A LBV e o Espiritismo

Antonio Cesar Perri de Carvalho

No dia 6 de janeiro de 1948, o futuro fundador da Legião da Boa Vontade Alziro Zarur (1914-1979), — um dos maiores nomes do rádio nas décadas de 1930 até sua desencarnação — a convite de amigos assistiu a uma sessão na sede da Federação Espírita Brasileira (FEB), na cidade do Rio de Janeiro/RJ, da qual participava dona Emília Ribeiro de Mello, respeitável médium. Interessou-se pelos princípios espíritas.

Pouco tempo depois o conhecido jornalista, radialista, escritor e poeta radicado na então capital federal, decidiu fundar, adotando princípios espíritas, a Legião da Boa Vontade (LBV), no dia 1º de janeiro de 1950 (Dia da Paz e da Confraternização Universal). O fato ocorreu em instituição dirigida por Leopoldo Machado em Nova Iguaçu (RJ) e a Ata de fundação foi assinada por Alziro Zarur e Leopoldo Machado, respectivamente, como “legionários” número 1 e número dois.

Poucos dias depois da fundação – 7 de janeiro -, houve uma reunião pioneira da  Cruzada de Religiões Irmanadas, no salão do Conselho da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro/ RJ. Leopoldo Machado compareceu representando os espíritas.

Nos anos 1950, havia no interior do país, relacionamento entre centros espíritas e a LBV. Ainda criança, acompanhando a genitora, comparecemos no salão da LBV, em Araçatuba (SP), dedicado a distribuição de sopa e palestras. Alguns expositores espíritas da cidade abordavam temas espíritas e evangélicos.

Leopoldo Machado afastou-se da LBV por discordar da condução de Alziro Zarur, e a LBV tomou uma trajetória própria, havendo um distanciamento entre LBV e o Movimento Espírita.

Todavia, ambos estiveram juntos em vários eventos com objetivos convergentes em torno de temas relacionados com caridade, interreligiosidade e paz.

Fato histórico ocorreu no ano 2000, pois a LBV – com uma dependência em Nova York -, intermediou e facilitou as presenças das representações da FEB e do CEI no “Millennium World Peace Summit” promovido pela ONU, na passagem de agosto/setembro daquele ano.

A partir da fundação do Movimento Brasileiro da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto, em 2006, liderado pelo deputado Luiz Carlos Bassuma e por Jaime Ferreira Lopes, com participação do presidente da FEB Nestor João Masotti e nossa, a FEB e a LBV foram parceiras de muitas atividades e mobilizações. Prosseguem ações entre LBV e espíritas no Templo da Boa Vontade (a pirâmide) em Brasília, relacionados com interreligiosidade, intolerância religiosa e paz. Este Templo foi inaugurado pelo sucessor de Zarur, José de Paiva Netto.

Mais recentemente, a FEB esteve presente em outubro de 2014 no evento de comemoração dos 25 anos da inauguração do citado Templo e, em janeiro de 2015, em reunião sobre intolerância religiosa.

Pelas nossas relações antigas com a LBV, estes reiteraram o convite para nossa atuação no Ato Ecumênico pela paz e de comemoração dos 26 anos do Templo, no dia 21 de outubro, e na semana que o antecedeu nas saudações e preces matinais, onde falamos sobre “Deus”. O evento ecumênico foi coordenado pelo representante da LBV Alziro Paolotti de Paiva e contou com a presença de representantes de vários segmentos religiosos e autoridades.

Antonio Cesar Perri de Carvalho é ex-presidente da USE-SP, ex-presidente da FEB, membro da Comissão Executiva do CEI e do Grupo de Estudos Espíritas Chico Xavier.

Transcrito de: http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/a-lbv-e-o-espiritismo?xg_source=msg_appr_blogpost