A simplicidade da comunidade orientada por Saulo de Tarso

A simplicidade da comunidade orientada por Saulo de Tarso

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Em julho, completou-se 80 anos do lançamento do romance Paulo e Estêvão, a magistral obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, de autoria do espírito Emmanuel.

Emmanuel detalha alguns textos do Novo Testamento – Atos e as Epístolas de Paulo -, focalizando a saga do doutor Saulo de Tarso, autoridade na Lei Mosaica, e seu processo de transformação no Apóstolo do Cristo, tendo que suplantar inúmeros constrangimentos e dificuldades.

Depois de alguns dissabores ao visitar a Casa do Caminho, discordando das propostas judaizantes de Tiago e de Pedro, o ex-doutor da Lei dirigiu-se para Antioquia. Nessa cidade se encontrou com Barnabé, ex-levita de Chipre, que assumia grandes responsabilidades junto a um grupo de seguidores de Jesus e que reclamava a cooperação.

Anota Emmanuel: “Pressuroso e prestativo, Saulo de Tarso em breve se instalava em Antioquia, onde passou a cooperar ativa mente com os amigos do Evangelho. Durante largas horas do dia, consertava tapetes ou se entretinha no trabalho de tecelagem. Destarte, ganhava o necessário para viver, tornando -se um modelo no seio da nova igreja.”

Nesse ambiente Saulo tornou-se “um amigo amado de todos. Saulo sentia-se imensamente feliz. “

Interessante é o registro do autor espiritual sobre o ambiente da novel comunidade. “A instituição de Antioquia era, então, muito mais sedutora que a própria igreja de Jerusalém. Vivia-se ali num ambiente de simplicidade pura, sem qualquer preocupação com as disposições rigoristas do judaísmo.”

E complementa Emmanuel: “Os israelitas, distantes do foco das exigências farisaicas, cooperavam com os gentios, sentindo-se todos unidos por soberanos laços fraternais.”

Mais à frente, Emmanuel destaca: “As assembleias eram dominadas por ascendentes profundos de amor espiritual. A solidariedade estabelecera-se com fundamentos divinos. As dores e os júbilos de um pertenciam a todos. A união de pensamentos em torno de um só objetivo dava ensejo a formosas manifestações de espiritualidade.”

E surge uma observação marcante: “Em noites determinadas, havia fenômenos de “vozes diretas”. A instituição de Antioquia foi um dos raros centros apostólicos onde semelhantes manifestações chegaram a atingir culminância indefinível. A fraternidade reinante justificava essa concessão do Céu. Nos dias de repouso, a pequena comunidade organizava estudos evangélicos no campo. A interpretação dos ensinos de Jesus era levada a efeito em algum recanto ameno e solitário da Natureza”.

O ambiente despojado e simples, a solidariedade e a fraternidade como base favorecia “formosas manifestações de espiritualidade”.

A essa altura, refletimos que a prática do intercâmbio com a espiritualidade superior torna-se facilitada pelo ambiente de benevolência, concórdia e união. Ou seja, a mediunidade não se faz apenas com estudo e normas teóricas, mas a adequada relação com espíritos esclarecidos é favorecida pelo cultivo do sentimento no diapasão do bem.

No texto de Paulo e Estêvão, detalhando os albores da movimentação dos seguidores de Jesus e a experiência de vida de Paulo de Tarso, encontramos muitos subsídios para analisarmos, na atualidade, o funcionamento dos centros espíritas e, inclusive, a prática da mediunidade.

Referência:

Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Paulo e Estêvão. 2ª parte. Cap. IV. FEB.