Bezerra de Menezes – 122 anos da partida espiritual

Bezerra de Menezes – 122 anos da partida espiritual

Antonio Cesar Perri de Carvalho (1)

No dia 11 de abril de 1900 desencarnava o dr. Adolfo Bezerra de Menezes, no Rio de Janeiro. Foram alguns meses de situação terminal após sofrer um acidente vascular cerebral.

A vida de Bezerra de Menezes foi extremamente profícua de realizações em favor do cidadão do século XIX. Era um vulto extremamente conhecido e respeitado na então capital do país, a cidade do Rio de Janeiro.

A trajetória frutífera de Adolfo Bezerra de Menezes (1831-1900) foi detalhada na portentosa pesquisa sobre sua vida e obra, o recente livro “Bezerra de Menezes: o homem, seu tempo e sua missão”, de autoria de Luciano Klein.

Bezerra se envolveu de maneira dedicada em diferentes frentes de atuação, protagonizando lances que o diferenciavam no século XIX, pelo amor vivido em cada atitude, a bem de todos, como médico, político, empresário, pesquisador/cientista, escritor, tradutor e biógrafo.

O novo livro com mais mil páginas detalha várias nuances da dedicada atuação de Bezerra junto à população em geral e surgem informações inéditas fundamentadas em pesquisas e reproduções da imprensa do Rio de Janeiro, do século XIX. A pesquisa de Luciano Klein contribui com subsídios para a compreensão da atuação de Bezerra. Além de ser o médico extremamente dedicado e detentor do diploma oficial de “Médico dos Pobres”, o vulto nobre exerceu ações político-partidárias, parlamentares e executivas nos períodos do Império e início da República.

Aliás esse conjunto de atividades ocupou Bezerra durante a maior parte de sua existência, pois a conversão ao Espiritismo e sua atuação como espírita se desenvolveram nos últimos 13 anos de sua vida. Inclusive Bezerra exerceu atividades político-partidárias até concomitante aos seus encargos espíritas.

Além da leitura de "O livro dos espíritos", os contatos com médiuns na fase prévia à sua conversão ao Espiritismo foram marcantes, inclusive o tratamento espiritual do filho, Adolfo Júnior, alvo de obsessão e tratado por médiuns espíritas, fato motivador para a pesquisa de Bezerra que gerou a obra “A Loucura sob novo Prisma”. Esse livro de Bezerra, que muito apreciamos, foi inicialmente editado pelos seus filhos em 1920, e, posteriormente pela FEB em 1946.

Na última década de existência, Bezerra manteve relações com lideranças espíritas inclusive na então novel Federação Espírita Brasileira, da qual foi presidente em duas oportunidades (1889-1890 e 1895-1900) e vice-presidente (1890-1891). Bezerra enfrentou muitas resistências nos encargos espíritas e no contexto do nascente movimento espírita da cidade do Rio de Janeiro.

As ideias de Bezerra sobre união dos espíritas, registradas em vida em jornais leigos da cidade e na revista Reformador, na realidade foram institucionalizadas e implementadas pelo seu vice-presidente na FEB e sucessor, Leopoldo Cirne, notadamente a partir do Congresso que este convocou para comemorar o Centenário de nascimento de Kardec, em outubro de 1904, quando foi aprovado o documento “Bases de Organização Espírita”.

Registramos nosso respeito e homenagens ao eminente vulto do Espiritismo em nosso país.

Referência: Klein, Luciano. Bezerra de Menezes. O homem, seu tempo e sua missão. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora. 2021. 1192p.

1) Foi presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e da Federação Espírita Brasileira; foi membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional.