Divaldo – gratidão e homenagem

Divaldo – gratidão e homenagem

              

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Há poucos dias – 05 de maio – em artigo, parabenizamos Divaldo Pereira Franco que completava 98 anos.

Agora, em seguida à sua partida para o mundo espiritual, ocorrida na noite do dia 13 de maio, reiteramos as homenagens, eivadas de gratidão e reconhecimento pela sua profícua existência de divulgação da mensagem espírita.

No período do velório público no Ginásio de Esportes da Mansão do Caminho, milhares de pessoas ali passaram, mas a distância, milhões de pessoas do Brasil e de várias partes do mundo vibram paz, reconhecimento e gratidão ao vulto que cumpriu longa missão marcante no campo do bem.

Até final de outubro passado manteve um ritmo incansável na difusão espírita, apesar dos limites de enfermidades e da idade, superando desafios.

Ao longo de 63 anos, desde visita que ele fez à Instituição Nosso Lar em Araçatuba, acompanhamos inúmeros momentos da trajetória de Divaldo incluindo muitas de suas dificuldades seguidas de superações.

Em nossa memória desfilam como flashes de um filme os panoramas sobre inúmeros encontros que mantivemos com o orador ao longo dessas décadas, nas regiões do Brasil e em diversos países. A começar no convívio familiar, pois durante 30 anos foi hóspede de nossos genitores e de nosso lar com Célia, nos tempos de seus roteiros por Araçatuba e região. Para os nossos filhos, que ele viu crescerem, ele era o tio. Bons tempos da vivência com ele no ambiente familiar e descontraído.

Em várias oportunidades fomos seu hóspede na Mansão do Caminho e em muitos outros momentos, desde 1972, visitamos essa obra por ele fundada em Salvador.

Em incumbências nossas na União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, na Federação Espírita Brasileira e no Conselho Espírita Internacional, Divaldo era presença continuada e amiga.

Em nossa gestão como presidente da Federação Espírita Brasileira, durante reunião do Conselho Federativo Nacional (novembro de 2014), ocorreram várias atividades com Divaldo: palestras, promoção do “Movimento Você e Paz” em solenidade no plenário da Câmara dos Deputados, e inauguração de Exposição sobre a Mansão do Caminho e a obra de Divaldo no Espaço Cultural na sede FEB em Brasília.

Atualmente como colaborador do Grupo Espírita Casa do Caminho, em São Paulo, fomos o intermediário para um vídeo gravado por Divaldo em homenagem aos 50 anos desse centro em 03/10/2021. Igualmente, gravações para a webtv Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes, de Araçatuba.

Divaldo foi responsável por mais de 20 mil conferências, realizadas em mais de 2.500 cidades e 71 países ao redor do mundo. Com mais de 260 obras publicadas que abrange mais de 200 autores espirituais nos mais diversos temas e gêneros textuais. Suas obras foram traduzidas para 17 idiomas.

Além de privarmos de amizade e de continuados contatos, pudemos participar de publicações, como organizador, como: “Repositório de sabedoria” e “Em louvor à vida”, ambos da Ed.LEAL; “Diálogo. Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas” e “Laços de família”, editados pela USE-SP; “Em nome do amor. A mediunidade com Jesus” (Ed.FEB). Em nossa obra biográfica “Benedita Fernandes. A dama da caridade” (Ed.Cocriação), há contribuições mediúnicas de Divaldo.

Até sua recente enfermidade, mantivemos continuados contatos, em trocas de e-mails, ele sempre fraterno e atencioso.

Eis alguns, como o e-mail de Divaldo em 2020: “[…] Tenho prosseguido com destemor e fiel a Jesus-Kardec. […] Sou muito grato a você e família que me receberam desde jovem até hoje.” Em outra mensagem: “[…] Naquele lindo tempo éramos muito felizes. […] Sigamos, erguendo o mundo novo.” Em e-mail do mesmo ano: “Carinho à amada família.”

Sobre nosso livro Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões (Ed.Cocriação, 2021), que conta com um prefácio dele: “Acabo de ler o seu maravilhoso trabalho sobre nossa longa e abençoada convivência. Não pude deixar de chorar. […] sobrevivemos e continuamos”.

Ainda em outubro de 2024 informou-nos em e-mail que estaria presente na exibição do filme “Benedita Fernandes – legado da superação” na Mansão do Caminho, “embora a saúde insegura”. Divaldo é participante do citado filme.

Aliás na divulgação que ele fez publicamente e gravada pela TV Mansão do Caminho, Divaldo exibe a mensagem “Emergência para a criança”, em folheto de divulgação da União Municipal Espírita de Araçatuba. Essa foi a primeira assinada por Benedita que ele psicografou, e em reunião familiar na residência de nossos genitores em Araçatuba, no dia 24/04/1973.

Episódio interessante ocorreu na madrugada do dia 12 de maio, véspera da desencarnação de Divaldo. Tivemos um sonho muito nítido em que ele repentinamente surgiu com aspecto mais jovem e conversou alegre e rapidamente conosco em tom de gratidão pelo apoio que sempre dispensamos a ele. Ao despertarmos, relatamos à nossa esposa e de imediato ela comentou: “Ih, ele está mesmo partindo e se despedindo…”

Em nossas lembranças há instantes proveitosos e alegres na convivência com Divaldo, desde os tempos de Araçatuba e em inúmeros locais do país e do exterior, momentos significativos e inspiradores para a prática espírita, estímulo ao bem e à paz!

Nossas homenagens e gratidão ao marcante seareiro que retorna ao mundo espiritual!

Kardec na atualidade

Kardec na atualidade

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Atualmente sabe-se que Hippolyte Léon Denizard Rivail apenas nasceu na histórica cidade francesa e nunca lá residiu.

Foi criado com a família de sua genitora em Bourg en Bresse e Saint Denis les Bourg, duas cidades do Departamento de Ain, próximas a Lyon. Já se esclareceu que seu genitor, Jean-Baptiste Antoine Rivail, não desapareceu em guerras napoleônicas, mas, após estas, constituiu outra família no oeste da França e desencarnou aos 75 anos em 1834.

Rivail estudou em Yverdon com Pestalozzi e depois atuou como professor em Paris, casou-se com Amélie Boudet, destacada companheira como professora e depois nas lides espíritas. Ambos criaram e educaram uma menina chamada Jeanne Louise, provavelmente adotiva e que desencarnou bem jovem.

Após viver a experiência de professor, tradutor, interessado em temas emergentes na época como o magnetismo, entrou em contato com os fenômenos das chamadas “mesas girantes”. Em seguida, o ilustre professor onde veio a executar seu papel como Codificador do Espiritismo.

Como intelectual, portador de uma dose de ceticismo, e visão de arguto observador, rapidamente superou a etapa inicial de envolvimento com os fenômenos e passou a centralizar sua atenção na análise do conteúdo das informações que emanavam dos chamativos fatos ou efeitos pois, necessariamente “haveriam de ter uma causa”…

A partir da publicação de O livro dos espíritos, rapidamente se sucedem outras obras, naturalmente, um desdobramento aprofundado e com sentido prático, a partir das quatro grandes partes da obra pioneira. Do conjunto se destacam aquelas que são consideradas as obras básicas do Espiritismo: O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese.

Simultaneamente, o lúcido Kardec, dá início à Revista espírita, funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e empreende viagens para intercâmbio com grupos espíritas nascentes pelo interior da França e da Bélgica. Num prazo curto de tempo, com atividades múltiplas e muito intensas,

Allan Kardec deu início à Doutrina, à imprensa, a uma instituição e a uma movimentação de intercâmbio e compartilhamento de ideias e de experiências.

Todas essas ações fazendo juz à adjetivação “espírita”, no conceito por ele caracterizado. Kardec realmente foi o começo! A propósito da palavra e do enunciado acima citados, lembramos que neste ano completa-se 50 anos da aprovação inicial da “Campanha Comece pelo Começo”. Esta foi idealizada pelo publicitário muito dedicado ao Espiritismo Merhy Seba e tem por foco a valorização das obras da Codificação Espírita, de Allan Kardec. Historicamente, a Campanha “Comece pelo Começo” foi aprovada no final do ano de 1971 pelo Conselho Metropolitano Espírita da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (atual USE Regional de São Paulo). No início de 1972 essa Campanha já foi implementada em nível da Capital.

Naquela época assistimos exposição de Merhy Seba sobre o tema na II Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado de São Paulo (COMJESP), em Marília, em abril de 1972.

A referida Campanha nos interessou porque à época éramos presidente da União Municipal Espírita de Araçatuba (atual USE Intermunicipal de Araçatuba) e reforçaria nossos esforços de divulgação. Depois de aprovada pelo Conselho Deliberativo Estadual da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, a marcante Campanha foi lançada em nível estadual no ano de 1975, com a divulgação de cartazes e folderes definindo o objetivo da mesma e apresentando uma síntese sobre as obras de Kardec. Em nível nacional essa Campanha foi aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, durante nossa gestão como presidente, em reunião de novembro de 2014.

À vista da proliferação de livros espíritas – e com a influência de vários modismos -, criando desfocagens sobre a literatura básica e nas ações a ela relacionadas, e também pelo fato de que muitos cursos se basearem em material apostilado, torna-se muito importante que os centros e o Movimento Espírita dêem prioridade para a divulgação e o estímulo à leitura e ao estudo das Obras Básicas do Espiritismo.

É sempre oportuna a valorização ao estímulo pelo estudo de suas obras, ou seja, “comece pelo começo”!

Nos últimos anos com a disponibilização por instituições oficiais da França de documentos digitalizados muitos detalhes estão vindo à tona e outros poderão ser acrescentados aos momentos pós-Kardec em Paris. As biografias clássicas de Kardec estão desatualizadas.

Em nosso país, os documentos que estavam em poder da família do dr. Canuto Abreu, estão sendo trabalhados na Fundação Espírita André Luiz, de São Paulo, e em convênio com pesquisadores do NUPES da Universidade Federal de Juiz de Fora. Na atualidade, há várias páginas eletrônicas que disponibilizam informações sobre a vida e obra de Allan Kardec, como: Autores Espíritas Clássicos; CSI Imagens e Registros Históricos do Espiritismo; ECK – Espiritismo com Kardec; GEAE – Grupo de Estudos Avançados Espíritas; Grupo Espírita Amélie Boudet; IPEAK – Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec; Jornal de Estudos Espíritas; Kardecpedia; Liga de Pesquisadores do Espiritismo; NUPES – Núcleo de Pesquisa e Espiritualidade em Saúde da UFJF.

Bibliografia:

1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Centro espírita. Prática espírita e cristã. Cap. 6.2. São Paulo: USE. 2016.

2) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Caps. 2.16 e 5.11. Araçatuba: Cocriação. 2021.

3) Página eletrônica: https://www.allankardec.online/

Divaldo – exemplo de superações

Divaldo – exemplo de superações

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Dia 05 de maio Divaldo Pereira Franco completa 98 anos. Nos últimos meses tem passado por algumas situações complexas de saúde, mas tem superado e se mostra otimista.

Até final de outubro passado manteve um ritmo incansável na difusão espírita, apesar dos limites de enfermidades e da idade, superando desafios.

Ao longo muitas décadas acompanhamos momentos da trajetória de Divaldo incluindo muitas dificuldades seguidas de superações.

Desde 1962 mantemos amizade com Divaldo, quando o conhecemos em visita que ele fez à Instituição Nosso Lar em Araçatuba, durante sua atuação em evento jovem interestadual.

Nessa cidade nossa genitora e em nosso lar, hospedamos durante 30 anos o amigo visitante. Recebeu o título de “Cidadão Araçatubense” em 1984, e, três anos depois lançou o livro Em Louvor à Vida (Ed. LEAL), como psicógrafo do espírito Lourival Perri Chefaly e em parceria conosco.
Entre 1978 e 1980 presenciamos reencontros históricos de Divaldo com Chico Xavier, em Uberaba.
Em nossa memória desfilam panoramas sobre inúmeros encontros que mantivemos com o orador ao longo dessas décadas, nas regiões do Brasil e em diversos países.

Em nossa gestão como presidente da Federação Espírita Brasileira, durante reunião do Conselho Federativo Nacional (novembro de 2014), ocorreram várias atividades com Divaldo: palestras, promoção do “Movimento Você e Paz” em solenidade no plenário da Câmara dos Deputados, e inauguração de Exposição sobre a Mansão do Caminho e a obra de Divaldo no Espaço Cultural na sede FEB em Brasília.

Até sua recente enfermidade, mantivemos continuados contatos, em trocas de e-mails, ele sempre fraterno e atencioso.

Eis alguns, como o e-mail de Divaldo em 2020:

“[…] Tenho prosseguido com destemor e fiel a Jesus-Kardec. […] Sou muito grato a você e família que me receberam desde jovem até hoje.” Em outra mensagem: “[…] Naquele lindo tempo éramos muito felizes. […] Sigamos, erguendo o mundo novo.” Em e-mail do mesmo ano: “Carinho à amada família.”

Sobre nosso livro Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões (Ed.Cocriação, 2021), que conta com um prefácio dele: “Acabo de ler o seu maravilhoso trabalho sobre nossa longa e abençoada convivência. Não pude deixar de chorar. […] sobrevivemos e continuamos”.

Em 2024, Divaldo comentou os recentes: nosso livro Leopoldo Cirne. Vida e propostas por um mundo melhor (Ed.Cocriação/CCDPE) e o filme “Benedita Fernandes. Legado da Superação”, produzido por Sirlei Nogueira. Divaldo é personagem convidado do filme e tem mensagens psicografadas, do espírito Benedita, incluídas no nosso livro Benedita Fernandes. A dama da caridade (Ed.Cocriação), base para o enredo do filme.

Ainda em outubro de 2024 informou-nos em e-mail que estaria presente na exibição do filme sobre Benedita “embora a saúde insegura”.

Pouco tempo depois, quando estivemos na Mansão do Caminho em novembro de 2024, para apresentação e palestra sobre o filme “Benedita Fernandes – legado da superação”, ele se encontrava internado em hospital, mas deixou tudo programado e contamos com excelente recepção e apoio do presidente da Mansão do Caminho e da TV Mansão do Caminho. Divaldo é participante do citado filme.

Em nossas lembranças há instantes proveitosos e alegres na convivência com Divaldo, desde os tempos de Araçatuba e em inúmeros locais do país e do exterior, momentos significativos e inspiradores para a prática espírita, estímulo ao bem e à paz!

A Divaldo, nossas homenagens pelo seu natalício!

Partida de Francisco – exemplo de simplicidade e solidariedade

Partida de Francisco – exemplo de simplicidade e solidariedade

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A desencarnação do papa Francisco, aos 88 anos, no dia 21 de abril gera evidentes situações de comoção e de muito respeito pelo seu vulto.

Como observador externo do catolicismo, nutrimos interesse e consideração por Francisco, pelas transformações já impressas no Vaticano e nas ações do movimento católico.

A nosso ver, parece-nos um autêntico concretizador de premissas aprovadas no histórico Concílio Vaticano II, um continuador do papa reformista João XXIII.

A sugestiva escolha do nome, em homenagem a Francisco de Assis, assinala a inspiração para a simplicidade, humildade e dedicação ao próximo.

O cardeal de Buenos Aires, Jorge Mário Bergoglio, desde a sua apresentação pública após a eleição como papa, quando pediu ao povo que orassem por ele, e durante seu pontificado com continuados exemplos de espontaneidade, simplicidade, preocupação com o próximo, repetidas exortações pela paz, fraternidade e esperança, assinalaram profundas marcas de renovações.

Nesse perfil renovador ficou clara a orientação para que a Igreja saísse para fora, com ênfase nas ações junto à comunidade e o respeito à diversidade. No encontro com as realidades e as pessoas, o papa Francisco encarna o humanismo em sua acepção mais humanizadora. Há um livro de título inspirador, que reúne biografia e propostas desse Papa: Novo Humanismo: Paradigmas civilizatórios para o século XXI.

Favoreceu-se o incremento das chamadas ações interreligiosas.

No período em exercemos a presidência da Federação Espírita Brasileira, em Brasília, representamos essa instituição em diversas reuniões interreligiosas sobre questões ligadas à assistência e promoção social e, inclusive, uma delas na sede da FEB, em fevereiro de 2014, com a presença do secretário geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil1, bispo Leonardo Ulrich Steiner, que na oportunidade teceu considerações elogiosas às mudanças impressas pelo papa Francisco. Esse bispo depois foi nomeado por Francisco cardeal e arcebispo de Manaus.

Na cidade de São Paulo, temos conhecimento de continuadas reuniões e atividades interreligiosas, várias com a presença do Cardeal de São Paulo.

Em algumas reuniões com a presença da presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, Júlia Nezu. Atuação constante e marcante nesses eventos interreligiosos é o dirigente e expositor espírita Afonso Moreira Junior. Inclusive, este companheiro mantém o programa "Conviver", transmitido semanalmente pela TV Mundo Maior e Rádio Boa Nova, onde o foco é mostrar a importância do diálogo interreligioso na construção de uma sociedade mais tolerante e pacífica, com estímulo à coexistência em harmonia.

Em julho de 2024, participamos de evento promovido por programas de Pós-Graduação em Ciência da Religião da PUC/SP e de Sociologia da UFSCar, na Catedral Anglicana de São Paulo, oportunidade em que o padre representando uma Pastoral de São Paulo, teceu considerações sobre o significado daquele encontro, valorizando as ações de João XXIII, continuadas pelo papa Francisco.2

Na consulta aos textos do Programa “Pinga Fogo”, com Chico Xavier, pela antiga TV Tupi de São Paulo (1971) há registros de respostas do médium a João de Scantiburgo e Reali Júnior, demonstrando respeito à Igreja Católica e destacando o trabalho social que esta vinha executando.3

Nessas rápidas considerações apresentamos uma visão superficial e geral de um espectador externo que sentiu transformações nas relações interreligiosas.

No contexto amplo, oferecido pela mídia nesses 12 anos de pontificado, avulta a figura nobre, simples, fraterna e de grande coragem desse valoroso vulto do século XXI.

Referências:

1) FEB: Reunião do Coletivo Inter-religioso. Reformador. Março de 2014. P. 184.

2) Site do GEECX (copie e cole): https://grupochicoxavier.com.br/cristianismo-brasileiro-contemporaneo-em-evento-e-livro/

3) Gomes, Saulo (Org.). Pinga-Fogo com Chico Xavier. Cap. 26-28. Catanduva: Intervidas.2010.

Data de origem do Espiritismo – O Livro dos Espíritos

Data de origem do Espiritismo – O Livro dos Espíritos

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A obra inaugural do Espiritismo – O livro dos espíritos – foi lançada por Allan Kardec a 18 de abril de 1857, em Paris. Esse memorável lançamento representa o registro de nascimento do Espiritismo.

A Livraria Dentu, no interior do Palais Royal, foi muito visitada naquele dia, um sábado pela manhã, porque era um local de expressão cultural e muito freqüentado na capital francesa.

O lançamento da obra inicial de Kardec provocou muitas repercussões em Paris, com matérias jornalísticas e resenhas nos folhetins da capital; o interesse do imperador Napoleão III e de sua esposa; e as difusões feitas por intelectuais como o dramaturgo Victorien Sardou, a escritora George Sand e o escritor e crítico Théophile Gautier. Sabe-se também que Victor Hugo realizava reuniões mediúnicas. Gautier até escreveu a peça teatral “Espírita”; considerado o primeiro romance espírita da história, traduzido e publicado pela Casa Editora O Clarim como O ignorado amor.

Os antropólogos franceses Marion Aubrée e François Laplantine publicaram importante obra em 1990, em que analisam o “objeto espiritismo” em vários níveis: histórico, sociológico e antropológico e consideram que o aparecimento de O livro dos espíritos foi um “sucesso na França do Segundo Império, do que chamaríamos de ‘best seller’…” Anotam que “Kardec transforma o ‘modern spiritualism’ num movimento social extremamente francês, devedor do nosso racionalismo e de nosso positivismo…” e destacam que Paris transformou-se na “capital internacional do Espiritismo”.

Interessante é a observação dos autores sobre o desenvolvimento do Espiritismo no interior da França, na época das viagens de Kardec: “O Espiritismo abandona então a direção puramente experimental para entrar na da moral e das obras sociais”.

O livro inicial de Kardec, contou com a primeira tradução do texto considerado definitivo para o português apenas 18 anos após seu lançamento em Paris. Em 15 de janeiro de 1875, o Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, já anunciava a primeira versão de O livro dos Espíritos em português, traduzida pelo médico Joaquim Carlos Travassos que adotou o pseudônimo de “Fortúnio” e publicada pela Editora B. L. Garnier, do Rio de Janeiro. Trata-se de tradução da 20a edição francesa. Doutor Travassos integrava a diretoria da Sociedade de Estudos Espiríticos – Grupo Confúcio.

Ao se completar 168 anos da publicação de O livro dos espíritos, e após fazermos uma síntese sobre as épocas do aparecimento dessa obra pioneira na França e de suas primeiras traduções no Brasil, reiteramos que é momento de se estimular a leitura, o estudo e a difusão dessa obra que assinala o início do Espiritismo.

(Artigo do autor publicado em: Folha da Região, Araçatuba, 18/04/2025, p.2).

A PRESERVAÇÃO DA VIDA

A PRESERVAÇÃO DA VIDA

Aylton Paiva

“Porque todos têm que concorrer para o cumprimento dos desígnios da Providência. Por isso foi que Deus lhes deu a necessidade de viver. Acresce que a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres. Eles o sentem instintivamente sem disso se aperceberem.” – (1) “O uso dos bens da terra é um direito de todos os homens? – Esse direito é consequente da necessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumpri-lo”. – (2)

Na atualidade muito se fala em preservar a vida no planeta Terra.

Isso é indispensável e urgente. O planeta Terra é um organismo que tem vida ao agasalhar milhares de vidas que estão interligadas para poderem existir. Há planetas e corpos celestes que não existe vida em suas superfícies, embora sendo planetas com crostas rochosas, como, por exemplo, as vastas extensões da superfície lunar, na crosta do planeta Marte, próximo e semelhante ao nosso.

Então a vida sobre a superfície de um planeta pode nunca ter existido, como pode ter existido e desaparecido. Será o caso da nossa Casa Planetária se ela não for devidamente cuidada. A Filosofia Espiritualista Espírita, desde o seu início, em 18 de abril de 1857, com O livro dos espíritos, organizado e sistematizado por Allan Kardec, já claramente assinalava a necessidade imperiosa desse cuidado planetário. As orientações e advertências, mediunicamente, traçadas pelos Mentores Espirituais, constam da referida obra, em sua 3ª Parte – Das Leis Morais, nos Capítulos IV – Da lei da reprodução e V – Da lei de conservação e VI -Da lei de destruição.

Portanto, nessas leis já eram apresentados os princípios básicos da Ecologia. A Ecologia é a ciência que estuda a interação entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. O termo "ecologia" foi utilizado pela primeira vez em 1866, na obra "Morfologia Geral do Organismo", pelo biólogo alemão Ernst Haeckel. A Ecologia é a ciência que estuda a interação entre os seres vivos e o ambiente em que vivem.

Essa interação deve ser equilibrada, como já afirmavam os Mentores Espirituais:

“ Essa é a razão por que faz (Deus) que a Terra produza de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil. O supérfluo nunca o é”. (3)

Então, é fundamental o respeito ao meio ambiente e às fontes que produzem o necessário a fim de que os seres vivos possam existir. “ O homem ainda não aprendeu a retirar do solo apenas o que lhe é necessário. Sua ganância traduzida pelo desejo do lucro fácil, leva-o a dilapidar o patrimônio do qual o Senhor da vida permitiu-lhe o usufruto. Destrói sem maiores preocupações florestas imensas, polui as fontes e os rios, contamina os mares. Isso em nome do progresso que, na verdade, mascara a sanha egoística de pessoas e grupos que colocam os próprios interesses acima do bem-estar da própria humanidade”. (4 )

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

(1) O livro dos espíritos, de Allan Kardec, questão nº703.

(2) Idem, questão 711.

(3) Idem, questão 704.

(4) Espiritismo e Política – Contribuições para a evolução do ser e da sociedade, Aylton Paiva, pág. 49, parágrafo 2º, Ed. Feb

Data de Chico Xavier e a aprendizagem e influência

Data de Chico Xavier e a aprendizagem e influência

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A 02 de abril de 1910, nascia Chico Xavier em Pedro Leopoldo (MG).

Nessa cidade fundou o Centro Espírita Luiz Gonzaga, iniciou sua romagem mediúnica e durante três décadas assinalou marcantes exemplos de dedicação ao próximo. Completou 75 anos de labores mediúnicos já em Uberaba, onde residiu a partir de 1959.

Nossa homenagem ao vulto aniversariante se expressa por gratidão pelas oportunidades de aprendizagem que aurimos em suas obras e nos contatos pessoais.

Desde nossa adolescência, à distância acompanhávamos as notícias sobre Chico Xavier e tivemos contato com suas obras psicográficas.

Durante cerca de vinte anos, juntamente com a esposa Célia visitamos Chico Xavier com assiduidade, nas reuniões da Comunhão Espírita Cristã, do Grupo Espírita da Prece e nas peregrinações, em Uberaba. Em vários momentos nos comovemos, como na conversa coloquial quando nos conhecemos, nas dedicatórias de livros que nos redigia de maneira bem informal, em gentilezas e oferta de mimos por ocasião do nascimento de nossos filhos, no atendimento carinhoso que dispensou a vários familiares e amigos e as correspondências, Nos seus atendimentos, principalmente na "peregrinação" assistimos a cenas muito humanas e cristãs. São aspectos de Chico Xavier como pessoa.

Quando obtivemos um exemplar da histórica 1a edição de Parnaso de além túmulo, solicitamos seu autógrafo. Sempre gentil, anotou de forma bem humorada um agradável registro histórico:

"Aos queridos amigos Cesar Perri de Carvalho e Célia entrego, afetuosamente, este livro, pedindo-lhes desculpas pelo atraso de cinquenta e três anos. Sempre reconhecidamente, Chico Xavier. Uberaba, 16/11/85".

A figura de Chico Xavier como pessoa é muito pouco conhecida. Tende-se a idolatrá-lo, esquecendo-se de reações mais simples e naturais do ser humano e que, no caso dele, são muito ricas e interessantes. Quando Chico Xavier completou 50 anos de labores mediúnicos, ele humildemente declarou a um jornal espírita: "Sou sempre um Chico Xavier lutando para criar um Chico Xavier renovado em Jesus e, pelo que vejo, está muito longe de aparecer como espero e preciso…”

O nosso livro Chico Xavier. O homem, a obra e as repercussões, não é biográfico. Trata-se de uma contribuição aos inúmeros subsídios sobre o conceituado médium. Cremos que nossos relatos, envolvendo nuances de Chico como pessoa, a análise de aspectos e das repercussões de sua obra, no conjunto, oferecem matérias para nossas reflexões como indivíduos e como dirigentes espíritas.

Como médium, destacamos a sua dedicação e persistência ao labor por tempo tão prolongado. Portador de vários dons mediúnicos, soube dar prioridade à sua tarefa maior, a psicografia.

A simplicidade e a espontaneidade de Chico Xavier assumem grande realce e fazem destacar sua ímpar figura humana.

Fontes:

- Carvalho, Antonio Cesar Perri. Chico Xavier. O homem, a obra e as repercussões. Capivari: EME; São Paulo: USE-SP. 2019. 224p.

- Carvalho, Antonio Cesar Perri. Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões. Araçatuba: Cocriação. 2021. 632p.

Kardec e o “progredir sem cessar”

Kardec e o “progredir sem cessar”

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Aos 31 de Março de 1869, desencarnava subitamente Allan Kardec, em Paris, em plena atividade de atendimento de seus compromissos, com a idade de 65 anos.

No dia 02 de abril realizou-se o sepultamento dos despojos no cemitério de Montmartre, com simplicidade, mas com o comparecimento de uma multidão de mais de mil pessoas.

Entre os diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, o Sr. E. Muller, assim se expressou: “Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.”

O discurso do astrônomo Camille Flammarion foi marcante, assinalando que Rivail ofereceu explicações racionais para acontecimentos, antes tidos como sobrenaturais. Emprega uma das qualificações mais usadas em referência ao homem que codificou o Espiritismo, que ele foi o bom senso encarnado. Eis um trecho: “Ele era o que eu denominarei simplesmente o bom senso encarnado. Razão reta e judiciosa, aplicava sem cessar à sua obra permanente as indicações íntimas do senso comum. Não era essa uma qualidade somenos, na ordem das coisas com que nos ocupamos. Era, ao contrário, pode-se afirmá-lo, a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual, a obra não teria podido tornar-se popular, nem lançar pelo mundo suas raízes imensas.”

No ano seguinte, atendendo a um projeto do Sr. Sebille, foi construído no histórico Cemitério Père Lachaise um dólmen, constituído de três pedras de granito puro, em posição vertical, sobre as quais se colocou uma quarta pedra, tabular, ligeiramente inclinada, e pesando seis toneladas. Nessa pedra, foi insculpida a frase definida pelos seus amigos: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar esta é a lei". No interior deste dólmen, sobre uma coluna também de pedra, fixou-se um busto em bronze, de Kardec.

Esse monumento foi inaugurado em 31 de Março de 1870, quando houve o translado dos restos mortais de Kardec, e nessa ocasião o Sr. Levent, vice-presidente da “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, discursou a pedido da viúva, Amélie Boudet, em nome dela e dos amigos.

Algumas nuances do perfil de Allan Kardec passam despercebidas. Aspectos do educador e pesquisador de fatos precisam ser valorizadas e interconectadas. Kardec não foi um entrevistador de espíritos, um mero intermediário para o registro de informações espirituais ou elaborador de obras com base em teorias. Com preparo intelectual, senso de observação, análise e avaliação, dialogava com seus pares e tinha opiniões próprias. Sempre buscou o contato com realidades e entendemos que com suas viagens, com base nas observações e significativos contatos doutrinários, Kardec deu início ao movimento espírita.

As recentes divulgações de manuscritos oriundos de pelo menos três arquivos históricos provenientes da França, estão enriquecendo com detalhes sobre o trabalho, as lutas e o pensamento de Kardec.

Essas nuances do perfil intelectual consolidado em obras e ações, inserido no contexto de sua época, de atento observador, caracterizando-se como o “bom senso encarnado”, conforme designação de Camille Flammarion, são sugestivas para os espíritas da atualidade.

Igualmente a inspirada frase registrada em sua lápide: "… progredir sem cessar esta é a lei", deve orientar os nossos esforços para um roteiro de vida assentado nos princípios exarados nas obras básicas do Codificador.

“Genes da mediunidade” – pesquisas iniciais e as naturais cautelas

“Genes da mediunidade” – pesquisas iniciais e as naturais cautelas

Em artigo recente “Genes da mediunidade: cautela na forma como divulgar” (Dirigente Espírita, março-abril/2025, USE-SP), Alexandre da Fonseca faz oportunas considerações sobre as notícias recentes das mídias espíritas e não-espíritas sobre a publicação do estudo “Candidate Genes Related to Spiritual Mediumship: A Whole Exome Sequencing Analysis of Highly Gifted Mediums” recém aceito para publicação na revista Brazilian Journal of Psychiatry (link, copie e cole: http://doi.org/10.47626/1516-4446 2024-3958).

Eis uns trechos de Alexandre da Fonseca:

“O trabalho é pioneiro e finca um marco importante no lado material da pesquisa sobre fenômenos espíritas, que a academia ainda considera anômalos. Sim, material, porque a pesquisa não comprova (nem intencionou comprovar) a existência e sobrevivência da alma, mas apenas buscou investigar que propriedades materiais distinguiriam pessoas que apresentam mediunidade daquelas que não apresentam. A pesquisa menciona que um dos genes relacionados com a produção de muco, é muito expressado na glândula pineal. […] o referido trabalho de pesquisa mostrou que não é só o gene de produção de muco que é muito expressado na glândula pineal que se destaca por ser variante/mutante em médiuns. Ele mostrou que dos mais de 7.000 genes mutados, encontrados nos médiuns, variações em um grupo de apenas 33 genes foram encontrados em 1/3 dos médiuns (e não estão presentes no DNA dos familiares próximos).

O trabalho concluiu, também, que a maioria desses genes tem papeis relevantes nos sistemas imune e inflamatório do corpo físico. Logo, a glândula pineal, embora possa ter alguma função no processo de concentração e transe mediúnico, não é o único órgão/sistema fisiológico que teria papel relevante na mediunidade. Esse trabalho não confirma nenhuma especificidade ou especialidade da glândula pineal com relação à mediunidade. Além disso, o artigo considera que ‘a glândula pineal, embora possa ter alguma função no processo de concentração e transe mediúnico, não é o único órgão/sistema fisiológico que teria papel relevante na mediunidade’, e não cita sobre que genes seriam relevantes para a mediunidade dos outros 2/3 de médiuns (que formam a maioria dos casos estudados). Talvez alguns médiuns nem tenham variações do gene que é muito expressado na pineal”.

No artigo, Alexandre da Fonseca recomenda:

“Portanto, espíritas (principalmente dirigentes espíritas) tenhamos cautela na forma como interpretamos esses resultados. Sim, parabenizemos os autores da pesquisa e desejamos sucesso nos próximos trabalhos. Oremos aos bons Espíritos os inspirem nesse trabalho. […] Aguardemos, portanto, as futuras pesquisas antes de comprometer o movimento espírita com afirmações que não foram, de fato, comprovadas.”

Daí a palavra empregada no título do artigo: “cautela na forma como divulgar”.

Leia o artigo completo na revista digital Dirigente Espírita (copie e cole): reDE-205_marco_abril_2025.pdf

Quo vadis? Na atualidade…

Quo vadis? Na atualidade…

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Nos últimos anos sente-se alterações bruscas de rumos e impactos em várias partes do mundo. Claramente geram instabilidades, dúvidas e receios.

O contexto mundial e nacional é muito diferente do ambiente geral que era vivido e das expectativas nutridas na passagem para o século XXI.

No cenário do movimento espírita também é notória uma alteração na compreensão e no ritmo de esforço conjunto e até de expansão.

A tão propalada época de transição, realmente está em curso. Muito embora jamais o mundo deixou de estar em transformações.

Na realidade crescem ou se aprofundam entrechoques pelo mundo afora.

Os radicalismos, os confrontos, as polarizações e o privilegiamento de interesses imediatos favorecem o florescimento de reações tipo ódio.

O cristianismo e muitas religiões que essencialmente se fundamentam na prudência, na reflexão e no respeito ao próximo, parecem não identificadas nas ações de parcela significativa da população e de suas lideranças.

Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, anota claramente: “a realidade é que a civilização ocidental não chegou a se cristianizar”.1 Assim, recomenda de forma objetiva: “que é preciso cristianizar a humanidade é afirmação que não padece dúvida; entretanto, cristianizar, na Doutrina Espírita, é raciocinar com a verdade e construir com o bem de todos, para que, em nome de Jesus, não venhamos a fazer sobre a Terra mais um sistema de fanatismo e de negação.”1

Em outra obra o mesmo autor espiritual, numa apreciação geral, analisa que “a Civilização Ocidental está em crise; os observadores e os sociólogos trazem, para o amontoado de várias considerações, o resultado dos seus estudos. Alguns proclamam que toda civilização tem a fragilidade de uma vida; outros aventam hipóteses mais ou menos aceitáveis, e alguns apeiam para a cristianização dos espíritos. Estes últimos estão acertados em seus pareceres”.2

Como cidadãos do século XXI, observamos que no mundo dinâmico em que vivemos sucedem-se mudanças e inovações. Especialistas em gestão e transformações recomendam a valorização de novos talentos, nova cultura e novas formas de fazer as coisas, inclusive não se desprezando receios e preocupações.

Todavia ao se analisar a atualidade torna-se interesse se conhecer a trajetória dos primeiros tempos do cristianismo realizando-se algumas analogias com o movimento espírita.3

Evidentemente que o conceito e a prática de religião determinam diferenças de comportamentos e a origem de eventuais problemas de relacionamento em geral.

Nessa relação entre essência de proposta religiosa e institucionalização, entendemos como oportuna a reflexão nesses comentários do autor espiritual Emmanuel:

"As instituições humanas vivem cheias de códigos e escrituras. Os templos permanecem repletos de pregações. Os núcleos de natureza religiosa alinham inúmeros compêndios doutrinários. O Evangelho, entretanto, não oculta os propósitos do Senhor. Toda a movimentação de páginas rasgáveis, portadoras de vocabulário restrito, representa fase de preparo espiritual, porque o objetivo de Jesus é inscrever os seus ensinamentos em nossos corações e inteligências. Poderemos aderir de modo intelectual aos mais variados programas religiosos, navegarmos a pleno mar da filosofia e da cultura meramente verbalistas, com certo proveito à nossa posição individual, diante do próximo; mas, diante do Senhor, o problema fundamental de nosso espírito é a transformação para o bem, com a elevação de todos os nossos sentimentos e pensamentos. O Mestre escreverá nas páginas vivas de nossa alma os seus estatutos divinos.”4

A nosso ver é oportuna a lembrança de conhecida frase latina: Quo vadis?, que significa "Para onde vais?" ou "Aonde vais?".

Teria surgido em um relato considerado apócrifo conhecido como "Atos de Pedro", quando o apóstolo estaria tentando fugir de um provável sacrifício em Roma. Jesus teria aparecido a ele e pergunta: Quo vadis? Em seguida Jesus também responde: "Vou a Roma para ser crucificado de novo". Pedro teria desistindo da fuga e retornado a Roma onde foi sacrificado. A frase latina e o episódio citado ficaram imortalizados no filme cinematográfico americano épico “Quo vadis” de 1951.5

A propósito, há uma frase parecida registrada pelo apóstolo João (16, 5): “Agora que vou para aquele que me enviou, nenhum de vocês me pergunta: Para onde vais?“ Portanto é pertinente a questão para reflexões na atualidade: para onde vamos?

Referências:

1) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Emmanuel. 28.ed. Cap. 2.5 e 4.1. Brasília: FEB. 2013.

2) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. A caminho da luz. Cap. 12. Brasília: FEB. 2013.

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Cristianismo nos séculos iniciais: aspectos históricos e visão espírita. Cap. 6. Matão: O Clarim. 2018.

4) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap. 81. Brasília: FEB. 2005.

5) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Quo vadis: de Roma à atualidade. Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCIII. No. 4. Maio de 2018.