Bezerra e a nova visão sobre loucura

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Adolfo Bezerra de Menezes teve intensa atuação em várias atividades espíritas, políticas, empresariais, e, jamais deixou de atuar como médico.

Em pleno século XIX – contemporâneo de Charles Richet, William James, Jean-Martin Charcot e outros notáveis colegas de profissão -, voltados à procura de respostas extra-orgânicas nas chamadas “pesquisas psíquicas” e em casos de perturbações psíquicas, Bezerra  escreveu um trabalho inédito para os contextos médico mundial e espírita: A loucura sob novo prisma.

No final dos anos 1880, como médico e membro da Academia Nacional de Medicina, e consta que direcionado à instituição, Bezerra de Menezes escreveu o citado trabalho abordando um tema delicado e complexo. No estudo dá ênfase à 'loucura por obsessão', isto é, por ação fluídica de agentes inteligentes e extraterrenos sobre a criatura encarnada. O histórico trabalho de Bezerra somente foi publicado em 1920, pela FEB.

Na obra, Bezerra comenta sobre a postura tradicional “de que toda perturbação do estado fisiológico do ser humano procede invariavelmente de uma lesão orgânica, os homens da ciência têm até hoje, como verdade incontroversa, que a alienação mental, conhecida pelo nome de – loucura -, é efeito de um estado patológico do cérebro, órgão do pensamento, para uns; glândula secretora do pensamento, para outros. Nem os primeiros, nem os segundos explicam sua maneira de compreender a ação do cérebro, quer em relação à função, em geral, quer em relação à sua perturbação, no caso da loucura.”

Assim, Bezerra se propõe “a preencher essa lacuna, demonstrando, com fatos de rigorosa observação: que o pensamento é pura função da alma ou Espírito, e, portanto, que suas perturbações, em tese, não dependem de lesão do cérebro, embora possam elas concorrer para o caso, pela razão de ser o cérebro instrumento das manifestações, dos produtos da faculdade pensante.”

Define claramente seu objetivo: “Meu estudo limitar-se-á à segunda espécie, ainda não reconhecida, nem estudada no mundo científico. Sobre este importante assunto, cuja simples enunciação já deve ter feito muita gente atirar longe o pobre livro, eu farei meditado estudo, no empenho de tornar patente a causa do mal – a sintomatologia necessária ao diagnóstico, quer do mal (obsessão), quer da diferenciação entre as duas espécies de loucura – e, finalmente, os meios curativos da nova espécie ou obsessão.”

No desenvolvimento do livro há três partes bem delimitadas: 1) o pensamento em seu princípio causal e em suas manifestações; 2) relações do nosso Espírito com os Espíritos livres do espaço; donde a loucura por obsessão; 3) a loucura, como caso patológico, determinando-lhe a causa – apreciando-lhe os sintomas; colhendo os elementos para seu diagnóstico diferencial; e prescrevendo os meios com que se deve tentar a cura do terrível mal.

Importante é que Bezerra relaciona as suas observações pessoais, das reuniões que participava no Rio de Janeiro, com O céu e inferno, de Allan Kardec, referindo-se às manifestações de espíritos infelizes que permaneceram muitos anos sentindo-se ligados ao corpo. Também cita casos da Revue Spirite, criada por Allan Kardec.

Além de tratar o tema teoricamente, ele robustece com casos selecionados: “ Para não alongarmos, porém, este trabalho, citaremos apenas três, que preferimos às demais, por estarem vivas e presentes as testemunhas, caso alguém se abalance a impugná-las.”

Bezerra relata os estudos de casos que realizou, recorrendo a reuniões com participação de figuras notáveis como o médium Frederico Pereira da Silva Júnior, Pedro Richard, Antônio Luís Saião, Francisco Leite Bittencourt Sampaio, e outros companheiros da história do Espiritismo. Fica claro e, como ele escreveu, com testemunhas vivas, que se curaram da chamada alienação mental, libertando-se dos então “hospícios”, com o tratamento espiritual que incluiu o atendimento e esclarecimento de entidades espirituais envolvidas pela ideia de perseguição e de vingança.

Fato marcante foi vivido no seio de seu próprio lar. Bezerra escreveu: “Um de nossos filhos, moço de grande inteligência e de coração bem formado, foi subitamente tomado de alienação mental. Os mais notáveis médicos do Rio de Janeiro fizeram o diagnóstico: loucura; e como loucura o trataram sem que obtivessem o mínimo resultado. Notávamos, nós um singular fenômeno: quando o doente, passado o acesso e entrado no período lúcido, ficava calmo, manifestava perfeita consciência, memória completa e razão clara, de conversar criteriosamente sobre qualquer assunto, mesmo literário ou científico, pois estudava Medicina, quando foi assaltado. […] Desanimados, por falharem todos os meios empregados, disseram-nos aqueles colegas que era inconveniente e perigoso conservar o doente em casa, e que urgia mandá-lo para o hospício. Foi ante esta dolorosa contingência de uma separação mais dolorosa que a da morte, que resolvemos atender a um amigo que havia muito nos instava para que recorrêssemos ao Espiritismo.”

Bezerra relata alguns trechos de diálogos ocorridos no atendimento do espírito que atuava como obsessor do filho. Foram muitas reuniões de tratamento espiritual: “O moço era vítima de seus abusos noutra existência, continuou a sofrer a perseguição, e por tanto tempo a sofreu, que seu cérebro se ressentiu, de forma que, quando o obsessor, afinal arrependido, o deixou, ele ficou calmo, sem mais ter acessos, porém não recuperou a vivacidade de sua inteligência. O instrumento ainda não se restabeleceu. […] o nosso doente, desde que tivemos certeza de ser o mal obra de um Espírito, nunca mais tomou remédios, senão os morais, em trabalhos espíritas, de cerca de três anos. Vê-se, portanto, quanto importa, diante de um caso de loucura, fazer de pronto o diagnóstico diferencial, para que, se for obsessão, não chegue esta a desorganizar o cérebro, que é o órgão atacado pelo obsessor.”

Esclarecemos que o filho a que o autor se refere é Antonio, segundo filho do primeiro casamento de Bezerra, nascido em 1862. Depois do tratamento e cura do filho, este veio a desencarnar aos 25 anos de idade, vitimado por febre tifóide, no ano de 1887. A vivência do caso do próprio filho foi um dos fatores que estimularam Bezerra a escrever o trabalho, posteriormente transformado em livro. Lembramos também que embora estudasse o Espiritismo, desde a oferta de O livro dos espíritos por seu colega e tradutor dr. Joaquim Carlos Travassos, em 1875, Bezerra somente se proclamou publicamente espírita no ano de 1886, época em que já se dedicava ao estudo dos casos relatados no livro.

Bezerra aborda o tema obsessão em um capítulo específico. Ao final da obra, conclui: “Temos, pois, em resumo, que tudo concorre para tornar evidente a dualidade causal da loucura. […] Definida a questão, a loucura sob novo prisma, exposta a doutrina onde se encontram as leis que a explicam, vem de molde, e antes de mais, discriminá-la da outra espécie, única até hoje conhecida: fazer o diagnóstico diferencial.”

Interessante é que Bezerra escreveu de uma maneira que o livro não está colidindo e nem ultrapassado com a diversidade das teorias do meio científico e nem com a extensa bibliografia espírita hoje disponível.

O livro A loucura sob novo prisma, deve merecer a atenção pela leitura, estudo e divulgação por parte dos espíritas. Quiçá, um dia também tenha o reconhecimento na área acadêmica pelo pioneirismo e ineditismo do tema central, abordado ainda no século XIX!

Fontes:

Menezes, Adolfo Bezerra. A loucura sob novo prisma. Ed.FEB.

Wantuil, Zêus. Grandes espíritas do Brasil. Ed. FEB.

Orador e escritor espírita, Antonio Cesar Perri presidiu a Federação Espírita Brasileiro e o CFN até o final de 2015.

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Transcrito de “Correio Fraterno do ABC”, edição janeiro-fevereiro de 2016, p.8-9; acesso digital:

http://www.correiofraterno.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1797:bezerra-e-a-nova-visao-sobre-a-loucura&catid=103:especial&Itemid=2

Nos Passos do Mestre Jesus segundo o Espiritismo

Nas pegadas

24 DE MARÇO NOS CINEMAS!!!

Produção de “Mundo Maior Filmes”; direção e roteiro – André Marouço; Supervisão – Severino Celestino (Pb) e Adão Nonato (SP)

Trailer Oficial de Nos Passos do Mestre:

Confira o trailer oficial do primeiro filme sobre a vida e obra de Cristo, realizado através de pesquisa espírita e que apresenta uma visão até hoje inédita a cerca deste grande personagem. Filmado em Israel, Egito, Turquia, Itália e no Brasil, o longa apresenta dramatizações de trechos da vida de Jesus Cristo e de Allan Kardec, fundador do espiritismo. O filme mostra Jesus como um educador e pacifista por excelência e levanta dúvidas sobre trechos polêmicos, como a virgindade de Maria; a Ressurreição de Lázaro e do próprio Jesus; e a “traição” de Judas. Acesse o site oficial do filme: http://nospassosdomestreofilme.com.br;

http://tvmundomaior.com.br/eventos/encontro-nos-passos-do-mestre-brasil/

http://tvmundomaior.com.br/sem-categoria/trailer-oficial-de-nos-passos-mestre/

Eventos Em Defesa da Vida

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Viver é a melhor opção

O jornalista André Trigueiro, da TV Globo, cumpriu programa de palestras em cidades paulistas, entre 19 e 21 de fevereiro, abordando os temas de seu livro "Viver é a melhor opção", um estudo sobre suicídio: no cinema do Rio Preto Shopping, em São José do Rio Preto; no Centro Espírita Bezerra de Menezes, em Catanduva; e na Comunidade Espírita Cairbar Schutel, Matão. Na Associação Espírita Allan Kardec, de Rio Preto, também desenvolveu seminário sobre o tema Espiritismo e Ecologia. Todos eventos foram transmitidos ao vivo pela TV web Rede Amigo Espírita e Rádio Fraternidade. Informações: http://www.redeamigoespirita.com.br/page/canal1

 

AJE-Rio e o Brasil sem Drogas

A Associação Jurídico Espírita do Estado do Rio de Janeiro promoveu o evento “Cuidar do corpo e do espírito. Uso recreativo da maconha”, no dia 20 de fevereiro, na sede do Grupo de apoio ao menor – "Casa de Batuíra", em São Gonçalo (RJ). Alan Silveira, do grupo GAEROL fez palestra sobre as consequências espirituais do uso de drogas; o GAEROL dá cursos para instituições espíritas sobre como trabalhar a questão das drogas. Adriane Poubel desenvolveu o tema sobre as consequências neurológicas. Hélio Loureiro Ribeiro, Vice-Presidente da AJE-Brasil e fundador do Grupo de Apoio ao Menor -"Casa de Batuíra" abordou as consequências jurídicas. Compareceram também o juiz Joaquim Gamonal em apoio ao Movimento Brasil sem Drogas e Jorge Antonio, representando o Conselho Espírita – CEERJ – de São Gonçalo. Informações: casadebatuira.blogspot.com.br

Epístola aos Gálatas e as “marcas do Cristo”

Antonio Cesar Perri de Carvalho

A Epístola aos Gálatas teria sido redigida mais provavelmente entre os anos 54 e 57 d.C. embora haja estudiosos que admitem o período do final do ano 48 a 50 d.C.1,2 A Galácia possuía várias etnias e contava com grandes colônias judaicas.

A Epístola aos Gálatas é considerada por Champlin como a “Carta Magna da Fé Cristã”2. Registra a fidelidade do apóstolo aos ensinos originais do Mestre e é muito claro, não aceitando interpolações ou ajustes às tradições judaicas:

1.9 […]Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. 1.10 Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. 1.11 Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. 1.12 Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo. 1.13 Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava. 1.14 E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.3

A atitude humana de tentativas de “agrado” é analisa por Emmanuel e considerando ainda as reações que geralmente ocorrem às propostas de adequação a novos contextos e de inovação:

“Em muitas ocasiões, os pareceres populares equivalem à gritaria das assembleias infantis, que não toleram os educadores mais altamente inspirados, nas linhas de ordem e elevação, trabalho e aproveitamento.       Que o sincero trabalhador do Cristo, portanto, saiba operar sem a preocupação com os juízos errôneos das criaturas. Jesus o conhece e isto basta”.4

Nessa Epístola há o importante depoimento de Paulo sobre suas visitas à Casa do Caminho e a sua reiteração do compromisso com a ampla divulgação do Evangelho à gentilidade, sem nenhuma exigência de pré-requisitos para com seu público, o que ele definiu na sua primeira visita a Jerusalém, após sua conversão ao Cristianismo. Um registro importante é o relativo ao seu segundo retorno a Jerusalém, anos depois:

2.1 Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito. 2.2 E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, […] 2.9 E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fóssemos aos gentios, e eles à circuncisão. 2.10 Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência. […] 2.14 Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. 2.20 Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.

Paulo separa os compromissos de formalidade com a legislação Moisaica e os de natureza espiritual e que permanecem após a vida corpórea. Suas colocações demonstram a firmeza de suas decisões pautadas na vivência coerente com os ensinos do Mestre. O tema é abordado por Emmanuel trazendo-o para a vida cotidiana:

“Quando termine cada dia, passa em revista as pequeninas experiências que partilhaste na estrada vulgar. Observa os sinais com que assinalaste os teus atos, recordando que a marca do Cristo é, fundamentalmente, aquela do sacrifício de si mesmo para o bem de todos”.5

O raciocínio com base em valores para a vida espiritual aparece em outros trechos da Epístola e Paulo separa claramente o que seria a lei de ordem material e elaborada para um contexto temporal. A Galácia sofria muita influência dos cristãos ligados ao judaísmo e eram chamados de “legalistas”. Registra um alerta com um tom enérgico:

3.1 O insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? 3.2 Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? […] 3.12 Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá.

A dedicação deve ser desinteressada, como enfatiza Emmanuel:

“Trabalhemos, pois, contra a expectativa de retribuição, a fim de que prossigamos na tarefa começada, em companhia da humildade, portadora de luz imperecível”.4

Paulo repete conceitos emitidos em outras Epístolas, esclarecendo o valor da fé com base em ações e não a tradicional interpretação de se imaginar que seria suficiente um compromisso formal de aceitação da “lei de Moisés”. A fundamentação do ensino moral do Cristo, já registrada na Epístola aos Romanos é ratificada:

5.4 Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. […] 5.14 Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

A preocupação de Paulo com os desvios pessoais e de grupos transparecem nessa Epístola, onde ele é explícito, e anota uma enérgica admoestação com relação a problemas “como obras da carne”, que já identificava naquela época:

5.20 Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias.

Na sequência, recomenda aos gálatas:

5.25 Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.

Entendemos que o Apóstolo diferenciava as atitudes humanas, sem compromissos com a visão de vida imortal. Emmanuel analisa essa questão considerando os textos de Paulo sobre a polêmica carne versus espírito e deixa claro que a vontade é do espírito. A recomendação final resume a visão de Paulo para o melhor relacionamento entre os integrantes das comunidades da Galácia:

6:10 Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.

As ponderações do inspirado missivista merecem vários comentários de Emmanuel, dos quais destacamos:

“O Apóstolo Paulo reconhece que, às vezes, atravessamos grandes ou pequenos períodos de inibições e provações, pelo que nos recomenda: “enquanto temos tempo, façamos o bem a todos; contudo, mesmo nas circunstâncias difíceis, urge endereçar aos outros o melhor ao nosso alcance, porque segundo as leis da vida, aquilo que o homem semeia, isso mesmo colherá”.6

Nessa Epístola, o Apóstolo faz um significativo registro, que é repetido por muitas pessoas:

6.17 Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.

A colocação paulina pode ser interpretada pela ótica material, pois ele foi apedrejado, considerado morto e arrastado para fora de cidades. Literalmente, poderia ser interpretada como as marcas das cicatrizes dos flagelos a que foi submetido.1 Champlin também considera que “os legalistas gálatas jactavam-se da ‘marca na carne”2, ou seja, da circuncisão. Daí Paulo enfatizar outro tipo de “marca” – a espiritual -, já por ele definida na sua colocação “Cristo vive em mim”, e, que Emmanuel amplia a compreensão para o aspecto espiritual:

“Todas as realizações humanas possuem marca própria. Casas, livros, artigos, medicamentos, tudo exibe um sinal de identificação aos olhos atentos. Se medida semelhante é aproveitada na lei de uso dos objetos transitórios, não se poderia subtrair o mesmo princípio, na catalogação de tudo o que se refira à vida eterna. Jesus possui igualmente os sinais dEle. A imagem utilizada por Paulo de Tarso, em suas exortações aos gálatas, pode ser mais extensa. As marcas do Cristo não são apenas as da cruz, mas também as de sua atividade na experiência comum. Em cada situação, o homem pode revelar uma demonstração do Divino Mestre”.5

A Epístola aos Gálatas é fortemente sugestiva para a mais ampla reflexão para a avaliação sobre as “marcas do Cristo” – no sentido ético, moral e espiritual -, em nossas vidas e na Seara Espírita.

Referências:

1 – Walker, Peter. Pelos caminhos do apóstolo Paulo. Trad. Mariz, Andréa. Introdução, Cap. 6. São Paulo: Ed.Rosari. 2009.

2 – Champlin, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol. 4. Cap. Gálatas. São Paulo: Hagnos. 2014.

3 – Almeida, João Ferreira. A Bíblia Sagrada contendo o Velho e o Novo Testamento. Trad. Edição Corrigida e Revisa Fiel ao Texto Original. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. 2007.

4 – Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap.47 e 155. Brasília: FEB.

5 – Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Vinha de luz. Cap. 8. Brasília: FEB.

6 – Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Palavras de vida eterna. Cap.129 e 169. Uberaba: CEC.

(Transcrição parcial-síntese de artigo do autor publicado em “Revista Internacional do Espiritismo”, edição de fevereiro de 2016).

QUE É A CARNE?

“Se  vivemos  em  Espírito,  andemos  também  em  Espírito.” Paulo (Gálatas, 5: 25)

Quase sempre, quando se fala de espiritualidade, apresentam-­se muitas pessoas que se queixam das exigências da carne. É verdade que os apóstolos muitas vezes falaram de concupiscências da carne, de seus criminosos impulsos e nocivos desejos. Nós mesmos, frequentemente, nos sentimos na necessidade de aproveitar o símbolo para tornar mais acessíveis as lições do Evangelho. O próprio Mestre figurou  que o espírito, como  elemento  divino, é forte, mas que a carne, como expressão humana, é fraca.

Entretanto, que é a carne?

Cada personalidade espiritual tem o seu  corpo fluídico e ainda não  percebestes, porventura, que a carne é um composto  de fluídos condensados? Naturalmente, esses fluídos, em se reunindo, obedecerão  aos imperativos da existência terrestre, no que designais por lei de hereditariedade; mas, esse conjunto é passivo e não determina por si. Podemos figurá­-lo como casa terrestre, dentro da qual o espírito é dirigente, habitação essa que tomará as características boas ou más de seu possuidor.

Quando falamos em pecados da carne, podemos traduzir a expressão por  faltas devidas à condição inferior do homem espiritual sobre o planeta.

Os desejos aviltantes, os impulsos deprimentes, a ingratidão, a má ­fé, o  traço do traidor, nunca foram da carne.

É preciso se instale no homem a compreensão de sua necessidade de autodomínio, acordando-­lhe as faculdades de disciplinador e renovador de si mesmo, em Jesus Cristo.

Um dos maiores absurdos de alguns discípulos é atribuir ao conjunto de células passivas, que servem ao  homem, a paternidade dos crimes e desvios da Terra, quando sabemos que tudo procede do espírito.

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Cap.13. FEB)

CAMINHOS PARA DIVULGAÇÃO DO EVANGELHO

Antonio Cesar Perri de Carvalho

No final do ano de 2011, a diretoria da FEB aprovou por unanimidade a criação de um novo curso “Reunião de Estudo de O Evangelho segundo o Espiritismo”, por proposta nossa como diretor da instituição. O então presidente Nestor J.Masotti foi um entusiasta e esteve presente em algumas reuniões do citado curso, nos primeiros meses de 2012, antes de se afastar da presidência, e depois, no final de 2013 e início de 2014, depois de retornar dos tratamentos que fez em São Paulo. Neste ínterim foi criado e funcionou com muitas ações abrangentes, até há pouco, o NEPE.

O conjunto de esforços pela difusão de O evangelho segundo o espiritismo chegou ao ponto máximo durante o ano de 2014, com as comemorações dos 150 anos de publicação do livro de Kardec, e a realização simultânea do 4º. Congresso Espírita Brasileiro, em quatro regiões do país, tendo o importante livro como tema básico.

Em nossos dias temos constatado em viagens e contatos que há grande interesse pelo esforço de se estudar e difundir o livro básico de Kardec.

Em diferença de poucos dias, estivemos em pontos extremos do país, em eventos relacionados com o tema do estudo do Evangelho à luz do Espiritismo.

No extremo nordeste, em Parnaíba (Piauí), depois de evento em sessão solene da Câmara de Vereadores de Parnaíba tivemos sessão de autógrafos do livro “O Evangelho segundo o Espiritismo. Orientações para o Estudo” (edição FEB) e desenvolvemos seminário sobre Estudo do Evangelho, nas dependências de uma escola, contando com a presença de representantes dos centros locais. E, na sede da Federação Espírita Piauiense, em Teresina, proferimos palestra sobre tema evangélico.

Poucos dias depois, com promoção da União Municipal Espírita de Volta Redonda foi efetivado nessa cidade do Estado do Rio de Janeiro, uma sequência de palestras e seminários onde abordamos temas similares dentro do projeto do projeto local “Evangelho para todos”.

É crescente e muito oportuno o interesse pelo estudo e pela compreensão do livro de Kardec que trata do ensino de moral de Jesus.

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“Recordemos Paulo de Tarso. Ele, o apóstolo que recolheu apelos diretos do Cristo à sementeira de luz, foi positivo ao confessar: “Ai de mim se não pregar o Evangelho!” E nós, em lhe meditando o exemplo, podemos reconhecer que se não aproveitarmos os recursos de trabalho que o Espiritismo nos oferece, permaneceremos na inferioridade em que temos vivido até hoje, se não descambarmos para coisa pior.“ (Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Bênção de Paz. S.B.Campo: GEEM. Cap. 16).

 

Informações:  https://www.facebook.com/centroespiritacaridadeefehttps://www.facebook.com/UMEVOR;https://www.facebook.com/gestudoschicoxavierwww.grupochicoxavier.com.br

 

Transcrito de publicação de 14/9/2015:

http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/caminhos-para-divulgacao-do-evangelho

 

No domínio das palavras

Fala e conhecer-te-ão.

Referes-te aos outros quanto ao que está em ti mesmo.

A palavra é sempre o canal mais seguro pelo qual te revelas.

A frase de esperança é um jorro de luz.

O que notas de bem ou de mal na vida de alguém é complemento de teu próprio eu.

Comentários sobre os outros, no fundo, são exposições daquilo que carregas contigo.

Quase que imperceptivelmente apenas falamos daquilo que já conseguimos aprender.

O que vimos nas estradas alheias é o que está em nossos próprios caminhos.

Quem fala sem o coração naquilo que fala não alcança o coração que deseja atingir.

Quando quiseres ser visto não uses a queixa para semelhante exibição; trabalha em silêncio e serás visto com mais segurança.

A palavra mais cruel é aquela que se usa destruindo o bem.

Não te refiras ao infortúnio porque a felicidade de quem sofre talvez chegue amanhã.

Se o verbo não está iluminado de compreensão e de amor, a conversa será sempre inútil.

Quem se propõe a iluminar não menciona qualquer ingrediente das trevas.

Nunca te arrependerás de haver dito uma boa palavra.

Nada ensines destacando o mal, pelo simples prazer de salientá-lo, porque os teus ouvintes serão hipnotizados pelas imagens com as quais não desejarias prejudicá-los.

Quem perdoa não deve reportar-se à dívida que foi liquidada, sob pena de abrir nova ferida no coração daquele que se lhe fez devedor.

Criteriosa dieta na conversação é saúde no espírito.

A palavra indulgente é vacina contra muitos males.

Discutindo talvez esclareças, mas servindo convences.

​​​​

Emmanuel

(Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Companheiro. Cap. No domínio das palavras. IDE)

 

O bom mesmo é ser bom!

Marival Veloso de Matos

Foram dias de tristeza
Foram dias de amargura
Porém com singeleza
Mudei a própria postura.

Quantas vezes falei mal
Dos horrores da corrupção
Foi aí que li em um jornal
Que CD pirata é infração.

"Atire a primeira pedra"
É a bela proposta cristã.
Mas onde o mal é que medra,
Nossa escuta ainda é vã.

Muitos "morrem" de medo
Da chamada "transição"
Mas fugiremos do degredo
Sem ódio no coração. 

Deus  é a  bondade,
Deus plenitude e amor.
É Ele  nos quer sem maldade
Na plena paz do Senhor.

Muitos riem e  descreem
Da verdade reencarnação.
Mas muitos  sentem ofendidos
Se não lhes dão opção.

(Belo Horizonte, 11/02/2016)