Junto aos simples nas montanhas da Guatemala

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Em viagem a convite da Cadena Heliosophica Guatemalteca, membro do Conselho Espírita Internacional, na condição de dirigente da FEB e do CEI, comparecemos em junho de 2014 juntamente com a esposa, a eventos na Guatemala, em sua capital Ciudad de Guatemala e na cidade de San Marcos.

Além de nossa atuação na capital, na sede da Escuela Luz y Caridad e da Obra Assistencial Bezerra de Menezes, participamos do IV Congresso Espírita Guatemalteco, com desenvolvimento de temas sobre a educação moral, e realizado em San Marcos. Esta cidade se localiza nos chamados altiplanos guatemaltecos e durante a viagem se vislumbram vários vulcões. Na região há predomínio de descendentes dos maias.

Num dia frio e chuvoso, chamou-nos a atenção que os frequentadores do Congresso, descem das montanhas, muitos a pé, e chegam aos grupos, com suas famílias. Alguns chegam com vestes típicas e com as crianças pequenas presas em suas costas. Permanecem atentos às palestras o tempo todo. Seus filhos, crianças e jovens, tiveram participação artística e doutrinária, relacionadas com o tema do evento. 

Ao cumprimentarmos ou dialogarmos com os moradores da região, sentíamos que demonstravam um grande respeito pelos visitantes. E de nossa parte sentíamos um forte impacto, motivado pela extrema simplicidade deles e as manifestações de intenso interesse pelos assuntos espíritas. Aliás, um conhecimento ancestral, ligado à tradição dos nativos – os maias -, daquele país.

Ao final, cada familia levava livros espíritas para casa, doados pela equipe do Congresso. Houve farta distribuição de livros espíritas em espanhol, ofertados pelo Conselho Espírita Internacional, e, em grande quantidade, pela Mensaje Fraternal/IDE. Esta última, há mais de 35 anos, tem efetiva atuação na região, doando livros editados em espanhol de Chico Xavier e de Allan Kardec.

Ressaltamos que o apoio aos habitantes dos altiplanos daquele país da América Central é um trabalho sistemático e continuado, de décadas, efetivado por equipes da organização espírita nacional, a Cadena Heliosophica Guatemalteca.

Essa atuação na Guatemala, como outras que participamos em vários Estados de nosso país, despertam nossa percepção para a necessidade do Movimento Espírita de chegar às bases – ao pretender atuar em todas as faixas sociais -, e, provavelmente, à grande maioria da população, ao se considerar a “pirâmide social” do país.

Torna-se oportuna a evocação das experiências do cristianismo primitivo como meios de incentivo a essas reflexões e adequações em todas as áreas de atuação. No livro “Boa Nova”, psicografado por Chico Xavier, há oportuna crônica sobre o Sermão do Monte e que antes de proferir as Bem-Aventuranças – pobres e aflitos; sedentos de justiça e misericórdia; pacíficos e simples de coração – Jesus teria dialogado com interlocutores de Cafarnaum: “É também sobre os vencidos da sorte, sobre os que suspiram por um ideal mais santo e mais puro do que as vitórias fáceis da Terra, que o Evangelho assentará suas bases divinas.”1

Também são marcantes as recomendações do Doutor da Lei – Paulo de Tarso – que se transformou em homem do povo: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador dele” (I Coríntios, 9:22-23).

A experiência guatemalteca também nos faz meditar na epopéia de Francisco de Assis e na ação rotineira de Chico Xavier em Pedro Leopoldo e em Uberaba.

 

Fonte:

  1. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Humberto de Campos. Boa nova. 36. ed. Cap. 11. Brasília: FEB.

Transcrito de “Revista Internacional de Espiritismo”, edição de setembro de 2015.

 

Desafios Ético-Morais na AJE Nacional

AJE-Pres.AJE Brasil e do DF e min.Ayres Brito        AJE-Edmar-Perri 1        AJE-Fábio(Ma)-Perri2

(Clique nas imagens para ampliá-las)

A convite do presidente da Ass.Jurídico Espírita do Brasil, Tiago Essado, o ex-presidente da FEB Cesar Perri compareceu na abertura do 1º Congresso Jurídico-Espírita Brasileiro, em Brasília, no dia 5/9/2015. Palestra de abertura pelo ministro do STF Ayres Brito. Momentos de confraternização com representantes de AJEs de vários Estados. Tema central do evento: “Desafios Ético-Morais. Caminhos para os avanços público e privado”.

Fotos da AJE, feitas por Valdinei Prochnow (SP). 

Informações: http://www.ajebrasil.org.br/conjebras e https://www.facebook.com/gestudoschicoxavier

MENSAGEM DO DR. BEZERRA DE MENEZES

…Quando nós conseguimos introjetar o Cristo em nosso coração, a vida muda de significado, nós mudamos de trajetória e surge,… em nosso mundo interior, uma emoção completamente nova em que a criatura humana agora se identifica com o Criador e pode manter o intercâmbio de Pai a filho e filho a Pai.
Não lamenteis as dificuldades que ora assolam na Terra. A crise de qualquer natureza é uma experiência evolutiva para o desenvolvimento intelecto-moral da criatura humana.

Examinai a vida do Mundo espiritual para a Terra e não dos efeitos para a causa.

Somente nos acontece aquilo de que temos necessidade para evoluir.
Enriqueçamos, filhos amados, a nossa alma, com a dúlcida paz que vem de Jesus e deixemos que Ele norteie os nossos passos que nos levem pelas estradas difíceis que devemos vencer até alcançar o calvário sublime da nossa cruz de redenção.
Não sofreis sem um motivo justo.

A dor é um divino buril que lapida as imperfeições da alma.
É claro que a benção da saúde, o equilíbrio orgânico, emocional, psíquico, fazem parte também do esquema da vida espiritual, mas é necessário compreender que saímos do instinto para a razão e ainda não conseguimos imprimir a razão no bom tom, no ádito dos corações nem das atividades.

E como consequência, erramos, enganamo-nos, equivocamo-nos a cada passo, com o direito sublime da reparação.

Arrependamo-nos do mal que nos fizemos, expiemos como recomenda o egrégio codificador e reparemos através do amor e da misericórdia.

Jesus, meus filhos, espera por nós.

Que cada um de nós cumpra com o seu dever.

Que cada um de nós realize o mínimo ao seu alcance, esse mínimo que seja, possivelmente, uma grande parte para quem recebe, nada tendo.

A nossa jornada na Terra é uma experiência de libertação.

Não mais tergiversemos, não nos permitamos mais tombar nos desfiladeiros da agonia pela presunção, pelo egotismo.

É ampla a estrada do amor embora a porta redentora seja estreita.

Entremos por ela, atentando para encontrarmos na casa do Pai o lugar de misericórdia que nos está reservado.

Servir é a honra que nos cabe.

Amai, é a oportunidade de autorredenção e confiai infinitamente no amor do Amado em nome do Pai Celestial para que as Suas bênçãos penetrem-nos a alma e libertem-nos das aflições.

Que o Senhor de bênçãos vos abençoe, são os votos do humilde servidor paternal em nome dos amigos espirituais deste templo para todos vós.
Muita paz…

Bezerra (*)

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo P. Franco, no final da conferência realizada no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, na noite de 27 de agosto de 2015).

(*) Revista pelo Autor espiritual.

Sugestões para o Estudo de O Evangelho segundo o Espiritismo:

– Estrutura e composição do capítulo do livro O Evangelho segundo o Espiritismo a ser estudado.

– Diretrizes para estudo dos versículos do livro O Evangelho segundo o Espiritismo.

– Diretrizes para o estudo da Boa Nova extraídas de O evangelho segundo o espiritismo.

– Alguns lembretes sobre O Evangelho segundo o Espiritismo.

– Programação – Ilustração de estudos.

 

ACESSO AO ARQUIVO PDF: Estudo ESE-GEECX

Piauí: Perri desenvolve seminário, palestra e recebe Medalha

 

Piaui-Mesa Câmara-Parnaíba Piauí-Entrega Medalha e Dilpoma Câmara Parnaíba  Piaui-Federação Esp.Piauiense-Pres. e V.Presid-Teresina Piaui-Inauguração Livraria-Parnaíba

Piaui-Seminário Evangelho-Parnaíba Piauí-Visita Ativ.CE Humberto de CamposPiaui-Cajueiro de Humberto-Parnaíba

 

Uma sequência de eventos aconteceu no Piauí. Na noite do dia 29 de agosto houve sessão solene da Câmara de Vereadores de Parnaíba para entrega da Medalha de Mérito Legislativo a Antonio Cesar Perri de Carvalho, que foi o primeiro espírita e nesta condição a receber tal honraria, em função de apoios prestados como diretor e presidente da FEB. A cerimônia foi efetivada em um grande espaço ao ar livre montado na área do Centro Espírita Caridade e Fé, e foi dirigida pelo presidente da Câmara e equipe de apoio, que integrou a mesa, com a vereadora autora da propositura Fátima Carmino, vereadores, representante do prefeito, deputado estadual da cidade, presidente da UME local Samuel Aguiar e presidente do C.E.Caridade e Fé Zilda Cunha de Aguiar. Compareceram vários convidados e a comunidade espírita da localidade. Após as manifestações dos integrantes da mesa, em sua saudação, o agraciado compartilhou a homenagem com os espíritas locais e Humberto de Campos (que viveu um período na cidade). Estavam presentes e realizaram entrevistas duas TVs Delta e Costa Norte e rádios de Parnaíba. Em seguida, o visitante inaugurou a livraria – loja externa aberta ao público -, do C.E.Caridade e Fé, e houve sessão de autógrafos do livro “O Evangelho segundo o Espiritismo. Orientações para o Estudo”, de que é organizador juntamente com Célia Maria Rey de Carvalho. Na manhã do domingo, Cesar Perri desenvolveu seminário sobre Estudo do Evangelho, nas dependências de uma escola, contando com a presença de representantes dos centros locais. Visitou também algumas instituições espíritas. Às 18 horas do mesmo dia, já em Teresina, Perri proferiu palestra na sede da Federação Espírita Piauiense, sendo recepcionado pelo presidente José Lucimar de Oliveira e a vice-presidente Maria da Graça Oliveira.,  

Informações: http://www.fepiaui.org.br/site; http://www.caridadefe.org.br/

https://www.facebook.com/centroespiritacaridadeefe

http://www.proparnaiba.com/search/node/Antonio%20Cesar%20Perri%20de%20Carvalho

Bezerra de Menezes e Chico Xavier – O Médico e o Médium

Jorge Damas Martins (*)

 

O nobre Dr. Eurico Branco Ribeiro, a maior autoridade sobre a vida do Evangelista Lucas – Médico, Pintor e Santo -, discorre com propriedade sobre o sacerdócio na medicina, na Antiguidade e na Idade Média, no seu livro Lucas, o Médico Escravo:

Naquela época, bem como ainda no Século XV, o médico não podia casar-se. Tinha de ser celibatário. Era a tradição que assim impunha. Como é notório, o exercício da Medicina era feito pelos clérigos ou sacerdotes e esses não contraíam matrimonio. Assim, quando, ao tempo dos romanos, os escravos gregos eram encaminhados às escolas médicas, tiravam-lhes o direito de constituir família, pois deviam consagrar-se, inteiramente, a exemplo dos sacerdotes, aos cuidados assistenciais dos enfermos da carne e do espírito. Daí veio a concepção de que a prática da Medicina é um sacerdócio (capítulo 3, p. 18).

            Tal jugo foi abolido em 1452, continua o Dr. Eurico Ribeiro, numa bula apresentada pelo Cardeal Destouville na França, em que se permitia o casamento dos médicos.

            O nosso Dr. Bezerra de Menezes – o Médico dos Pobres – foi casado, e muito bem casado por duas vezes, mas concebia a Medicina como um sacerdócio, onde se podia exercer, da forma mais ampla, a divina caridade.

Bezerra, então, vai surpreender a sua tradicional família, de ricos fazendeiros, políticos e advogados, ao decidir de forma determinada o seu destino profissional: Quero ser médico!

            Alguns, porém, do seu círculo mais íntimo tentaram demovê-lo da Medicina – inclusive seu pai (A Casa Assombrada, p. 124[1]) -, e, galhofando, replicavam o provérbio citado por Jesus sobre as dificuldades de aceitação, tanto dos profetas como dos médicos em sua terra natal: Médico, cura-te a ti mesmo (Lc., 4:23). E, insistiam:

Desgraçada profissão! Pode o que adotou empenhar o maior esforço e o maior saber por salvar da morte um ente querido dos que o chamam. Desde que a Ciência não vence o mal, porque o mal, é invencível, porque as fontes da existência se têm esgotado, maldições lhe chovem em cima. Foi o médico que matou o doente! Se, pelo contrário, a força de saber e solicitude, arranca à morte e aos vermes uma vida preciosa, nenhum merecimento se lhe reconhece. Foi Deus quem salvou o doente! (A Casa Assombrada, p. 118).

            Então – continuavam – por que estudar a Medicina?

            O nosso Adolfo perseverava:

Por duas razões do maior alcance, direi eu: a primeira é que o médico goza da maior independência; e não é coisa de pouca valia ter-se garbo de abusar da sua autoridade. A segunda é que o médico, muito mais que o sacerdote, tem meios de exercer a divina caridade. Eu falo daquele que faz de sua profissão um sacerdócio, e não do que a utiliza como indústria rendosa (p. 118).

            Mais tarde, o Dr. Bezerra vai traçar com precisão cirúrgica o verdadeiro perfil da medicina missionária:

O médico, o verdadeiro médico é isto: não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se está longe ou perto o gemido que lhe chega aos ouvidos, a pedir-lhe, ao menos, o bálsamo da consolação, que já é suma caridade. O que não acode, por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, por ser alta noite, ou ser mau o tempo, ou ficar muito longe e muito alto o lugar para onde é chamado; o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com quem pagar a receita, como meio de se esquivar ou de sondar se o chamado, lhe rende, e, na falta, diz ao que lhe chora à porta: “chame outro”; esse não é médico, é um negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros do que gastou para se formar. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e que lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riquezas de seu espírito, porque é a única que jamais perderá na carreira de suas vidas, embora os vaivéns de todas elas (Casamento em Mortalha, capítulo XV, Reformador, 1° de setembro de 1898, p. 3, col. 3).

* * *

            A Mediunidade missionária também é um sacerdócio!

            A principal referência sobre a mediunidade caritativa está alicerçada na rocha granítica das palavras do Médium de Deus, Jesus de Nazaré: De graça recebestes, de graça daí (Mt., 10:8). A única ressalva feita pelo Mestre é quando o médium se encontrar em visita fraterna ou em viagem de divulgação missionária, onde poderá receber hospedagem e comer e beber o que vos derem (Lc., 10:7). Esse é o único salário que merece o médium trabalhador.

            Chico Xavier é o maior exemplo do daí de graça

            Vejamos um pouco de história…

Na Grécia antiga a pitonisa ou médium do Templo de delfos, o mais famoso de todos, era chamada de sacerdotisa. Ela era treinada para o serviço da transmissão mediúnica passando por purificações que incluíam da abstinência sexual ao jejum.

O oráculo de Delfos funcionava em uma área específica, o adito ou área proibida, no núcleo do templo – hoje são as salas de reunião medianímica no centro espírita -, e por meio de um orientador específico, a pitonisa era escolhida para falar, como um médium de incorporação, em nome de Apolo, o deus da profecia. A pitonisa era mulher, algo surpreendente se levarmos em conta a misoginia grega. E, contrastando com a maioria dos sacerdotes e sacerdotisas gregas, a pitonisa não herdava sua posição pela nobreza de seus vínculos familiares. Ela poderia ser velha ou jovem, rica ou pobre, bem-educada ou analfabeta.

O nosso Chico Xavier foi treinado durante séculos, em inúmeras reencarnações, para o serviço da sensibilidade fenomênica. Sua entrega foi total ao serviço do mandato mediúnico, chegando mesmo à abstinência do casamento, não por restrição biológica ou preconceituosa, mas para uma dedicação exclusiva a tarefa que o Alto lhe traçou.

Escreveu mais de 400 livros, muitos best sellers, tendo todos os direitos autorais revestidos ao serviço da caridade sem limites. Não tinha hora para levantar nem para dormir, para mais servir seus semelhantes.

Ele dizia que sua felicidade era ser médium:

Eu me sinto feliz de ser obstinadamente médium. Eu gosto de ser médium, gosto dessa palavra. Quero ser médium. É tudo que eu sempre quis ser.

Não posso ser vaidoso de mim mesmo, pois tudo que fiz, não foi feito por mim, mas pelos espíritos.

Sei que a obra é de Jesus, que o serviço é do Alto, mas não ignoramos que os Mensageiros Divinos precisam de mãos humanas. (100 Anos de Chico Xavier – Fenômeno Humano e Mediúnico, p. 433)

            É, um dos Mensageiros que se serviu da mediunidade abençoada de Chico Xavier foi o Dr. Bezerra de Menezes, coordenando duas quartas partes das atividades do grande medianeiro: O atendimento médico com receituário homeopático e a chamada escola mediúnica do além, de onde os desencarnados das mais diversas procedências, viam consolar mães, pais, parentes e amigos, fortalecendo-os na fé inabalável da eternidade da vida…

Bibliografia:

Ribeiro, Eurico Branco. Lucas, o Médico Escravo.  Livraria Martins Editora, São Paulo (SP), 1974.

Martins, Jorge Damas. Os Bezerra de Menezes e o Espiritismo – A Família, o Médico, o Político, o Empresário e o Espírita. Novo Ser Editora, 1ª Edição, Rio de Janeiro (RJ), 2011.

Martins, Jorge Damas. Entrevista “Paulo, Bezerra e Chico Xavier”. Reformador, março de 2015.

Menezes, Adolfo Bezerra. A Casa Assombrada.  Editora Camille Flammarion, 2ª edição, novembro/2001, Rio de Janeiro (RJ).

Baccelli, Carlos A. 100 Anos de Chico Xavier – Fenômeno Humano e Mediúnico. 2ª edição, LEEPP – Livraria Espírita Edições Pedro e Paulo, Uberaba (MG), 2010.

——. A Casa Assombrada. Editora Camille Flammarion, 2ª edição, 2001, São Paulo (SP).

——. Evangelho do Futuro. FEB, 2009, Brasília (DF).

 

(*) – Autor do livro Bezerra de Menezes e Chico Xavier – O Médico e o Médium. Rio de Janeiro: Ed. Ideia Jurídica, 2014.

 

1] Bezerra de Menezes tinha no estudo do Direito a “sua principal distração” (Evangelho do Futuro, p. 385). Ele também escreve: “estudava diariamente por duas horas, as matemáticas, que eram meu estudo favorito” (A Casa Assombrada, p. 121).

PEDRO, O APÓSTOLO

Enquanto a Capital dos mineiros, dirigida pelos seus elementos eclesiásticos, se prepara, esperando as grandes manifestações de fé do segundo Congresso Eucarístico Nacional, chegam os turistas elegantes e os peregrinos invisíveis.

[…] Foi nesse ambiente que a figura de um homem trajado à israelita, lembrando alguns tipos que em Jerusalém se dirigem, freqüentemente, para o lugar sagrado das lamentações, aguçou a minha curiosidade incorrigível de jornalista.

 – Um judeu?! – exclamei, aguardando as novidades de uma entrevista.

– Sim, fui judeu, há algumas centenas de anos – respondeu laconicamente o interpelado.

Sua réplica exaltou a minha bisbilhotice e procurei atrair a atenção da singular personagem.

– Vosso nome? – continuei.

– Simão Pedro.

– O Apóstolo?

E a veneranda figura respondeu afirmativamente, colando ao peito os cabelos respeitáveis da barba encanecida.

Surpreso e sedento da sua palavra, contemplei aquela figura hebraica, cheia de simplicidade e simpatia. Ao meu cérebro afluíam centenas de perguntas, sem que pudesse coordená-las devidamente.

– Mestre – disse-lhe, por fim -, Vossa palavra tem para o mundo um valor inestimável. A cristandade nunca vos julgou acessível na face da Terra, acreditando que vos conserváveis no Céu, de cujas portas resplandecentes guardáveis a chave maravilhosa. Não teríeis algumas mensagens do Senhor para transmitir à Humanidade, neste momento angustioso que as criaturas estão vivendo?

E o Apóstolo venerável, dentro da sua expressão resignada e humilde, começou a falar:

– Ignoro a razão por que revestiram a minha figura, na Terra, de semelhantes honrarias. Como homem, não fui mais que um obscuro pescador da Galiléia e, como discípulo do Divino Mestre, não tive a fé necessária nos momentos oportunos. O Senhor não poderia, portanto, conferir-me privilégios, quando amava todos os seus apóstolos com igual amor.

– É conhecida, na história das origens do Cristianismo, a vossa desinteligência com Paulo de Tarso. Tudo isso é verdadeiro?

 – De alguma forma, tudo isso é verdade – declarou bondosamente o Apóstolo. – Mas, Paulo tinha razão. Sua palavra enérgica evitou que se criasse uma aristocracia injustificável, que, sem ele, teria que desenvolver-se fatalmente entre os amigos de Jesus, que se haviam retirado de Jerusalém para as regiões da Batanéia.

– Nada desejais dizer ao mundo sobre a autenticidade dos Evangelhos?

– Expressão autêntica da biografia e dos atos do Divino Mestre, não seria possível acrescentar qualquer coisa a esse livro sagrado. Muita iniqüidade se tem verificado no mundo em nome do estatuto divino, quando todas as hipocrisias e injustiças estão nele sumariamente condenadas.

 – E no capítulo dos milagres?

– Não é propriamente milagre o que caracterizou as ações práticas do Senhor. Todos os seus atos foram resultantes do seu imenso poder espiritual. Todas as obras a que se referem os Evangelistas são profundamente verdadeiras.

E, como quem retrocede no tempo, o Apóstolo monologou:

– Em Carfanaum, perto de Genesaré, e em Betsaida, muitas vezes acompanhei o Senhor nas suas abençoadas peregrinações. Na Samaria, ao lado de Cesaréia de Felipe, vi suas mãos carinhosas dar vistas aos cegos e consolação aos desesperados. Aquele sol claro e ardente da Galiléia ainda hoje ilumina toda a minha alma e, tantos séculos depois de minhas lutas no mundo, ao lado de alguns companheiros procuro reivindicar para os homens a vida perfeita do Cristianismo, com o advento do Reino de Deus, que Jesus desejou fundar, com o seu exemplo, em cada coração…

[…] E, quando a figura venerada de Simão parecia prestes a prosseguir na sua jornada, inquiri, abruptamente:

– Qual o vosso objetivo, atualmente, no Brasil?

– Venho visitar a obra do Evangelho aqui instituída por Ismael, filho de Abraão e de Agar, e dirigida dos espaços por abnegados apóstolos da fraternidade cristã.

– E estais igualmente associado às festas do segundo Congresso Eucarístico Nacional? – perguntei.

Mas, o bondoso Apóstolo expressou uma atitude de profunda incompreensão, ao ouvir as minhas derradeiras palavras.

Foi quando, então, lhe mostrei o rico monumento festivo, as igrejas enfeitadas de ouro, os movimentos de recepção aos prelados, exclamando ele, afinal: – Não, meu filho!… Esperam-me longe destas ostentações mentirosas os humildes e os desconsolados. O Reino de Deus ainda é a promessa para todos os pobres e para todos os aflitos da Terra. A Igreja romana, cujo chefe se diz possuidor de um trono que me pertence, está condenada no próprio Evangelho, com todas as suas grandezas bem tristes e bem miseráveis. A cadeira de São Pedro é para mim uma ironia muito amarga… Nestes templos faustosos não há lugares para Jesus, nem para os seus continuadores…”

Humberto de Campos

Mensagem recebida no dia 25 de agosto de 1936.

(Transcrição parcial de: Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Humberto de Campos. Crônicas de além-túmulo. Cap.20. Rio de Janeiro: FEB, 2008)

Ave Maria

Música de J. S. Bach/ C. Gounod, com a Orquestra Paulistana de Viola Caipira; prece psicografada por Chico Xavier (Espírito Amaral Ornelas):

Link:

https://www.youtube.com/watch?v=uLwjQ36SrhE

 

Texto:

AVE, MARIA! 

Ave Maria! Senhora
Do Amor que ampara e redime,
Ai do mundo se não fora
a vossa missão sublime !

Cheia de graça e bondade,
É por vós que conhecemos
A eterna revelação
Da vida em seus dons supremos.

O Senhor sempre é convosco,
Mensageira da ternura,
Providência dos que choram
Nas sombras da desventura.

Bendita sois vós, Rainha!
Estrela da Humanidade,
Rosa Mística da fé,
Lírio puro da humildade!

Entre as mulheres sois vós
A Mãe das mães desvalidas,
Nossa porta de esperança,
E Anjo de nossas vidas !

Bendito o fruto imortal
Da vossa missão de luz,
Desde a paz da Manjedoura,
Às dores, além da Cruz.

Assim seja para sempre,
Oh! Divina Soberana,
Refúgio dos que padecem
Nas dores da luta humana.

Ave Maria! Senhora
Do Amor que ampara e redime,
Ai do mundo se não fora
A vossa missão sublime!

(Xavier, Francisco Cândido. Espíritos diversos. Parnaso de além-túmulo. FEB: Rio de Janeiro. 2010., p. 99-100)