Educação com valores e sentimentos

Educação com valores e sentimentos

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho

O assunto educação à luz do espiritismo, ao longo do século XX, contou com variados momentos: de implantação de programas para crianças e jovens, depois para adultos; a criação de instituições de ensino espíritas e as propostas para as orientações básicas nos ambientes familiares.

Por razões legais, surgiu um novo cenário para as instituições de ensino, com a promulgação da Constituição Brasileira, em 1988 e a vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9.394, de 20/12/1996). Além da premissa da laicidade, cabem aos Conselhos de Educação Municipais, Estaduais e o Nacional, a definição de requisitos para a autorização e para a avaliação de instituições de ensino e para oferta de seus cursos.

Nesse contexto, e por cenários mercadológicos, a maioria das instituições de educação espíritas não subsistiram. Todavia, além da vertente formal há imenso campo de atuação. Aí ressalta-se a necessidade de se priorizar as atenções e apoios às instituições espíritas que, sem preocupação do ensino formal e profissional, têm um amplo espectro de atuação no conceito de “escola de espíritos”, de orientação de encarnados, nas várias faixas etárias, e de desencarnados.1

Evidentemente que tudo tem seu momento e dosagem. Os cursos no ambiente espírita foram e são necessários, mas é notório um excesso de “escolarização”: programas padronizados, visão infantilizada da adolescência e juventude, exigências de requisitos e de pré-requisitos para cursos e atividades. O potencial trabalhador tem dificuldade de se integrar com espontaneidade nos centros espíritas. A própria mediunidade está “engessada” e há espíritas e centros que nem contam com a atuação de médiuns porque estes se tornaram “especializados” ou raros. O evidente decréscimo da atuação de adolescentes e jovens. A soma da quantidade de anos desde os momentos iniciais dos ciclos de infância e juventude, até os demais cursos, ultrapassa-se o tempo de formação de um profissional de nível superior. É hora de se fazer um reestudo sensato e sério de todo o processo.1

Na ótica espiritual, a educação é um processo abrangente e continuado e, que Emmanuel, aponta desde a base: “a melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem”.2 Também Emmanuel – em livro homônimo –, desde 1938 oferece diretrizes para um “plano pedagógico que implica esse grandioso problema tem de partir ainda do simples para o complexo. Ele abrange atividades multiformes e imensas”.3

Esses parâmetros devem nortear as ações espíritas.

[…] De nossa parte, valorizamos as propostas vivenciadas por Mário da Costa Barbosa (1936-1990), um bom e prudente visionário, com desdobramentos de sua ação bem-marcados principalmente nos Estados do Pará e de São Paulo. Trata-se da Metodologia do Espaço de Convivência, Criatividade e Educação pelo Trabalho (ECCET).4 Em síntese, Mário da Costa Barbosa insistia: “[…] a metodologia não deveria ser apreendida com um receituário ou modelo para ser aplicado e, sim, uma maneira de viabilizar o trabalho Assistencial Espírita, a Evangelização (de crianças, jovens e adultos), e a própria convivência no dia a dia da casa espírita. A compreensão e prática das categorias favorece a relação entre os ideais cristãos e as possibilidades reais de viver a mensagem no contexto em que se está inserido.”4

No livro Conviver para amar e servir que registra essa proposta, os organizadores concluem: “Essa proposta metodológica para os espíritas é uma forma de lembrar que em nossas práticas a caridade verdadeira deve presidir o agir e o pensar, logo convidando evangelizadores/trabalhadores/assistentes a buscar a vivência da mensagem, do que ideias de catequizar mentes. Dando sentido prático e essencial ao “amar ao próximo como a si mesmo”1,4. Tudo dentro de uma ação tangenciadora e integradora, sem delimitações em departamentos e hierarquias.1

[…] Numa série de quatro seminários intitulados “Educação & Atividades Espíritas” realizados na sede da Federação Espírita Brasileira, durante nossa gestão, entre 2014 e início de 2015, atuaram expositores espíritas convidados, com efetiva ação na docência em vários níveis de ensino. Temas centrais: Mudança para transformação? Mudar equivale a transformar? Como ensinar a Doutrina Espírita com sentido e prazer, de forma a contribuir com a felicidade, a realização pessoal e profissional de cada participante de estudo e para a construção de uma sociedade mais justa, humana e socialmente viável? Ao final, concluiu-se que há necessidade de algumas mudanças que possam levar a transformações, como: “criar espaços interativos e dialógicos nos encontros de aprendizagem (mais conversa, menos exposição; os participantes têm muito com que contribuir); organizar espaços de aprendizagem atrativos e diversificados (jardins, excursões, visitas culturais e assistenciais); promover mais momentos informais de confraternização; conhecer o perfil do grupo e considerá-lo na escolha de abordagens didático-pedagógicas, as quais devem ser criativas e diversas; desenvolver acolhimento e zelo nas relações interpessoais; abordar o conhecimento doutrinário como apoio à transformação moral e social e não como um fim em si mesmo; considerar os saberes anteriores e atuais dos participantes no desenvolvimento do conteúdo; desenvolver acolhimento e zelo nas relações interpessoais; abordar o conhecimento doutrinário como apoio à transformação moral e social e não como um fim em si mesmo; considerar os saberes anteriores e atuais dos participantes no desenvolvimento do conteúdo; trabalhar com problemas e não somente com temas”.1,5

[…] Em síntese, entendemos que há necessidade de se trabalhar não apenas em nível cognitivo, mas com os valores e sentimentos.

Referências:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Centro espírita. Prática espírita e cristã. Cap. 1.1 e 5.2.4. São Paulo: USE. 2016.

2) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. O consolador. Perg. 110. Brasília: FEB. 2013.

3) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Emmanuel. Cap. XXXV. Brasília: FEB. 2013.

4) Sarmento, Helder Boska de Moraes; Pontes, Reinaldo Nobre; Parolin, Sonia Regina Hierro (Org). Conviver para amar e servir. Baseado em Mário da Costa Barbosa. Brasília: FEB. 2013. 166p.

5) FEB discute educação e atividades espíritas. Brasil Espírita. In: Reformador. Ano 133. No 2.232. Março de 2015. p.187.

Síntese de artigo do autor publicado em:

Revista Educação Espírita. Ano 1. Número 5. Novembro /Dezembro de 2024. P.14-17. Acesso (copie e cole): Educação Espírita – 5 | Juventude Espírita

 

Dirigente Espírita alcança 35 anos de proposta inovadora

Dirigente Espírita alcança 35 anos de proposta inovadora

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Ao se chegar ao 35o ano de circulação de Dirigente Espírita, numa retrospectiva sobre seu lançamento, há necessidade de situarmos o contexto em que surgiu como uma proposta inédita.

No segundo semestre de 1990, ocorriam as intersecções de tendências que vivíamos como recém-empossado presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE-SP) e com a experiência concomitante de gestor universitário. Em nossa gestão na presidência da USE-SP coordenávamos uma equipe que propunha novos rumos à Instituição.

Como linha mestra propunha-se a modernização da USE-SP adequando-a às necessidades do movimento e em apoio aos dirigentes espíritas.

Concomitantemente na área acadêmica, estávamos incumbidos de implantar na Universidade Estadual Paulista um fato novo na época: os conselhos de cursos que, diferente da estrutura departamental já viciada em corporativismos e ações “cartoriais”, apresentava-se como uma ação integrada para melhor se gerir os cursos de graduação.

De certa forma havia similitude de ideias básicas entre as duas vivências simultâneas.

Entre os companheiros de direção da USE-SP alguns nos traziam as experiências inovadoras dos meios empresarial e de comunicação e comentava-se muito em se superar a tradição de ações que no conjunto é chamada de “cartorial”, com uma organização tipo “caixas” e “gavetas”, que caracterizavam os departamentos e setores estanques nas instituições espíritas.

Nas reuniões iniciais daquela diretoria executiva da USE-SP, no 2o semestre de 1990, discutiu-se sobre a necessidade de reanálise sobre o órgão oficial da Instituição, o tradicional jornal Unificação. Esse órgão há alguns anos padecia de dificuldades de indefinições editoriais e, alguns momentos, com lapsos de circulação. Em avaliação e decisão rápida a nova diretoria da USE-SP definiu que seria o momento de se enfrentar um enorme desafio, de transformar o antigo periódico em um veículo moderno e direcionado aos dirigentes espíritas. Entre as ideias que surgiam é que não seria um órgão, comum na época, efetivando meras transcrições de trechos de livros psicográficos ou de divulgação de mensagens espirituais. Haveria ênfase em matérias de companheiros com colocações objetivas, com base em vivências e tendo como público-alvo a equipe de dirigentes e colaboradores dos centros.

Nessas condições, foi aceito o título para o novo jornal e a proposta apresentada por Wilson Garcia, um dos colaboradores daquela diretoria. Dois meses após a posse da nova diretoria circulou o novo veículo, o Dirigente espírita, mantendo como sub-título “Unificação”, mas renumerando-o: Ano I, No 1, Setembro/Outubro de 1990. Integraram a equipe do jornal: Editor – Wilson Garcia; Secretário – Ivan René Franzolim; Redação – Luiz Antonio Fuchs, Éder Fávaro e Antonio Cesar Perri de Carvalho; Assinaturas – Carlos Teixeira Ramos.

Da edição inaugural, destacamos trechos do editorial da presidência da USE: “Em que pese toda a tradição e valor do jornal ´Unificação´, entendemos ser necessária uma urgente e oportuna alteração de rota. É momento da USE inovar e imprimir ´novos rumos’ no campo da comunicação. Como entidade unificadora e coordenadora do movimento espírita estadual, não seria ideal utilizar um veículo de informação igual a muitos outros ou até competidor com periódicos de inúmeras sociedades unificadas. Nada mais natural, pois, que disponha de um veículo voltado ao dirigente espírita. Surge ‘Dirigente Espírita’, inicialmente, de circulação bimestral. Que sua mensagem dirigida enseje orientação, intercâmbio e fortalecimento do Centro e do movimento espírita, estabelecendo uma constante via de mão dupla entre o jornal e seus leitores”. O editor Wilson Garcia anota na apresentação: “Dirigente espírita é fruto do desejo de preencher uma lacuna existente na imprensa espírita brasileira, qual seja de produzir um veículo exclusivo para dirigentes espíritas. […] A proposta editorial de Dirigente espírita é bastante clara: será um jornal destinado ao centro espírita. Não pretende ensinar ou corrigir situações doutrinárias, mas falar aos responsáveis pelos trabalhos de igual para igual, ouvindo suas opiniões, levantando seus interesses, nos mesmos moldes de qualquer veículo da imprensa que sabe que o importante é o leitor”.

No exemplar inaugural há matérias sobre: organização dos passes, de nossa autoria; entrevista com Hermínio Miranda: a ciência espírita é uma realidade que está aí; imprensa e centro espírita, e, as casas espíritas não se envolvem em política partidária, ambos artigos de autoria de Wilson Garcia; a ciência e o centro espírita (Luiz Fuchs); o centro espírita e seus colaboradores (Ivan René Franzolim); muitas notícias das várias regiões do movimento espírita paulista, inclusive sobre os preparativos para o VIII Congresso Espírita Estadual com proposta inovadora voltada ao centro espírita, e, a seção da USE Editora, também vinculada à mesma orientação.

O objetivo do novo órgão: “o centro é nossa meta”, se inseria na coluna mestra das ações daquela diretoria executiva da USE-SP. A inovação não foi exclusivamente na linha editorial, mas também na forma: tipo de papel, tamanho e composição.

A circulação inicial provocou impactos. As reações favoráveis foram imediatas, em correspondências e até referências em outros periódicos. Outras, contrárias, vinculadas à manutenção do jornal tradicional e até eloquentes, foram expressas em reuniões do Conselho Deliberativo Estadual. Com esclarecimentos, paciência e persistência a proposta inovadora foi mantida e com o tempo o Dirigente espírita consolidou-se, sendo muito bem aceito pelo seu público-alvo.

Fica claro que o surgimento de Dirigente espírita estava inserido num projeto global de alterações no modus operandi da USE-SP, que se efetivou ao longo dos anos 1990.

Depois dessas décadas, reconhecemos que o jornal Dirigente espírita nasceu em um momento de ousadia para a época, como uma proposta inédita, inovadora e para melhor atender as necessidades do movimento espírita. Esse periódico, agora transformado em revista digital, em nossa ótica mantém seu diferencial na imprensa espírita e tem atendido aos seus objetivos.

Extraído de: Dirigente Espírita, setembro-outubro 2024. Ano 35:

Acesso (copie e cole): reDE-200-abril-a-junho-2024.pdf

OS ESPÍRITAS E A ELEIÇÃO

OS ESPÍRITAS E A ELEIÇÃO

Aylton Paiva

“Sirva de base às instituições sociais, às relações legais de povo a povo e de homem a homem o princípio da caridade e da fraternidade e cada um pensará menos na sua pessoa, assim veja que outros nela pensaram. Todos experimentarão a influência moralizadora do exemplo e do contato” (Questão nº 917 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec),

Esclarecem os Espíritos, em O Livro dos Espíritos, que o progresso moral decorre do progresso intelectual, porém nem sempre a ele se segue (Questão no. 780).

Nós espíritas sabemos que temos um compromisso intransferível com a autoeducação: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações” (Cap. XVII, item 4, “in fine” de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec).

Mas, esse aperfeiçoamento pessoal deve refletir-se em nossa atuação consciente para transformar a sociedade em uma sociedade justa e amorosa, pois advertem os Espíritos: “Numa sociedade organizada segundo as leis do Cristo, ninguém deve morrer de fome” e adita Allan Kardec: “… Quando praticar ( o homem) a Lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e ele próprio será melhor” (Questão 930 de O Livro dos Espíritos).

Também no livro A Gênese, de Allan Kardec, encontramos o esclarecimento: “O Espiritismo não cria a renovação social: a madureza da humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto do que qualquer outra doutrina para secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chegados” (in A Gênese, de Allan Kardec – ed. FEB ).

Destaca-se, então, o compromisso do espírita com uma nova ordem social, fundada no Direito e no Amor. Obviamente, essa transformação dependerá da ação consciente dos bons e ao lado deles, os espíritas atuando com uma “consciência política", fundamentada nos princípios éticos das Leis Morais de O Livro dos Espíritos. Portanto, não pode o espírita alienar-se da sociedade e deve agir, com conhecimento e amor, nessa transformação, em importante momento histórico da civilização humana: “Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XX, item 5º).

Observando a ousadia da maldade e a confusão entre bondade e omissão, Allan Kardec indagou aos Espíritos: “Porque, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?”. Os Mentores Espirituais responderam: “ Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão” (Questão 932 de O Livro dos Espíritos – Ed. FEB ).

A resposta é clara e precisa, não permite dúvidas àqueles que pretendem ser bons. O mundo e, especificamente, a estrutura social brasileira, está precisando de transformações urgentes para coibir a ação dos maus que solapam os bons costumes, que semeiam a miséria, que se utilizam dos instrumentos da corrupção, da fraude e da mentira para atingirem seus objetivos egoísticos e antiéticos.

Momento significativo para a transformação da sociedade é a realização de eleições para os poderes Legislativo e Executivo.

Em breve seremos novamente chamados às urnas. O espírita precisa estar consciente da sua responsabilidade nesse momento, seja pleiteando cargos eletivos, seja simplesmente sinalizando o seu voto na urna. O voto é uma procuração que se passa ao candidato para que, se eleito, ele aja em nosso nome a bem da coletividade. É a maior manifestação de amor e respeito ao povo. Não votar, anular o voto, omitir-se é apoiar as forças do mal, é permitir que maus sobrepujem os bons. Para que o espírita tenha critérios de avaliação do candidato, compare a sua conduta como membro da família, na atividade profissional, seu interesse e envolvimento com a comunidade e os princípios contidos em O Livro dos Espíritos – 3ª Parte – Das Leis Morais, onde estão os conceitos sobre: o Bem e o Mal, a Sociedade, o Trabalho, o Progresso e a Igualdade, Justiça e Amor.

Não se deve levar as questões político-partidárias para dentro do Movimento, Centro ou Instituição Espírita. Estas devem ser debatidas no seio da sociedade, mas o espírita deve estar consciente e responsável nas aplicações dessas questões, visando sempre o bem comum.

Vote consciente. VOTE COM AMOR!

Do contexto do Auto de Fé de Barcelona à atualidade

Do contexto do Auto de Fé de Barcelona à atualidade

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

O episódio do Auto de Fé efetivado em Barcelona (Espanha), no dia 09 de outubro de 1861, para queima pública de livros e revistas espíritas, enviados por Allan Kardec para o livreiro Maurice Lachâtre é sempre lembrado entre as efemérides históricas do espiritismo.

Em realidade, esse fato se insere no contexto das relações entre a igreja católica e países onde ela exercia forte influência junto ao povo e aos governos. No Século XIX, “época das grandes luzes”, com variadas descobertas e teorias, ocorreram modificações na concepção, no papel e o modo de vida do homem. O Codificador viveu nesse cenário renovador e conturbado. Era um período de polêmicas e choques na vida política e religiosa da França.

[…] Em 1863 Kardec faz uma resenha na Revue spirite1 sobre o livro Sermões sobre o Espiritismo pregados na catedral de Metz refutados por um espírita de Metz. O autor da obra refutava os sermões de combate ao espiritismo proferidos pelo padre R.P. Letierce, na cidade de Metz. Esse religioso relacionava o espiritismo com a loucura e maldade; divulgava que espíritas agiam sob “influência dos espíritos do inferno”; considerava a não aceitação do dogma da eternidade das penas como uma heresia. Essa obra histórica, de autor embora sob anonimato, para a época demonstra coragem e fidelidade ao espiritismo.2

No capítulo “Fora da caridade não há salvação” de O Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec justifica este lema em anteposição aos “fora da Igreja não há salvação” e “fora da verdade não há salvação”, exemplos de discriminação e até de arrogância, defendidas à época, respectivamente, pelas igrejas católica e reformadas. No prazo curtíssimo de apenas um mês após o lançamento de Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, em 1864, essa obra foi incluída no Index librorum prohibitorum, a lista de publicações proibidas pela Igreja Católica. Esse foi o contexto vivido por Kardec por ocasião da redação das Obras Básicas.

Por outro lado, essas perseguições religiosas movidas contra lideranças e instituições espíritas prosseguiram principalmente nas primeiras décadas do Século XX em vários países da Europa e da América Latina, notadamente durante a vigência de regimes políticos autocráticos.

Em nosso país, há registros sobre os processos contra os pioneiros Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento (MG); Cairbar Schutel em Matão (SP) e entre os fatos muito divulgados pela mídia em geral, há o caso de José Arigó nas décadas de 1950 e 1960.

[…] Embora tenham ocorrido transformações na legislação e no entendimento interno das religiões, favorecendo esforços de respeito e de ações e diálogos interreligiosos, ainda surgem focos de incompreensões e discriminações, até com atos de violência chegando à depredação de templos, por parte de alguns segmentos vinculados a práticas religiosas.

Outro aspecto de nossos dias, é a preocupante vinculação que se estabelece entre religiões e política partidária. Isso, contrariando preceitos constitucionais de um Estado laico. O amadurecimento da cidadania e o aprimoramento da compreensão de religiosidade são indispensáveis para se superar os impasses motivados por diferentes formas de pensamento e de ação relacionados com as religiões e para favorecer o respeito entre as pessoas e suas crenças.

Esse processo de educação da sociedade é que criará condições para se colocar em prática observações do próprio Codificador e de espíritos. Relacionamos sinteticamente alguns desses registros. Em marcante e último discurso público, Allan Kardec responde à dúvida: "Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. […] É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade. […] O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade […] O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como consequência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas.”3

Na obra Emmanuel, esse autor espiritual enumera obstáculos que dificultam melhor desiderato, como “o preconceito acadêmico e o utilitarismo desenfreado que infesta a política e a religião; é ele o maior inimigo da expansão das verdades espiritualistas no mundo, porque oriundo de interesses inferiores e mesquinhos”.4

As perseguições e intolerâncias religiosas de ontem e de hoje devem merecer continuados estudos, observações e reflexões para se criar ideias e estímulos para efetivação de laços fraternais e solidários no seio da população.

Referências:

1) Notícias bibliográficas. Sermões sobre o Espiritismo. Revista espírita. Setembro de 1863. Trad. Abreu Filho, Júlio. São Paulo: EDICEL. 1976.

2) Prefácio. Sermões sobre o Espiritismo pregados na catedral de Metz refutados por um espírita de Metz. Prefácio de Antonio Cesar Perri de Cavalho, da tradução em português da publicação em forma digital por Autores Espíritas Clássicos. 2017: https://universu.blogspot.com/2017/12/sermoes-sobre-o-espiritismo.html

3) Kardec, Allan. Trad. Noleto, Evandro Bezerra. O Espiritismo é uma religião? Revista Espírita. Dezembro de 1868. Ano XII. FEB. 2005.

4) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Emmanuel. Cap. XIII. Brasília: FEB. 2013.

(*) Síntese de artigo do autor publicado em: Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCIX. N.9. Outubro de 2024.

Kardec, o bom senso encarnado

Kardec, o bom senso encarnado

Marco Milani (*)

Tradicionalmente, no dia 3 de outubro, os espíritas destacam a relevância e o legado do Professor Rivail, posteriormente conhecido como Allan Kardec, lembrando o seu nascimento nessa data, em Lyon, França. Educador, filósofo e cientista, Kardec deve ser homenageado pelo protagonismo na estruturação e divulgação do Espiritismo, com suas valiosíssimas contribuições à compreensão das questões que sempre intrigaram a humanidade: quem somos, de onde viemos e para onde iremos.

A Doutrina Espírita, apesar de não ser o produto de um só homem, expressa a síntese do conhecimento obtido no intercâmbio mediúnico, criteriosamente analisado, organizado e validado por Kardec. Sua disciplina, sensatez, postura ética e capacidade administrativa diante das inúmeras atividades sob sua responsabilidade, e os desafios decorrentes do embate entre as novas abordagens trazidas pelo Espiritismo e as ideias cristalizadas, geraram a admiração e o respeito não somente daqueles que compartilharam de sua proximidade, mas da sociedade em geral. Após sua desencarnação, algumas características marcantes de Kardec foram evidenciadas nos discursos proferidos durante seu funeral1.

Jules Levent, vice-presidente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE), comentou sobre a benevolência e austeridade do mestre lionês, enfatizando sua ponderação e lógica incomparável, que pareciam ser inspiradas. O renomado astrônomo Camille Flammarion pontuou aspectos relevantes sobre a trajetória de pesquisa do Professor Rivail, até que ele se dedicou integralmente ao estudo e divulgação do Espiritismo a milhões de pessoas em diversos continentes. Flammarion enalteceu o poder consolador e a proposta científica do Espiritismo. Por conta da razão reta e judiciosa de Kardec, Flammarion o designou como o “bom senso encarnado”. Alexandre Delanne, amigo pessoal e membro da SPEE, expressou o sentimento de pesar que ele compartilhava com inúmeros adeptos que tiveram a oportunidade de conhecer a filosofia dos Espíritos, graças à habilidade e sabedoria do mestre, que conseguiu colocá-la à altura de todas as inteligências, desde as mais simples até as mais eruditas. Por fim, o senhor Muller, amigo de Kardec e de sua esposa Amélie, enalteceu a conduta do dedicado educador, detentor de brilhante inteligência, que sempre procurou auxiliar a todos, inclusive com aulas gratuitas sobre diversas disciplinas para aqueles que não tinham condições financeiras.

Com relação ao Espiritismo, o senhor Muller apontou que Kardec vivenciava completamente a tríade: Razão, Trabalho e Solidariedade. Todos os elogiosos discursos tinham como pontos comuns a benevolência, a ética e a acuidade intelectual, reconhecidos pela comunidade espírita e científica da época como características desse nobre Espírito que acabava de deixar a experiência carnal. A capacidade de Kardec para pensar de forma clara, precisa e crítica envolvia uma percepção aguçada e a habilidade de discernir detalhes complexos, de identificar nuances em argumentos e processar informações de maneira lógica e coerente, algo que ele simplificadamente chamava de bom senso, mas que Flammarion capturou adequadamente em seu discurso póstumo.

Ao analisar situações, problemas ou conceitos com profundidade, reconhecendo padrões, implicações e possíveis soluções que outros podem não perceber, Kardec demonstrava a tolerância e paciência para comunicar-se e esclarecer fraternalmente como um verdadeiro educador e líder.

Nos trabalhos iniciais para a elaboração da doutrina espírita, fazia-se necessária a centralização do processo em um só homem encarnado, como relata Kardec em suas anotações particulares2, a fim de manter a unidade e evitar o desvirtuamento conceitual diante de diferentes opiniões e motivações. Contudo, como elemento fundamental para a interpretação e aprimoramento do edifício doutrinário, alinhado com a própria realidade, Kardec insistiu no uso da razão e da lógica para unir a todos e superar divergências em nome do bom senso. Não por acaso, os conceitos de fé inabalável e de fé raciocinada perpassam todas as obras fundamentais do Espiritismo, uma vez que a proposta doutrinária exige a interpretação crítica dos fatos para se contrapor à superstição e ao misticismo inerentes a diversas correntes religiosas estabelecidas com seus dogmas inquestionáveis.

O Espiritismo representa uma ruptura com o pensamento acrítico e devocional religioso, e com as crendices populares, situação que exige maturidade moral e intelectual para ser compreendida por adeptos e não-adeptos. A adoção do Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE), como método prevalente para validar as informações mediúnicas, representou um marco crucial ao corpo teórico espírita e exemplificou a prudência inerente à fé raciocinada. A autoridade do Espiritismo repousa essencialmente na aplicação desse método.3

Passados quase dois séculos após a publicação de sua obra inicial, o Espiritismo ainda é um grande desconhecido para aqueles que não meditaram adequadamente no ensino dos Espíritos, validados pelo CUEE, e o aplicaram em suas vidas.

Possivelmente, a maneira mais efetiva de se homenagear Kardec não é pela simples apresentação de seus dados biográficos ou contando curiosidades históricas de sua vida privada, mas estudando seriamente a doutrina espírita, autoconhecendo-se, praticando a caridade e analisando criticamente qualquer informação envolvendo a natureza e a realidade espiritual com o bom senso que ele tanto prezou e se esforçou para que todos utilizassem.

Notas:

1) Ver Revista Espírita, maio/1869 – Discursos pronunciados sobre o túmulo.

2) Ver Obras póstumas, 2ª parte – Minha iniciação no Espiritismo – O meu sucessor.

3) Ver O evangelho segundo o espiritismo – Introdução – item II – Autoridade da doutrina espírita.

(*) Artigo extraído de Dirigente Espírita. edição de setembro-outubro de 2024 (copie e cole): https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2024/09/reDE-202-Set-Out-2024.pdf

As casas espíritas não se envolvem em política partidária

As casas espíritas não se envolvem em política partidária

Wilson Garcia – Publicado no jornal Dirigente Espírita, setembro/outubro de 1990.

É, pois, necessária a união da inteligência e da moralidade para haver legítima preponderância, a que a massa se submeterá, confiada em suas luzes. Esta será a última aristocracia, sinal do advento do reino do bem na terra. Esta previsão é de Allan Kardec e está contida em Obras póstumas.

Apesar de haver mais de um século que foi feita, pode-se notar que a oportunidade do brasileiro ser dirigido por uma aristocracia intelecto-moral, resultado da união da inteligência com a moralidade, como o quis o Codificador, está ainda bastante distante.

Desejar estar sob a direção de homens inteligentes e moralizados é ainda um sonho nos nossos dias.

No entanto, as eleições estão aí. A cada dois anos os cidadãos deste País se encontram diante da oportunidade de votar e renovar, manter, modificar, fortalecer ou excluir políticos.

E o que tem a ver o espírita com isso? E a casa espírita, como se porta nestes instantes graves? Ambos, diríamos, com naturalidade e participação, guardados os limites de cada um. Para que serve o cidadão espírita, se não for para participar ativamente da sociedade e ajudar a transformá-la para melhor? Ora, o espiritismo não cria parasitas, homens inertes, para que portem alheios ao que se passa em seu redor. Pelo contrário, a Doutrina Espírita os quer participativos, integrados ao meio, agentes do bem social. Assim sendo, sua ação neste momento em que o povo deve ir às urnas é tão necessária quanto a de qualquer outro cidadão. O que se espera de um cidadão espírita é um comportamento diferenciado, onde prepondere a inteligência e a moral, seja ele um cidadão comum seja um candidato a cargo público. No momento do voto, pela inteligência saberá discernir entre os enganadores e interesseiros e os políticos sérios, bem intencionados e corajosos o bastante para pôr em prática seus projetos.

Se candidato, seu comportamento será o de um homem que conhece seus limites, que não faz promessas vãs, impossíveis. Mas, que, conhecendo a realidade social e sem interesses outros; que não sejam trabalhar para o povo, se coloca à disposição para ocupar os cargos a que se candidata.

A presença da casa espírita neste contexto é, de certa forma, um pouco diferente. Os seus horizontes lhe indicam que deve participar, de um lado, e ter cautela, de outro. Participar através de orientação clara, segura, aos seus frequentadores, de modo a oferecer-lhes condições de raciocinar sobre as questões políticas e poder decidir. Não se trata de mandar votar neste ou naquele, isto é óbvio, mas de ensinar a usar a razão para votar bem e certo, de acordo com a consciência. A cautela advém de determinados “perigos”. E dois deles se apresentam como os mais próximos: o uso da casa; espírita como palanque e o engajamento político-partidário. Ambos inadmissíveis. Mas que não se confundam as coisas. Cautela não é proibição pura e simples da abordagem de assuntos políticos, mesmo porque quando a proibição impera, impera também a irresponsabilidade, a fuga do compromisso de orientar e bem o frequentador. Cautela é uma ação equilibrada que impede o estabelecimento de compromissos inconvenientes.

Muitos políticos e até falsos espíritas vão atrás das casas espíritas para obter seu apoio, muitas vezes em troca de favores, com a promessa de conseguir terrenos, prédios públicos e outros. A única coisa que exigem é que a casa lhes abra as portas para que eles exponham aos frequentadores o seu pensamento. Em primeiro lugar, ninguém pode garantir o cumprimento dessas promessas de campanha; em segundo lugar, tal atitude é totalmente imoral. Dar guarida a este tipo de candidato é contribuir para a manutenção do status quo, da política de interesses particulares, em detrimento da vinda da aristocracia intelecto-moral preconizada por Kardec.

Por outro lado, há que separar a participação de certos dirigentes, que, tendo em vista sua presença – muito justa – em determinados partidos políticos, muitas vezes confundem as coisas e querem transformar o seu centro espírita numa extensão do partido. Nem uma coisa nem outra pode acontecer, ou seja, nem o partido político pode ser transformado em centro espírita nem o centro em partido. Cada um tem sua função. Cada cidadão espírita tem o direito de agir socialmente da forma como lhe convier e de se filiar ao partido do seu interesse. Caso queira e isto é até aconselhável quando possui vocação – pode se candidatar aos cargos públicos. Mesmo porque, se souber se comportar como ensina o espiritismo, muito terá para ajudar a melhorar as nossas instituições políticas. Só não pode e não deve é usar o movimento espírita para alcançar objetivos políticos.

A ação política séria não acena com favores. Em sã consciência, ninguém vota em determinado político na esperança de obter dele favores pessoais. Esse tipo de política só interessa aos grupos dominadores, que não se importam com as condições miseráveis em que vive o nosso povo. Expressa, quando acontece, o egoísmo particular. É condenável em nível de pensamento espírita. A união de casas espíritas com partidos políticos traz graves desvios. Em primeiro lugar, para levar para dentro da casa a discussão em torno de interesses políticos, com a intenção de alguns de dominar o voto de outros. Isto gera a eliminação da liberdade de opção que cada pessoa possui. A tendência será de criação de um clima de confusão totalmente prejudicial aos desígnios maiores da casa.

Por isto mesmo a casa espírita é apartidária. A política ali pode sevir de estudo como tema amplo, geral, sem entrar no mérito dos interesses classistas, de grupos como meio de forçar a que todos tenham visão única das coisas. Como a política faz parte da vida do cidadão e da sociedade, consequentemente, dever ser preocupação de tantos quantos se dedicam a criar a sociedade justa e de paz. E entre eles se encontra a casa espírita.

A questão, portanto, parece clara. Espiritismo e política partidária são coisas que não se misturam. Espiritismo e política, esta no seu sentido amplo, são temas que se tocam e influenciam. É bom pensar.

Transcrito de: Dirigente Espírita. USE-SP. Setembro-Outubro de 2024. Acesse pelo link (copie e cole): https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2024/09/reDE-202-Set-Out-2024.pdf

 

AMOR À SOCIEDADE

AMOR À SOCIEDADE

Aylton Paiva

Disse Jesus: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” ( Mateus,cap.22, vers. 39). Geralmente essa afirmação de Jesus é vista como de aplicação individual. Apenas se referindo ao amor entre as pessoas.

Todavia, essa afirmação de Jesus é mais abrangente, seu amor não foi, apenas, de forma individualizada a algumas pessoas, e sim o amor pela humanidade. Sob essa perspectiva considere-se que o Mestre Jesus concita a amar a sociedade em que vivemos.

O que seria amar a sociedade?

Inquestionavelmente fazer todo o bem nas ações em sociedade, através da família, da profissão, do lazer, nas ações voluntárias às organizações sociais e culturais, na participação em organizações não governamentais – ONGs – que visem melhorar as condições econômicas, sociais e culturais das pessoas. “…Torna-se evidente que a pessoa tem um compromisso com a sociedade em que vive. Nela deve participar, dando sua contribuição, de acordo com suas possibilidades intelectuais e sentimentais.” (1)

Há um momento específico, e muito importante, para a expressão desse amor quando, em um regime democrático representativo, participativo, como existente em nosso país, como seres políticos, cidadãos e cidadãs, em nossa missão de eleitores, escolher as pessoas que deverão representar o eleitor nos Poderes: Legislativo e Executivo, nos níveis: municipal, estadual e federal ou, então, candidatando-se ao exercício desses cargos.

Para se expressar efetiva e conscientemente esse amor à sociedade é preciso ter critérios éticos. O espírita encontra esses critérios éticos na Filosofia Espírita em O Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec, em sua 3ª Parte – Das Leis Morais. (2)

Alguns desses critérios são:

“ A verdadeira adoração a Deus é: “Fazer o bem e evitar o mal”.(Q. 654).

“ O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens, que é consequente da necessidade de viver “.(Q.711).

“ Perante Deus são iguais todos os homens? Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. (Q.803).

“ As desigualdades sociais são obras dos homens”. (Q. 806).

“ A igualdade absoluta das riquezas não é possível, a isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.” (Q.811).

“ São iguais perante Deus os direito do homem e da mulher. A ambos Deus outorgou a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir.” (Q.817).

“ Não há no mundo condições para o homem gozar da absoluta liberdade, porque uns precisam dos outros.” (Q. 826).

“ O sentimento de justiça está na Naturezas e a ideia de injustiça gera revolta.” (Q. 873).

“ A legitima propriedade é a que foi adquirida sem prejuízo de outrem.”.(Q.883).

“ Para Jesus o verdadeiro sentido da caridade é: benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas”. ( Q.886).

Consequentemente, ao escolher um candidato para votar é fundamental verificar se a pessoa se aproxima pela ideias e conduta desses valores éticos. Também aquela pessoa que pretenda concorrer aos cargos eletivos nos Poderes executivo e legislativo precisa avaliar quanto ela é coerente nos seus ideais e condutas com os mencionados critérios.

REFERÊNCIA BIBLIOFRÁFICA:

1) Espiritismo e Política – Contribuições para a evolução do ser e da sociedade. Aylton Paiva. Editora FEB.

2) O Livro dos Espíritos,  Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro, Editora FEB.

Reunião Gênesis com Honório Abreu

Reunião Gênesis com Honório Abreu (*)

1 No princípio, Deus criou os céus e a terra. 2 A terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. 3 Deus disse: Haja luz. E houve luz. 4 Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. 5 Deus chamou a luz de Dia e as trevas de Noite. Foi a tarde e a manhã: o primeiro dia. 6 Deus disse: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. 7 Deus fez a expansão e separou as águas que estavam debaixo da expansão das águas que estavam sobre a expansão. E assim foi. 8 Deus chamou a expansão de Céu. Foi a tarde e a manhã: o segundo dia. 9 Deus disse: Ajuntem-se as águas debaixo do céu num só lugar, e apareça a porção seca. E assim foi. 10 Deus chamou a porção seca de Terra e ao ajuntamento das águas chamou Mares. E Deus viu que era bom”. (Gênesis, 1: 1 a 10).

Antes de entrarmos na análise específica, podemos destacar alguns pontos ou explorar novos aspectos. O texto sugere um caminho evolutivo para nossa análise, focando em dois pontos principais: Matéria e Espírito.

Nosso estudo se concentrará na evolução do Espírito. Se fosse apenas de forma linear, talvez não pudéssemos nos reunir com tanta intensidade, mas para Deus, podemos formar uma boa biblioteca em casa para estudar. O plano interativo que mencionei agora é sobre valorizar e buscar consciência em nossa presença neste grupo, não apenas pela troca de informações, mas também pelo enriquecimento do campo intelectivo e ajustes no campo do sentimento.

Queremos trabalhar com caracteres de ordem moral, que não são transmitidos apenas pela verbalização exterior, mas por uma linha sutil que envolve campos magnéticos e vibracionais. Existem ângulos em nosso levantamento das faixas de atração que usamos a expressão “pântano”, referindo-se à atração do interesse inferior no campo da vida. Valores informativos são válidos, mas o que realmente pesa no campo interativo são os caracteres de ordem moral. Se você conseguir um instrumento para me tirar do pântano, eu preciso alterar meu sentimento para ficar mais leve. Não adianta usar um guindaste que levanta 10 toneladas para me tirar; preciso lutar para ficar mais leve. A atração e repulsão no reino mineral, molecular e atômico funcionam nas linhas profundas do espírito. Podemos nos livrar dos pesos da vida física com instrumentalidades aliadas, mudando o peso de uma célula ou molécula perispirítica por linhas morais, desprendendo material inútil. A involução que queremos estudar toca na área dos caracteres de ordem moral, que é o que Jesus propõe.

Entramos no Apocalipse como um desafio, chegando ao natural. Os Espíritos podem nos olhar com compaixão, mas estão felizes com os 3% que conseguimos captar. Isso é o que importa, pois as condições são de ordem intrínseca. O que importa é que o Espírito evolui.

Para implementar essa evolução, o Espírito utiliza a Matéria como instrumento. A Matéria, ao mesmo tempo que é usada pelo Espírito, exerce sua ação. Na questão 22 do Livro dos Espíritos, a definição de matéria é: “A matéria é o laço que prende o espírito”. Esse laço realmente prende! O conhecimento nos fornece instrumentos externos, enquanto a mudança moral cria um processo de sutilização do nosso íntimo, permitindo-nos desprender do véu. A Matéria também apresenta uma linha evolutiva, que não é exatamente evolução, mas alterações em suas linhas básicas. Por exemplo, a série estequiogênica ou estequioquímica, que vai do hidrogênio ao urânio, mostra diferenças nos átomos. Moléculas ajustadas de forma diferente oferecem sinais distintos. Alterações nos valores intrínsecos do oxigênio e hidrogênio podem criar uma água tóxica, apenas mudando o número de partículas.

Essas alterações visam a evolução do Espírito. A evolução continuará sendo trabalhada de fora para dentro até que decidamos inverter a direção, de dentro para fora. Doenças podem nos acometer por passarmos por regiões contaminadas.

Utilizando o conhecimento doutrinário espírita, trabalhamos em um conteúdo que não é detectado pelos olhos ou ouvidos físicos. Escutamos, mas não ouvimos; vemos, mas não enxergamos. No campo simbólico das ações passadas, quem não penetra com objetividade fica tomando água transportada pelos outros.

Os grandes orientadores não falam tudo, pois o aluno só aprende aquilo que descobre por si mesmo. Grandes sábios, quando conhecem profundamente, calam. Eles têm outra sistemática. Muitas vezes, algo dito há anos só é compreendido muito tempo depois.

O trabalho didático que fazemos aqui visa induzir. Educar é a arte de formar caracteres e representa o conjunto dos hábitos adquiridos. Educar é despertar potenciais do indivíduo. Queremos colocar sistemas no coração dos aprendizes, mas o potencial é algo que vem da origem. No plano descendente da evolução, ele não tem consciência, ele é inconsciente. Mas isso foi registrado! E essa consciência surgirá na luta evolutiva de baixo para cima que ele experimentará.

(P)1 – … é muito mais indutivo…

(H)2 – Agora, precisamos considerar o seguinte. Eu preciso ter uma visão consciente dessa observação do mundo. Todos nós aqui estamos engajados em um mundo melhor, não estamos? Campanhas e campanhas por um mundo melhor. Os próprios Espíritos dizem: • Estamos a caminho… De onde? Da Regeneração! Sabe por que essa explicação? Ou por que esse investimento é feito com tanto carinho pela Espiritualidade que sentimos essa necessidade? Porque uma grande parcela dos que estão sofrendo agora e cultivando o sofrimento com todo carinho, devido à falta de visão, estão atrasados em sua melhoria.

Caso contrário, não estariam preocupados com um mundo regenerado! Sabe por que não estariam preocupados? Porque há uma fase da nossa evolução em que o indivíduo brutal, com uma arma na mão, elimina 10, 15 pessoas, e os Espíritos apenas observam! E ele fica lá, limpando sua lâmina, para ver se há mais alguém! É evolução. De um lado e do outro. Vocês entendem? Há fundamentação moral para culpar? Não! Isso é de quem pode mais! Evolução! Por que ele precisa correr para a Regeneração?

Vocês entenderam? Não há necessidade de preocupação, porque ele está vivendo sua vida! Agora, se há uma luta e nada está acontecendo, é porque estamos cansados de insistir nisso. Leia no livro “O Evangelho” sobre a questão do duelo, lembra do Kardec? Não há mais duelos com espadas, mas estamos nos enfrentando de cabeça baixa! Assim, ficam brigando os dois. Um de um lado, o outro do outro. Um com enxaqueca, o outro com gastrite. Por causa da luta entre eles. Já poderiam estar na Regeneração há séculos! Por isso estamos apressados com a Regeneração. Porque não podemos apressar o habitat das pessoas; colocar cada um no ambiente que precisa. Agora, alguns têm o ambiente que precisam, mas, • Ah, vem cá! Mas até hoje? Ainda precisa disso! Porque, na realidade, Marlene, precisamos lutar no sentido natural do progresso! Para sermos felizes! É nesse sentido. Você pode não entender. Não estou contrariando o que você trouxe, apenas dizendo que precisamos lutar para estarmos ajustados ao mundo com naturalidade, refletindo com carinho o pensamento superior.

(P) – Será que é por isso que, diante do meu irmão, meu próximo, estou ficando seca…

(H) – Sem dúvida. Houve uma reciclagem no seu campo de análise interior, de meditação, de reflexão, e você concluiu que não é por aí. Mas o conhecimento que temos, ele encontra lá, deixa pra lá. Quando dizemos a uma mãe, que traz um caso difícil de um filho dependente de drogas, que está tirando tudo de casa, infelizmente, temos esses casos, não temos? Eu costumo dizer o seguinte: entregue as armas! Levante a toalha branca, para o seu coração, não para ele! Agora, há uma diferença entre abrir o coração e esperar que ele faça seu curso e volte no campo evolutivo, e largar pra lá! Porque largar pra lá (eu não disse isso, eu disse entregar as armas, continue com elas), é uma questão complicada. Vocês não têm ideia do que há por trás de um coração que amamos. Tem gente sofrendo muito por aí! Por isso, às vezes, fazemos até extravagâncias no contexto em que vivemos. Não fazemos? Quem está de fora até entra na…

(P) – … e como é esse largar pra lá?

(H) – Saia da luta! Chegou em casa à meia-noite! Você sabe de onde ele está vindo! Não sabe? Aí começa uma briga daquelas! Não é isso? Aí um vai dormir, e o outro pode até sair para a rua novamente e cometer um crime. E a pessoa até perde o sono. Quando a campainha tocou e ele entrou, você pensou: “Oh Deus! Que ele seja feliz…”. Assim que você começa a orar, sinta a questão assistencial. Se você ainda não fez isso, aprenda! “Senhor, ajuda meu filho”. Não é assim? Ou, “que minha filha seja protegida”. E ore. Não é assim que fazemos? Mas chega um ponto em que dizemos: “Meu Deus, se acontecer algo com ele, que seja o mais brando possível”. A prece mudou? Não! Deixou de ser uma prece? Não! O ideal é que nada aconteça, mas se acontecer, que seja mais brando. Porque a vida é dele! Queremos enquadrar a pessoa em uma linha de vida que não foi a nossa! Sabe por que queremos fazer isso? Não é porque aprendemos com o evangelho. É porque passamos por aquelas confusões e pensamos: “Meu Deus! Se ele passar por aquilo, ele não vai aguentar! Eu aguentei! …”. A evolução é séria! Precisamos ter uma visão clara! Por isso a doutrina espírita é de uma riqueza inimaginável.

(P) – Nessa questão do livre-arbítrio, em determinados momentos… em que há expansão, não temos mais liberdade. É nesse momento que ativamos o crescimento?

(H) – Sem dúvida. Quando você percebe que algo se abriu para você, e você pensa “eu vou fazer isso” e faz, estão dando ou fazendo concessões, alvará para você. Porque você adquiriu melhores condições e, vamos dizer, a probabilidade de acertar e administrar o processo. É assim que entendemos. Agora, infelizmente, seguimos muito pela linha teórica que adotamos, e outros pela confiança que temos e certeza que naturalmente precisamos alinhar.

(P) -…ao evangelho…

(H) – A expressão usada, de algum modo, lá no fundo, tem razão de ser. Agora, é preciso ter cuidado para não criar uma imagem diferenciada. Quando Emmanuel fala e as entidades nos orientam a domar a instintividade, quase sempre utilizam a instintividade seguida do que é animalizada. Os instintos animalizados são uma coisa. Os instintos no automatismo são outra. Então, nunca posso ganhar espontaneidade, em termos de disciplina, para não incentivar ou criar um processo instintivo dos conceitos que alimento. Não sei se vocês entenderam. Não é isso? Agora, vou chamar de instinto, porque instinto é uma inteligência embrionária na conceituação de Kardec. Então, o que ocorre? Precisamos automatizar nossa forma de interagir com as pessoas. Quando começamos a notar que nossas reações são mais suaves…

Notas:

 [1] (P) – perguntas ou comentários formulados ao palestrante.

[2](H) – respostas do palestrante.

(*) Transcrição da Reunião Gênesis com Honório Abreu – 1a parte – 17/05/2006. Distribuída por: Cláudio Fajardo de Castro. Extraído de (copie e cole): https://espiritismoeevangelho.blogspot.com/

OBS:

Honório Abreu (1930-2007) foi presidente da União Espírita Mineira; um dos criadores e divulgador do método de estudo “miudinho”; autor do livro “Luz imperecível” (UEM, 2001).

Independência e cidadania

Independência e cidadania:

A propósito das evocações da data nacional da Independência do Brasil. é oportuna a transcrição de artigo – abaixo:

CIDADÃO ESPÍRITA CONSCIENTE

Aylton Paiva 

Já estamos nos aproximando da data em que seremos convocados, ao exercício da democracia, e depositar nossos votos para a escolha dos dirigentes políticos administrativos dos Poderes Legislativo e Executivo na esfera municipal.

Trata-se de momento de exercitar nossos deveres políticos e partidários: uns candidatando-se a ocupar os cargos de vereadores e prefeitos; outros a obrigação legal de escolher e votar nos candidatos que se apresentarem ao pleito.

Entre pessoas que se dizem espíritas, alguns não gostam de participar desse certame e mesmo argumentam que o espírita não deve se imiscuir na política.

Será que, verdadeiramente, essa é a posição da Doutrina Espírita?

Vamos, então, à sua fonte: O Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec.

Nele encontramos seguras diretrizes para analisarmos essa questão. Para tanto, iremos até a sua 3ª Parte – Das Leis Morais, no capítulo VII – Da lei de sociedade. 

Na questão nº 766, Allan Kardec indaga:

"A vida social está em a Natureza? Respondem os Mentores Espirituais: Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação (social) parêntese nosso) Já comentamos: “Torna-se evidente que a pessoa tem um compromisso com a sociedade em que vive.”

Mais adiante Allan Kardec questiona a motivação para essa convivência, na questão nº 768:

“Procurando a sociedade, não fará o homem mais do que obedecer a um sentimento pessoal, ou há nesse sentimento algum providencial objetivo de ordem mais geral? “ A resposta é clara é precisa:” O homem tem que progredir. Insulado não lhe é isso possível, por não dispor de todas as faculdades. Falta-lhe o contato com os outros homens. No insulamento ele se embrutece e estiola.”

Por isso a História nos mostra, desde os primórdios, os seres humanos se aglutinando e formando grupos, tribos e comunidades. A civilização ocorre justamente pela organização cada vez melhor desses grupos, surgindo, então as diversas formas de administração dessas organizações sociais. A estrutura melhor organizada, embasada em leis justas e equânimes, se revela nas sociedades democráticas. Nessas, o sistema eleitoral, com base no voto dos cidadãos é fundamental na escolha dos dirigentes dos Poderes Legislativo e Executivo.

O Espiritismo demonstra, que o espírita não pode se omitir no cumprimento do seu dever cívico, político, participando como eleitor, ou mesmo, se para tal vocacionado, na concorrência aos cargos eletivos, tendo sempre como objetivo maior o Bem comum.

Referências:

(1) Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo VII – Da lei de sociedade.

(2) Aylton Paiva. Espiritismo e política – Contribuições para a evolução do ser e da sociedade. Capítulo 7 – A sociedade na perspectiva espírita. Editora FEB.

Chico Xavier em programas e família de Sílvio Santos

Chico Xavier em programas e família de Sílvio Santos

    

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Nos momentos das homenagens ao grande comunicador Sílvio Santos, recém desencarnado, reapareceram na mídia fotos de Chico Xavier, presente em programa de Sílvio.

Interessante destacarmos que Sílvio Santos era judeu convicto e sempre mantendo uma postura neutra e respeitosa em seus programas com todas as religiões e suas lideranças.

Recordando: no dia 06 de março de 1970, Chico Xavier participou do concorrido programa “Cidade Contra Cidade”, representando a cidade de Uberaba, e apresentado por Sílvio Santos na extinta TV Tupi, tendo havido uma entrevista. Inclusive há vídeo integrando o DVD “Saulo Gomes entrevista Chico Xavier”.1

Um fato curioso ocorreu no seio da família de Sílvio Santos. Trata-se do depoimento que surgiu no podcast “Paranormal Experience”, onde a apresentadora Sílvia Abravanel, filha de Sílvio Santos, revelou que o médium Chico Xavier afirmou que ela seria a reencarnação de uma cunhada de Sílvio Santos, irmã de Maria Aparecida Vieira, a primeira esposa do empresário e dono do SBT: "Um dia a minha avó resolveu perguntar sobre a filha dela, que era a irmã mais velha da minha mãe […] Aí, o Chico falou: 'Ela está ali.' E quem estava sentada naquela sala era eu, que estava brincando. Minha avó falou: 'Ali onde?' e ele respondeu: 'A sua neta é a encarnação da sua filha'", detalhou Sílvia.2 Conforme foi repercutido pelo site Terra, Sílvia Abravanel também acrescentou que, quando criança, chamava a avó de "mãe" e sua mãe de "mãe Cidinha". Interessante é que Sílvia chegou ao lar de Sílvio Santos e Cidinha como uma filha adotada recém-nascida.

Dez anos após a desencarnação, a vida e obra Chico Xavier vieram à tona pela SBT, canal de TV criado e administrado por Sílvio Santos, no programa “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”. Esse programa, gênero jornalístico exibido pela SBT, foi lançado no dia 11 de julho de 2012 e apresentado em doze edições pelo jornalista Carlos Nascimento. Era inspirado no programa britânico “100 Greatest Britons” da emissora BBC, que também colaborou na produção do programa. O objetivo do programa da SBT foi "eleger aquele que fez mais pela nação, que se destacou pelo seu legado à sociedade". Depois das disputas em torno de dezenas de notáveis vultos do país, o vencedor indicado como o maior brasileiro de todos os tempos vencendo lideranças históricas, políticas, artísticas e esportivas. Na transmissão final aos 03 de outubro de 2012 Chico Xavier com 71,4% dos votos superou Santos Dumont e Princesa Isabel, que também disputaram a final do programa.3

Fontes:

1) Cidade contra cidade, 1970: http://www.dvdversatil.com.br/saulo-gomes-entrevista-chico-xavier/

2) Depoimento de Sílvia Abravanel: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/chico-xavier-fez-importante-revelacao-para-a-familia-de-silvio-santos,ff431772a1d5cf8bcec00b5181cc0087b1lgzylw.html?utm_source=clipboard

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Chico Xavier. O homem, a obra e as repercussões. Cap. 2.9. São Paulo: USE-SP, Capivari: EME. 2019. DE: https://www.facebook.com/gestudoschicoxavier