Informações sobre Benedita Fernandes, Estação Dama da Caridade e partida de Sirlei Nogueira

Informações sobre Benedita Fernandes, Estação Dama da Caridade e partida de Sirlei Nogueira

        

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Estávamos prestes a divulgar este texto quando chegou a notícia da desencarnação de Sirlei Nogueira. Ocorreu na noite do dia 12 de setembro, na Santa Casa de Araçatuba. Estava internado desde o dia 20 de agosto para tratamento de um AVC. Sirlei nasceu aos 12/06/1964 e residia em Araçatuba há cerca de 35 anos. Atuou em várias instituições e foi presidente da USE Regional de Araçatuba. Durante suas ações em Araçatuba, dedicou-se à difusão, tendo criado a divulgação “Face Espírita”, com publicação de artigos no jornal local "Folha da Região"; a editora Cocriação e há cinco anos a Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes. Foi diretor do filme “Benedita – uma heroína invisível. O legado da superação”. Colaborava atualmente no Centro Espírita Irmã Angélica. Desde sua internação hospitalar havia se formado o “Amigos de Sirlei” que pelo whatsapp mantinha-se informações e apoios a ele.

Interessante é que na madrugada do dia 12, em sonho tivemos um diálogo com Sirlei e na manhã comentamos com minha esposa. Teria sido uma “despedida”?

Com as homenagens, admiração pelo seu trabalho e vibrações nesse seu retorno à Pátria Espiritual, do amigo e parceiro em vários projetos, Cesar Perri.

São Paulo, 12 de setembro de 2025.

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No mês de junho passado, comparecemos duas vezes em Araçatuba para participar de eventos relacionados com obras de Benedita Fernandes, organizados por Sirlei Nogueira.

No início daquele mês houve o lançamento do livro Os desafios da educação nos tempos de regeneração, autoria do espírito Benedita Fernandes, psicografia de José Francisco Gomes (de Ipatinga, MG), contando com nosso prefácio. Estivemos presentes juntamente com o médium nos lançamentos em instituições de Araçatuba. No final de junho, retornamos para atuação na comemoração dos cinco anos da Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes e da data de nascimento deste vulto, inclusive com transmissão a partir da sede da Associação das Senhoras Cristãs, fundada por Benedita.

No final de julho estivemos de volta, acompanhado pela esposa Célia, e comparecemos juntamente com Sirlei em celebração familiar de Ismael Gobbo, amigo de seis décadas, e editor do Boletim Diário de Notícias do Movimento Espírita.

Nesse ínterim, recebemos recado espiritual espontâneo de Benedita, pelo médium José Francisco Gomes, para que averiguássemos dados registrados sobre ela. Lembramo-nos que há pouco tempo, alguém teria questionado dados sobre o nascimento dela em comentários pela internet.

Face a esse estímulo, dialogamos com Sirlei sobre a busca de novos documentos relacionados com Benedita Fernandes.

A partir daí, com apoio de um cartorário espírita amigo de Sirlei, descobriu-se que Benedita Fernandes compareceu com testemunhas em Cartório de Araçatuba e fez um Auto Registro de Nascimento, no dia 13 de setembro de 1945. Uma informação inédita! Conseguimos o documento e que confirma os dados – uma ratificação importante – que divulgamos em nosso livro Benedita Fernandes. A dama da caridade (Ed. Cocriação): nascida em Campos Novos de Cunha (SP) aos 27 de junho de 1883.

Esse documento extraído do livro de Registros do Cartório, agora disponibilizado, conta com assinaturas de Benedita e de duas testemunhas que a acompanharam; traz mais algumas informações, como sobre seus avós maternos: Dicó da Mota e Ana da Mota. Como está anotado que seu pai era desconhecido, não há informações de seus avós paternos.

Uma curiosidade é sobre o nome declarado do avô, Dicó. Verificamos que, na realidade, no século XIX seria um apelido designando pessoas e significa sapo do brejo, rã. Provavelmente era o nome pelo qual o avô, afrodescendente, era conhecido no meio rural onde vivia.

Face à bem-sucedida busca cartorial, combinamos com Sirlei Nogueira divulgar esse documento inédito por volta do dia 13 de setembro, quando se completa 80 anos do Registro citado.

Estamos cumprindo o combinado e gravamos uma live alusiva ao fato que vem sendo divulgada.

A gravação aludida por ser acessada pelo link (copie e cole):

 

Mensagens e estados de alma em “O céu e o inferno”

Mensagens e estados de alma em O céu e o inferno

      

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Há 160 anos, o livro O céu e o inferno, tendo por subtítulo de “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”, foi lançado por Allan Kardec em agosto de 1865, em Paris.

Para fundamentar a nova visão, analisa estados de alma com base nas comunicações de espíritos desencarnados. Trata-se de livro histórico e inédito. As obras do Codificador surgem no momento de um grande esforço espiritual para se restabelecer a fé, e, em bases racionais. O autor esclarece: “Tudo foi deduzido da observação e da concordância dos fatos”.

Kardec esclarece o método que adotou: “O primeiro exame comprovativo é, pois, sem contradita, o da razão, ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos. […] A concordância no que ensinem os Espíritos é, pois, a melhor comprovação. […] Prova a experiência que, quando um princípio novo tem de ser enunciado, isso se dá espontaneamente em diversos pontos ao mesmo tempo e de modo idêntico, senão quanto à forma, quanto ao fundo.” Nessa obra, anota que o espírita sério “compreende porque raciocina”.

Trata-se de um marco oferecido pelo Codificador, rompendo com séculos de domínio de consciências, e descortinando uma nova visão sobre a Justiça Divina. Esclarece seus cuidados: “Os exemplos que vamos transcrever mostram-nos os Espíritos nas diferentes fases de felicidade e infelicidade da vida espiritual.

Na 2a Parte de O céu e o inferno, traz análise de “Exemplos” e há numerosos casos que sustentam a teoria. Kardec esclarece como se desenvolve o processo da desencarnação e detalha algumas circunstâncias, lembrando que “A certeza da vida futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida”.

Sem pieguismo e com método de estudo, como em seus trabalhos em geral, analisa as manifestações de 76 espíritos e elaborou uma classificação de: Espíritos felizes; Espíritos em condições medianas; Espíritos sofredores; Suicidas; Criminosos arrependidos; Espíritos endurecidos; Expiações terrestres. Dessa maneira fica claro o “Código penal da vida futura” que ele sintetizou nesse livro.

O Espiritismo não vem, pois, com sua autoridade privada, formular um código de fantasia; a sua lei, no que respeita ao futuro da alma, deduzida das observações do fato, pode resumir-se nos seguintes pontos: A alma ou Espírito sofre na vida espiritual as consequências de todas as imperfeições que não conseguiu corrigir na vida corporal. O seu estado, feliz ou desgraçado, é inerente ao seu grau de pureza ou impureza. “O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.”

Julgamos muito importante o entendimento dessas distintas situações de espíritos desencarnados. Mesmo após inúmeras obras psicografadas que descrevem cenas da desencarnação e do mundo espiritual, muitos ainda nutrem ideias pueris sobre a dimensão incorpórea, sempre imaginando apenas lugares belos e tranquilos. Os diferentes estados de alma, quer de encarnados ou de desencarnados, se enquadram no conceito de que “a Natureza não dá saltos”, pois o mesmo raciocínio é válido num continuum de espírito encarnado/processo de desencarnação/espírito desencarnado.

A classificação genérica formulada por Kardec chama atenção para a relação entre a vida e morte corpórea e seus desdobramentos. O importante é o estado de alma e o nível e profundidade de como “a lei divina se encontra escrita na consciência” de cada um.

O Espiritismo responde às dúvidas existenciais mais frequentes. À pergunta insistente que brota na alma humana: “para onde vou após a morte?”, o livro O céu e o inferno indica a resposta clara e fundamentada!

* Síntese de palestra proferida pelo autor no 20o ENLIHPE, em Campinas, no dia 31/08/2025 – acesso pelo link (copie e cole): https://www.youtube.com/watch?v=HeCJcHx27oQ

Trechos transcritos de: Kardec, Allan. Trad. Bezerra, Evandro Noleto. O céu e o inferno. 1.ed. Rio de Janeiro: FEB. 2009.

Família – relações e visão espiritual

Família – relações e visão espiritual

                  

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Há poucos dias, entre 22 e 24 de agosto, ocorreu o 5o Encontro da Família Perri em hotel-fazenda em Itu (SP), com o comparecimento de um número expressivo de 187 participantes, envolvendo três gerações da família.

Na abertura, os organizadores homenagearam os ascendentes da família já desencarnados, os primos decanos presentes e os coordenadores dos eventos anteriores. Fizemos um rápido registro da história da família e distribuímos a publicação que elaboramos para o evento: “Registros da família de Gaetano Perri e Rosana Casale”. O encontro se caracterizou por ambiente de confraternização, com programa foi bem diversificado e registros fotográficos dos grupos de gerações e a geral dos participantes.1

Esse recente encontro familiar recordou-nos os anteriores, principalmente o primeiro, que organizamos em 1984. Dias depois, nosso tio desencarnado Lourival Perri Chefaly, escreveu pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, em reunião íntima no nosso lar ainda em Araçatuba: “Nossos vínculos, que remontam de longínquo passado, têm-se mantido através dos séculos, permitindo-nos o ir-e-vir das reencarnações em grupo, graças a cujo comportamento estamos lentamente saindo das trevas para a luz.”2,3

Na citada mensagem o espírito familiar comenta que membros da família Perri vêm convivendo em diferentes momentos e situações ao longo de cerca de um milênio. O que mereceu a colocação: “Assim, a Humanidade aprende a caminhar com mais facilidade, superando problemas para esquecer, momentaneamente, das asperezas e lutas inglórias do caminho.”2

Aqui se encaixam os conceitos de Allan Kardec sobre laços de família, dentro das óticas espirituais e corporais, como o trecho: "Os laços sociais são necessários ao progresso e os laços de família estreitam os laços sociais. […] Qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços de família?  ̶ Uma recrudescência do egoísmo."4

Efetivamente, o ambiente familiar é reconhecido por várias áreas do conhecimento como a base da sociedade. O objetivo é o processo educacional e que na ótica espírita tem importância redobrada ao se considerar o papel dos pais ou dos que se encontram no lugar deles na sedimentação de valores renovados junto aos espíritos que retornam ao cenário físico. Logo depois que assumimos a presidência da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, no segundo semestre de 1990, já se iniciava uma reunião de estudos sobre temas da família, e, que era coordenada pela nossa esposa Célia Maria Rey de Carvalho, contando com um grupo de colaboradores. Adotava-se uma programação que iniciamos com a esposa, poucos anos antes no Centro Espírita Luz e Fraternidade, de Araçatuba (SP). O programa de estudo concretizado na sede da USE-SP foi a origem do livro Família & espiritismo, editado pela USE-SP, preliminarmente lançado como um opúsculo.3,5

No ano de 1992, durante reunião da diretoria da USE-SP, surgiu a proposta de a USE-SP elaborar um projeto sobre o tema para o Conselho Federativo Nacional da FEB. Assim, surgiu a proposta da Campanha "Viver em Família", a qual foi aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da FEB em suas reuniões de novembro de 1993. O lançamento nacional da Campanha "Viver em Família" ocorreu em São Paulo, no dia 29 de janeiro de 1994, com realização da USE-SP na sede do Centro Espírita Nosso Lar, sendo desenvolvido o Seminário “Formação de equipes para a Campanha”.6

Oportuna a anotação de Emmanuel: “A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. […] Como renovar os processos de educação para a melhoria do mundo? – As escolas instrutivas do planeta poderão renovar sempre os seus métodos pedagógicos, com esses ou aqueles processos novos, de conformidade com a psicologia infantil, mas a escola educativa do lar só possui uma fonte de renovação que é o Evangelho, e um só modelo de mestre, que é a personalidade excelsa do Cristo.”7

Passados anos do lançamento da Campanha “Viver em Família”, o cenário em que vivemos solicita muita atenção para o cultivo dos valores familiares. O momento requer a implementação do slogan da Campanha, inspirado em O livro dos espíritos: “O melhor é viver em família. Aperte mais esse laço”!

Referências:

1) Facebook (copie e cole): https://www.facebook.com/cesar.perridecarvalho

2) Franco, Divaldo Pereira; Chefaly, Lourival Perri; Carvalho, Antonio Cesar Perri (Org.). Em louvor à vida. Cap. O encontro de família. 2.ed. Salvador: Ed. LEAL. 2016.

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Araçatuba: Cocriação. 2021. 632p.

4) Kardec, Allan. Trad. Ribeiro, Guillon. O livro dos espíritos. Questões 774 e 775. Brasília: FEB.

5) Carvalho, Célia Maria Rey (Org.). Família & espiritismo. 6.ed. São Paulo: USE. 231p.

6) Carvalho, Antonio Cesar Perri (Org.). Laços de família. 8.ed. São Paulo: Ed. USE. 150p.

7) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. O consolador. 29.ed. Questões 110 e 112. Brasília: FEB.

Star wars ou “Nosso Lar 3”

Star wars ou “Nosso Lar 3”

  

Vladimir Alexei

Em reportagem da revista Veja (digital, 15/08/25*), que invariavelmente é sensacionalista, embora tenha sido durante muito tempo uma revista comprometida com a verdade, a manchete desperta o interesse dos internautas: “Sabres de luz e energização: os bastidores da saga espírita Nosso Lar 3”.

Em seguida, a reportagem em seu primeiro parágrafo diz que no Espiritismo, fundado por Kardec, “os humanos têm dois destinos básicos após a morte: viver junto aos Espíritos de Luz, numa dimensão celestial pura e livre da maldade, ou pelejar com as almas não evoluídas nas trevas do Umbral.”

Incautos dirão que o problema é da ficção científica e da “arte” em torno do Espiritismo. Uma coisa é a ficção, cultura e arte. A outra é o que realmente diz a Doutrina Espírita sobre a vida após a morte e aqui vemos uma oportunidade de espaço para esclarecimentos ao público leigo.

A reportagem tem o foco na produção científica, contudo, não faz jus ao que a Doutrina Espírita preconiza, na nossa singela opinião. Nossa reflexão segue na maneira como o Espiritismo tem sido vinculado às obras de ficção e a distância entre a ficção e o aspecto moral adotado pelo Espiritismo e divulgado pelas entidades do movimento espírita. Com recursos tecnológicos mais aprimorados, o visual está ganhando contornos cada vez mais avançados e, quiçá, realista em relação ao “umbral”.

Contudo, o conhecimento do Espiritismo está cada vez mais em segundo plano. A compreensão da vida depois da morte não se limita a “seres de luz” e “seres umbralinos”. Isso é a reedição do “Céu e do Inferno” adotados por religiões convencionais. Será que as casas espíritas e as instituições federativas concordam com essa abordagem?

Embora cada vez mais lindo de se ver, mais distante de se sentir o que seja realmente Espiritismo. Naufragamos para uma reedição religiosa de erros grotescos cometidos no passado. Ainda que a obra ficcional tenha no enredo a tentativa de Zenóbia resgatar sua “paixão da vida” (as expressões não condizem com o conteúdo doutrinário, por isso a oportunidade de se gerar informações adicionais nas casas espíritas e federativas).

O propósito não é censura. Apoiamos toda manifestação artística e com essa obra de ficção não é diferente. Contudo, seria oportuno as instituições espíritas (casas e federativas) prepararem material de divulgação complementar que pode, tanto auxiliar na divulgação da obra de ficção, quanto esclarecer à população sobre o que a Doutrina Espírita realmente diz, amparado nos ensinamentos de Allan Kardec e com isso até ganhar nova projeção.

Todavia, o movimento espírita está entregue a derrotistas que, infelizmente, preferem debater entre si, divergir entre si, do que se abrir para o mundo. Talvez seja medo de como as máscaras de religiosos estão caindo mundo afora, como o caso recente de um Pastor flagrado usando roupas femininas e em situação estranha (poderia render outra reflexão, mas uma polêmica de cada vez).

(*) Matéria completa de Veja no Link: https://veja.abril.com.br/coluna/em-cartaz/sabres-de-luz-e-energizacao-os-bastidores-da-saga-espirita-nosso-lar-3/

(Transcrição de matéria divulgada pelo articulista em redes sociais, em 15/08/25; reside em Belo Horizonte).

120 anos das “clarinadas” de Cairbar Schutel

120 anos das “clarinadas” de Cairbar Schutel

     


Antonio Cesar Perri de Carvalho

No dia 15 de agosto o jornal O Clarim, fundado por Cairbar Schutel, completou 120 anos de circulação ininterrupta.
No ano de 1905 Cairbar Schutel fundou em Matão o Centro Espírita Amantes da Pobreza e no 15 de agosto daquele ano, o jornal O Clarim.
A edição de agosto de 2025 de O Clarim, no Editorial “Meus 120 anos”, registra-se as lembranças significativas para a Casa Editora O Clarim, com a publicação mensal na Revista Internacional de Espiritismo, de artigos alusivos ao Centenário desse órgão, e, agora com os 120 anos de fundação do Centro Espírita Amantes da Pobreza, hoje C.E. O Clarim, e do tradicional jornal O Clarim.(1)
Quando definia um nome para seu jornal, houve o diálogo: "Não queremos um jornal para gritar de alto e bom som que nossa profissão de fé agora é a espírita?" obtemperou alguém – "Então chamá-lo-emos O Clarim. Que clarinadas seriam? Aquelas originárias do pioneirismo de Cairbar Schutel na Casa Editora O Clarim, de Matão, que apresenta um clarim do Espiritismo sobre o mundo.(2)
Cairbar de Souza Schutel (1868-1938) foi destacado cidadão radicado em Matão (SP), tendo atuado como farmacêutico, primeiro Prefeito Municipal da cidade, histórico pioneiro e divulgador espírita. Era conhecido com o título de "O pai dos pobres", pelo fato de doar remédio de graça aos carentes e utilizava sua própria casa para acolher doentes. Conquistou o respeito da população da cidade e região, superando muitas perseguições de natureza religiosa.
Em 1925 lançou a Revista internacional de espiritismo. A RIE desde os tempos iniciais divulgou textos de autoria de lideranças espíritas de várias partes do mundo. Cairbar Schutel mantinha correspondência com Léon Denis, Gabriel Delanne, Oliver Lodge e outros luminares dos estudos e pesquisas espíritas. Editou dezenas de livros e foi autor de outro tanto.
Representantes de O Clarim viajavam pelo interior do Estado de São Paulo, inclusive para Araçatuba, nossa terra natal, nos tempos de Benedita Fernandes, para propagação do Espiritismo e divulgação dos livros e periódicos editados em Matão.(2)
Pelas páginas do jornal pode-se acompanhar as polêmicas que mantinha com adversários do Espiritismo; as distribuições de O Clarim por ocasião de “finados”; resenhas de livros; noticiário bem variado.
A centenária “dona Ziza” (Adalgisa de Lourdes Antunes), que completou 100 anos em julho de 2023, relatou contatos que teve com Cairbar Schutel, em Matão:
“ ‘Seu’ Schutel, abrindo-me as portas para que, no verdor dos meus 13 ou 14 anos, logo após minha formatura no Colégio São José, eu tivesse meu nome recomendado para trabalhar na Editora, mais especificamente na Redação (aliás, ‘Redacção’, conforme consta na antiga placa ainda afixada à entrada do prédio, hoje Memorial Cairbar Schutel, em Matão), em atividade burocrática utilizando a datilografia e os demais conhecimentos adquiridos no Colégio”.(3)
De nossa parte, colaborador como articulista de O Clarim e da RIE, há mais de 50 anos, reconhecemos que as atividades de Matão fundadas por Cairbar Schutel representam um marco na história do Espiritismo.
Por ocasião das comemorações do Centenário do jornal O Clarim, de 12 a 14 de agosto de 2005, tivemos inesquecível oportunidade de participar do evento histórico em Matão. Compareceram representantes de três países, 112 cidades de 14 Estados do país. Integraram a mesa de abertura do evento com palestra de Divaldo Pereira Franco, dirigentes da Casa Editora O Clarim, do presidente da USE-SP, várias instituições paulistas, o presidente da FEB Nestor João Masotti e nós representando o Conselho Espírita Internacional.(4)
Muitas vezes recorremos a O Clarim para obter registros históricos e informações sobre ações de vários vultos.
Inclusive nosso livro Benedita Fernandes. A dama da caridade, contém muitas informações que obtivemos do tradicional jornal criado por Schutel. Graças a O Clarim, obtivemos valiosas informações que foram utilizadas nessa biografia.(2)
Esse fato aponta sobre a importância de registros escritos.
Além de divulgar a Doutrina Espírita, Schutel alimentava os leitores com notícias do movimento espírita do Brasil e de vários países.
Daí nosso respeito, homenagem e gratidão ao nobre vulto, às suas obras e os veículos de informação pioneiros.
Fontes:
1) Editorial. Meus 120 anos. O clarim. Ano CXX. N.1. Agosto de 2025. P. 2.
2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Araçatuba: Cocriação. 2021. 632p.
3) Entrevista com Dona Ziza Rosito – Trechos extraídos de: Boletim de Notícias do Movimento Espírita – Ismael Gobbo: https://www.noticiasespiritas.com.br/2023/JULHO/19-07-2023.htm;
4) Carvalho, Antonio Cesar Perri. As influências marcantes do legado de Divaldo Pereira Franco. Revista internacional de espiritismo. Ano C. N.6. Julho de 2025. P. 269-271.
 

Entre o céu e o inferno

Entre o céu e o inferno

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Há 160 anos, o livro O céu e o inferno, tendo por sub-título de “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”, foi lançado por Allan Kardec em agosto de 1865, em Paris.

Trata-se de livro histórico e inédito, pois para fundamentar a nova visão, analisa estados de alma com base nas comunicações de espíritos desencarnados.

Kardec viveu no Século XIX – época das luzes, marcantes descobertas e teorias que modificaram o modo de vida do homem; um período de polêmicas com choques políticos, convivendo com o surgimento de diversas propostas sociais e impasses no âmbito da religião.

O autor esclarece: “O título desta obra indica claramente o seu objetivo. Nela reunimos todos os elementos destinados a esclarecer o homem quanto ao seu destino. Como em nossas publicações anteriores sobre a Doutrina Espírita, nada colocamos neste livro que seja produto de um sistema preconcebido ou de concepção pessoal, que aliás, não teria nenhuma autoridade. Tudo foi deduzido da observação e da concordância dos fatos”.

A 1a Parte do livro trata de Doutrina, com o exame comparado de diversas crenças sobre: o porvir e o nada; temor da morte; céu; inferno; purgatório; as penas futuras segundo o Espiritismo; anjos; demônios; intervenção dos demônios nas manifestações. No ítem “código penal da vida futura”, esclarece que não “formula um código de fantasia no que respeita ao futuro da alma”, mas deduz “das observações de fatos”. Nessa visão caem naturalmente as justificativas de penas eternas, a adoção de penitências, indulgências e os complexos de culpa. Pelo mecanismo das vidas sucessivas – a reencarnação -, o homem constrói seu próprio “destino”. Quando se desvia da Lei Divina, terá chances de reacertos em outras vidas, à semelhança de um processo escolar sequencial. O roteiro serão os ensinos morais do Cristo, que espelham a Lei de Deus. Ele nos trouxe a lei do amor, a compreensão de Deus Único, acrescida da visão do Deus Pai, bom e misericordioso: “Deus é amor” (I João 4, 8).

Na 2a Parte, o livro contém análise de exemplos. Segue-se o estudo pioneiro das manifestações espirituais e da identidade do comunicante, cotejando-as com dados sobre a existência do manifestante, enquanto encarnado. O estudo de casos elaborado por Kardec, faz de O céu e o inferno um livro de comprovações, contribuindo para a identificação dos espíritos comunicantes e oferecendo evidências para a compreensão da imortalidade da alma. Os diferentes estados de alma podem dar a sensação de “céu” e de “inferno”: espíritos felizes; espíritos em condições medianas; espíritos sofredores; criminosos arrependidos; espíritos endurecidos; expiações terrestres; em sofrimento pelo suicídio.

O entendimento desses estados de espíritos desencarnados afasta ideias dogmáticas e até pueris sobre o mundo espiritual. O Espiritismo responde às dúvidas existenciais e à pergunta insistente: “para onde vou após a morte?”, o livro O céu e o inferno indica a resposta clara e fundamentada!

Publicado em: Folha da região. Araçatuba, 27/07/2025, fl.2.

PROBLEMAS DA ATUALIDADE E DO ESPIRITISMO

PROBLEMAS DA ATUALIDADE E DO ESPIRITISMO

Aylton Paiva

Nos tempos atuais muito são os problemas que a sociedade enfrenta: violência física e moral, sexo irresponsável, droga, egoísmo, injustiça social e muitos outros.

Teria o Espiritismo visão e compreensão sobre esses fatos e ocorrência?

Sim, a Filosofia Espiritualista Espírita, consubstanciada em O livro dos espíritos, codificada por Allan Kardec, na sua Parte 3 – Das leis morais oferece a visão e compreensão sobre esses terríveis fenômenos e porque Deus e Jesus o permitem. Nessas reflexões são apresentados os vários problemas e a visão que a Doutrina Espírita oferece sobre eles.

Violência, guerras, terrorismo, assassinatos (Parte 3, Cap. VI – Lei da destruição)

Apologia ao sexo e à beleza física a qualquer preço (Parte 3, Cap. IV – Lei da reprodução)

Aborto, pena de morte, assassinatos, suicídios, feminicídio (Parte 3, Cap. VI Lei da destruição)

Como equilibrar o necessário e o supérfluo e reduzir o desperdício de tempo e de recursos naturais (Parte 3, Cap. V – Lei da conservação)

A banalização do uso de drogas – (Parte 3, Cap. XII – Da perfeição moral: as virtudes e os vícios)

Laços de família – educação de filhos – dificuldade com relação a esses temas (Parte 3, Cap. IV – Lei da reprodução)

Vida em sociedade X individualismo (Parte 3, Cap. VII – Lei de sociedade)

Síndromes como autismo, down, TDH e tantas outras variáveis (Parte 2, Cap. VI – Da vida espiritual)

Justiça social (Parte 3, Cap. XI Lei de justiça, de amor e de caridade)

Envelhecimento da população mundial e controle da natalidade (Parte 3, Cap. IV – Lei de reprodução)

Pandemias, endemias, miséria. – (Parte 3, Cap. VI – Lei de destruição – Flagelos)

Aumento do número de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social (Parte 3, Cap. VII – Lei de sociedade)

Materialismo – (Parte 2, Cap. II – Materialismo) Individualismo – (Parte 2, Cap. VII, Lei de Sociedade)

Agressividade – (Parte 2, Cap. XI – Lei de Justiça, amor e de caridade)

Indiferença – (Parte 3, Cap. XII, item O Egoísmo)

Destaque do Mal – (Parte 3, Cap. I – O Bem e o Mal)

Exaltação dos animais como seres da família – "prefiro viver com animal do que com gente" – (Parte 2, Cap. XI – Os animais e os homens)

Preconceitos em geral Idolatria a pessoas – artistas em geral e religiosos como pastores, padres, pensadores em geral, jogadores de futebol etc. – (Parte 3, Cap. II, Lei da adoração)

Jovens problemáticos, neuroses, psicoses, automutilação, baixa autoestima (Parte 2, Cap. VI, item Escolhas das provas.)

Como lidar com a morte de entes queridos (Parte 4ª, Cap. I, Perda dos entes queridos)

Revivescência de seitas como xamanismo, uso de chá alucinógenos etc. (Parte2, Cap. IX Poder oculto, talismãs, feiticeiros. Como manter o equilíbrio frente aos problemas que assolam a humanidade – Conhecimento e aceitação dos ensinos do Espiritismo e do Evangelho de Jesus.

OBSERVAÇÃO: As indicações e citações para o entendimento dos problemas são de O livro dos espíritos, por Allan Kardec. Edição da FEB.

Publicação espírita brasileira pioneira

Publicação espírita brasileira pioneira

    

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Agora em julho transcorrem 156 anos do lançamento da primeira publicação espírita brasileira com idioma totalmente em português.

Em julho de 1869 – doze anos após a publicação de O livro dos espíritos, em Salvador, na Bahia, foi lançado O Écho d’Além-Túmulo – Monitor do Espiritismo no Brasil.

O periódico tinha como responsável o jornalista Luís Olympio Telles de Menezes e contava com 56 páginas cada edição. Foi pioneiro na imprensa espírita brasileira, chegando a circular, inclusive, em Nova Iorque, Londres, Paris, Lyon, Madrid, Barcelona, Sevilha, Bolonha e Catânia.

Luís Olympio Telles de Menezes (1828-1893), professor primário, estenógrafo, funcionário da Assembleia Legislativa e Oficial da Biblioteca Pública da Bahia. Falava inglês, francês, castelhano e latim. Colaborou com os periódicos: Diário da Bahia, Jornal da Bahia, A Época Literária, como redator e diretor. Escreveu o romance Os dois rivais; foi membro do Instituto Histórico da Bahia. Em 1857, fundou o Conservatório Dramático da Bahia, onde teve contato com os fenômenos espíritas e, na busca de entendimento, passou a se corresponder com espíritas franceses, entre eles, o Codificador Allan Kardec. Fundou em 17 de setembro de 1865, em Salvador, o Grupo Familiar do Espiritismo, o primeiro ligado à Doutrina Espírita, no Brasil. Em 1866, publicou Filosofia Espiritualista, tradução da parte inicial de O Livro dos Espíritos, tendo sido impressos mil exemplares, que se esgotaram nos primeiros meses.

De conteúdo didático, O Écho d’Além-Túmulo transcrevia artigos da Revue Spirite, páginas de O Livro dos Espíritos, e tinha por objetivo apresentar e desmistificar a visão errônea que se tinha da Doutrina Espírita. Seus pilares eram o lema da Revolução Francesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Não possuía fins lucrativos e parte das suas vendas destinava-se à causa abolicionista.

O Écho d’Além-Túmulo foi citado duas vezes na Revue Spirite. Em outubro de 1869, na seção “Novos jornais estrangeiros”: “O Eco D’Além-Túmulo, monitor do Espiritismo no Brasil, publicado mensalmente na Bahia, em língua portuguesa, em cadernos de 60 páginas in-octavo, sob a direção do Sr. Luiz Olympio Telles de Menezes, membro do Instituto Histórico da Bahia”.1

Na edição seguinte, em novembro de 1869, na seção “Bibliografia: O ECO DE ALÉM-TÚMULO Monitor do Espiritismo na Bahia (Brasil) Diretor: Sr. Luiz Olympio Telles de Menezes”, com o texto (trechos): “Num dos últimos números da Revista anunciamos o aparecimento de uma nova publicação espírita em língua portuguesa, na Bahia (Brasil), sob o título de L’Écho Spirite d’Outre-Tombe (O Eco de Além-Túmulo, monitor do Espiritismo no Brasil). Mandamos traduzir o primeiro número desse jornal, a fim de que os nossos leitores dele se inteirem com perfeito conhecimento de causa. As passagens seguintes, extraídas de O Eco de Além Túmulo, provarão, melhor do que longos comentários, o ardente desejo do Sr. Luiz Olympio, de concorrer eficaz e rapidamente para a propagação dos nossos princípios, […] ao qual nos apressamos imediatamente a endereçar vivas felicitações, pela iniciativa corajosa de que nos dá prova. Com efeito, é preciso grande coragem de opinião para criar num país refratário como o Brasil, um órgão destinado a popularizar os nossos ensinamentos. A clareza e a concisão do estilo, a elevação dos sentimentos ali expressos, são para nós uma garantia do sucesso dessa nova publicação. A introdução e a análise que o Sr. Luiz Olympio faz, do modo pelo qual os Espíritos nos revelaram a sua existência, pareceram-nos bastante satisfatórias”.2

A seção com a longa resenha é assinada por A. Desliens, Secretário-Gerente do Comitê de Administração da Revue spirite. Trata-se de Armand Theodore Desliens.

Nas informações biográficas de Luís Olympio, consta que apesar de ter formação católica, ele via no Espiritismo uma forma de resgate do cristianismo primitivo dentro da própria Igreja Católica. Por isso, surgiram entraves e inconvenientes ao associar sua proposta com o surgimento do jornal espírita, o que causou problemas pois, à época, o Catolicismo era a religião oficial do Estado, conforme estabelecido pela Constituição brasileira de 1824. Cedendo às pressões, o jornalista encerrou as atividades de O Écho d'Álem-Túmulo e mudou-se para o Rio de Janeiro.

Todavia com o Grupo familiar de Espiritismo e com o periódico, Luís Olympio lançou as bases para a chegada e a sedimentação da Doutrina Espírita no Brasil.

Em expressiva homenagem caracterizada por emissão de selo postal, no ano de 1969, os Correios do Brasil emitiram selo em homenagem ao centenário da imprensa espírita no Brasil, com estampa do fundador Luís Olympio Telles de Menezes.

Bibliografia:

1) Kardec, Allan. Trad. Bezerra, Evandro Noleto. Bibliografia – Novos jornais estrangeiros. Revista espírita: Jornal de estudos psicológicos. Ano XII, n. 10, out. 1869. Rio de Janeiro: FEB.

2) Idem. Op. cit. ano XII, n. 11, nov. 1869.

Minha boa amiga

“Minha boa amiga”

Adair Ribeiro*

Quando indagado se o espiritismo era uma religião, Allan Kardec disse que o laço estabelecido por uma religião deveria ser essencialmente moral, responsável por ligar os corações, identificar os pensamentos e as aspirações, e não questão de simples compromisso material que pudesse ser rompido à vontade.

Explicou Kardec que o efeito desse laço moral seria o de estabelecer entre as pessoas que ele une a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas.

Para ele, seria justamente com base nessa comunhão de vistas e sentimentos que poderíamos dizer: a ’religião’ da amizade, a ’religião’ da família.

A aplicação prática por Kardec desse conceito pode ser encontrada em muitas cartas e textos dos diferentes acervos disponíveis no Projeto Allan Kardec da UFJF-MG.

Neles verificamos, por exemplo, que ele se referia a sua esposa, Amélie Gabrielle Boudet, como “minha querida amiga” ou “minha boa amiga”. Vale lembrar que, na França, em meados do século 19, a mulher tinha a sua presença restrita à maioria dos espaços públicos e com direitos civis reduzidos.

Para acesso à universidade, o sistema cultural francês disponibilizava estabelecimentos de ensino quase exclusivamente aos rapazes, preparando-os para as profissões liberais, enquanto as jovens eram educadas para se tornarem boas donas de casa, com aulas de costura, música e canto.

Com o casal Kardec era diferente. A comunhão de pensamentos também sobre o papel da mulher já era perceptível entre eles nos anos 1840, afinal Amélie Boudet esteve ao lado do marido, na Escola de Comércio e Pensionato para meninas, preparando jovens para que pudessem trabalhar em diferentes profissões, estimulando-as a continuarem seus estudos.

A documentação histórica nos mostra Amélie secundando e auxiliando o esposo a todo momento durante a construção e divulgação do corpo doutrinário espírita. Nas viagens de Kardec, ela assumiu papel central no gerenciamento dos negócios particulares da família e no trato com os assuntos ligados ao espiritismo.

Após a desencarnação do marido, assumiu função central para a continuidade do espiritismo. Foi ela a responsável pela fundação da Sociedade Anônima, como maior acionista, dando sequência à publicação das obras espíritas. Também ocupou importante cargo no Conselho Fiscal da nova entidade, fiscalizando suas operações e emitindo relatórios fiscais e contábeis, além de participar do Comitê de Leitura, órgão criado para autorizar o conteúdo do que seria publicado na Revista Espírita e escolhendo os livros que seriam editados pela sociedade.

A “boa amiga” esteve envolvida com assuntos ligados ao espiritismo até desencarnar, ocupando posição de destaque no movimento espírita francês. Documentos atestam sua lucidez e o equilíbrio de sua razão no final de sua vida corporal.

Tudo indica ter sido esse mesmo ‘laço moral’, empregado para conceituar a religião como união de propósitos, que também ligou o coração de Amélie ao de Kardec e ao espiritismo, uma mulher à frente de seu tempo e que merece o devido reconhecimento e destacado lugar na historiografia do espiritismo.

*Adair Ribeiro Jr. é curador do Museu AKOL – AllanKardec.online.

DE: Correio News, 09/06/2025, copie e cole: https://correio.news/curiosidades/minha-boa-amiga

 

Livros de Chico Xavier relacionados com o mês de julho

Livros de Chico Xavier relacionados com o mês de julho

    

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Interessante é que o mês de julho assinala alguns episódios históricos relacionados com a psicografia de Chico Xavier.

A começar pela sua primeira psicografia em Pedro Leopoldo (MG). Aos 17 anos de idade, poucos dias após fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, repentinamente, no dia 08 de julho de 1927, na reunião do novel Centro, Chico psicografa pela primeira vez, deixando todos atônitos. Mensagem assinada por um espírito amigo. Iniciava-se a profícua tarefa psicográfica de Chico Xavier.

Cinco anos depois, no dia 08 de julho de 1932, a Federação Espírita Brasileira lança sua primeira obra mediúnica: Parnaso de além túmulo. Esta foi um marco histórico e gerou impactos no meio espírita e no ambiente literário do país pelo fato de reunir poemas assinados por grandes poetas brasileiros e portugueses.

O orientador espiritual de Chico, Emmanuel, no dia 8 de julho de 1941, escreve a apresentação da monumental obra Paulo e Estêvão. Nesse texto de abertura do livro, considerado obra prima da psicografia do médium, o autor espiritual registra observações importantes que definem o objetivo da obra e oferecem rápida visão sobre a tarefa do apóstolo e do primeiro mártir do Cristianismo: “Nosso escopo essencial não poderia ser apenas rememorar passagens sublimes dos tempos apostólicos, e sim apresentar, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua legitima feição de homem transformado por Jesus Cristo e atento ao divino ministério. […] Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, […] Sem Estêvão, não teríamos Paulo de Tarso”. O livro Paulo e Estêvão representa um registro histórico diferenciado, pois sua leitura oferece mentalmente uma visão cinematográfica.

Momento que presenciamos desde eventos prévios, aconteceu nos últimos dias de julho de 1983 com o lançamento em Uberaba do livro "…E o amor continua", contendo mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier e por Divaldo Pereira Franco. Nesse livro, editado pela LEAL, foram incluídas cartas familiares recebidas por ambos, em reuniões públicas no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.

Há poucos dias comentamos os 23 anos da desencarnação de Chico Xavier e fatos significativos que ocorrem como repercussão de seu exemplo de vida e de sua vasta literatura psicográfica.

Sem dúvida, além das respeitáveis homenagens que se sucedem, o mais importante é a valorização do profícuo conteúdo das obras que ele foi intermediário. Nessas obras, compreende-se claramente as abordagens relacionadas com as palavras chaves que sintetizem seu perfil e que alimentaram as divulgações sobre seu Centenário de nascimento, em 2010: espírito, saber, fé, caridade, amor!

Nossa sugestão é a leitura, estudo, valorização da literatura psicográfica de Chico Xavier.

(*) Autor do livro: Chico Xavier. O homem, a obra e as repercussões. São Paulo: USE-SP e Capivari: EME. 2019. 223p.