (06/10/17), o Globo Repórter da Rede Globo apresentou matéria extensa com reportagens tratando do tema “Aparecida”, antecedendo a comemoração do dia da Padroeira do Brasil no próximo dia 12. Registra que as romarias a Aparecida se iniciaram a partir do encontro e culto da estátua de Maria recolhida do leito do Rio Paraíba do Sul por três pescadores em duas lançadas de rede, aparecendo inicialmente o corpo e posteriormente a cabeça da imagem, no ano de 1717, portanto 300 anos atrás.

Com a crescente procura, hoje cerca de 12 milhões de pessoas ao ano acorrem ao Santuário de Aparecida, o maior templo católico do Brasil e também o maior do mundo dedicado à mãe de Jesus. A busca à Basílica motivada pela fé contempla pedidos ou agradecimentos dos romeiros centrados em “Nossa Senhora Aparecida”.

Nas matérias da Globo foram ouvidos fiéis que relataram curas recebidas e especialistas que enxergam na fé e nas práticas espiritualistas uma alternativa complementar ao tratamento médico de pacientes.

O médico psiquiatra Frederico Leão, da USP- Universidade de São Paulo, ouvido pela reportagem, coordenador do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade- ProSER, hoje uma disciplina na USP, perguntado se acredita que a fé pode curar respondeu: “Eu tenho visto muitas evidências a esse respeito. “Eu acho que é uma força realmente que tem poder de influenciar no equilíbrio, na existência de doença e saúde, porque o conceito de saúde não é mais aquele só de ausência de doença, você tem a questão do bem estar físico, psíquico, social e isso já inclui a questão da espiritualidade”.

A UNIFESP- Universidade Federal de São Paulo, igualmente visitada pela reportagem, tem um núcleo que estuda os efeitos da fé no tratamento médico, inclusive utilizando plantas medicinais.O núcleo realiza pesquisa, atendimentos e treina estudantes de medicina. O entrevistado Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, coordenador do núcleo, fala com entusiasmo sobre a possibilidade dos futuros médicos muito aprenderem com a espiritualidade dos pacientes: “…muitos se resignificam e muitos continuam nos mostrando caminhos, alternativas, formas. Ai você vai ver o que faz essa pessoa diferente porque a parte física dela esta completamente comprometida. Ai vem a expansão do ser e essa expansão está ligada nas crenças, na religiosidade e na espiritualidade…”

Emocionante foi a entrevista com a jovem Bianca que passou por dois tratamentos de câncer no hospital de Barretos. Seus depoimentos, o do pai, do diretor do hospital e da médica que a atendeu, atestam que muito mais que um tratamento de excelência envolvendo medicamentos e instalações, o amor e a fé são importantes no processo de recuperação.

Assista acessando: http://g1.globo.com/globo-reporter/

*************************

Dias atrás um companheiro que colabora com o boletim “Noticias do Movimento Espírita” nos indagou se estávamos nos apercebendo da grande quantidade, e cada vez mais crescente, de eventos que envolvem “Medicina e Espiritualidade” não só no âmbito do movimento espírita mas, também, aqueles que são ministrados em universidades e ambientes não espíritas. As matérias do Globo Repórter acima referenciadas comprovam isso. Quem quiser acessar alguns dias das publicações no Blog do Noticias para aferir essa assertiva pode clicar em :

https://www.blogger.com/blogger.g…

Temos de reconhecer, por dever de justiça, os méritos indiscutíveis da saudosa médica Marlene Nobre que, fundando as AME’s Associações Médico Espíritas por todo o Brasil e também no exterior, desencadeou de forma rápida e surpreendente encontros de Medicina, Espiritualidade e Espiritismo com participação de especialistas espíritas e não espíritas. Não por acaso se tornou presidente da Associação Médico Espírita do Brasil e também da Internacional. Essa aproximação do Espiritismo com o meio universitário, expandindo a doutrina para fora das quatro paredes do Centro Espírita, sempre foi uma expectativa que, felizmente, se concretiza de forma exponencial. Nossos parabéns para Dra. Marlene e médicos que prosseguem no esplendido e reconhecido trabalho.

Quem participou dos Mednesp’s da AME-Brasil sabe da grandiosidade desses eventos que discutem temas importantes da medicina à luz do Espiritismo com participação de público e especialistas espíritas e não espíritas que atestam a excelência da iniciativa. A partir desses eventos ocorre a expansão para os meios universitários da visão espírita em relação às ciências que acabam por influenciar a sociedade, meios de comunicação, etc, numa verdadeira osmose a nivel internacional.

É uma grande contribuição do Espiritismo codificado por Allan Kardec que, inequivocamente, vem comprovando a grandiosidade do seu tríplice aspecto: Cientifico, Filosófico e Religioso.

DE: http://www.noticiasespiritas.com.br/2017/OUTUBRO/09-10-2017.htm

 

Kardec – o francês mais conhecido no Brasil

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A 3 de outubro de 1804 nascia na França aquele que viria a ser mundialmente conhecido como Allan Kardec.

Quando criança e jovem teve educação primorosa junto com o professor Pestalozzi. Fundou escolas e dedicou-se à educação em Paris. Ao conhecer fenômenos mediúnicos que ocorriam na capital francesa, passou a estudá-los e com base nos relatos das experimentações e nas dissertações espirituais, lançou “O Livro dos Espíritos”, em 18 de abril de 1857, agora completando 160 anos de publicação. Este foi o livro inicial e que assinala o nascimento do Espiritismo. Seguiram-se vários outros livros, como “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno”, “A Gênese”, e outras obras.

Allan Kardec criou a “Revista Espírita”, fundou em Paris a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e fez diversas viagens para o intercâmbio com os pioneiros dirigentes espíritas e primeiros grupos espíritas da França. Assim, foi o Codificador da Doutrina Espírita e iniciador do primeiro centro espírita e do movimento espírita.

A obra inaugural do Espiritismo rapidamente produziu repercussão marcante com resenhas nos folhetins parisienses e muitas manifestações. O Abade Leçanu anotou: “Observando-se as máximas morais contidas em “O Livro dos Espíritos” tem se tudo o que é necessário para tornar santo o homem na Terra”. Fato notável foi o depoimento recebido pelo autor do livro, Allan Kardec: "Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito. A. Laurent." E também com uma segunda observação: "Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. Joseph Perrier."

Os livros de Allan Kardec, no seu conjunto chamadas as “Obras Básicas do Espiritismo”, orientam os centros espíritas nas suas práticas e fundamentam o estudo sobre o Espiritismo. Daí a oportunidade de uma campanha intitulada “Comece pelo Começo”, referindo-se que os interessados em conhecer o Espiritismo devem começar pela leitura e estudo das obras de Kardec.

Essa orientação foi válida e sempre adotada pelo famoso médium Chico Xavier.  Logo após iniciar seu trabalho mediúnico, o então jovem Chico Xavier teve a visão de seu orientador espiritual Emmanuel e estabeleceu-se um diálogo entre ambos. Na oportunidade esse espírito recomendou disciplina ao jovem médium e explicitou ainda: “Se um dia eu disser alguma coisa que contrarie a Jesus e a Kardec, abandone-me e fique com Jesus e Kardec.” Essa fidelidade a Allan Kardec sempre se firmou em todas ações e nos livros produzidos pelo médium Chico Xavier.

Ao ensejo da data natalícia de Allan Kardec, torna-se interessante o registro que ele é o francês, considerado “o mais conhecido no Brasil” e seus livros, publicados por várias editoras brasileiras, superam em quantidade os livros de outros autores franceses. O seu nome atualmente designa centenas de logradouros públicos em nosso país. Em vários legislativos estaduais e municipais ocorrem homenagens ou sessões solenes alusivas a Kardec e em diversos Estados e municípios há leis que definem como o “dia dos espíritas” por ocasião da sua data de nascimento ou da data de publicação do livro pioneiro “O Livro dos Espíritos”.

             (Ex-presidente da USE-SP e da Federação Espírita Brasileira).

O relógio do Apocalipse

Almir Del Prette – São Carlos/SEOB

Em 1947, um grupo de cientistas reunidos na Universidade de Chicago tomou a decisão de criar uma estratégia para avisar a humanidade sobre o risco de uma guerra nuclear com resultados nefastos para toda a humanidade. Alguns desses cientistas haviam participado do Manhattan Project. Uma espécie de força tarefa incumbida de desenvolver as primeiras armas nucleares, ainda durante a segunda guerra mundial. Todos os cientistas, os chefes militares e uma boa parcela da humanidade sabiam que os artefatos bélicos, recém-desenvolvidos iriam, pouco a pouco, se espalhar por várias nações. O domínio do átomo estava, pelo menos teoricamente, disponível e a construção de artefatos explosivos de grande poder destrutivo era previsível para breve.

A primeira questão que esse grupo se colocou, foi a de que uma estratégia de alerta quanto aos riscos de uma guerra nuclear deveria ser anunciada com urgência. Após muitas reuniões e trocas de informações, o grupo se decidiu pelo uso de uma alegoria, que pudesse funcionar como um aviso, um recurso de alerta da nefasta previsão: o relógio. O relógio há muito tempo é conhecido e usado pela humanidade e poderia ser essa alegoria, tomando-se como ponto central de referência, a “meia noite”, que representa a ausência da claridade do sol. O ponteiro maior seria um indicador de “valor para a meia noite”. O deslocamento (aproximação ou distanciamento), da meia noite, depende dos esforços de amor à paz ou à guerra que os povos cultivam.

Acontecimentos envolvendo nações com posse de armamentos nucleares sinalizam, para o grupo de cientistas, um aumento na probabilidade de conflito de grandes proporções. Quais acontecimentos seriam estes? Podemos supor alguns, por exemplo, um acidente marítimo entre embarcações militares de dois países não alinhados; discurso de algum governante que possa ser considerado ameaçador por outra nação; exercícios militares entendidos como provocação, testes de foguetes destinados a carregar ogivas nucleares etc. Diante desses e outros acontecimentos, o grupo analisa as probabilidades de desdobramentos e faz uma estimativa, movendo o ponteiro em direção à meia noite. Esse esquema não se movimenta com base na certeza, porém faz estimativas probabilísticas, com base nas histórias dos países envolvidos, na concentração do poder em poucas lideranças e na personalidade dos líderes.

Esse relógio, idealizado na década de 1950, recebeu diferentes denominações, tais como: “Apocalipse”, “Juízo final”, “Relógio do fim dos tempos”. Entretanto, ele deve ser entendido em um sentido metafórico que registra um alerta às Nações Unidas e a humanidade. Qual o efeito desse alerta? É difícil de avaliar, contudo aqueles que se empenham nesse empreendimento, o fazem de maneira séria e merecem nosso respeito.

Os momentos em que o ponteiro foi posicionado mais próximo da meia noite podem, agora, ser avaliados, como um risco real? Sim! A primeira vez que isso aconteceu foi em 1953, quando Estados Unidos e a União Soviética fizeram testes em seus países com bombas de hidrogênio. Nessa ocasião, os testes eram seguidos de bravatas de ambos os lados e os ponteiros passaram para 23h58m. Depois disso, ocorreu a chamada distensão e tivemos o relógio marcando 23h43, ou seja, a 17 minutos do ponto crucial.

Considerando guerras atuais periféricas, que distanciam alguns aliados de outros e, considerando, de um lado a presença militar ostensiva de  uma nação com extraordinária capacidade bélica no pacífico e, por outro,  uma espécie de delírio de poder, de uma nação que vem fazendo experiências com ogivas nucleares, a linha do tempo parece indicar aproximação da meia noite. Tal situação chama a atenção da ONU e de lideranças pacifistas, que se esforçam em busca da paz. O que cada pessoa pode fazer? Pouco, considerando nosso poder individual limitado. Bastante, enquanto membros de uma enorme parcela da humanidade que deseja a paz e crê em Deus.

Entre diversas estratégias da ONU, uma delas volta-se para a disseminação da paz entre todos, por meio de lideranças populares autênticas. Essas lideranças não são membros de partidos ou grupos políticos. Elas têm uma comunicação direta com o povo, trabalhando pela paz, sem buscar retorno político direto ou indireto. Essas pessoas foram denominadas de embaixadores da paz. São pacificadores de verdade, como por exemplo, Divaldo Pereira Franco. O embaixador da paz que se esforça no desenvolvimento do amor é aquele que Jesus denominou pacificador. Nem todo indivíduo pacífico é um pacificador. Contudo, todo pacificador é um amante da paz.

Jesus, o governador da nossa humanidade, há cerca de 2000 anos expôs que a paz não será obtida de maneira permanente por meio de tratados e demonstração de força, com a geração do medo.  Disse o Mestre: “Minha paz vos dou, mas não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”(Jo, 14:27. E, no Sermão das Bem-Aventuranças, novamente se refere à paz, especificando bem-aventurança aos pacificadores (Mt, 5:9) que serão chamados filhos de Deus.

(Extraído de Boletim digital Notícias do Movimento Espírita: http://www.noticiasespiritas.com.br/2017/SETEMBRO/12-09-2017.htm)

 

 

Livro de Kardec evitou suicídios

Antonio Cesar Perri de Carvalho

No mês consagrado como “Setembro Amarelo” com foco na valorização da vida e prevenção ao suicídio, vários eventos e publicações, principalmente pela internet, têm sido realizados com evocações à campanha de prevenção ao suicídio.

No dia mundial de prevenção ao suicídio – 10 de setembro – houve uma passeata na Av. Paulista em São Paulo – que é um marco da cidade -, com apoio do Centro de Valorização da Vida-CVV e do Lions Club-Tatuapé/SP. Aos domingos esta avenida torna-se um enorme calçadão de laser e com manifestações culturais e, em alguns momentos, também políticas.

A passeata liderada pelo CVV e Lions Club caminhou pela avenida e em momentos de parada, eram feitos esclarecimentos e distribuição de folder sobre prevenção ao suicídio com o tema "Não se cale, fale – viver é bom!". Neste, há comentários sobre 14 pontos com recomendações e observações na tônica de que “falar é a melhor solução” e de valorização ao apoio, considerando estatística de que 90% dos suicídios podem ser evitados. O CVV mantém um grupo de apoio aos sobreviventes do suicídio, com encontros confidenciais e gratuitos.

Comparecemos à passeata, atentos à questão da valorização da vida, pois fomos um dos participantes da fundação há mais de 10 anos do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto, em Brasília, juntamente com o então deputado Bassuma, Jaime Ferreira Lopes, Nestor João Masotti e Marlene Nobre.

Na ótica espírita o tema é considerado com base na imortalidade da alma e na própria valorização da existência física. Em O livro dos espíritos há a definição: “Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem? – O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal” (questão 880).

Esse livro inaugural do Espiritismo rapidamente produziu repercussão marcante ao evitar suicídios. Allan Kardec recebeu o depoimento: "Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito. A. Laurent." E também com uma segunda observação: "Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. Joseph Perrier." O fato histórico mereceu registro espiritual por Chico Xavier. (1) 

 

A morte do corpo é uma transição. E esta é a surpresa de espíritos que se manifestam comentando as surpresas que tiveram após cometerem o suicídio.

Na literatura espírita há dezenas de obras que comentam a situação de espíritos no mundo espiritual, como os conhecidos textos do espírito André Luiz, psicografados por Chico Xavier. E milhares de cartas familiares, pelo mesmo médium, onde mortos queridos dão a certeza da sobrevivência a seus parentes.

Obra marcante, que deve merecer divulgação e estudo, é “Memórias de um suicida”, da médium Yvonne do Amaral Pereira. Neste livro narra-se as dificuldades para entrar em contato com ambientes espirituais habitados por espíritos suicidas em etapas de esclarecimento e de recuperação. Bem ao final dessa magistral obra, o autor espiritual – que é um pseudônimo de Camilo Castelo Branco -, aponta o caminho da regeneração de espírito suicida: “— Coragem, peregrino do pecado! Volta ao ponto de partida e reconstrói o teu destino e virtualiza o teu caráter aos embates remissores da Dor Educadora! Sofre e chora resignado, porque tuas lágrimas serão o manancial bendito onde se irá dessedentar tua consciência sequiosa de paz! Deixa que teus pés sangrem entre os cardos e as arestas dos infortúnios das reparações terrenas; que teu coração se despedace nas forjas da adversidade; que tuas horas se envolvam no negro manto das desilusões, calcadas de angústias e solidão! Mas tem paciência e sê humilde, lembrando-te de que tudo isso é passageiro, tende a se modificar com o teu reajustamento às sagradas leis que infringiste… e aprende, de uma vez para sempre, que — és imortal e que não será pelos desvios temerários do suicídio que a criatura humana encontrará o porto da verdadeira felicidade…”(2)

Obra bem atual com dados sobre o suicídio no Brasil e no mundo e bem orientadora, é de autoria do jornalista André Trigueiro: Viver é a melhor opção – A prevenção do suicídio no Brasil e no mundo (3), também disponibilizada em vídeo-aulas objetivas. (4)

A certeza da imortalidade da alma e de que somos espíritos encarnados em processo de aprimoramento é indispensável para a melhor compreensão dos valores e da oportunidade da vida corpórea e também para se compreender o porquê de se realizar a profilaxia de todos os processos que podem interromper a vida. Daí a oportunidade das campanhas do “Setembro Amarelo” com base no “Falar é a melhor solução”.

Bibliografia:

  1. Xavier, Francisco Cândido; Vieira, Waldo. Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. Cap. 52, FEB
  2. Pereira, Yvonne Amaral. Pelo espírito Camilo Cândido Botelho. Memórias de um suicida. 3ª. Parte, Cap. VII. FEB.
  3. Trigueiro. André. Viver é a melhor opção – A prevenção do suicídio no Brasil e no mundo. São Bernardo do Campo: Ed. Correio Fraterno.
  4. http://grupochicoxavier.com.br/viver-e-a-melhor-opcao-a-prevencao-do-suicidio-no-brasil-e-no-mundo/

 

             (Ex-presidente da USE-SP e da Federação Espírita Brasileira).

Vitória amarga

Richard Simonetti

 

Pirro (319-272 a.C.), foi um general grego, autor de livros sobre a arte da guerra. Guerreiro indômito e hábil, seria lembrado não pelos seus feitos no campo de batalha e pendores literários, mas, singularmente, por simples comentário que deu origem à expressão famosa: Vitória de Pirro.

Em 281 a.C. combateu os romanos, em defesa de Taranto, uma colônia grega no sul da Itália. Logrou sucesso. Contudo, tantas foram as baixas em suas tropas que, recebendo felicitações pelo notável feito de derrotar um exército do grande império, comentou amargamente: – Mais uma vitória como essa e estaremos perdidos.

A vitória mais se assemelhava a uma derrota. A frase de Pirro é aplicada para definir certas conquistas que impõem tantos sacrifícios e desgastes que, literalmente, não compensam.                    

Há realizações que trazem euforia, situando-se como a concretização de nossos sonhos e ideais, mas o tempo, senhor da verdade, demonstra que cometemos grave erro de avaliação.

O audacioso empresário, que se compromete com a corrupção para enriquecer…

O funcionário ambicioso, que usa de intriga e bajulação para superar hierarquicamente seus colegas…

A astuciosa jovem, que se vale de sua beleza para seduzir o homem rico…

O hábil político, que ilude o povo para ganhar a eleição…

O filho rebelde, que deixa o lar para livrar-se da tutela paterna…

O ditador truculento, que esmaga qualquer oposição para sustentar-se no poder…

O traficante inescrupuloso, que semeia o vício para vender seu produto…

Todos exultam com seu sucesso, sem perceber que pagarão um preço muito alto, bem de acordo com a expressão evangélica: De que vale conquistar o mundo e perder a alma? (Marcos, 8:36).

Jesus reporta-se a efêmeras vitórias humanas que são derrotas do Espírito imortal, impondo penosas reparações.

Por outro lado, há situações que se afiguram lamentáveis derrotas. Constatamos depois que foram abençoadas oportunidades de resgate, renovação e conquistas espirituais:

A doença grave que depura a alma…

A limitação física que impõe salutares disciplinas.…

A desilusão amorosa que desfaz a fantasia…

A morte do ente querido que desperta a religiosidade…

A dificuldade financeira que estimula a iniciativa…

Não raro faz-se noite escura em nossos caminhos para que nasça novo dia. Se não desanimarmos diante das sombras, iremos ao encontro de luminoso alvorecer.

A própria morte de Jesus, aparentemente derrotado pela maldade humana, era na verdade, o coroamento da missão que começara na manjedoura e atingia o clímax na cruz. Os dois episódios se completam, compondo a bandeira do Cristianismo para a construção do Reino de Deus.

Humildade, na manjedoura.

Sacrifício, na cruz.

E mais: Do alto da cruz, Jesus fincava os marcos de uma nova atitude diante da maldade humana, rogando a Deus: – Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem (Lucas, 23:34).

Aqueles que o perseguiam e apupavam não tinham ideia de quanto lhes custaria em dores expiatórias aquele aparente triunfo.

Eram dignos de compaixão.

    Espiritualmente estavam tão derrotados quanto Pirro em sua frustrante vitória.

 

Extraído de:

Boletim digital – Notícias do Movimento Espírita – São Paulo, SP, segunda-feira, 21 de agosto de 2017
(http://www.noticiasespiritas.com.br/2017/AGOSTO/21-08-2017.htm)