EM NOSSAS MÃOS

“Venha a nós o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus”. Jesus. Mateus, 6:10.

Convence-te de que as Leis da Divina Sabedoria não se enganariam.

Situando-te na Terra, por tempo determinado, com vistas ao próprio burilamento que te cabe realizar, trazes contigo as faculdades que o Senhor te concedeu por instrumentos de trabalho.

Encontras-te no lugar certo em que te habilitas a desempenhar os encargos próprios.

Tens contigo as criaturas mais adequadas a te impulsionarem nos caminhos à frente.

Passas pelas experiências de que não prescindes para a conquista da sublimação que demandas.

Recebes os parentes e afeições de que mais necessitas para resgatar as dívidas do passado ou renovar-te nos impulsos de elevação.

Vives na condição certa na qual te compete efetuar as melhores aquisições de espírito.

Sofres lutas compatíveis com as tuas necessidades de conhecimento superior.

Varas acontecimentos dos quais não se te faz possível a desejada liberação, a fim de que adquiras autocontrole.

Atravessas circunstâncias, por vezes difíceis, de modo a conheceres o sabor da vitória sobre ti mesmo.

E em qualquer posição, na qual te vejas, dispões sempre de certa faixa de tempo a fim de fazer o bem aos outros, tanto quanto queiras, como julgues melhor, da maneira que te pareça mais justa e na extensão que desejas, para que, auxiliando aos outros, recebas dos outros mais amplo auxílio, no instante oportuno.

Segundo é fácil de observar, estás na Terra, de alma condicionada às Leis de espaço e tempo, conforme o impositivo de auto-aperfeiçoamento, em que todos nos achamos, no mundo físico ou fora dele, mas sempre com vastas possibilidades de exercer o bem e estendê-lo aos semelhantes, porque melhorar-nos e elevar-nos, educar-nos e, sobretudo, servir, são sempre medidas preciosas, invariavelmente em nossas próprias mãos.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Ceifa de Luz. Lição nº 26. FEB)

 

Tempo para reflexão e interação nos 70 anos de USE

      

Por Eliana Haddad e Izabel Vitusso

Conclusões das Rodas de Conversa

Ponto alto do evento, seis rodas de conversa abordaram assuntos preponderantes para o movimento espírita. Como foi enfatizado pelos organizadores, o congresso não terminava ali e deveria continuar nas casas espíritas, como um convite à reflexão e discussão sobre os vários itens apontados. Veja as principais conclusões apresentadas pelos coordenadores:

 

Qualidade doutrinária da literatura espírita

Por Marco Milani

É preciso ponderar o que pode ser aceito como novo conhecimento, separando-se os livros em espíritas e "pseudoespíritas". Para que algo possa ser considerado como uma nova informação para a doutrina é preciso haver evidências objetivas que comprovem a novidade. Passar pelo crivo da razão, por toda a comunidade espírita e científica.

Também o perigo da idolatria foi abordado, em função da fixação que algumas pessoas têm com relação a médiuns. Não é porque o médium é famoso, que todas as suas obras devam ser aceitas sem análise.

A seleção das obras para a livraria na casa espírita deve prezar a coerência doutrinária, sendo de reponsabilidade do dirigente. A biblioteca pode ter outro caráter e conter inclusive obras que tenham contradições, mas devidamente classificadas como tal.

 

Práticas estranhas ao centro espírita

Por Antonio Cesar Perri de Carvalho

O movimento espírita tem dificuldade de lidar com a crítica. Porem, feita de maneira equilibrada, não pode ser considerada como algo destrutivo. É preciso atentar para práticas estranhas, não somente com relação à mediunidade, mas também em questões doutrinárias, gestão administrativa e as inter-relações dos espíritas, entre dirigentes, colaboradores e frequentadores.

Sobre o passe, concluiu-se que por ser uma doação de sentimento, muito simples, não há necessidade de movimentos e encenações. É preciso atenção sobre os limites das atividades de cura para não se correr o risco da caracterização de curandeirismo e prática ilegal da medicina.

Outro ponto analisado foi o crescimento de instituições que acabam por requerer um autêntico comércio para sua manutenção. Herculano Pires foi lembrado, através de seus comentários no livro O evangelho em espírito e verdade sobre Paulo de Tarso, que libertava a religião da política e do negócio, para ser vivida em si mesma, com toda a independência moral.

A apometria foi claramente considerada como prática não espírita. Há também centros espíritas utilizando-se de cursos e técnicas de magnetismo, sendo preciso haver a identificação sobre diferenças entre prática espírita e práticas alternativas de terapias complementares, que estão fora da alçada do centro espírita.

 

Teorias científicas e espiritismo

Por Alexandre Fontes da Fonseca

Refletiu-se sobre a impropriedade de se utilizar teorias científicas modernas para explicações de conceitos espíritas. O espiritismo tem valor por si só e possui todos os ingredientes filosóficos para ser uma ciência legítima, sem deixar a desejar a nenhuma física, química, biologia, medicina, etc. Perante a tentação de aceitar essas novidades, somos seduzidos pelo linguajar técnico, sofisticado, com ar de moderno, e deixamos de lado a própria doutrina, esquecendo-nos de que ela tem valores intrínsecos. Qual engenheiro, ao fazer o projeto de um viaduto vai deixar de usar os conhecimentos da engenharia para fazer seu projeto? Por que nós, espíritas, não usamos os nossos termos e conceitos para explicar os fenômenos com os quais lidamos na nossa casa espírita?

Vários questionamentos surgiram sobre como fazer pesquisa segura dentro da doutrina, utilizando-se desses parâmetros. Essa é uma questão difícil, porque precisamos estudar mais o espiritismo para termos uma visão completa de conjunto. A Liga de Pesquisadores Espíritas (www.lihpe.net) tem dado contribuições ao conhecimento espírita de um modo cuidadoso e com respaldo na doutrina, assim como alguns periódicos, como o JEE – Jornal de Estudos Espíritas.

 

Sexualidade e afetividade sob a ótica espírita

Por Luiz Fernando Penteado

O espiritismo nos permite um aprofundamento frente aos novos reclamos da sociedade, mostrando a atualidade da sua filosofia. A casa espírita tem um papel preponderante, como espaço acolhedor, fonte de informação e desenvolvimento. Deve se preparar para que, além do conteúdo doutrinário, tenha condições de dar suporte às demandas sociais da atualidade.

A sexualidade é uma fonte transformadora, procriadora, que vai muito além do contexto biológico reforçado por toda a sociedade e pela mídia. Inclui comunhão, aprendizado. Homossexualidade é um assunto que todos devemos entender, até para vencer preconceitos.

Que o trabalho junto à criança e ao adolescente não se limite a dar a orientação sobre a sexualidade, mas a orientação moral, de valores e que aborde o amor como fonte geradora. Uma orientação que permita ao indivíduo entender a sexualidade de forma construtiva, no processo evolutivo, buscando-se a compreensão do amor e do autoconhecimento.

 

Política e espiritismo

Por Allan Kardec Pitta Veloso

O assunto política deve ser tratado na casa espírita sem partidarismo, paixão ou dogma. Allan Kardec considera a criatura humana em concepção diferente de outros autores da ciência política, como Thomas Hobbes, Jacques Rousseau, Karl Marx. O homem para o espiritismo é um ser preexistente e que vive depois da morte, fundamento que faz toda diferença na abordagem do tema.

A política deve buscar mudanças para melhor. Não há mundo melhor sem o homem melhor. O espiritismo tem contribuições brilhantes para a questão, para que se possa atuar na sociedade, inclusive na seara da política. O homem é o agente de transformação. Vários trechos de Kardec, em Obras póstumas, assinalam que essas mudanças se darão naturalmente quando homens de bem passarem a ser maioria nesse planeta.

 

O desafio de educar além de instruir

Por André Luiz Peixinho

Considerando-se os vários aspectos da educação, refletiu-se sobre como se dá a aprendizagem, utilizando-se de alguns informes da neurociência, mostrando a diferença entre o que é observado e o que é a verdadeira transformação, fazendo-se conexão com as aprendizagens que são mais significativas e que fazem parte da noção de espírito.

Sobre a importância do estudo espírita, é necessário que haja uma unidade do pensamento espírita. Sem querer transformar isso numa uniformização de práticas pedagógicas. E isso se daria pelo projeto educacional dos cursos regulares para que as pessoas, formando consensos, construam as estruturas possíveis na sociedade em geral. É preciso analisar se não estamos copiando os métodos laicos, de origem do paradigma materialista, para o contexto espírita.

A educação deve passar pelo que é essencial: o espírito.

A educação, de modo geral, insere o indivíduo na sociedade tornando um cidadão. É necessário refletir e construir o nosso próprio projeto pedagógico com um finalismo mais amplo, na revisão dos conceitos de níveis evolutivos.

Como o centro espírita poderia atuar na formação dos grupos de autoconhecimento como forma de crescimento pessoal, destacando-se os espaços de convivência, sendo fundamental a aprendizagem em grupo.

 

Publicado no jornal Correio Fraterno – São Bernardo do Campo (SP), Edição 476, julho/agosto 2017.

Acesso:

http://www.correiofraterno.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1991:tempo-para-reflexao-e-interacao-nos-70-anos-de-use&catid=103:especial&Itemid=2

Paulo e a ética cristã

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Paulo de Tarso, como principal divulgador da mensagem do Mestre Jesus, fundou em muitos locais as chamadas igrejas cristãs (ecclesia - local de reunião, atualmente significando “igreja”).

A igreja de Corinto foi fundada durante os 18 meses que Paulo lá viveu entre os anos 50 e 52 d.C. À época, Corinto era uma cidade cosmopolita, a principal do mundo helênico; conhecida pelas tendências ao paganismo, à proliferação de cultos, e à devassidão. Paulo se dedicou muito a Corinto. A 1ª Epístola aos Coríntios foi escrita no ano 54 d.C. quando ele se encontrava em Éfeso, para atender aos companheiros que solicitavam apoio ou aos que ele não poderia visitar.

A primeira epístola aos Coríntios é considerada um dos escritos clássicos de Paulo e preserva acima de tudo o “padrão da ética cristã”. Nessa Epístola, o apóstolo faz uma recomendação da mais alta importância, pois considerava a igreja de Corinto uma das provas palpáveis do ministério apostólico. Por causa da penetração de certos problemas ali, como práticas más e vis, contendas e divisões que chegaram a ameaçar a sua aceitação como um apóstolo de Cristo por aquela igreja, é que Paulo lhes escreveu com consternação mesclada de repreensão e demonstrações de afeto.

Da epístola em análise transcrevemos os trechos que merecem reflexões e adequações aos dias atuais:

“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem” (10: 23, 24).

O fato de Paulo citar o chavão da época referente à cidade de Corinto – “todas as coisas são lícitas” -, aponta para uma situação que o afligia. A passagem faz referência à liberalidade predominante em Corinto, que Paulo não aprova. Os cristãos dos nascentes grupos de Corinto sofriam influências do contexto da época daquela cidade. A expressão “viver como um coríntio” referia-se a desregramentos comportamentais e que eram considerados “normais” naquela cidade. Essa questão ética e a tendência de adoção de práticas aberrantes, motivaram o apóstolo da gentilidade a elaborar a 1a Epístola aos Coríntios.

Em seus textos Paulo desenvolveu o raciocínio de que alguns princípios que eram defendidos na sociedade local e da época precisavam ser observados através de diretrizes ligadas à conduta cristã, não se restringindo às normas que eles adotavam, e das quais dependiam tanto.

No conjunto da legislação – Constituição do país, Leis e normas -, define-se o que é legal, o que é “lícito” no dizer de Paulo de Tarso.

Como ficariam as ideias de conveniência e de edificação que Paulo emprega na citada Epístola? O altruísmo e a alteridade devem sobrepujar objetivos pessoais. É a essência da mensagem do Cristo, de se amar e se respeitar o próximo.

A coerência entre licitude e conveniência, na ótica cristã e espírita, considerando que somos espíritos imortais, deve merecer continuados estudos e reflexões principalmente no contexto do mundo conturbado de nossos dias. Como princípio espírita, as vidas sucessivas ou reencarnação, demonstram que o bem e o mal sempre têm consequências, ou seja, nesta ou em outras vidas. O melhor será sempre o esforço pelo bem ao próximo e a si mesmo.

 

(Ex-presidente da USE-SP e da FEB; autor do livro Epístolas de Paulo à luz do espiritismo)

Acesse: http://grupochicoxavier.com.br/etica-e-moral-na-atualidade/;

http://grupochicoxavier.com.br/assembleia-legislativa-do-espirito-santo-homenageia-espiritas/

A Menina Índigo – Filme

Olá Amigos da Divulgação Espírita

Boa noite!

Faço parte da equipe de divulgação do filme "A Menina Índigo", que estreia dia 12 de Outubro em circuito Nacional.

Estamos pedindo espaços para a divulgação de um tema muito importante, uma nova geração de espíritos,que chegam para mudar os padrões do velho Mundo.E eles já estão entre muitas famílias, vivendo esse grande desafio diário da relação entre pais e para filhos. E por desconhecerem o perfil dessas crianças, muitos profissionais que são procurados para auxiliá-las, as tratam como crianças especiais.

Na medicina são vistas como hiperativas ou superdotadas, outras vezes, se confundem com quadros de agressividade e até autismo. Os médicos em geral, tratam seus problemas com medicamentos para controlar o quadro físico, e se esquecem de avaliar outros fatores importantes por desconhecimento.

Penso que o tema levantado pelo filme, poderia ajudar pais e filhos, educadores e profissionais de saúde que estão vivendo essa experiência, e que agora podem conhecer um outro lado do perfil psicológico e espiritual dessas crianças.

Gostaria muito de saber se conseguimos um espaço para o lançamento do filme (Jornais, Revistas, Sites, Blogs , Programas de Rádio, TV, WEB TV e redes sociais ), onde vocês atuam, desejamos levantar debates sobre os tema, e agendar em alguns locais com o diretor o filme Wagner de Assis (ele tem agenda com alguns espaços). Se puderem façam as pontes para que eu possa contatar as pessoas que cuidam desse trabalho.

Segue uma sinopse sobre o que se trata o filme e o cartaz.

"Sofia é uma criança diferente. Quando resolve ficar por último na aula de pintura e tranca-se dentro da sala para "se pintar por dentro", ela deflagra em seu pai, Ricardo, um jornalista cansado de suas escolhas profissionais, e em sua mãe, Luciana, uma executiva culpada por ser ausente, uma crise de relacionamentos – eles são separados – por não saberem como criar a filha. A menina decide morar um tempo com o pai. O que Ricardo não sabe é que, de uns tempos atrás, sua filha desenvolveu um dom paranormal de curar algumas enfermidades das pessoas com a simples imposição das mãos. O relacionamento com a filha faz com que Ric descubra que Sofia adora pintura. Quando está triste, ela risca e rabisca, espalha tintas por quaisquer paredes. Quando está feliz, os desenhos surgem naturalmente. O tempo na casa do pai mostra que o desejo da menina é outro – ela quer juntar ele e Luciana novamente. Também diz que não precisa mais ir à escola, deixando Ricardo preocupado, pois, segunda ela, "já sabe de tudo". Sofia é um diamante que espalha luz para todos que chegam perto. Representante de uma geração que os espiritualistas chamam de índigo, capaz de mudar o mundo. Ela sente os impactos da sociedade em que vive – as brigas dos pais, por exemplo, fazem-na calar-se e intimidar-se, refugiando-se em seu quarto. Ric até procura médicos – mas os diagnósticos são completamente confusos e, pior, alguns receitam calmantes para a menina. O plano de Sofia para aproximar os pais estava dando certo até que um amigo de Ricardo na revista, jornalista sensacionalista, descobre que ela tem "certos poderes". Ele investiga e resolve publicar uma matéria com ela. É o suficiente para a imprensa cercar-lhe a casa anunciando-a como um novo anjo que faz milagres. Ric e Luciana vão ter que se aproximar novamente para defenderem a filha – e Sofia, mais uma vez, vai mostrar a todos que temos uma nova geração entre nós, capaz de resolver os problemas das maneiras mais simples, poéticas e bonitas possíveis."

E aqui os links do primeiro e segundo teaser que postamos no Facebook: Clique aqui para assistir ao primeiro ou clique aqui para assistir ao segundo.

Caso haja interesse, aguardo retorno, amanhã temos o restante do material para a imprensa .

Saudades de todos vcs, retomando os trabalhos da sétima arte!

E precisamos falar de Amor <3.

Grande abraço

Muito Obrigada!

 

Magali Bischoff
ZOOK Comunicação Dirigida
magalibischoff@zookcomunicacao.com
Cel: (11) 98912.9798 whastapp

Pesquisa Nacional para Espíritas – 2017. Alguns comentários

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Como oportuna iniciativa pessoal de Ivan Franzolim (**), foi efetivada a pesquisa nacional para espíritas, sem nenhuma participação ou apoio de instituições, e é inédita no Movimento Espírita por sua abrangência nacional e pela preocupação em conhecer como pensam e atuam os espíritas. A primeira edição ocorreu em julho de 2015.

A finalidade dessa pesquisa “é ser útil ao Movimento Espírita, contribuindo com dados indicativos do modo de pensar e agir dos espíritas. É um material que deve ser utilizado para auxiliar as ações de comunicação das instituições e servir ao ambiente de estudo acadêmico e fora dele.” (1)

Nesta terceira edição, a pesquisa foi elaborada com 44 questões, divididas em seis sessões: Perguntas sobre você, Para Estudantes de Cursos Espíritas, Sua maneira de entender o espiritismo, Perguntas sobre o Centro Espírita, Perguntas para Frequentadores e Perguntas para Trabalhadores. Foi efetivada entre 1º e 31 de julho de 2017, utilizando-se a internet e as redes sociais como veículo de distribuição do formulário eletrônico do Google e acesso ao público espírita, estimados em 2% da população brasileira, segundo o Censo 2010. Foram recebidas 2.616 respostas válidas, excluindo aquelas em duplicidade. Os respondentes são residentes em 451 cidades e todos os estados foram representados.

Os Estados com maior concentração foram também os mesmos das edições anteriores (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) com exceção do Espírito Santo que aparece em segundo lugar pela primeira vez. Os Estados com menor participação foram: Alagoas, Maranhão, Piauí, Roraima e Tocantins. O pesquisador lembra que estes Estados correspondem àqueles mencionados no Censo 2.010 com menor número de espíritas.

O autor da pesquisa Franzolim esclarece que “além de captar dados sobre a participação e comportamento dos espíritas, ela tem registrado várias crenças que circulam no Movimento Espírita. Muitas delas são aceitas pelos espíritas por identificação emocional com sua essência, sem maior análise e comparação com as obras básicas e complementares, demonstrando que o processo de assimilação de crenças é diferente do processo de absorver conhecimento e pode prevalecer sobre este. Pela forma não controlada de escolha dos respondentes, essa pesquisa não pode ser considerada probabilística, embora tenha seus méritos por mostrar tendências e preparar o terreno para futuras pesquisas.” (1)

            Na opinião de Ivan Franzolim, as instituições espíritas carecem de indicadores que são fundamentais para o planejamento e a prática de uma boa gestão, e recomenda que “Centros Espíritas deveriam pesquisar a satisfação dos voluntários, frequentadores e assistidos, o correto entendimento das suas atividades e quão plenamente os serviços prestados atendem as necessidades e expectativas das pessoas, para promoverem mudanças produtivas ou esclarecimentos necessários.” O pesquisador entende que mais pesquisas devem ser feitas para melhor compreensão do pensamento e das ações dos espíritas.(1)

            Numa análise geral dos resultados da pesquisa, destacamos alguns dados predominantes.

Na qualificação do espírita: gênero feminino (64,7%); faixa etária de 51 a 60 anos (28,8%); portador de ensino superior (41,3%) e seguido de perto pelos pós-graduados (33,2%); faixa salarial acima de 4 e até 10 salários mínimos (33,3%). Estes dados têm coerência com resultados do Censo do IBGE do ano 2.010 e apontam para as dificuldades para se atender populações com menores faixas de renda e de escolaridade. (2)

Os participantes da pesquisa são espíritas há 11-20 anos (24,8%) e atuam nos centros como trabalhadores voluntários (52,4%).

Sobre a relação dos filhos com o centro espírita – com filhos entre 3 e 12 anos: não participam da Evangelização Infantil/Juvenil (20,5%); não tenho filhos (64,0%); com filhos acima de 12 anos: não tenho filhos (43,2%); não se consideram espíritas (20,3%); Se consideram espíritas e não frequentam o grupo de jovens/mocidade (23,1%). Estes dados, na generalidade das faixas etárias também já vinham sendo apontados pelos Censos do IBGE dos anos 2.000 e 2.010 e, a nosso ver, representam um alerta para urgentes estudos e providências para se diagnosticar as causas dessa situação e para se favorecer a integração real da criança e do jovem no centro espírita. (2)

Na pesquisa surgem informações muito interessantes, como sobre a leitura de livros: já leram de 21 a 30 livros; livros mais lidos: Paulo e Estêvão – Chico Xavier/Emmanuel; O Livro dos Espíritos; O Evangelho Segundo o Espiritismo; Nosso Lar – Chico Xavier/André Luiz. Autores mais lidos: Chico Xavier (todos autores espirituais) – 731 respondentes; Allan Kardec – 316 respondentes. Torna-se oportuna a Campanha “Comece pelo Começo” (da USE-SP e CFN), de estímulo à leitura e estudo das Obras Básicas do Codificador. (2)

Nas questões sobre temas de interesse, destacamos: temas que estudaria mais se tivesse oportunidade (isoladamente)? Bíblia e/ou os Evangelhos (15,3%); Mundo Espiritual (15,3%); Mediunidade (11,7%). Temas para estudo (soma de cada tema): Mediunidade (11,8%); Mundo Espiritual (9,9%); Reencarnação (9,6%); A Bíblia e/ou os Evangelhos (9,5%). A valorização de demandas locais, dos focos de interesse do público alvo do centro, seria um oportuno procedimento nos centros espíritas.

Na compreensão geral sobre como Espiritismo deve ser seguido pelos espíritas: mais como filosofia e/ou ciência (57,7%). A propósito, este resultado é indicativo da necessidade de maior divulgação, estudo e compreensão das obras de Allan Kardec; pode ser influenciado pela tendência atual de muitos eventos e palestras com temas científicos e também por alguns enfoques em palestras e em práticas que não são coerentes com o conjunto das obras de Allan Kardec. (3,4)

A maioria dos respondentes considera que a aceitação das ideias espíritas na sociedade está evoluindo razoavelmente (68,0%), e nas questões relacionadas com a satisfação pelas atividades do centro, predominam valores de média a alta.

A nosso ver a “Pesquisa Nacional para Espíritas” oferece dados que devem merecer estudos e reflexões pelos dirigentes e colaboradores dos centros espíritas e também estimular a realização de pesquisas internas nestas instituições.

 

(*) Ex-presidente da FEB e da USE-SP.

 

(**) A Pesquisa Nacional para Espíritas é uma iniciativa de Ivan Franzolim (São Paulo), escritor, articulista e palestrante espírita, formado em Administração de Empresas com especialização em Marketing de Serviços (FGV) e pós-graduado em Comunicação Social (Cásper Líbero). Compõe a pesquisa, o trabalho estatístico de Análise de Conglomerados desenvolvido por Jorge Elarrat (Rondônia), formado em Engenharia Eletrônica na Universidade Federal do Pará (UFPA), pós-graduado em metodologia do ensino superior e mestre em administração, com passagem pelo IBGE e como titular da Secretaria de Estado da Educação

 

Referências:

  1. Acesso em 09/08/2017: http://franzolim.blogspot.com.br/;
  2. Carvalho, Antonio Cesar Perri. Centro espírita. Prática espírita e cristã. Cap. 2.1, 2.2, 3.1. Matão: O Clarim. 2016.
  3. Carvalho, Flávio Rey; Carvalho, Antonio Cesar Perri. Espiritismo como religião: algumas considerações sobre seu caráter religioso e seu desenvolvimento no Brasil. In: Souza, André Ricardo; Simões, Pedro; Toniol, Rodrigo (Org.). Espiritualismo e Espiritismo. Reflexões para além da espiritualidade. 1.ed. Parte 1, Cap. 2. São Paulo: Editora Porto de Ideias. 2017.
  4. Carvalho, Flávio Rey. O aspecto religioso do Espiritismo. Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCII. N.6. Julho de 2017. p. 304-306.

Espiritismo no “berço do homem” à capital do Piauí

       

Na noite do dia 5 de agosto, a convite da Federação Espírita Piauiense, Antonio Cesar Perri de Carvalho (ex-presidente da FEB), proferiu palestra sobre o tema "Mediunidade com Jesus" promovida pelo Centro Espírita Manoel Alphredo nas dependências da Câmara de Vereadores de São Raimundo Nonato (Piauí).  Integraram a mesa o presidente da FEPi José Lucimar de Oliveira e dirigentes do Centro anfitrião e do Centro de São João do Piauí. O visitante respondeu a perguntas e autografou livros de sua autoria. No município de São Raimundo Nonato há enorme sítio arqueológico na Serra da Capivara, com pesquisas e museu sobre origem do homem pré-histórico no continente.

No dia seguinte, 6 de agosto, Perri proferiu palestra sobre o mesmo tema na sede da Federação Espírita Piauiense, em Teresina, no auditório que tem o nome de Chico Xavier. Houve autógrafos em livros (da Ed. O Clarim e USE-SP) do expositor convidado.