Utilidade providencial da riqueza

Utilidade providencial da riqueza

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Na obra O evangelho segundo o espiritismo, há interessante item comentado por Kardec, intitulado “utilidade providencial da riqueza”, inserido no capítulo 19 que tem por título “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. O Codificador analisa vários versículos do Novo Testamento relacionados com o tema e introduz instruções dos espíritos sobre: A verdadeira propriedade, Emprego da riqueza, Desprendimento dos bens terrenos e Transmissão da riqueza.

Nessa obra há trechos muito claros:

“Se a riqueza é causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser de maior utilidade. É a consequência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual. Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta”.

E há alertas: “uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para ninguém. […] Sendo o homem o depositário, o administrador dos bens que Deus lhe pôs nas mãos, contas severas lhe serão pedidas do emprego que lhes haja Ele dado, em virtude do seu livre-arbítrio. […] O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo”.

A questão do emprego de riqueza em benefício de comunidades, áreas do conhecimento e desenvolvimento do progresso, nos leva à recordação de alguns exemplos nobres. E sem dúvida há uma infinidade deles.

Entre os exemplos históricos, destacamos o caso de Leland Stanford (1824-1893), magnata e político da Califórnia (EUA), que após perder o amado filho único, Leland Stanford Jr., de 15 anos, juntamente com a esposa tiveram a determinação de honrar seu filho de alguma forma. O resultado disso foi a criação da Universidade de Stanford, que Leland Stanford decidiu construir com a considerável fortuna dele e de sua esposa. Esta Universidade, uma das principais dos EUA, deu origem ao “vale do silício” gerando incrível desenvolvimento tecnológico principalmente na área digital e de redes sociais.

Em nosso país, há muitas famílias que fomentaram a criação e a manutenção, dos principais hospitais da cidade de São Paulo, que dispõem de notoriedade internacional no atendimento da saúde.

Na área espírita, focalizamos dois casos (mas haverá muitos outros), que com a disponibilização de seus recursos materiais contribuíram com a difusão do espiritismo. Frederico Figner (1866-1947), imigrante judeu, atualmente é conhecido na literatura espírita como Irmão Jacó (livro Voltei, psicografia de Chico Xavier). Na cidade do Rio de Janeiro, destacou-se como pioneiro no Brasil na introdução da discografia e de cinema, criador do Retiro dos Artistas naquela cidade. Ao aceitar o espiritismo, transformou-se em diretor da Federação Espírita Brasileira, colaborador ativo em atendimento a pessoas simples e um dos sustentadores para a construção da sede da editora desta instituição. Ao desencarnar direcionou uma herança a Chico Xavier. Como sempre este médium não aceitava favores e doações e repassou à FEB. Mais um legado para o chamado parque gráfico da Instituição.

A propósito torna-se importante o registro sobre o papel desempenhado por Alípio González Hernandez (1942-2018), radicado em Caracas (Venezuela). Tivemos muitos contatos e fizemos visitas a Alípio na Venezuela.

Alípio resolveu interromper suas atividades empresariais em área de indústria e passou a destinar seus recursos para a difusão do espiritismo em idioma espanhol. Fundou a Editora Mensaje Fraternal, em Caracas, e durante cerca de 40 anos utilizou recursos próprios seus para promoção da tradução e edição em espanhol de cerca de 30 livros psicografados por Chico Xavier, contando com apoio e parceria para impressões no Instituto de Difusão Espírita de Araras (SP). Assim, editou mais de três milhões de livros em espanhol que eram fornecidos gratuitamente aos países de idioma hispânico da América Latina. No período em que estávamos como presidente da FEB, Alípio prestou um grande apoio ao doar esses livros para distribuição durante o 7o Congresso Mundial de Espiritismo, promovido pelo CEI, em Havana (Cuba), em 2013.

Consideramos Alípio González Hernandez o principal divulgador das obras de Chico Xavier nas Américas!

Realmente, a anotação de O evangelho segundo o espiritismo sobre a riqueza: “compete ao homem fazê-la produzir o bem”, pode ser identificada em casos concretos de experiências de vida.

As transformações profundas do século XIX

As transformações profundas do século XIX

Em continuidade ao estudo do capítulo XXIII do livro “A caminho da luz”, na reunião virtual do dia 14 de outubro, Cesar Perri fez uma análise sobre o século XIX. Foram destacados os movimentos políticos unificadores na Europa, o desenvolvimento industrial, econômico, científico, cultural e social em geral. O papel de vultos como Garibaldi, Rainha Vitória, Bismark e o papa Leão XIII. A reunião foi coordenada por Pedro Nakano com apoio técnico de Lis Assumpção. Trata-se de programa do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo-CCDPE (São Paulo), com base no livro de autoria do espírito Emmanuel, psicografia de Chico Xavier. Esse estudo anual é coordenado por Perri, como reuniões virtuais desenvolvidas às 3as feiras, 20 horas.

Ficha de inscrição no link (copie e cole): http://bit.ly/A-Caminho-da-Luz

Verdadeira pureza e mãos não lavadas

Verdadeira pureza e mãos não lavadas

Na reunião pública da tarde do dia 14 de outubro, Cesar Perri abordou o tema “verdadeira pureza e mãos não lavadas” (Cap. VIII de “O evangelho segundo o espiritismo”, itens 8-10). A reunião foi presidida por Inês Bareia e contou com apresentação de violão e canto com Helson Lever Camilli.

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Mistérios ocultos aos sábios e prudentes

Mistérios ocultos aos sábios e prudentes

Na reunião pública matutina do dia 11 de outubro, Célia Maria Rey de Carvalho comentou os itens sobre “mistérios ocultos aos sábios e prudentes” do Cap. VII de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, no Grupo Espírita Casa do Caminho, em São Paulo. A reunião foi dirigida por Rogério Ferraro. Esse Centro localizado na Vila Mariana, na capital paulista, mantém reuniões públicas e transmitidas pela internet, de 2ª a 6ª feira, às 14 e às 19 horas; aos sábados e domingos pela manhã.

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Espiritismo & Maçonaria em entrevista

Espiritismo & Maçonaria em entrevista

O Blog Bruno Tavares (de Recife) transmitiu entrevista no dia 11 de outubro com Cesar Perri (São Paulo), sobre o tema “Espiritismo & Maçonaria”. Com base em capítulo de seu livro “Pelos caminhos da vida. Memórias e reflexões” (Cocriação, 2021) o entrevistado comenta sua vivência com a tradicional Organização e traz esclarecimentos sobre mensagem publicada por Kardec em “Revista espírita”, atuações de Léon Denis e Eduardo Carvalho Monteiro.

Mensalmente esse Blog entrevista Perri sobre seu livro "Pelos caminhos da vida, memórias e reflexões", editado pela Cocriação, que contém registros e relatos históricos do movimento espírita nacional e internacional.

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Benedita Fernandes em enredo de carnaval de Araçatuba

Benedita Fernandes em enredo de carnaval de Araçatuba

Informação recente de importante fato antigo:

O ano era 2010 e Jacques Petia queria muito homenagear pessoas ilustres da nossa cidade no Carnaval e um dia aguardando para entrar para visitar um amigo que estava internado no Hospital Psiquiátrico Benedita Fernandes, em Araçatuba, interessou-se pela história daquela mulher após olhar e refletir um quadro dela na parede e algumas fotos antigas e quis saber melhor quem era a fundadora daquele lugar e sua história, após ler e pesquisar sobre a história de Benedita Fernandes, achou incrível a sua luta, foi então que começou a escrever uma letra de música em forma de samba enredo para homenageá-la, escreveu o corpo da letra inspirado em sua história de uma só vez e sem correção e apresentou ao grupo para ser trabalhada a letra, porém nada mudou daquilo que havia escrito e assim surgiu essa música.

E com o enredo dela retratada na exibição em avenida, a Escola de Samba Unidos da Zona Leste foi campeã do Carnaval de 2010, de Araçatuba.

Foi muito emocionante o dia da premiação, da esquerda para direita, juiz diretor do fórum, Vicente Batagelo; deputado federal e ex-prefeito de Araçatuba Jorge Maluly Neto; delegado e presidente do Centro Espírita Casa do Caminho de Birigui SP, Vilson Disposti; Nelson Custódio (de pé) apresentando o evento; diretor da Associação das Senhoras Cristãs Benedita Fernandes; José Carlos Teixeira, Jacques Petia, presidente da Escola de Samba, componentes da Escola e Adriana Petia.

No carnaval de 2023, em carro alegórico, houve homenagem a Chico Xavier no desfile de carnaval em São Paulo, em que a escola de samba “Gaviões da Fiel” usou a questão da intolerância religiosa no seu enredo. Independentemente de se apreciar o carnaval, há um forte significado popular em muitas homenagens nesses eventos.

Do Facebook: https://www.facebook.com/gestudoschicoxavier

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Lançamento de livro sobre o Movimento espírita internacional

Lançamento de livro sobre o Movimento espírita internacional

            

O livro “Movimento espírita internacional. Origens, ideais e experiências”, dos autores Antonio Cesar Perri de Carvalho (Brasil), Charles Kempf (França), Elsa Rossi (Reino Unido), edição do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo (CCDPE-ECM), será lançado presencialmente na sede desta Instituição (Alameda dos Guaiases, 16 – Indianópolis, São Paulo). O evento às 10h do dia 26 de outubro, domingo, contará com exposição pelos autores sobre a obra e autógrafos.

Confirmar presença com a M. Lúcia pelo WA (11) 919661214 (somente WhatsApp).

Os autores, que atuaram como dirigentes de instituições, de entidades federativas nacionais e do Conselho Espírita Internacional, reúne depoimentos e informações fundamentadas em documentos e registros fotográficos sobre suas vivências em momentos prévios e principalmente durante o desenvolvimento do Conselho Espírita Internacional nas gestões de Nestor João Masotti e de Charles Kempf como secretários-gerais do CEI. Em função dessas vivências, fazem análises, reflexões e apresentam ideias para se repensar o movimento espírita de forma diferente, tirando as lições do passado para construir um futuro melhor. O livro é ricamente ilustrado com fotos de eventos.

O livro conta com prefácios de Júlia Nezu Oliveira (CCDPE, São Paulo) e de Jean-Paul Évrard (LMSF, Bélgica).

Transmissão simultânea no site – www.ccdpe.org.br

Pré-venda (copie e cole):

https://ccdpe.org.br/produto/movimento-espirita-internacional-origens-ideais-e-experiencias/

A TERRA DIANTE DE JESUS

A TERRA DIANTE DE JESUS

Meus amigos: Jesus, o Senhor nosso, nos abençoe e guie!

Causa espanto e até desencanto, ao coração encarnado que ainda não tenha refletido sobre a mensagem do Evangelho, quando sofre as pressões e o desencadear de forças agressivas do Mundo.

Embora o imenso e antigo trabalho das linhas religiosas – trabalho que dogmatiza e ainda não logra a libertação mental efetiva dos crentes –, a angústia do existir é a chaga de incontáveis seres, quando não de todos, já que a condição de expiação e provas do planeta a ninguém exonera dos testemunhos, haja vista que o próprio Jesus – o Puro Espírito – também sofreu entre nós.

Com as lições do Evangelho, amigos, a existência deixa de se conter no breve tempo dos corpos físicos, porque a perspectiva espiritual distende o conceito de Vida e embala, desde a Terra, as esperanças e as alegrias de um coração que se reconhece filho de Deus.

Também pela Boa Nova, o senso de justiça supera o vício de vingança, ou a crença de maldição dos homens e seus templos, demonstrando, com o vívido exemplo do Cristo, a paciência sábia da Providência e a equanimidade de sua Misericórdia no “a cada um segundo as próprias obras”.

Tudo, pelo prisma de Jesus em sua mensagem redentora, é vida abundante, sem condenações raivosas ou exclusões irreversíveis. Indubitavelmente, a Doutrina dos Espíritos, revelada por Allan Kardec, é traço vigoroso de filosofia divina a expor e aprofundar o insuperável conteúdo do Evangelho.

Linguagem e formulações que não apenas emolduram em sabedoria as Parábolas, mas as ilustram pelo conteúdo insofismável dos que vivem além de nossos muros físicos.

A Terra, meus amigos, merece ser observada, cultivada, trabalhada e sentida pelo prisma da mensagem de Jesus.

Ele, o Mestre e Guia da Humanidade, é a definitiva e imortal resposta a todas agruras e dores, de homens e mulheres que habitam ou habitarão a carne pelo tempo do orbe, em permanente evolução.

Não nos impressionemos com o aparente mal, entre violências e fanatismos, entre egoísmos e crueldades, pois a Justiça divina se cumpre, para que o amor – somente o amor, conforme viveu Jesus –, redima almas e povos no rumo da genuína Regeneração.

Confiemos no Pai, em seu Filho amado e no poder do tempo que a tudo renova para o Bem!
HONÓRIO ABREU

(Mensagem psicografada pelo médium Wagner Gomes da Paixão durante reunião pública no Grupo Espírita da Bênção, em Mário Campos, MG, no dia 13 de outubro de 2025).

“Padroeiros” do Brasil

“Padroeiros” do Brasil

Antonio Cesar Perri de Carvalho

No mês de outubro, a tradição católica do Brasil, destaca no dia 12 de outubro a “padroeira Nossa Senhora da Aparecida”.

Há outro vulto reverenciado pelo catolicismo no dia 19 de outubro: São Pedro de Alcântara. Na realidade um dia após a data de sua morte pois já havia uma comemoração oficializada no calendário da Igreja.

Há uma relação entre ambos, pois poucos sabem que antes da atual consagrada “padroeira do Brasil”, o “padroeiro” era São Pedro de Alcântara. São Pedro de Alcântara – nome real Juan de Garabito y Vilela de Sanabria, (Alcântara, 1499 – Arenas de San Pedro, 18/10/1562), foi um frade franciscano espanhol que fez grandes reformas na sua ordem religiosa, a Ordem dos Frades Menores, no Reino de Portugal. Era notável pregador e místico, amigo e confessor de Santa Teresa de Jesus e do rei dom João III, de Portugal. Foi beatificado Papa Gregório XV (1622) e canonizado pelo papa Clemente IX (1669). 

Tornou-se, mais tarde, o santo de devoção da Família Real de Portugal. Seu nome, Pedro de Alcântara, foi escolhido para dois imperadores do Brasil, Pedro I e Pedro II.

Dom Pedro I foi quem solicitou ao papa que proclamasse Pedro de Alcântara o padroeiro do Brasil, o que aconteceu em 1826, pelo papa Leão XII. Em Petrópolis há a Catedral de São Pedro de Alcântara, onde está a cripta imperial, com os corpos dos casais Pedro II e Tereza Cristina, princesa Isabel e conde D’Eu.

Interessante destacarmos que o chamado santo do catolicismo, Pedro de Alcântara, conforme informações antigas de Chico Xavier, seria as personagens do romance Ave Cristo!: Quinto Varro e Quinto Celso. Em diálogos muitas vezes Chico Xavier citava o espírito Pedro de Alcântara. Em obras psicográficas de Chico Xavier, desde Parnaso de além túmulo, há poemas assinados pelo espírito Pedro de Alcântara.

Acontece que em 1930 houve a proclamação oficial de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil, a partir de decreto assinado no Vaticano em 16 de julho, durante o pontificado do Papa Pio XI. A cerimônia que confirmou o título e a proclamou padroeira do Brasil foi realizada quase um ano depois no Rio de Janeiro, pelo cardeal dom Sebastião Leme.

Essa veneração tornou-se extremamente popular e, a rigor, apenas essa imagem é reverenciada. Desapareceu o vulto Pedro de Alcântara, muito embora, haja citações católicas, não sei se eufemísticas, de que ela é “a padroeira” e ele “o padroeiro”… Mas o povo não sabe disso!

O fato é que além das chamadas “Nossas Senhoras” – com aparições espirituais em várias partes do mundo e que identificaram como sendo a mãe de Jesus ou até a caracterizada com uma pequena imagem encontrada por pescadores no rio Paraíba, no interior de São Paulo -, sabe-se que há uma plêiade de espíritos que apoiam e colaboram com o país.

Fica claro que são de ordem humana as designações de “padroeiro” e de “santo”. Como também a adoção de rituais e manifestações exteriores, geralmente relacionados com extrapolações comerciais.

De nossa parte, vêm à mente as informações históricas sobre os cultos de divindades adotados em momentos de antigas civilizações, como os presentes nas culturas: suméria, persa, hindu, egípcia, hebraica, grega e romana. Essas reminiscências em cultos populares podem ser esclarecidas pelo conhecimento do mecanismo das reencarnações.

Por outro lado, sem serem considerados “padroeiros”, na história do Brasil, há vultos marcantes relacionados com a religião e consolidação de propostas voltadas à educação e ao atendimento do próximo.

Entre esses, o pioneiro Manuel da Nóbrega (Sanfins do Douro, Portugal, 18/10/1517 – Rio de Janeiro, 18/10/1570), jurista e jesuíta português, chefe da primeira missão jesuítica à América. As cartas enviadas a seus superiores são documentos históricos sobre o Brasil colonial e a ação jesuítica no século XVI. Nóbrega foi autor do primeiro livro redigido na Colônia: Cartas do Brasil, registrando suas experiências educacionais, principalmente de catequese entre 1549 e 1560. Teve um papel fundamental na fundação de três das maiores cidades do Brasil: Salvador (1549), São Paulo (1554) e Rio de Janeiro (1565). Nóbrega é personagem em romances psicografados por Chico Xavier, em vivências do espírito Emmanuel, depois se caracterizando como orientador e autêntico pai espiritual do médium.

O conhecido filósofo e jornalista espírita paulista Herculano Pires: “Dura foi a luta pela conversão do gentio. […] Paulo exerceu o apostolado dos gentios para o Cristianismo. Nóbrega foi o Apóstolo dos Gentios no Brasil nascente, preparando o terreno para o seu apostolado espírita do futuro.”

Nóbrega contou com a atuação do jovem José de Anchieta, nascido em 19/03/1534, nas Ilhas Canárias, e falecido em 09/06/1597, em Reritiba (atual Anchieta, no Espírito Santo). Foi uma das figuras mais influentes e multifacetadas do período colonial brasileiro. Missionário jesuíta, poeta, dramaturgo, gramático e historiador; desempenhou um papel crucial na catequização dos indígenas, na fundação de cidades e na consolidação da presença portuguesa na Colônia. Anchieta deixou um legado indelével na história, na cultura e na religião do país, conhecido como o “Apóstolo do Brasil”.

Outro vulto marcante é o frei Fabiano de Cristo, nome real João Barbosa (Soengas, Portugal, 08/02/1676 – Rio de Janeiro, 17/10/1747), integrante da Ordem dos Frades Menores. Ainda jovem emigrou para o Brasil e deixou registros de chamamentos espirituais do Cristo, alertando-o para sua verdadeira missão. Ao adormecer teve um sonho estranho, reconhecendo a figura de Francisco de Assis, chamando-o para amparar os aflitos. Em seguida, despoja-se de seus bens terrenos. No dia 12/10/1705, mudou o nome para "Frei Fabiano de Cristo" e transfere-se de Angra dos Reis, onde residia, para o Rio de Janeiro onde veio a desempenhar a função de porteiro do Convento de Santo Antônio. Depois assumiu o cargo de enfermeiro, e com seu amor seria exemplo de dedicação, tendo servido neste posto por quase trinta e oito anos. Há o Hospital Espírita Fabiano de Cristo (Caieiras, região metropolitana de São Paulo), e outras instituições fundadas com o seu nome e são muitos os casos considerados de curas atribuídas ao espírito frei Fabiano de Cristo.

O livro – Fabiano de Cristo, o peregrino da caridade, contém registros notáveis sobre sua atuação e anota-se que é considerado por muitos a reencarnação de José de Anchieta, o secretário espiritual de Manuel da Nóbrega, o nosso conhecido Emmanuel.

Desde momentos do século XIX, há informações e depois em livros espíritas, como os de autoria de Irmão X, sobre o espírito chamado Ismael, como o orientador espiritual do Brasil.

Desde obras de Kardec, há registros na literatura espírita de que há equipes de espíritos vinculados a apoios espirituais a países e ao processo civilizatório em geral.

O importante é que sem divinizações, haja a valorização dos exemplos de vida de vultos destacados na construção da religiosidade e com efetiva atuação na edificação de um mundo de respeito ao próximo, com base na “lei áurea” de Jesus.

Fontes:

- Wikipedia, acesso pela internet;

- Carvalho, Antonio Cesar Perri. Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação espiritual com Chico Xavier. Matão: O Clarim. 2020. 208p.

- Costa, Carlos Alberto Braga. Chico, diálogos e recordações. Matão: O Clarim. 2017. 366p.

Homenagem a Benedita Fernandes — Mãe Dita

Homenagem a Benedita Fernandes — Mãe Dita

Há setenta e oito anos, encerrava-se a jornada de uma alma iluminada nas terras paulistas.

Mulher simples, de gestos modestos, olhar fugidio e voz mansa.

Suas mãos calejadas expressavam, no trabalho, o vigor de sua alma.

Amada por todos, transformou-se em abrigo dos desvalidos, mãe dos órfãos e dos loucos, incentivo para as lavadeiras, mulheres simples e batalhadoras.

Recebeu o nome de Benedita Fernandes, e a todos conquistou com seu exemplo e coragem.

Desbravou, como heroína da caridade, tempos em que poucos recursos haviam, mas nunca desanimou.

Ouvindo as vozes do Cristo ressoar na acústica de sua alma, não pôde descansar.

Faltava tudo, os recursos eram escassos, as moedas minguadas, mas seu espírito era rico de vontade.

Mesmo na solidão, enxugou os prantos dos que batiam à sua porta, onde sabiam que encontrariam consolo e alívio para suas dores.

Foi então que recebeu o codinome de Mãe Dita — bendita mãe de todos nós que te amamos.

Quanta falta fazes nestes dias de penúria espiritual e social que assolam a Terra! Ainda assim, sabemos que permaneces no leme do barco da caridade, impulsionando os viajantes pelos mares tempestuosos.

Pelas mãos da mediunidade, teu legado continua: instruindo, consolando, amparando.

Recebeste, em teus braços, um filho amado de tua alma — Sirlei — que não mediu esforços para que tua obra não parasse. Ele se despediu dos companheiros de trabalho, deixando um legado de amor, dedicado a ti.

Mãe Dita, Benedita Fernandes, nosso gesto é de profunda gratidão.

Tua obra permanece viva, erguida na Terra e, sobretudo, em nossos corações.

Cornélio Pires

(Psicografia de José Francisco Gomes, em Ipatinga – MG, no dia 09/10/2025).

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Observações de Cesar Perri:

- Benedita Fernandes desencarnou em Araçatuba aos 09/10/1947.

- Cornélio Pires, conhecido como “poeta caipira” de Tietê-SP (1884-1958), jornalista e escritor atuante em São Paulo, proferia conferências culturais em várias cidades e era espírita. Em 1943 proferiu palestras sobre suas obras vinculadas à cultura caipira em Araçatuba e fez visitas e reuniões com espíritas locais que ele registra em seu livro "Coisas d’outro mundo" (1944) e que reproduzimos em nosso livro "O espiritismo em Araçatuba" (1975).

- José Francisco Gomes, dirigente da Comunidade Espírita Amor; Luz e Esperança de Ipatinga (MG), psicografou os livros do espírito Benedita Fernandes: "Evangelizar Sentimentos e Criar Consciências" (2011) e "Os desafios da educação nos tempos de regeneração" (Ed.Cocriação, 2025; lançado em Araçatuba em junho de 2025).

- Sirlei Nogueira, desencarnou em Araçatuba aos 12/09/2025; criador da Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes, fundador da editora Cocriação e diretor do filme “Benedita – uma heroína invisível. O legado da superação”.