A finalidade dos romances de Emmanuel

A finalidade dos romances de Emmanuel

    

Flávio Rey de Carvalho (*)

Diante da comemoração dos 80 anos do lançamento do livro Paulo e Estêvão, torna-se oportuno ressaltar a importância de parte de seu trabalho psicográfico.

Dentre as várias obras por seu intermédio produzidas, relembramos alguns aspectos relativos à adequação, às vivências em curso no nosso tempo, dos cinco romances ditados por Emmanuel entre 1938 e 1953. São eles: Há dois mil anos, Cinquenta anos depois, Paulo e Estevão, Renúncia e Ave, Cristo!.

Toda obra escrita é produzida, invariavelmente, com uma finalidade específica. Esta, por sua vez, deriva de um conjunto de intenções, objetivos e expectativas do autor. É norteado por esses princípios que um texto é, geralmente, pensado e elaborado.

Neste artigo, pretendemos analisar não o conteúdo propriamente dito que dão corpo às tramas transcorridas nos romances, mas destacar parte das intenções e dos pressupostos que o motivaram Emmanuel a rememorar essas histórias. Com esse propósito, seguem algumas passagens expressas por ele mesmo, acerca do sentido e da função do conteúdo de cada um de seus romances. Em Breve notícia, texto que antecede e prepara o leitor para a história desenvolvida em Paulo e Estêvão, Emmanuel esclareceu:

“[…] não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada. […] Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante”. Mais adiante, o autor revelou: “Outra finalidade deste esforço humilde é reconhecer que o Apóstolo não poderia chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo. […] sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que equilibra o Universo”.1

E, no final, Emmanuel complementou:

“Oferecendo, pois, este humilde trabalho aos nossos irmãos da Terra, formulamos votos para que o exemplo do Grande Convertido se faça mais claro em nossos corações, a fim de que cada discípulo possa entender quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo”.1

Portanto, voltados à divulgação de exemplos de vida pautados pelas lições e pelos princípios do Evangelho, os romances – a nós ofertados por Emmanuel, por intermédio da mediunidade de Chico Xavier – têm a finalidade de nos servir de roteiro e fonte de inspiração para melhor conduzirmos, em termos morais, as nossas vidas. Nesse sentido, essas obras se destinam à promoção de um tipo de conduta a ser assimilada e vivida, em termos práticos, no transcorrer de nossas experiências cotidianas, conforme consta na seguinte recomendação extraída do livro Emmanuel:

“O essencial é meter mãos à obra, aperfeiçoando, cada qual, o seu próprio coração primeiramente, afinando-o com a lição de humildade e de amor do Evangelho, transformando em seguida os seus lares, as suas cidades e os seus países, a fim de que tudo na Terra respire a mesma felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados […]”.2

Referências:

1) Xavier, Francisco C. Pelo espírito Emmanuel. Paulo e Estêvão. Cap. Breve notícia; 70 anos de Paulo e Estêvão. Brasília: FEB. 2012.

2) Xavier, Francisco C. Pelo espírito Emmanuel. Emmanuel. Cap. A tarefa dos guias espirituais. Rio de Janeiro: FEB. 2008.

(*) O autor nasceu e viveu a infância em Araçatuba; é mestre em História e doutor em Ciência da Religião; autor de livros; em São Paulo é colaborador do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo e do Grupo Espírita Casa do Caminho.

(Artigo publicado em Folha da Região, Araçatuba (SP), 06/07/2022, p.2 – Síntese de capítulo de sua autoria no livro: Carvalho, Antonio Cesar Perri. Emmanuel. Trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier. Matão: O Clarim. 2020)